Ensino

“Muito se fala sobre a emoção de formar um filho. Mas vocês já sentiram a emoção de formar um pai?”

19/04/2024

08:59

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: João Lucas da Silva | Arquivo pessoal

Aos 57 anos de idade, pai forma-se em mesma graduação que a filha na UPF

“Muito se fala sobre a emoção de formar um filho. Mas vocês já sentiram a emoção de formar um pai?” É com essa reflexão que Camila Loss comemora a formatura do pai, Seu Carlos, aos 57 anos de idade. Servidor público aposentado, Carlos Alberto Loss concluiu o curso de Comércio Exterior na Universidade de Passo Fundo (UPF) em março de 2024. Sua filha, Camila, formou-se na mesma graduação em 2014, impulsionando o desejo do pai pelo diploma.

Família prestigiou a formatura do pai em março de 2024.

Mas, antes da realização do sonho, a vida de Carlos tomou diversos rumos. Em 1990, tornou-se policial na Brigada Militar de Tapera, no interior do estado, e anos depois chegou a cursar alguns semestres de Ciências Contábeis na UPF Campus Carazinho. Porém, por questões familiares, ele precisou abandonar a graduação. De qualquer forma, o sonho de se formar sempre esteve vivo.

Camila destaca que apesar da profissão do pai ter sido desafiadora, por vezes tendo que enfrentar situações perigosas, Seu Carlos raramente falava sobre os pontos críticos pelos quais passava. “No lugar de reclamações, meu pai trazia relatos sobre o quão gratificante era ajudar as pessoas da comunidade: falar nas escolas sobre os perigos do uso de drogas; apoiar os colegas, que viraram amigos e compadres, fora das próprias escalas de trabalho; levar grávidas em trabalho de parto pro hospital”, relata a filha em uma publicação nas redes sociais.

Quando Camila iniciou o curso de Comércio Exterior na UPF em 2012, seu pai, além de dar todo o suporte necessário, foi para Porto Alegre trabalhar com as forças de segurança do estado para ajudar nas despesas da faculdade. Tendo como inspiração a própria filha e contando com o apoio da família, após 30 anos de trabalho como policial, Seu Carlos iniciou o mesmo curso que Camila na UPF, ingressando no segundo semestre de 2019. 

O desejo de aprender sempre mais

Seu Carlos é a prova viva de que não existe idade certa para estudar.

Aproveitando dos benefícios financeiros que a UPF oferece, ele entrou no curso utilizando o programa Recomeçar Plus, uma oportunidade de ingresso diferenciado para quem tem mais de 35 anos e que possibilita 50% de desconto nas mensalidades desses estudantes. “Tu abre as portas para o mundo, por isso voltei a estudar. Me inspirei na Camila, tanto que foi ela quem me entregou o diploma no dia da formatura”, comenta Seu Carlos.

“No primeiro dia que eu cheguei aqui para entrar na sala de aula, puxei a porta e voltei. Pensei comigo: ‘Eu não vou estudar mais, será que eu vou enfrentar isso aí?’”, reflete Carlos sobre o início da graduação. Na época, com 54 anos de idade, ele lembra que era o mais velho da turma, já que seus colegas tinham por volta de 20 anos. “ A piazadinha ficou me olhando e até perguntou se eu era professor”, brinca o egresso, que se enturmou e fez amizade com os colegas e professores do curso.

Sua esposa, Cássia, também é policial aposentada. Atuando na mesma profissão que Carlos, porém na polícia civil, ela acompanhou lado a lado a trajetória do marido, apoiando, assim como as filhas, o sonho da graduação. “Ele sempre teve muita vontade de estudar, a faculdade era um objetivo, mas na época era muito difícil. A UPF abriu as portas, facilitou muito”, relembra Cássia sobre como os benefícios financeiros da Universidade ajudaram o marido a conquistar o sonho.

“Agora em junho eu faço 58 anos e quero começar a cursar Ciências Contábeis de volta”, completa Seu Carlos, que, mesmo com o diploma de Comércio Exterior em mãos, não pretende parar por aí e quer seguir aprimorando os seus conhecimentos na vida acadêmica. Além dele e de Camila, a caçula da família, Caren, também é formada pela UPF em Medicina Veterinária e atua como Residente em Clínica e Cirurgia de Equinos no Hospital Veterinário.

A filha Camila lembra que Carlos ficou muito orgulhoso quando ela se formou na UPF, e agora os papeis se inverteram. Quem se emociona ao falar da trajetória do pai é a própria filha. “Quando alguém comenta sobre a coragem dele em começar algo novo à essa altura da vida, penso que, na verdade, meu pai está largando na frente. Seu Carlos entra em um novo mercado com uma forte noção sobre o que é trabalhar com propósito. Com ele, vem décadas de experiência e paixão por construir algo maior do que si mesmo”, conclui ela nas redes sociais.