Se não queres ser minha, não serás de qualquer um: “Maldita Geni!”
“Geni!” é uma personagem eternizada na canção “Geni e o Zepelin”de Chico Buarque de Holanda produzida para o musical “Ópera do Malando”(1977-1978), que fora sucesso nos anos de chumbo da ditadura Civil Militar (1964-1985). Não tão famosa, mas que ocupou as páginas policiais e do obituário do jornal O Nacional é a personagem “Geni” descrita em uma matéria publicada no dia 10 de julho de 1939.
Mas o que tem as duas personagens de épocas tão distantes e distintas em comum? As nossas personagens unem-se por seu modo de vida, ambas se dão a qualquer um – são prostitutas. A Geni “de Passo Fundo” tinha 18 anos, vivia na “pensão” da dona “Chica”, um dos tantos estabelecimentos da então Zona do Meretrício – que abrangia a Rua 15 de Novembro e adjacentes. Naquela época o famoso “Cassino da Maroca” ainda não havia sido inaugurado. Segundo relatos, Geni, como era conhecida a jovem prostituta, viveu “amancebada” com um “sujeito” por algum tempo, mas por não acertarem-se de “gênios” resolveu separar-se contra a vontade do amante, o qual prometeu acabar com sua vida: já que não queres ser minha, não serás de qualquer um.
Na madrugada de sábado 08 de julho, “encontrava-se Geni, na pensão da “Chica” sentada perto de uma mesa com “outros”, quando seu ex-amante aparece na janela e de lá desfecha um certeiro tiro, que atinge Geni na cabeça, sucumbido logo em seguida.” O assassino fugiu. Alguns dias depois o jornal noticia que a polícia ainda não o tinha encontrado.
Histórias como a da personagem Geni são objeto de estudo de um dos grupos do Laboratório de Memória Oral e Imagem do Curso de História da Universidade de Passo Fundo. O grupo é constituído por alunos bolsistas e voluntários, coordenados pela Professora Dra. Marlise Regina Meyrer, que desenvolve um trabalho de pesquisa sobre a Rua 15 de Novembro, abordando as histórias de vidas com base em fontes orais, visuais, audiovisuais e escritas. O objetivo visa (re)construir a história cultural da cidade de Passo Fundo. Para este trabalho as fontes do acervo do AHR se constituem em preciso amparo de pesquisas.
Elisabete Becker Salomão
Bruna Baggio
Luciane Maldaner
Graduandas em História/UPF
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