Os autores e seus espaços
Além de “jornalizar” a cidade, as Jornadas Literárias investem em uma nova iniciativa, agora no Complexo do Portal das Linguagens: espaços batizados com o nome de diferentes escritores. Em 2017, Clarice Lispector, Ariano Suassuna, Carlos Drummond de Andrade e Moacyr Scliar serão os autores homenageados.
Para o professor Miguel Rettenmaier, da coordenação da movimentação cultural, a Jornada tem uma trajetória que, historicamente, une tanto o interesse pelas inovações tecnológicas – pelos novos suportes de leitura, pela renovação das formas de expressão – quanto a preocupação com a tradição e com o legado da arte literária: “Pensar a literatura contemporânea e as inovações estéticas implica saber que tudo o que é novo não deixa de ser releitura”. Assim, preservar a memória da literatura, representada por seus grandes nomes, é uma forma de dar ao cânone a importância que lhe é devida, ao mesmo tempo em que se amplia o reconhecimento a autores mais recentes, que têm ingresso garantido na galeria de grandes autores literários brasileiros.
Segundo Fabiane Verardi Burlamaque, também coordenadora da movimentação cultural, “a Jornada tem compromisso com o contexto e com o presente, mas não pode deixar de somar às obras dos autores convidados um vasto horizonte de fontes, os quais garantem a identidade literária de nossa cultura”.
Assim, nesse novo momento das Jornadas Literárias, serão organizados quatro ambientes, que homenagearão os escritores Moacyr Scliar, Ariano Suassuna, Carlos Drummond de Andrade e Clarice Lispector.
O Espaço Lendas Brasileiras, Clarice Lispector é uma homenagem à autora, falecida em 1977, ou seja, quatro décadas antes do ano de edição da 16ª Jornada de Literatura de Passo Fundo. É composto por quatro lonas com nomes alusivos às personagens de lendas brasileiras transcritas por Clarice Lispector na obra Como nasceram as estrelas (1987): Tenda Yara, Tenda Malazarte, Tenda do Negrinho do Pastoreio e Tenda do Curupira. Esse espaço está reservado às atividades da 8ª Jornadinha Nacional de Literatura.
O Espaço Drummond será composto por livrarias e setores da imprensa, ambiente de sessões de autógrafos e estandes de patrocinadores, em um complexo que homenageia o poeta falecido em 1987, três décadas antes do ano de edição da Jornada de 2017. A frente do complexo, com acesso aos demais ambientes, será chamada de Passo Itabira (alusão a Passo Fundo e à cidade de nascimento de Drummond).
O Espaço Suassuna, na grande lona, com capacidade para 2 mil pessoas, é uma homenagem a Ariano Suassuna, nascido em 1927 e que, portanto, completaria, no ano da 16ª edição da Jornada Nacional de Literatura, 90 anos de idade. A entrada do circo terá nomenclatura associada à obra do autor, o que também ocorre com o palco, chamado Palco da Compadecida. A ideia de batizar o grande circo com o nome desse autor está diretamente vinculada à memória da Jornada, já que Suassuna recebeu, perante 5 mil pessoas, no Circo da Cultura, em 2005, durante a 11ª Jornada Nacional de Literatura, o título de Doutor Honoris Causa, outorgado pela Universidade de Passo Fundo.
O Espaço Moacyr Scliar, no Centro de Eventos da UPF, é uma homenagem ao escritor que adotou o projeto da Jornada desde seu início e que foi presença constante desde as primeiras edições. A homenagem é alusiva, também, à comemoração, em 2017, pelos seus 80 anos de nascimento. Dessa forma, o ambiente estruturado no Centro de Eventos – onde se realizam as exposições da Jornada e da Jornadinha – será denominado Espaço Moacyr Scliar. A entrada do Centro de Eventos terá nomenclatura associada à obra do autor, bem como o hall de entrada, chamado Hall dos Centauros.
Para a constituição dos espaços, a comissão organizadora solicitou autorização dos herdeiros, sendo prontamente atendida.
Segundo a vice-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários da UPF, Bernadete Dalmolin, rebatizar esses espaços com nomes consagrados da literatura reforça o novo ciclo que se instaura nas Jornadas Literárias de Passo Fundo, marcado por um conceito que se expande e dialoga com diferentes espaços, pessoas e situações dos distintos territórios. “Com isso, fortalecemos uma pedagogia literária com potência criativa, crítica e estética, reconectando leitores e autores de diferentes idades e épocas, com suas produções e sonhos, trazendo, quiçá, um futuro mais promissor para todos!", finaliza.