A Catedral, a Paróquia e a Diocese
Jonas Balzan
Mestrando em História/UPF
Sede da atual Arquidiocese de Passo Fundo, a Catedral Metropolitana - que recebeu o título de “metropolitana” apenas em 2011, ao ser elevada a Arquidiocese -, hospeda a Paróquia de Nossa Senhora Aparecida. Ao longo do tempo a Catedral virou ponto de referência. Além de ponto de referência tornou-se cartão postal de Passo Fundo. Quem não lembra, por exemplo, dos panfletos do Festival Internacional de Folclore? Por mais de um ano, estes trouxeram a Cuia da Praça Marechal Floriano, com a Catedral ao fundo. Desta forma, percebe-se que mesmo não sendo a Paróquia mais antiga criada na área que abrange a cidade (das doze, foi a terceira), tornou-se importante não apenas por sua localização geográfica (coração da cidade), mas também pela Catedral possuir um visual imponente e é claro, ser a sede do Arcebispado.
Antes de continuar, achamos necessário conceituar catedral, paróquia e diocese. Enquanto a primeira é um templo cristão em que se encontra a sede de um Bispo e uma Diocese, com seu cabido; o segundo se constitui em uma “uma certa comunidade de fiéis, constituída estavelmente na Igreja particular, cuja cura pastoral, sob a autoridade do Bispo diocesano, está confiada ao pároco, como a seu pastor próprio”. Já a terceira é “a porção do povo de Deus que é confiada ao Bispo para ser apascentada com a cooperação do presbitério”.
Neste momento, você, caro leitor, deve estar se perguntando o porquê de tal conceituação. A explicação é simples. Por mais a Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, confunde-se com a Catedral e a Diocese, nenhuma das três é designa o mesmo e assim, possuem histórias distintas. Dito isso, gostaríamos de pedir desculpas a nossos leitores. Nossa intenção não é ser demasiadamente positivista e levar datas ao “pé da letra”, tornando-nos “calendários ambulantes”. Enquanto historiadores, buscamos trazer uma ideia de processo histórico. Porém, neste caso, torna-se imprescindível trabalharmos pontos factuais visando sua elucidação. A Catedral, a Paróquia e a Diocese são criadas em períodos diferentes, e nosso papel aqui, é trazer tais informações, buscando (re)contruir elementos de uma história local/regional.
Os anseios da criação de uma diocese em Passo Fundo são antigos. Segundo o professor Welci Nascimento “Começou em três de setembro de 1926”. Dentre os pré-requisitos para a criação de uma diocese, está a de construir uma Igreja-Catedral. Para tal, várias Comissões Pró-Catedral/Pró-Bispado foram criadas, sendo sua primeira em agosto de 1930. Entretanto, é apenas em março de 1935 que é lançada a pedra fundamental da atual Catedral Metropolitana de Passo Fundo. Quatorze anos depois, se fez presente a essa localidade Dom Antônio Reis, que na época era bispo da Diocese de Santa Maria, da qual Passo Fundo fazia parte. Na ocasião, mesmo inacabada, a edificação da catedral foi benzida juntamente com a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Sabia-se qual seria o nome dado a nova paróquia; Nossa Senhora Aparecida, porém, o decreto de criação vem apenas no ano seguinte, quando Dom Antonio Reis determina que que a nova paróquia terá como principal orago Nossa Senhora Aparecida, modificando a denominação do orago da antiga paróquia que era de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a matriz da Praça Tamandaré, para o título de Nossa Senhora da Conceição. Assim, aos 20 dias do mês de janeiro de 1950 era instituída a Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, sendo seu primeiro pároco o padre Laurentino Tagliari, empossado em 12 de fevereiro de 1950.
Em abril daquele mesmo ano a jovem paróquia, como escreve padre Laurentino Tagliari em publicação d´O Nacional, já contava com uma média de trinta comunhões diárias, podendo “observar em Passo Fundo uma crescente vida religiosa, pois, sem se denotar diminuição de movimento nas demais igrejas, já existentes, são bem frequentadas as [...] missas”.
No ano seguinte, ou seja 1951, por meio da Bula Si qua Dioecesis de Pio XII, criou-se a Diocese de Passo Fundo, tendo como primeiro bispo Dom João Cláudio Colling. Dom Colling exerceu tal função até 1981, quando foi designado Arcebispo da Arquidiocese de Porto Alegre.