Universidade

Hospital Veterinário da UPF realiza cirurgia inusitada em bezerro

17/06/2024

11:40

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Luis Henrique de Melo

Chamado de Luizo, o bezerro chegou com 15 dias e precisou passar uma laminectomia para descompressão da medula

Simpático e dando seus primeiros passos. É assim que Luizo, como foi carinhosamente apelidado, um bezerro de cerca de 30 dias, está. Ele é paciente do Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo (HV/UPF) e se recupera depois de passar por uma cirurgia pouco comum em ruminantes: uma laminectomia, procedimento muito comum em cães, realizado para descompressão da medula. 

Logo após nascer, Luizo sofreu luxação da sexta vértebra da lombar e fratura da epífise da tíbia e chegou ao Hospital sem conseguir caminhar. Foi trazido pela tutora, que é acadêmica do curso de Medicina Veterinária da UPF, Luiza Parizotto – por isso o nome recebido. De acordo com o coordenador do curso e professor da disciplina de Clínica Médica de Ruminantes, Dr. Carlos Bondan, a suspeita é que o bezerro tenha sido pisoteado acidentalmente pela mãe, o que ocasionou as lesões, que não são comuns nessa espécie. 

Após exames de imagem, a equipe constatou as luxações e fraturas e decidiu pela realização da laminectomia, para posteriormente a síntese da fratura da tíbia esquerda, osso que compõe a perna. “Essa cirurgia de correção de problemas de coluna é feita na nossa rotina clínica, mas não em ruminantes. Em cães ela é muito comum, principalmente em cães da raça Dachshund, conhecidos como linguicinha, que são animais que têm predisposição de lesão de coluna, mas nos ruminantes não. Então, podemos dizer que é algo inédito”, explicou o professor. 

A cirurgia foi realizada pelo Dr. Renato Libardoni, professor das disciplinas de Técnica Cirúrgica e Clínica Cirúrgica, acompanhado pelos residentes e acadêmicos do curso, garantindo o sucesso da cirurgia. “Ocorreu a descompressão completa do canal medular, que ficou comprimido devido à luxação da vértebra lombar, e estamos considerando como boas as chances de ele ter uma vida normal pós-procedimento. Os testes que realizamos após a cirurgia demonstram que ele tem sensibilidade e, inclusive, presenciamos tentativas de caminhar. Ainda não está completamente apoiando os membros posteriores devido a fratura da tíbia, mas o prognóstico continua sendo de reservado a favorável. Acredito que nós teremos sucesso”, pontuou Bondan

De acordo com uma das residentes responsáveis pelo procedimento, Magda Bertolini Pierezan, Luizo passará agora por fisioterapia para então realizar a osteossíntese da tíbia, para correção dessa fratura. A previsão é que a segunda cirurgia seja realizada o mais breve possível.

HV é referência no tratamento de ruminantes

Apesar de a cirurgia realizada no Luizo ser pouco comum, o Hospital Veterinário da UPF é referência no tratamento de ruminantes, como bovinos, ovinos e caprinos, por exemplo. Para Bondan, um dos destaques está na estrutura física, como laboratórios e equipamentos que permitem diagnósticos mais precisos, além do corpo docente qualificado. “Equipamentos como ultrassonografia e Raio-X são fundamentais para diagnósticos de lesões osteomusculares. Somente com esses exames é que o corpo clínico pode estabelecer um diagnóstico correto e, consequentemente, propor a melhor terapia, seja ela cirúrgica ou medicamentosa”, destacou. Além disso, o HV também possui suporte clínico e cirúrgico em todas as áreas, o que também faz diferença para estabelecer um possível diagnóstico e conduzir o melhor tratamento possível para a recuperação do paciente.

Ainda na opinião de Bondan, proporcionar aos estudantes e residentes da área da Medicina Veterinária procedimentos complexos como o que foi realizado é um diferencial da UPF na formação desses futuros profissionais. “Cirurgias complexas como a laminectomia são raras em ruminantes, porém precisamos preparar nossos alunos para o que der e vier. Então, é um diferencial nosso. Temos residentes e estudantes, que atuam como estagiários, realizando procedimentos tão complexos como esses, e sempre avançando em conhecimento, em tecnologia, mesmo que hoje não seja aplicada, mas o aluno já sai daqui sabendo e conhecendo como fazer”, finaliza.