A Revolução Constitucionalista de 1932
Em 1932 inicava-se a chamada Revolução Constitucionalista, a última guerra civil brasileira. Apesar de seu foco maior ter se limitado a São Paulo, o conflito e suas consequências também viriam a encontrar repercussões no interior do Rio Grande do Sul.
Com o golpe instituído por Vargas e sua base aliada após as eleições de 1930, pondo fim a continuidade do antigo sistema de revesamento do cargo de presidente entre São Paulo e Minas Gerais, as oligarquias paulistas foram prejudicadas. Isso, aliado a repressão do governo de Vargas e a demora para o governo “provisório” findar e as eleições serem novamente instituídas, levou as oligarquias de São Paulo, aliadas a crescente elite industrial, a organizarem manifestações contra Getúlio Vargas.
O conflito deixaria de ter somente manifestações em 1932, com a morte de estudantes durante protestos em São Paulo. Com essa justificativa, as oligarquias e elites industriais locais pegaram em armas, dando início ao conflito armado que viria a ser conhecido como Revolução Constitucionalista de 1932.
Houve muita disparidade entre as forças federais e as forças paulistas. Se esperava que todo paulistano contribuísse para o sustento da “máquina de guerra”, doando pertences passíveis de reversão em capital. Porém, o arrecadado não foi o suficiente, mesmo com o conflito durando apenas três meses culminando na derrota paulista.
São Paulo não foi o único estado federativo a se opor ao governo de Vargas. Além de forças oriundas do sul de Mato Grosso, no Rio Grande do Sul, através do comando de Borges de Medeiros da Frente Única Gaúcha, 450 combatentes entraram em conflito.
Apesar da derrota Paulista e de seus aliados, os efeitos do conflito não acabariam com o fim do mesmo. A dita Revolução foi seguida da radicalização e fortalecimento da violência política. Isso pode ser exemplificado com o surgimento, logo após o conflito em 1934, dos bombachudos, ex-tropas auxiliares empregadas contra os combatentes de Borges de Medeiros em 1932 que agora serviam como “capangas” para autoridades locais. Esses acabariam por cometer vários atos de violência política que viriam a tornar-se característicos da região norte, em especial na cidade de Soledade que teve como marco desse processo o assassinato de Kurt Spalding na Farmácia Serrana em 1934, analisado por Carolina Guerreiro.
Augusto Chiarello
Acadêmico do Curso de História da UPF
* O AHR não se responsabiliza pela opinião dos autores