Discos voadores sobrevoam Passo Fundo?
“Um disco voador evolucionou ontem sobre Passo Fundo!”, era uma das manchetes que estampavam a capa do jornal O Nacional de 25 de setembro de 1954. Segundo a reportagem, por volta das 11 horas da manhã um objeto circular voava pelo céu de Passo Fundo alcançando uma grande altura, movimentando-se para esquerda e direita, cima e baixo, desaparecendo e reaparecendo algumas vezes. O tema discos voadores se fez muito presente naquele contexto, com muitas reportagens publicadas e diversos relatos sobre suas aparições.
O ser humano ainda não havia alcançado a Lua – fato que aconteceria em 1969 –, mas os discos voadores, supostamente de outros planetas, alcançaram a Terra, novamente em Passo Fundo. No dia 26 de novembro do mesmo ano, outra aparição é noticiada, com o título “Teriam cruzado discos voadores em Passo Fundo?”. A reportagem, baseada nos relatos daqueles que viram os objetos, descreve que por volta das 16 horas do dia anterior, esses discos andavam “a uma velocidade incrível. Um deles brilhava fortemente, com luz prateada, talvez devido ao reflexo do sol”. Já no dia seguinte, 27, o local por onde esses objetos sobrevoaram teria sido a cidade de Lagoa Vermelha.
Relatos sobre aparições de discos voando no céu são comuns nas páginas do jornal O Nacional da época. Podem-se encontrar casos de objetos voadores nos EUA, Chile, Argentina, Recife, mais aparições em Passo Fundo, entre outros lugares. O tema, ainda hoje, carrega muitos questionamentos e mistérios sendo um terreno fértil para conjecturas como, por exemplo, o artigo de Antonio Danese no ano de 1947 sobre “Como serão os discos voadores” publicado em seis partes ao longo de duas semanas no O Nacional, onde ele imagina como deve ser a construção desses objetos. Acreditava-se também que os alienígenas que pilotavam os discos eram habitantes de Marte, porém ainda não há provas de que exista vida no planeta vermelho, muito menos de que, se existir, seja um pequeno ser verde.
Até hoje muitas pessoas afirmam já terem visto Ovnis (Objeto voador não identificado), que na sua grande maioria não são dirigidos por seres extraterrestres, mas são apenas balões meteorológicos, aviões, fenômenos atmosféricos e outras situações plausíveis. Mas, outra explicação encontrada para essas inusitadas aparições, de acordo com um artigo de outro jornal local, de 13 de novembro de 1968, seria que esses discos nada mais eram do que satélites artificiais orbitando ao redor da Terra, que com o reflexo da luz solar, tornavam-se brilhantes e visíveis.
As aparições em Passo Fundo fazem parte do contexto da época onde a tecnologia avançava cada vez mais e a preocupação com o que poderia existir além da Terra era noticiada por vários jornais, revistas e filmes, com posicionamentos tanto céticos, quanto defendendo a existência dos discos voadores, fomentando o debate. Contudo o tema não é exclusivo das décadas de 40 e 50. É possível encontrar relatos de Ovnis em vários períodos, em diversas partes do mundo – o tema ainda mobiliza e gera opiniões concorrentes.
Os mistérios envolvendo os objetos voadores e seres extraterrestres dão espaço a teorias de arquivos secretos dos governos, inclusive brasileiro, que comprovariam suas existências. Ou ainda da famosa Área 51, local onde supostamente o governo estadunidense manteria naves espaciais e alienígenas. Mito ou realidade, o assunto dos discos voadores está presente no imaginário da população e ganha cada vez mais espaço com a ufologia – estudo dos Ovnis e afins. Sendo eles inventados ou não, o certo é que Passo Fundo fez-se presente na “rota dos discos voadores”.
Bruna Zardo Becker
Acadêmica do Curso de História – UPF