Eco-92: em nome do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável (1992)

Roberto Biluczyk
Mestre em História – PPGH-UPF

 

A percepção da sociedade mundial em torno das dificuldades que regiam o cuidado e a preservação do meio ambiente motivaram a realização, em junho de 1972, da Conferência de Estocolmo, na Suécia, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), conhecida como a primeira grande reunião de estadistas em torno desta pauta. Novas preocupações surgiriam no futuro, determinando um novo encontro, vinte anos mais tarde.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, conhecida como Eco-92 ou Rio-92, se deu entre 3 e 14 de junho de 1992, na cidade do Rio de Janeiro. Visando a promoção de novos debates sobre os problemas ambientais do mundo, o evento mobilizou um amplo aparato estatal, quando simbolicamente, a capital federal do Brasil foi transferida para o Rio de Janeiro, durante aqueles dias. 

Desde meses antes, a imprensa geraria expectativa em relação às ideias que seriam apresentadas na ocasião. Revistas semanais de informação, como Veja e Manchete, dedicariam muitas de suas páginas ao esclarecimento popular sobre as metas da reunião. Nos veículos de comunicação locais não seria diferente.

Através de O Nacional, é possível descobrir que uma comitiva de oito deputados estaduais do Rio Grande do Sul se deslocou ao Rio de Janeiro no período, a fim de expor seus posicionamentos sobre o tema. Da mesma forma, o periódico informou a chegada, ainda no final de maio, da primeira liderança mundial, o Rei da Suécia, para participação na conferência. O monarca escandinavo foi recebido por embaixadores, ministros e pelo governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola. O presidente de Portugal, Mário Soares, declarou um dia antes do início dos trabalhos que a Rio-92 representava “um grande passo e a abertura de uma grande esperança para salvar a Terra”.

Ao final do encontro, a Eco-92 estabeleceu uma série de 27 princípios sobre o desenvolvimento sustentável global, os quais tocavam em assuntos que iam do meio ambiente à promoção social, destacando o direito à vida e às garantias das gerações, no presente e no futuro. Outra proposta da Rio-92 foi a Carta da Terra, ratificada anos mais tarde, que incentivava a melhoria das condições de vida no planeta, a partir da pauta ambiental, elevando valores como respeito, cuidado, integridade ecológica, democracia, paz e justiça social e econômica. 

Um terceiro resultado das discussões de 1992 foi a Agenda 21, documento assinado por 179 países que estabeleceu comprometimentos em relação à forma de atuação de governos e da sociedade civil, em prol da busca de soluções para as questões ambientais, apresentando conceitos inovadores, tendo em vista o desenvolvimento sustentável.

No dia 19 de junho de 1992, dias após o encerramento da Eco-92, a tradicional edição anual de aniversário d´O Nacional dedicaria espaço considerável a várias reportagens sobre meio ambiente e os desafios a ele impostos naquela época, focalizando a experiência passo-fundense. Problemas como a poluição, o descarte irregular de lixo, a falta de redes de esgoto e saneamento básico em locais críticos – como moradias irregulares – e o indiscriminado uso de agrotóxicos se constituiriam, conforme o jornal, em barreiras a serem superadas pela sociedade de Passo Fundo para o avanço nas ideias de preservação e sustentabilidade discutidas na conferência.

Posteriormente, a ONU agenciaria novas convenções, a fim de renovar os compromissos assumidos pelos países do mundo em torno do ideário socioambiental, como a Rio+20, sediada novamente no Rio de Janeiro, entre 13 e 22 de junho de 2012. A agenda da preservação do meio ambiente e seu uso de maneira sustentável segue despertando o interesse social, apesar da emergência de novas lideranças, as quais relegam a segundo plano, as necessidades de preservação da natureza.

Logotipo da Conferência. Fonte: Senado.gov

 

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