Dissertações defendidas
DISSERTAÇÕES PPGH/UPF
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1 - Título: Cultura Historiográfica Regional e Identidade: uma possibilidade de análise (1980-1995)
Autor: Ironita Adenir Policarpo Machado
Orientador: Prof. Dr. Astor Antônio Diehl
Banca: Prof. Dr. Paulo Afonso Zarth (Unijuí), Prof. Dr. Fernando da Silva Camargo (UPF)
Data Defesa: 21/01/2000
Resumo: Dentro do processo de discussão sobre a produção do conhecimento histórico e a configuração de identidade, contextualizados numa temporalidade de aceleradas transformações históricas, a presente dissertação consiste num estudo da cultura historiográfica, composta de livros de "história” publicados no período de 1980 a 199, de cunho regional e local. Trata-se de um estudo que visa discutir os limites e as possibilidades de escritos circunstanciais, no que se refere aos princípios teórico-metodológicos orientadores da prática da pesquisa histórica e da abrangência das relações socioculturais e políticas de grupos sociais pela busca de elementos constitutivos de identidade. Tematizam-se essas questões a partir da identificação de 23 autores e da análise de 32 obras, abarcando cinco vetores centrais da história-disciplina, os quais, por sua vez, configuram as partes deste trabalho, nas quais apresentamos: uma tentativa de identificação do contexto histórico e sociocultural no qual os autores e suas obras estão inseridos, das suas motivações para escrever e publicar; as concepções teóricas que orientaram os autores ao se reportarem para o passado; as formas de reconstrução da história subjacentes nos escritos historiográficos e indicando outras práticas operativas; as estruturas narrativas das obras, destacando o gênero e significado do discurso e enfocando a possibilidade de afrouxamento da tensão entre teoria e narratividade; e, por fim, o significado e a função do conhecimento produzido no contexto vivido dos autores referenciando o livro como lugar de memória e símbolo identitário de elites e políticas frente às transformações promovidas pela modernização. Enfim, as proposições indicadas por este estudo dão conta de que: as obras apresentam uma produção de "conhecimento histórico" sem plausibilidade científica, mas significam uma forma de os autores assegurarem sua própria existência social; os autores e as instituições a que estão filiados buscam legitimação do poder na hierarquia social através de um conjunto de articulações verbais e práticas, constituindo, assim, um imaginário social que privilegia agentes históricos e suas ações em detrimento de outros e desconsidera a pluralidade de culturas, portanto, de identificação e análise de dimensões históricas dos sujeitos negligenciados pela historiografia
2 - Título: O Movimento dos Monges Barbudos
Autor: Henrique Aniceto Kujawa
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Telmo Marcon (UPF), Profª. Dr. Loiva Otero Félix (UPF)
Data Defesa: 25/08/2000
Resumo: Este estudo ocupa-se do Movimento dos Monges Barbudos, que teve seu ápice em 1938 nos municípios de Soledade e Sobradinho e, com maior intensidade, na comunidade de Bela Vista. O trabalho foi desenvolvido a partir de depoimentos de indivíduos que participaram do movimento, seja como adeptos, seja como repressores; da historiografia e de documentos escritos, como os boletins da Brigada militar, notícias da imprensa e o relatório da Brigada Militar ao interventor do estado. Teve-se como objetivo reconstruir e analisar as diversas interpretações dadas ao movimento e demonstrar que ele faz parte de um contexto histórico, político e cultural. Historicamente, constituiu-se na região uma forma de ocupação da terra, um modelo econômico que excluiu o grupo social dos caboclos; politicamente, estava em vigência o Estado novo, com sua pretensão de construir um modelo de modernidade conservadora e uma identidade nacional, reprimindo manifestações e grupos sociais que não se enquadravam nesse modelo; em termos culturais havia o confronto da cultura cabocla, com sua visão econômica, social e religiosa, com a cosmovisão dos imigrantes alemães e italianos. Nessa perspectiva, o movimento não se produziu como fruto do fanatismo religioso, nem, tampouco, do atraso cultural dos sujeitos resistirem às mudanças econômicas e sociais em cursos e, ao mesmo tempo, de explicá-las por meio dos instrumentos que estavam a seu alcance; portanto, o religioso tornou-se um elemento de medição que possibilitou a construção de identidade (através da doutrina do Monge) e a reafirmação de sua cosmovisão. A repressão se fez necessária uma vez que o Estado não reconhecia a manifestação desse grupo e a expressão do movimento chocava-se com as concepções da Igreja romanizada e dos imigrantes, que introduziam na região formas de produção capitalistas. É por isso que, além de reprimir o movimento, foi necessário desqualificá-lo e jogá-lo no esquecimento para que não provocasse mais repercussões. Enfim, buscamos com este estudo realizar uma outra possível interpretação ao fato e alargar os horizontes analíticos da história regional.
