Datas Comemorativa

29 de outubro de 2012

Algum momento, julgamento?

Com a manchete de “10 anos da queda do muro de Berlim: Hoje, outros muros se levantam”, o jornal mensal Folha da História de Porto Alegre rememora com pesares este acontecimento histórico marcante, não só para a Alemanha, mas para o mundo. O jornal possui a intenção de informar e formar o leitor num âmbito sociocultural. Seus artigos e reportagens têm como autores professores e acadêmicos do curso de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e iniciou sua circulação em 1996. No Arquivo Histórico Regional encontra-se um pequeno número de exemplares deste, englobando os anos de 1996 a 2000.

O periódico mensal apresentava uma leitura marxista de Historia. Abordando principalmente fatos históricos, cada edição com temática especifica, baseando-se na história comparada. Em novembro de 1999 a Folha da História destacou a queda do muro de Berlim para analisar as rupturas e os desdobramentos ocorridos desde aquela época, sobretudo a partir do fim da experiência do “socialismo real” da União Soviética.

Extremamente crítico à implantação do capitalismo, seus artigos atacam o profundo quadro de desestabilização e fragilidade da população da Europa Central. Trazendo dados da UNICEF (publicados na obra Geração perigo) que afirmava que “o desaparecimento da URSS foi o declive econômico mais drástico da história recente, o apoio do estado que proporcionava condições básicas ao cidadão simplesmente desapareceu”. Além disso, o texto aponta problemas infraestruturais de saúde e educação naquela região, com a implantação de um novo regime. Apesar de contundente e bem referenciado, a discussão apresentada não deixa muito claro se realmente o antigo sistema era mais estável.

No segmento cultural, reservado ao cinema, é caracterizada a guerra ideológica travada nos longas feitos no lado ocidental em plena guerra fria. Sem nenhum interesse em sutilezas os filmes eram feitos como veículos de convencimento político descarado, sendo caricaturas, construíram os estereótipos do herói americano e do vilão russo. Atualmente, pela opinião do autor Nilo André Piana de Castro (então licenciado em história pela UFRGS), estes são os muros invisíveis feitos pela cultura de massa do capitalismo que impede uma melhor observação dos fatos.

Em 1999, vários discursos oficiais e noticias celebraram os 10 anos da destruição do muro de Berlim como um momento de alegria para a Alemanha, como uma celebração da unidade do país. Todavia, analisar e refletir sobre as datas comemorativas pode também significar um momento de redefinição ou afirmação de conceitos, ideias e avaliações sobre o passado e o presente e da própria construção de sentidos e de identidades. E hoje, o que pode representar para nos, o fato ocorrido há 177 anos, naquele 20 de setembro tão importante para nossa cultura?

Pedro Alcides Trindade de Mello
Graduando em História pela UPF
Fonte: Acervo AHR

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