“Homem conquista a Lua”: 50 anos da notícia que estampou a capa d´O Nacional 

Vítor Mateus Viebrantz
Acadêmico de História da UPF

Há meio século, no dia 20 de julho de 1969, chegavam à Lua dois astronautas estadunidenses completando uma missão que despertou muita expectativa. A chegada de ambos e sua caminhada pelo satélite natural da Terra, sublinhava o êxito da famosa corrida espacial, travada pelos Estados Unidos e pela União Soviética. Em 1969 a caminhada dos astronautas na Lua era um momento muito aguardado globalmente e essa expectativa também atraía curiosidade em Passo Fundo e na região. No jornal O Nacional o tema já circulava nas páginas desde maio, seguindo pelo mês de junho daquele ano com notícias sobre a preparação da viagem, detalhes do plano e a apresentação dos “que descerão na Lua”: os astronautas Neil Armstrong, Edwin Aldrin, Michael Collins.

Na data da partida do trio o periódico anunciava que essa era a “mais fantástica missão já tentada pelo homem” e que “o sensacional acontecimento será assistido por milhões de pessoas em todo mundo, inclusive no Brasil, através de uma rede de transmissão, com o auxílio de satélites artificiais”. O lançamento do foguete Saturno V, foi um significativo avanço na área espacial, afinal, dadas as possibilidades tecnológicas da época, o projeto cumpriu sua tarefa e, viajando pelo Apollo 11, três humanos chegaram a órbita da Lua e de lá, com um módulo lunar, dois deles estacionaram no astro e caminharam por ele. A conjunta política internacional do pós-guerra, das décadas de 1950 e 1960, encadeada pelos EUA e URSS entre tensões, direcionava investimentos e o desenvolvimento de projetos nas áreas de pesquisa e inovação, pelo desejo de estabelecer hegemonia sobre o mundo, o que colocou os países em uma corrida espacial. Durante a caminhada pela Lua, os astronautas estadunidenses fincaram no solo lunar a bandeira do país, ao passo que pretendiam simbolizar a vitória daquele na corrida espacial.

O primeiro passo humano na Lua ocorreu no domingo, 20 de julho, sendo acompanhado por milhões de pessoas no mundo. Na capa do jornal O Nacional da segunda-feira, 21 de julho, vinha estampado o ocorrido, com o título: “Realizando o maior feito da história: o homem chega a Lua”. Na publicação, os redatores colocavam a caminhada como “a maior façanha de toda a história da humanidade”, demonstrando sua euforia diante do ocorrido. No dia seguinte, 22 de julho, circulava no mesmo jornal uma notícia bastante curiosa, sobre o “alvoroço do mundo diante da façanha”. O autor discorre na matéria sobre casos peculiares que ocorreram no mundo em função da chegada na Lua. Um deles em Roma, onde a polícia teria percebido uma queda nos crimes, pois “mesmo os delinquentes, [...] permaneceram em casa para ver o homem chegar na Lua”. Um líder de uma das tribos dos indígenas iroqueses, teria proclamado que a chegada na Lua iria “provocar uma era de trevas na Terra, fazendo surgir de suas entranhas monstros e bestas”.  E um turco-muçulmano teria dito: “Deus nos fará morrer a todos, por nos imiscuirmos em seus assuntos”. No dia 26 de julho, na sequência de notícias sobre a “façanha” - que se estenderam para além daquele mês, o periódico trazia uma notícia sobre a intenção estadunidense de enviar astronautas à Marte, projeto que já estava em curso com o envio de robôs espaciais - intenção que cinquenta anos depois ainda não se viu concretizar.  

Muitos ainda recordam do domingo 20 de julho de 1969, que completa 50 anos, quando assistiram “o homem chegar na Lua”. Eram tempos tensos no Brasil, em plena Ditadura Civil-Militar, bem como no mundo, com a Guerra Fria. Nesse sentido, a euforia da chegada dos estadunidenses na Lua, exposta n´O Nacional, representa uma admiração aos avanços tecnológicos da época, mas sobretudo, a inclinação brasileira aos interesses dos Estados Unidos. 

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