- 16:35
- 16/07/2020
- Ensino
Batata-inglesa: a hortaliça mais cultivada no mundo
Nativa da América do Sul e introduzida no Brasil por imigrantes europeus no final do século XIX, no sul do país, onde as condições ecofisiológicas eram favoráveis à sua produção, a batata-inglesa, conhecida cientificamente como Solanum tuberosum é a cultura não-granífera mais importante do mundo. Em escala global, estima-se que mais de um bilhão de pessoas consomem batata diariamente. Não é à toa. Devido à sua capacidade adaptativa, alto rendimento e bom valor nutricional dos tubérculos, a batata é cultivada em mais de 165 países. E, com base na produtividade e nos valores nutricional e biológico dos tubérculos, está entre as plantas cultivadas mais lucrativas.
A importância dessa hortaliça vem, segundo o professor do curso de Agronomia da Universidade de Passo Fundo (UPF) Dr. José Luís Trevizan Chiomento, de seu papel nutritivo aos consumidores. “A batata é uma fonte de renda para manter os agricultores no campo e, para a pesquisa, essa hortaliça representa um nicho de investigação, visando o estabelecimento de manejos e tratos culturais que potencializem seu cultivo”, explica. Já no setor produtivo, ainda de acordo com o professor, a batata envolve a organização de agricultores por meio de associações, cooperativas, órgãos de pesquisa e assistência técnica. “Assim, é importante a adoção de ferramentas tecnológicas que permitam aumentar a produtividade e a qualidade dos sistemas de produção dessa cultura, garantindo a competitividade e a sustentabilidade da cadeia produtiva da batata”, completou.
Parceria inédita
Pensando nessa questão, neste ano, a UPF firmou uma parceria com a empresa CSM Cereais. Pela primeira vez, ocorreu o cultivo de 10 hectares de batata-inglesa, correspondendo à safrinha 2020/2020 de inverno, no Centro de Extensão e Pesquisa Agropecuária (Cepagro). As plantas-matrizes de batata, das cultivares Ágata e Atlantic, foram obtidas junto ao Laboratório de Biotecnologia Vegetal da UPF e o produtor Cristiano Martini foi o responsável por produzir os tubérculos-sementes usados para implantar a lavoura no Cepagro.
No momento, ocorre a colheita da batata. Conforme Martini explica, o estresse hídrico durante o cultivo comprometeu 50% da produção. No entanto, apesar da estiagem, o horticultor relata que colheu tubérculos com boa qualidade. Cristiano precisou irrigar sua lavoura a partir do início da produção até os 70 dias após o plantio. Muitos tubérculos apodreceram devido às altas temperaturas. Foi apenas a partir do estágio de maturação dos tubérculos que as condições climáticas ficaram adequadas à hortaliça.
A iniciativa faz parte de uma série de parcerias que a UPF vem desenvolvendo com diferentes empresas, com o objetivo de otimizar as áreas de plantio da UPF, introduzindo novas culturas, além das culturas de grãos que já são tradicionais. “A partir de várias ações que foram propostas, surgiu essa iniciativa de iniciar o cultivo de batata, uma vez que o laboratório da UPF faz a propagação de plantas matrizes de batata, e esse produtor já adquiria essas matrizes há muito tempo com a UPF, veio a essa oportunidade e ele resolveu arrendar uma área de 10 hectares para fazer o cultivo. Além da parte técnica, a gente consegue aproveitar e utilizar esse envolvimento para mostrar aos acadêmicos o cotidiano de diferentes culturas, aproximando o dia a dia dos produtores rurais das práticas de cultivo”, comentou o professor.