Getúlio Vargas
04 de abril de 2012
A Visita do “Herdeiro” de Getúlio a Passo Fundo
“Hoje é a vez de Brizola” - assim iniciava a reportagem anunciando a vinda do político à Passo Fundo em 1° de novembro de 1989. Para seus partidários, como Airton Dipp, então prefeito municipal, a visita daquele líder entraria para a história da cidade. Eram esperadas mais de 50 mil pessoas para sua carreata e comício.
A época era muito conturbada em função do período eleitoral, na qual concorriam para a presidência da República, além de Leonel Brizola (PDT), Paulo Maluf (PDS), Fernando Collor (PRN), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre outros. Brizola vinha enfrentando muitas críticas, como em toda sua carreira política. Maluf, por exemplo, o acusava de ser favorável ao comunismo e reforçava sua posição repetindo que comunistas seriam pessoas sem religião (O Nacional, 31de outubro de 1989), aumentando o coro dos críticos de direita lançadas àquele expoente da política nacional. Além disso, o líder do PDT vinha enfrentando muitos problemas com a Igreja Católica, pois era favorável ao divórcio e porque se colocava contra a instituição que, em sua opinião, manipularia o setor educacional no país.
A loucura Brizolista, terminologia de Argeu Santarém, seria confirmada no dia 1° de novembro de 1989 e entraria para a história de Passo Fundo como o maior comício político do município. Naquele dia a chegada de Brizola estava prevista para as 19 horas e 30 minutos. A essa altura as ruas do centro de Passo Fundo estavam tomadas por partidários, simpatizantes e uma multidão que simplesmente admirava Brizola, em especial, no Altar da Pátria localizado na GARE, onde o povo cantava hinos da campanha. Brizola teria sido recebido por uma longa queima de fogos às 21 horas, segundo relata Santarém.
Antes do discurso Brizola percorreu um longo percurso em carreata aberta, acompanhado por Airton Dipp, Éden Pedroso, Augusto Trein e vereadores do PDT. Brizola chegou ao Altar da Pátria às 22 horas para proferir suas palavras. Em sua fala ressaltou a emoção de estar novamente em Passo Fundo e relembrou da escola Fagundes dos Reis, onde estudou quando jovem.
Brizola também concedeu uma entrevista para a imprensa no dia 2 de novembro, sem meios termos, pois em sua fala evidenciou seu vigor político e reforçou que “não levava desaforo para casa”. Nessa entrevista, publicada em O Nacional do dia seguinte, o petebista caracterizou seus adversários de “intelectóides” e disse que muitos dele eram “filhos da Ditadura”. Brizola apontava o favoritismo de Collor, mas para enfatizava que este era invenção da mídia e que o povo era inocente demais para perceber tais manobras e acabava aliando-se ingenuamente. Collor sagrou-se vencedor do pleito mas em Passo Fundo aqueles foram dias de Brizola. A receptividade e o destaque que o mesmo recebeu da imprensa evidenciaram a força do político pelas suas propostas, lutas e conquistas.
Virginia Soldá Tamborena
Acadêmica do Curso de História/UPF
Fonte: Acervo do AHR
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