Pesquisa e Inovação

Green Office UPF: modelo é exemplo para outros países

03/08/2022

14:12

Por: Caroline Simor / Assessoria de Imprensa UPF

Fotos: Arquivo pessoal

Em viagens recentes pela África e Estados Unidos, equipe apresentou o projeto e o modelo desenvolvido chamou a atenção de instituições estrangeiras

As mudanças climáticas impõem desafios em todo o mundo. Entidades, instituições, órgãos públicos e privados buscam em suas ações cotidianas reduzir o impacto e melhorar as condições de vida para as gerações futuras. Diante desse cenário, projetos e pesquisas que trazem soluções e metodologias novas para enfrentar essa realidade, surgem como importantes ferramentas no processo. A Universidade de Passo Fundo (UPF), por meio do projeto Green Office, já é considerada uma referência e o modelo executado é abordado como um exemplo a ser seguido. Em recentes viagens pela África e pelos Estados Unidos, a equipe apresentou os trabalhos e demonstrou como as universidades podem ser fundamentais na transformação do mundo.

O Green Office é um resultado prático da Pesquisa Ação-Participativa do Climate-U. O Climate-U - Transformando Universidades para as Mudanças Climáticas, por sua vez, é um projeto de pesquisa que visa explorar o papel que as universidades podem desempenhar na abordagem da crise climática em seus territórios e como sua contribuição pode ser impulsionada. No Brasil, a Universidade de Passo Fundo (UPF) é coordenadora do projeto, que envolve também a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal do Pará (UFPA). A universidade líder do projeto é a University College London (UCL). 

Um projeto baseado em problemas reais

O projeto CLIMATE-U propõe a condução de uma pesquisa ação participativa, em cada uma das 18 universidades envolvidas. Com a ideia geral em mãos, a equipe de pesquisa da UPF, liderada pela professora Dra. Luciana Londero Brandli, propôs a criação do Green Office como uma pesquisa-ação participativa. Segundo Brandli, o princípio do escritório é focar em problemas reais, como a adaptação e mitigação das mudanças climáticas, por meio da pesquisa e sustentado por princípios em torno da participação. 

Desta forma, todas as ações do Green Office são pautadas em discussões com comunidade local, gestores, funcionários, professores universitários e principalmente estudantes envolvidos. Para a coordenadora, a Universidade tem um papel muito importante na construção da sociedade do futuro. “Quando a formação universitária oferece oportunidades para reflexão sobre a crise climática e além disso, oferece um espaço para se pensar em soluções para este cenário, toda a sociedade é impactada positivamente pela atuação da Universidade”, observa. 

Luciana lembra que a inclusão do debate sobre a emergência climática nos currículos das universidades já é uma preocupação em muitos contextos, uma vez que os impactos das mudanças climáticas estão atingindo a todos. “Como indivíduos e como profissionais, precisamos assumir nossa responsabilidade, reconhecer nossa parte no problema e também o nosso papel para as soluções. Através da alfabetização climática ou da Educação para as Mudanças Climáticas, estas temáticas são abordadas e a universidade consolida seu papel como referência na produção dos saberes e da ciência necessária para atender as demandas da nossa realidade”, comenta a professora.

Modelo proposto na UPF chama a atenção de outros países

O projeto desenvolvido na UPF é financiado pelo UK Research and Innovation, órgão britânico de suporte à pesquisa, como parte do Global Challenges Research Fund, que apoia pesquisas para enfrentar os desafios vivenciados nos países em desenvolvimento. Mas o Green Office não conta apenas com esse aporte. Por meio de editais de fomento, a equipe já organizou incentivos para promover ações a longo prazo. De acordo com Brandli, o diferencial do Green Office da UPF está na forma como a equipe se organizou. Com financiamentos aprovados, parcerias e iniciativas já agendadas, o projeto viabilizou ações a longo prazo, surpreendendo até mesmo as instituições idealizadoras do modelo.

Segundo ela, dentro do Climate-U, o Green Office foi uma iniciativa inovadora que buscou trazer protagonismo para os estudantes, colocando-os como agentes de mudança dentro da Universidade. Agora, o Green Office inspira colegas e parceiros de outros países, como por exemplo, nas universidades no Quênia e em Fiji, onde já é possível ver iniciativas parecidas surgindo.

Brandli comenta que, ao apresentar os trabalhos realizados e as ações que ainda serão feitas, diversas instituições destacaram a importância de se pensar parcerias e investimentos que permitam a durabilidade do projeto. “O nosso trabalho tem se focado em consolidar o Green Office na UPF e, por meio disso, em toda a comunidade acadêmica. Temos projetos que permitirão a realização de eventos, desenvolvimento de pesquisas, inclusão e interação com a comunidade na Universidade e fora dela. Tudo isso chamou a atenção dos representantes de outras instituições pelo mundo”, frisou. 

Alexandre Frediani, pesquisador do International Institute for Environment and Development (IIED), com sede em Londres, e colaborador do projeto em vários países, destacou as ações realizadas pelo Green Office e ressaltou que o modelo já é uma referência. Segundo ele, o escritório tem condições de potencializar as ações feitas pelas universidades, fortalecendo ainda mais o contato com as comunidades e transformando as suas realidades. “A UPF tem um papel fundamental no projeto. Desde o começo e com uma inovação institucional que é o Green Office, promovendo a inserção das ações na rotina da própria instituição o que faz com que outros países já estejam copiando a ideia. Outro diferencial é o protagonismo dos estudantes, seja na graduação ou na pós-graduação, refletindo essa relação e a visão de que as mudanças climáticas passam pelas mãos dos estudantes”, pontuou.

Segundo a equipe da UPF, algumas universidades no Brasil já estão procurando informações e parceria para também criarem os seus escritórios acadêmicos. No mundo, a Kennyata University (KU) em Nairobi e a Universidade do Pacifico Sul em Fiji, estão adaptando a iniciativa da UPF para seus contextos. Em Nairobi já foi lançado o KU Green Education Hub, com foco nas mudanças climáticas, na educação e empoderamento dos estudantes.

Visita à ONU e troca de experiências na África

Durante a viagem aos Estados Unidos, a equipe do Green Office composta, além da professora Luciana, das acadêmicas Amanda Lange Sálvia, Giovana Reginatto e Janaína Mazutti, participou do Simpósio Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável em Universidades, realizado na Allegheny College, em Meadville, na Pensilvânia. 

Com o tema central sobre “Educar os líderes de sustentabilidade do futuro”, o evento teve o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de ações, apontando experiências práticas relacionadas à educação, pesquisa e extensão.  

Para a equipe, a viagem à África foi uma oportunidade para os pesquisadores do Climate-U se reunirem e apresentarem os avanços em cada um dos seus países, compartilhando experiências e planejando as novas ações até a finalização do projeto. Na oportunidade, estiveram reunidos pesquisadores do Brasil, Fiji, Quênia, Moçambique e Inglaterra. Além disso, as estudantes ressaltam que a visita ao continente africano também possibilitou a apresentação do Green Office UPF na Kennyata University, Kenya Methodist University (KeMU) e Kissi University, mostrando as ações para os reitores e professores. 

Essa aproximação, na opinião da equipe, reforça a parceria com as universidades e garante que as ações propostas pelo Climate-U sejam apoiadas pelas universidades, mesmo após a finalização do projeto.
 

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