Histórias de um Império
Jeferson Hensel Zanon
Acadêmico do Curso de História UPF
Estagiário do Arquivo Histórico Regional
Em 7 de setembro de 1822, o Brasil declarava a sua independência de Portugal. Nascia assim o Império do Brasil, sob a regência de D. Pedro, filho de D. João VI, tornando-se D. Pedro I do Brasil. A monarquia e o império perdurariam até 1889, quando a república fora proclamada. deixando para trás uma rica história de um dos períodos mais turbulentos de nossa história. Período de guerras e revoluções, mas também de prosperidade e paz, onde personagens como imperadores, princesas, escravos, índios e imigrantes, vindos de todos os cantos do mundo, principalmente da Europa, coexistiram.
A história desses personagens fora deixada para nós através de várias fontes, como cartas, livros, jornais e documentos. Não apenas a histórias dos imperadores, marechais ou de ricos empresários, mas também do povo comum, como, por exemplo, a do escravo fugido Ignacio, que foi perseguido e morto após uma luta com as forças imperiais, aqui mesmo em Passo Fundo, no dia 1 de dezembro de 1878. Esse fato deveu-se a roubo de gado cometido no município e região. Ignacio teria vindo fugido de São Paulo, após raptar uma moça de nome Emília que, de acordo com o relatório da Assembleia Legislativa de 1879, era filha de uma pobre viúva, tida como “honesta”.
Outro caso seria do imigrante espanhol Thomas Solano que enviou ao vice-cônsul brasileiro na Argentina, através do porto de Uruguaiana, pelo vapor Uruguai em 1879, um caixote contendo, aquilo que foi chamado pelas autoridades de “uma máquina explosiva”, destinada a cometer grandes “estragos”. Porém, devido a um defeito no dispositivo, ela deixou de explodir no momento em que o caixote foi aberto. Solano fora preso, mas, devido a um habeas-corpus, foi solto posteriormente, vindo a desaparecer logo em seguida.
Numa averiguação de situações criminosas, a nobreza também se fez presente. Foi o caso do barão de Ijuhy, preso em 1877, por ter ordenado o ataque a um igreja onde estava sendo realizada a contagem das cédulas eleitorais do pleito primário, no dia 4 de outubro do mesmo ano. De acordo com os documentos, “indivíduos não qualificados, vindos do Estado Oriental, que costumavam a estar aggregados ao bando do barão de Ijuhy.’’, realizaram atos de violência contra as pessoas que ali trabalhavam, resultando na morte de um coronel e no ferimento de vários outros, além da destruição da urna e consequentemente de todas a cédulas eleitorais.
Relatos do período imperial como estes e muitos outros mais, não somente do Rio Grande do Sul mas de todo o Brasil, encontram-se disponíveis para consulta no acervo do Arquivo Histórico Regional (AHR), seção do Império.