Por: Caroline Simor / Assessoria de Imprensa UPF
Fotos: Arquivo pessoal
Pesquisa desenvolvida na UPF utiliza microalgas para produção de biocombustíveis a partir de efluentes agropecuários
As mudanças climáticas, a má utilização de recursos naturais e as consequências negativas da ação do ser humano sobre a natureza impõem desafios aos cientistas e pesquisadores no mundo todo. Encontrar novas fórmulas, ferramentas e soluções para minimizar esses impactos são os grandes objetivos. Com foco nisso, o doutorando o Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental da UPF, Francisco Magro, tem trabalhado em uma pesquisa que utiliza microalgas para a produção de biocombustíveis, em concomitância com o aproveitamento de efluentes agropecuários como fonte de nutrientes para o cultivo (produção) dessas microalgas. Quer entender? Leia o artigo completo aqui e vamos lá.
O doutorando conta com o auxílio dos alunos de iniciação científica João F. Freitag e André Bergoli, dos cursos de Engenharia Ambiental e Engenharia Química. A orientação é feita pela professora da UPF, Dra. Luciane Colla. A tese de doutorado já contou com a publicação de um artigo, no periódico internacional Bioenergy Research. O artigo tem um nome um pouco mais complexo “Consórcios de Microalgas para Pós-tratamento de Efluente de Digestão Anaeróbia de Resíduos de Bovinos e Avaliação da Composição Bioquímica de Biomassa”. A elaboração do trabalho também contou com a coautoria do professor Dr. Jorge Costa, da Universidade Federal do Rio Grande.
O objetivo do estudo é cultivar as microalgas Spirulina platensis e Scenedesmus obliquus em consórcios, utilizando efluentes de tratamento anaeróbio de dejetos bovinos, a fim de viabilizar a produção de biomassa de microalgas para uso em biorrefinarias. De acordo com Francisco, a ideia da pesquisa nasceu ainda na realização do mestrado. “Na época trabalhei com as microalgas para a produção de biocombustíveis, porém como os nutrientes para a produção das microalgas possuem o maior custo, o que acaba muitas vezes inviabilizando a produção em grande escala, surgiu a ideia de utilizar efluente que é descartado como resíduo, como uma fonte de nutrientes”, explica.
Uma solução natural
As biomassas obtidas foram caracterizadas para avaliar o potencial para a produção de biocombustíveis e outros bioprodutos. Segundo Francisco, o cultivo de microalgas em consórcio pode ser utilizado para auxiliar o tratamento de água concomitantemente à produção de biomassa para diferentes aplicações. “Com o aumento crescente do uso de combustíveis fósseis, e o possível esgotamento dessa fonte futuramente, os biocombustíveis de microalgas podem suprir essas demanda. Além de serem biocombustíveis produzidos de microalgas, o uso de uma fonte alternativa de nutrientes, já que o efluente é descartado no meio ambiente após tratamento”, observa o pesquisador.
O trabalho apontou que as microalgas podem ser cultivadas neste efluente (resíduo), para posteriormente serem utilizadas como biomassa na produção de biocombustíveis. A partir de agora, o doutorando fará o estudo de aumento de escala da produção de microalga, com adição de efluente resultante da biodigestão de esterco bovino.
A pesquisa integra os estudos desenvolvidos dentro do projeto de Biorrefinarias, que busca a produção de biomassa, liderado pela professora Dra. Luciane Colla. Ela destaca que o trabalho feito pelo doutorando é importante por vários aspectos, entre eles, o de olhar para a produção de biomassa buscando verificar a toxicidade dos efluentes sobre o crescimento das microalgas.
De acordo com ela, o pós tratamento de efluentes de bovinos conta com uma carga orgânica alta de nitrogênio e fósforo. Esses nutrientes, quando eliminados diretamente nos corpos hídricos, pode causar um fenômeno chamado eutrofização, que é aumento da concentração de nutrientes num ecossistema aquático, levando ao aumento da produtividade e, consequentemente, a alterações em todo esse ecossistema.
Mas esses elementos podem ser utilizados para a produção de microalgas, desde que sejam respeitados os limites de toxicidade. “O trabalho é muito importante, envolvendo esses consórcios e buscando eliminar essa toxicidade para que seja possível a produção da biomassa, que posteriormente pode ser usada na produção dos biocombustíveis. A inovação foi avaliar não somente o quanto de biomassa poderia ser produzida, mas qual o efeito sobre o perfil bioquímico, sendo possível fazer uma prospecção da utilização, seja em bioetanol, biodiesel ou biofertilizante”, argumenta.
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