Crise dos Demissionários I
29 de julho de 2014
A Crise dos Demissionários (Parte I)
Após a Revolução de 1930, Getúlio Vargas nomeou seus homens de confiança para os cargos estratégicos do novo governo. Osvaldo Aranha, Batista Luzardo, Mauricio Cardoso, Lindolpho Collor e os demais correligionários do Partido Republicano e da Aliança Liberal colocaram em prática a Revolução e buscavam uma mudança no panorama político brasileiro. Nos primeiros momentos, a expectativa que a vez do estado extremo-sulino havia chegado animou os representantes rio-grandenses. Alijado do processo político devido à aliança entre São Paulo e Minas Gerais, agora o Rio Grande do Sul poderia desfrutar de todos os benefícios que existem quando se está nos postos de poder. Entretanto, as primeiras medidas tomadas pelo novo presidente e a aproximação com o movimento dos tenentes dão indícios contrários ao que seus companheiros esperavam.
No início de 1932, o jornal Diário Carioca começa a veicular duras críticas a ala tenentista do governo. Este mesmo jornal apoiou a candidatura da Aliança Liberal em 1929, bem como manteve seu apoio desde o principio até a vitória da Revolução de 1930. Quando ocorre o rompimento definitivo entre os dois lados, nos primeiros dias de março, alas ligadas ao Exército e aos tenentes que ocupavam cargos no Governo atacaram e depredaram a sede do jornal, ação conhecida como “empastelamento”.
Batista Luzardo, chefe de Polícia do Distrito Federal, e Mauricio Cardoso, Ministro da Justiça, procuraram apurar as responsabilidades, sendo, no entanto, desautorizados por Vargas a continuar as investigações. Em razão dessa medida, demitiram-se de seus cargos, sendo acompanhados pelos demais rio-grandenses do governo.
Nas edições dos primeiros dias de março de 1932, as folhas do jornal O Nacional são tomadas pela repercussão das demissões, que ficou conhecida como Crise dos Demissionários. Na edição do dia três, o jornal aborda em duas seções o fato: “Devido ao caso do Diário Carioca, afirma que o sr. Mauricio Cardoso exonerou-se e que todos os membros gaúchos do governo seguirão esse seu gesto.”, “Ter-se-á dado cisão entre os gaúchos e o sr. Getúlio Vargas? Notícias que causam apreensões”.
Helena Teston
Mestranda em História – PPGH UPF
Fonte: Acervo do AHR
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