Bibliografia

19 de setembro de 2013

Curiosidades bibliográficas do Arquivo Histórico Regional

Como é sabido, a principal função de um arquivo é a guarda e disponibilização, para pesquisa, de seu acervo documental. Por isso, a imagem mais óbvia que nos vêm à mente, ao imaginar as dependências do AHR, é de um grande conjunto de prateleiras abarrotadas de documentos. E é, de fato, uma imagem que corresponde, em grande medida, à realidade. Mas há algo mais.

O que a maioria das pessoas talvez não saiba, nem imagine, é que a instituição também conta com um valioso acervo bibliográfico, ou seja, para além dos documentos manuscritos, periódicos, processos etc, há uma bela coleção de livros, igualmente disponíveis para a pesquisa. Isso é, fundamentalmente, resultado de incorporações que o arquivo vem fazendo ao longo dos anos, com o intuito de promover uma biblioteca básica de obras de apoio aos pesquisadores. Também se deve às doações avulsas e as que acompanham os acervos privados. Nesse último caso, por exemplo, destaca-se a biblioteca que pertenceu a Nicolau Araújo Vergueiro, recentemente recebida, como já foi amplamente noticiado.

Dentre os livros, podemos destacar algumas preciosidades. É o caso, por exemplo, para quem se interesse pela história política brasileira contemporânea, das obras de Gustavo Barroso sobre o integralismo: O Integralismo de norte a sul (1934) e O que o integralista deve saber (1936). Para incremento da pesquisa, outra sugestão seria a de ler o próprio Plínio Salgado, expoente da versão “caseira” do fascismo então em voga: Carta aos camisas-verdes (1935). 

Para o estudo da política nacional e rio-grandense, o leitor encontrará a obra de J. F. de Assis Brasil, Dictadura, Parlamentarismo, Democracia: discurso pronunciado no congresso do Partido Republicano Democrático (1908), bem como uma crítica de Othelo Rosa dirigida ao líder federalista: Os males e os crimes do assisismo (1928). Do mesmo período é a conclamação de Wenceslau Escobar, publicada com o título de Pela intervenção no Rio Grande e renúncia do Dr. Borges de Medeiros (1923).

Como a nação era “pensada” no início do século XX? Veja-se o clássico laudatório de Affonso Celso: Porque me ufano de meu país. Ou, posteriormente, para uma visão extremamente xenófoba do problema da nacionalidade, ligada ao contexto da guerra, o livro de Miguel Couto Filho: Para o futuro da pátria evitemos a niponização do Brasil (1946). Numa vertente mais sóbria, equilibrada, pode-se pensar os rumos da educação brasileira no contexto pós 1930 através de um clássico de Anísio Teixeira: O problema brasileiro de educação e cultura (1934).

Interessa-se pelo que era lido em ciência do início do século? Veja a História da creação dos seres organizados: segundo as leis naturaes (1911), de Ernest Haeckel. Se a sua curiosidade dirige-se para a psicologia – inclusive forense – e os costumes, há o Estudo sobre o amor, de José Ingenieros (1929), ou a obra de Viveiros de Castro, Attentados ao pudor: estudo sobre as observações do instincto sexual (1895). E este peculiar estudo de Van de Velde, de 1937, pode dirimir algumas dúvidas: Capaz ou incapaz para o casamento: como responder às perguntas: posso, quero, ouso, devo casar-me?

Enfim, são muitas as obras, de diversos assuntos. Basta o desejo de saber, e sobretudo, de querer perscrutar o que se sabia e pensava em outras épocas. 

Álvaro Antonio Klafke
Coordenador do AHR
Fonte e Imagem: Acervo AHR
* O AHR destaca que os artigos publicados nessa seção expressam única e exclusivamente a opinião de seus autores.

INSCREVA-SE