3 - Título: O Cassino Guarani na História Regional - Iraí – RS
Autor: Sirlei Rossoni
Orientador: Prof. Dr. Astor Antônio Diehl
Banca: Prof. Dr. Jaime José Zitkiski (URI), Prof. Dr. Fernando da Silva Camargo (UPF)
Data Defesa: 28/08/2000
Resumo: Esta dissertação focaliza a história do cassino Guarani, casa de jogos existente no município de Iraí - RS, em meados do século, analisando suas origens, seu apogeu e seu declínio, tendo presente a história regional. A discussão tem como suporte teórico a história dos jogos de azar no Brasil, a sociologia da festa e as relações entre fé católica e secularização. Em um primeiro momento, dá-se o resgate da trajetória histórica do Cassino Guarani, situando-o na configuração regional de então e discutindo suas repercussões no universo sócioeconômico e cultural da época; em seguida, analisa-se a instituição a partir da trajetória de proibição e legalização dos cassinos no país e suas relações com a confissão católica e a moral vigente. O objetivo que perpassa o estudo é registrar a história de uma instituição de natureza social e recreativa no diz respeito a sua influência na visa cotidiana de uma população específica.
4 - Título: As Relações de poder em Ijuí (1938-1945)
Autor: Sandra Maria do Amaral
Orientador: Profª. Dr. Eliane Lucia Colussi
Banca: Prof. Dr. Paulo Afonso Zarth (UNIJUI), Profª Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa 29/08/2000
Resumo: O tema central desta dissertação é estudo das relações de poder em Ijuí, no período de 1938-1945. A averiguação das relações de poder tem como objeto específico analisar a atuação dos indivíduos que integram a elite política. A partir de documentos oficiais e algumas entrevistas, estabelecer as mudanças ocorridas na elite política ijuiense, e o término das relações em âmbito local. Definir, também, através do método prosopográfico, as características comuns dos indivíduos que os tornou uma elite política homogênea.
5 - Título: O integralismo no Norte do Rio Grande do Sul (1932-1938)
Autor: Fausto Alencar Irschlinger
Orientador: Prof. Dr. Astor Antônio Diehl
Banca: Prof. Dr. René Gertz (PUC/RS), Profª. Dr. Eliane Colussi (UPF)
Data Defesa: 30/08/2000
Resumo: O presente estudo, de caráter histórico-político-regional, analisa a estruturação e repercussão da Ação Integralista Brasileira no Norte do rio grande do Sul no período de 1932-1938, visando elucidar variáveis, como as estratégias de afirmação e expansão da AIB pela região, questões direcionadas à sintonia e relações internas do movimento, aspectos voltados à oposição política regional e suas estratégias contra o integralismo e o posicionamento da sociedade frente ao verde integralista no contexto histórico. Para tanto, a pesquisa foi operacionalizada através de uma "redução de escala" na interpretação e análise "coletiva" das fontes primárias, tendo como destaque a imprensa de circulação regional (jornais de Passo Fundo, Carazinho, Erechim e Getúlio Vargas). Salientam-se aspectos referentes à efetiva diversidade do movimento regional em relação ao integralismo em geral, levantado-se a hipótese da existência de especificidade nas ações práticas integralistas regionais frente ao movimento de cunho nacional e suas prerrogativas.
6- Título: Crime e Castigo: os conflitos políticos em torno do assassinato de Waldemar Ripoll
Autor: Carlos Roberto da Rosa Rangel
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Profª. Dr. Sandra Brancato (PUC/RS), Profª. Dr. Eliane Colussi (UPF)
Data Defesa: 31/08/2000
Resumo: O objetivo geral desta investigação é, tomando o eixo o personagem Waldemar Ripoll, aprofundar o conhecimento sobre o conflito ocorrido entre os diferentes setores da elite política sul-rio-grandense e destes com o governo federal no período compreendido entre 1928-1938. Como objetivo específico, busca-se compreender de que forma o caso Ripoll foi apropriado ideologicamente pelos setores em conflito para justificar a intervenção federal no Rio Grande do Sul e a posterior implantação do Estado Novo. Trata-se de um estudo de caso, com fontes predominantemente documentais, que inserem personagens e cenário específico - a região de fronteiras Brasil/Uruguai - num contexto envolvente. Constata-se que o caso Ripoll foi utilizado ideologicamente para justificar o combate ao caudilhismo, representado pelo governo de Flores da Cunha, ao tempo que se propunha a substituição da suposta barbárie existente no Rio Grande do Sul por uma nova ordem moralizadora, racional e nacionalista na qual todo crime teria o seu castigo.
