Edição atual
Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura, Literatura e Linguagens
V.1, 2020 Bianual
A 17ª Jornada Nacional de Literatura terá um importante evento dentro da sua programação: o 2º Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura, Literatura e Linguagens: interações e trânsitos em tempos de conexões, que ocorrerá nos dias 25, 26 e 27 de março de 2020. As discussões e reflexões serão organizadas por meio de mesas coordenadas e palestras, comunicações, movimentos e atividades culturais, que têm a finalidade de promover debates sobre o entrelaçamento da leitura, da literatura e de linguagens para o ensino de língua.
Passamos por um momento de transição, — não apenas no Brasil, mas na civilização ocidental e em quase todas as partes do mundo tocadas de uma forma ou de outra por sua cultura e economia. Saímos de um século XX conturbado, pontuado por conflitos armados massivos e pela sombra não completamente afastada de uma extinção nuclear, para um futuro cuja única definição aparente é de que não se parecerá em nada com o mundo dos nossos pais. Por um lado, vivemos a ponte, o tecido conectivo entre dois estágios de sociedade que caberá a futuros historiadores batizar. Se o telos dessa realidade nos é obscuro, sua mediação, por outro lado, nos parece bastante óbvia: rupturas e ao mesmo tempo conexões causadas pela revolução nas formas de comunicação — e por consequência nas interações interpessoais e no trânsito de informação — que observamos nesses anos iniciais de novo século.
Um momento de transição é também um momento de organização da realidade e dos valores que pretendemos ver reproduzidos pelas novas gerações formadas nas universidades. Sob essa perspectiva, trataremos da definição e da necessidade de atualização de quatro palavras que muito significam: diversidade, conexões, liberdade e futuro. É preciso um olhar vigilante sobre o uso da linguagem dado determinado recorte espaço-temporal da sociedade, pois entendemos que apenas um ponto de vista fomentado pela leitura e qualificado pela literatura é capaz de dar conta e se manter a par dos processos de construção e reconstrução de sentidos operados em nível sociodiscursivo.
Desse modo, com o escopo visado de “formar uma sociedade leitora” que compreende a diversidade, que faz conexões, que deseja a liberdade de pensar, de agir, de transformar e de ser agente de cidadania, resgatamos o que já fora manifestado quando da realização da 7ª Jornada Nacional de Literatura (UPF, Série Documento, 1999, p. 6): “despertar os cidadãos para a existência dos livros, da literatura, dos escritores e, mais amplamente, para a arte e a cultura é empenhar-se no desenvolvimento e fortalecimento da cidadania. É abrir ao cidadão novos horizontes existenciais. É oferecer-lhe outras visões de mundo. É revelar-lhe novos ângulos e perspectivas do contexto em que vive. É tirá-lo de sua individualidade e comprometê-lo com o outro. É proporcionar-lhe novos critérios de avaliação dos fatos. É habilitá-lo a rebelar-se contra as ‘verdades’ da história oficial, [...]. É, em síntese, instrumentalizá-lo para garantir a sua liberdade”.
Diante disso, o efeito emancipatório provocado pela literatura, pela leitura, é fruto do seu caráter social, pois a interação do indivíduo com o texto faz com que o sujeito reconheça e compreenda o outro e a si mesmo, rompendo, assim, o seu individualismo e, dessa maneira, promove a ampliação dos seus horizontes mediante as possibilidades de amadurecimento individual e intelectual proporcionada pela obra literária. Com essas afirmações, ancoramo-nos na premissa de que a leitura conduz a uma práxis concreta sustentada na correlação existente entre as práticas de leitura de um povo e seu desenvolvimento material e social. Depreendemos, então, que a leitura é extremamente importante para todos nós, não apenas por ser fundamental em nossa formação intelectual, mas também por permitir a todos um acesso ao mundo das informações, das ideias e dos sonhos. Sim, pois ler é ampliar horizontes e deixar que a imaginação desenhe situações e lugares desconhecidos e isso é um direito de todos.