Por: Assessoria de Imprensa
Fotos: Gelsoli Casagrande e Divulgação
Ambiente disruptivo de aprendizagem da UPF, Gepid Learning Space se propõe a explorar diferentes modelos metodológicos de ensino
Um espaço de aprendizagem disruptivo, com um mundo de tecnologia à disposição e o desafio de pensar e experimentar diferentes modelos metodológicos de ensino. Assim é o Gepid Learning Space, espaço de aprendizado criado pelo Grupo de Pesquisa em Cultura Digital, vinculado ao Instituto de Ciências Exatas e Geociências da Universidade de Passo Fundo (Gepid/Iceg/UPF). Criado a partir de dois editais aprovados, um do CNPq e outro da Fapergs, o espaço que antes abrigava as discussões do Grupo se transformou em um Learning Space, ou seja, em um ecossistema de aprendizagem colaborativa baseado em tecnologias e metodologias inovadoras.
O espaço foi pensado, de acordo com o coordenador do Gepid, professor Dr. Adriano Canabarro Teixeira, para trabalhar com professores em formação. A ideia do Grupo é fazer pesquisas para verificar em que medida e de que forma a imersão em um espaço como o Learning Space pode se mostrar uma alternativa poderosa na formação de professores para um modelo educacional orientado ao futuro. “Não queremos desqualificar a formação acadêmica implementada pelas universidades, mas a questão que nós temos verificado é que a formação que as licenciaturas dão, em qualquer instituição, para uma apropriação criativa e potente das tecnologias, é muito incipiente, quando existe. A nossa ideia é trabalhar com a imersão dos alunos para verificar em que medida eles desenvolvem a fluência tecnológica, sem ter uma aula explorando explicitamente o potencial didático-pedagógico das tecnologias digitais”, explicou Teixeira.
Espaço piloto
O Gepid Learning Space começou a ser pensado há cerca de quatro anos, quando o Grupo começou a trabalhar mais intensamente com programação de computadores e robótica para crianças e viu o potencial que existia nisso. “Começamos a nos preocupar com uma questão: embora a tecnologia já esteja na escola há 30 anos, ela não trouxe nenhuma melhoria significativa. Não que nela esteja a solução das inúmeras limitações de nosso sistema educacional em todos os níveis, mas sabemos que ela tem um potencial não explorado e acreditamos fortemente que isso tem a ver com a formação de professores. Se o professor não se der conta das possibilidades, não for criativo na apropriação e não compreender que as metodologias que utilizamos são insuficientes para o mundo contemporâneo, a tecnologia acaba ficando subutilizada”, destacou o professor.
O trabalho de implantação, de fato, iniciou há cerca de um ano, quando o coordenador conversou com gestores em outras unidades falando sobre a ideia de criar um Learning Space na Universidade de Passo Fundo. A melhor opção, então, foi implantá-lo dentro do próprio grupo de pesquisa, principalmente em função do investimento, e pelo potencial de desenvolver as pesquisas dentro do Gepid. “Aqui, estamos trabalhando muito com a questão do design thinking, que é uma metodologia ativa. A ideia é conjugar essa metodologia com o processo de formação dos alunos, e, para isso, é preciso ter um espaço diferenciado. Queremos que esse seja um espaço piloto e que, em breve, possamos ampliá-lo”, disse.
Instrumento de aprendizagem
A principal diferença entre uma sala de aula comum e o Learning Space, segundo Teixeira, é que, neste, o próprio espaço é um instrumento de aprendizagem. Ele deve ajudar na colaboração, fomentar a participação, a prototipagem e construção de soluções para problemas reais. Tudo no espaço é móvel e pode ser organizado de diferentes formas. Ainda, os estudantes podem escrever nas mesas, nos quadros que estão espalhados pelas paredes ou mesmo projetar a tela de seu smartphone em quatro superfícies ao mesmo tempo, de forma que as pessoas não precisam estar dispostas como em uma sala de aula comum. Para desenvolver as pesquisas, os acadêmicos têm diferentes instrumentos e possibilidades, como robótica, tablets, ambientes de programação para educação, realidade virtual, consoles de games, infraestrutura para videoconferência, ambientes de computação nas nuvens, softwares de suporte para metodologias ativas, impressão 3D e, é claro, livros. “Temos explorado todo esse potencial de tecnologia em nossas pesquisas e ações de extensão”, contou Teixeira, observando que, após uma busca detalhada por espaços semelhantes, não foram encontrados modelos parecidos com esse no Brasil, com foco exclusivo na formação de professores.
A ideia é que nossos licenciandos possam, com o auxílio de uma equipe interdisciplinar, trabalhar com tecnologias com as quais, até então, nunca tinham trabalhado. Soldar uma peça, projetar e imprimir uma peça na impressora 3D, construir e programar um robô, são possibilidades muito diferentes e distantes da formação acadêmica convencional e acreditamos que isso pode representar um ganho qualitativo considerável na formação e na ação docente de nossos alunos. Aqui, nós temos toda a tecnologia para fazer vídeos para o Youtube ou gravar podcasts”, completou.
Algumas experiências já foram realizadas com alunos da Matemática, Pedagogia e Letras. Durante o mês de outubro, deseja-se ampliar as ações com licenciandos de outros cursos e, posteriormente, trabalhar de forma interdisciplinar. Inicialmente, serão desenvolvidas atividades programadas, acompanhadas por pesquisadores do Gepid. “A ideia é que possamos trabalhar com eles a cada dia com a ideia de exploração; eles virão para cá e trabalharão com diferentes tecnologias a partir de diversas metodologias, como, por exemplo, estudo de caso, design thinking ou com aprendizagem baseada em problemas. Devemos acompanhar o processo junto com os alunos de mestrado e doutorado para identificar qual é de fato o impacto de uma atividade como essa em um contexto de formação docente. É um espaço no qual devemos também realizar atividades com professores já formados na educação básica e superior, motivo pelo qual o espaço está aberto à comunidade”, frisou.
Potencial para a educação
Para o professor, o Learning Space tem um caráter inovador significativo e, para a educação, é algo potente. Na opinião dele, um dos maiores entraves para a adoção de alternativas metodológicas e para a apropriação das tecnologias digitais em processos educativos reside na crítica baseada em uma observação de fora, sem o conhecimento dessas possibilidades. Tal conhecimento, segundo destaca Teixeira, somente se dá na prática. “Se você tem um processo de formação de professores que passa tangencialmente pela tecnologia, quando a utiliza, é comum achar que ela é um problema. Nesse contexto, os estudantes saem de seus cursos superiores sem saber e, muitas vezes, refratários à apropriação dos aparatos tecnológicos digitais. Hoje, disponibilizamos no Gepid Learning Space recursos tecnológicos que as escolas não têm, mas isso não importa, porque queremos despertar em nossos alunos a consciência de que é possível dar conta de qualquer tecnologia, basta que se decida criar com ela, e, segundo, a conscientização de que existem metodologias diferentes daquelas que a gente vê na nossa formação”, finalizou.