Trichinella spiralis é tema de capacitação na UPF

Considerada uma das principais zoonoses parasitárias na América do Sul, a Trichinella spiralis é uma das que mais preocupam, especialmente pelos efeitos na saúde humana. O Brasil é país livre de triquinose, porém, tem fiscalização efetiva por ser exportador de carne. Para obter a padronização de técnicas laboratoriais para os frigoríficos exportadores, tanto de carne equina quanto suína, a Universidade de Passo Fundo (UPF), por meio do curso de Medicina Veterinária, realiza, nestes dias 10 e 11 de dezembro, um curso teórico-prático de Triquinose. Essa é a 26ª edição do curso, que iniciou em 2003 e já capacitou quase 800 profissionais.

O encontro é realizado no auditório do curso de Medicina Veterinária, Campus I da UPF, em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). A programação conta com atividades teóricas e práticas que incluem temas como ciclo biológico, epidemiologia, distribuição geográfica, patogenia, sintomas clínicos, tratamento, prognóstico, prevenção e diagnóstico, além do sistema imunológico suíno e a legislação.

Triquinela
Coordenadora do curso de Medicina Veterinária, a professora da UPF Maria Isabel Botelho Vieira comenta que a Trichinella é um parasita nematoda, que tem como hospedeiros suínos, equinos e outros animas silvestres e pode chegar ao homem, portanto, é uma zoonose. “O Brasil é livre de triquinose, porém, como somos exportadores de carne suína e equina, precisamos atender à legislação nacional da comunidade europeia e, por isso, realizamos esses cursos”, explica, enfatizando a parceria entre UPF, Mapa e ABPA.

Segundo ela, a triquinose tem duas fases: a primeira é intestinal, com sintomas de diarreia, cefaleia e dores abdominais, e, na segunda, a doença atinge a parte muscular, quando as larvas ficam encapsuladas dentro da musculatura. “Pode ser uma doença silenciosa, com sintomas que se manifestarão somente mais tarde, o que leva a problemas como miosite e miocardites e a problemas renais e pulmonares. Existem outros órgãos que podem ser afetados, dependendo da quantidade de larvas que infectou o animal”, explica a professora, destacando que a forma de infecção se dá pela ingestão de carne mal cozida ou mal passada ou por embutidos, quando a carne está infectada com larvas de Trichinella.

Realização
O 26º curso teórico-prático de Trichinella spiralis faz parte das metas do projeto “Profilaxia e diagnóstico de infecções e contaminações de carnes como estratégia para aumentar a segurança alimentar”, coordenado pelo professor Luiz Carlos Kreutz e financiado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia.

Presente na atividade, o encarregado do Serviço de Inspeção Federal 3877 do Mapa, Miguel Potis Linardakis, destacou que toda a atividade desenvolvida nas fábricas que procedam à manipulação de produtos é inspecionada. “A inspeção é necessária, principalmente pelos produtos destinados à comunidade europeia e ao comércio da união aduaneira - República da Rússia, Cazaquistão e Bielorrússia, que não aceitam certificação que não seja pelo Serviço de Inspeção Federal, o que justifica a necessidade de fiscalização permanente”, disse.

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