Cultura

Com bases etéreas e psicanalíticas, novas exposições são lançadas no MAVRS

06/09/2024

14:14

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Luís Henrique de Melo

Exposições são de acesso gratuito e estarão disponíveis até outubro.

Sonhos, imagens, cores e psicanálise atuam juntos nas novas exposições lançadas pelo Museu de Artes Visuais Ruth Schneider, da Universidade de Passo Fundo (MAVRS/UPF). As mostras “Saco de Maçãs” e “Voz, Luz, Transferência” foram inauguradas na noite da última quarta-feira, 04 de setembro, na sede do Museu.

Com curadoria da estudante Bianca Petry, do curso de Artes Visuais, “Voz, Luz, Transferência” busca criar um realismo mágico pelo qual os sonhos se confluem com o imagético e o físico. Ao chegar na sala de exposições, o resumo da mostra já nos prepara para uma viagem aos sentimentos que despertam no subconsciente. “Há algo escondido que amamos sem forma, muda nossa emoção e decide junto nossas escolhas”, escreveu Bianca Petry.

Bianca Petry é curadora da exposição "Voz, Luz, Transferência".

Formada por obras dos artistas Maria Tomaselli, Monica Kabregu e Gustavo Nakle, além de gravuras de Zoravia Bettiol e Rubem Grillo, a exposição desperta o realismo sentimental no visitante, que mergulha em sombras, luzes e na projeção fantástica de ondas do mar espelhadas em esculturas feitas de bronze. 

Por alguns instantes, o realismo mágico proposto pela curadora toma forma, e permite que o visitante sinta os tons de azul que são projetados tridimensionalmente em sua volta. As obras “etéreas”, como difundidas por Bianca Petry, remontam ao “interior da memória, como traumas ou lembranças inocentes” dos artistas.

Obras trabalham os sentimentos e os sonhos.

Na sala ao lado, o visitante deixa de lado os sentimentos inconscientes e retoma a realidade ao se deparar com o vermelho sanguíneo da exposição “Sacos de Maçãs”. Com curadoria dos também estudantes de Artes Visuais Augusto Deon, Guilherme Both e Rebeca Pionkoski, as obras selecionadas são distribuídas em técnicas de gravura, litografia e escultura. 

Nos mais variados tons de vermelho, as obras despertam a relação natural do tom com a vivência humana. Uma das paredes do museu também recebeu a cor vermelha em uma tonalidade vibrante, garantindo uma imersão ainda maior do visitante com a proposta das obras. 

Como apontado pelos próprios curadores, o vermelho “é um ponto em meio ao verde para ser colhido e devorado, uma capa que cobre os céus quando o sol se vai, é um rio que vaza da mãe quando o bebê nasce e também é um saco de maçãs”, criando “memórias, histórias, associações e dissociações”.

Augusto Deon é um dos curadores da mostra "Sacos de Maçãs".

De acordo com Augusto Deon, um dos curadores da exposição, a escolha do nome “Saco de Maçãs” parte da ideia de que as obras de arte dispostas na mostra possam remeter ao sentimento de que o visitante as receba como uma simples saída para a feira, algo tão natural quanto os sentimentos propiciados pela calidez da cor vermelha.

Nesta exposição estão distribuídas obras dos artistas Danúbio Gonçalves, Elaine Tedesco, Maria Tomaselli, Júlio Castro, Carlos Wladimirsk, Eda Lani Fabris, Marta Berger, Paulo Porcella e Teresa Poester, além de uma escultura de Rosa Groisman.

"Sacos de Maçãs" traz o vermelho como objeto de análise.

 

Debate promove interseção entre psicanálise e arte

Qual a relação entre psicologia e arte? Após a inauguração das exposições, uma roda de conversa sobre a relação entre os métodos de psicanálise e a construção da arte foi estabelecida no auditório do prédio D3, onde o Museu está localizado. 

Para a professora e psicóloga Dra. Maria Goreti Betencourt, a relação entre arte e psicologia é visceral, e é a expressão que torna o sujeito humano. “A psicologia está nas artes visuais, na literatura, no teatro. Todo ser humano precisa se expressar”, comentou Maria Goreti durante o debate.

A professora e psicóloga ainda relaciona o simbólico com o real. “O sujeito não é apenas uma relação particular, mas também uma relação com o outro, e esse aspecto simbólico só a arte pode trazer. O sentimento flui por meio da arte, e existem coisas que podem te tocar mais ou menos, e tudo isso é simbólico”, comentou Goreti.

Egresso do curso de Psicologia da UPF, Henrique Duara foi um dos convidados na roda de conversa. Para ele, a exposição do MAVRS é uma simbiose de psicanálise. “O inconsciente e seus mistérios são o objeto de estudo da psicanálise. A exposição traz à tona tudo aquilo que a psicanálise se interessa: Voz, uma vez que se propõe ao sujeito que fale e conte de si; Luz, proporcionando que aquilo que é de ordem inconsciente possa ser dito, trabalhado e transformado; e transferência, a revivência afetiva que é experienciada no nosso encontro com o analista”, contou Henrique. 

Segundo o psicólogo, a arte e a psicanálise compartilham em comum a aposta para o além quem vem de dentro. Segundo Henrique, o impulso do artista ao pintar é uma das formas do sujeito mudar e fazer algo com seus sentimentos. “A arte não só é caminho para pensarmos a psicanálise, mas também um possível produto de um processo de análise. A arte ajuda a gente a viver melhor, e a sofrer melhor também”, finaliza Henrique.

Visite o MAVRS

As exposições “Saco de Maçãs” e “Voz, Luz, Transferência” estarão disponíveis no MAVRS até o mês de outubro. A visitação é gratuita e pode ser feita de terça a sexta-feira, das 8h30min às 17h15min, sem fechar ao meio-dia. Para mais informações e agendamento de visitas, entre em contato pelo e-mail mavrs@upf.br ou pelo telefone (54) 3316 - 8585.