7 - Título: Os trabalhadores da Educação 1979-98: Duas décadas de uma história política
Autor: José Carlos Eloy Martins
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Prof. Dr. Jaime Giolo (UPF), Prof. Dr. Fernando Camargo (UPF)
Data Defesa: 08/11/2000
Resumo: A história da educação é a própria história política do povo catarinense. A ocupação do solo pelas correntes migratórias sejam elas paulistas, européias ou gaúchas, demarcou consigo as perspectivas de desenvolvimento que, quase sempre, trouxeram como traço marcante a escola. Os dirigentes políticos que comandaram e decidiram os rumos da educação, ora fizeram uma âncora eleitoral, ora um entrave no processo de desenvolvimento autônomo da comunidade escolar, tendo em vista projetos de desenvolvimento de todo o Estado, centrados no capital. O magistério público, no caso específico, o regional, ator e coadjuvante deste processo, levou mais de meio século para concretizar sua autonomia política como a categoria organizada. Nos anos de 1980, que foram de transformação política, alcançou um quadro associativo e depois sindical. As greves se tornaram constantes, com a determinação de construir uma categoria profissional de funcionários públicos ao mesmo tempo em que se lutava pela ampliação do espaço comunitário de democratização do processo educativo. Nos anos de 1990, o magistério público estadual alcançou aproximadamente 15 mil filiados, dentre mais de 50 mil professores, ainda com direitos a serem constituídos e outros a serem recuperados, que perdera, como a Democratização da Educação.
8 - Título: A Lei do Silêncio: Repressão e Nacionalização no Estado Novo em Guaporé (1937-1945)
Autor: Cláudia Mara Sganzerla
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Prof. Dr. René Gertz (PUC/RS), Prof. Dr. Marco Montoya (UPF)
Data Defesa: 09/11/2000
Resumo: Ao longo de sua história, o Brasil tem sido considerado o ponto de chegada de vários imigrantes das mais diversas nacionalidades e etnias, como africanos, portugueses, alemães, italianos, suíços, franceses, entre outros. No entanto, pouco se sabe da relação desses povos como o povo brasileiro e até que ponto ocorreu uma integração. De 1937 a 1945, os imigrantes italianos e seus descendentes, de acordo com a tradição oral, foram alvo da violência policial determinada por diversas formas de repressão, das quais a mais conhecida foi a proibição do uso público de dialetos italianos. As práticas autoritárias das políticas de nacionalização do Estado Novo manifestaram-se de várias formas nas comunidades coloniais italianas. Neste trabalho elucida-se até que ponto as medidas autoritárias das políticas de nacionalização do Estado Novo aturaram na comunidade ítalo-gaúcha da colônia de Guaporé entre 1937 e 1945, e a forma como esses imigrantes reagiram à discriminação e suas consequências.
9 - Título: A invenção do Rio Grande do Sul: território e identidade na visão do IHGRGS (1920-1937) - Livro
Autor: Zélia Guareschi Fioreze
Orientador: Prof. Dr. Astor Antônio Diehl
Banca: Prof. Dr. Gervásio Neves, Profª. Dr. Eliane Colussi (UPF)
Data Defesa: 11/01/2001
Resumo: A dissertação consiste em um estudo sobre o pensamento e o conhecimento geográfico no Rio Grande do Sul e o papel desempenhado pelo Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul – IHGRGS – na produção desse conhecimento num determinado contexto histórico e geográfico. O período em análise está compreendido entre o surgimento da instituição (1920) e a instalação do Estado Novo no Brasil (1937). O material de estudo selecionado é a revista do IHGRGS, publicada nesse período, o que perfaz um conjunto de 68 volumes. A investigação tem como objetivo avaliar o conhecimento geográfico produzido no interior do instituto e o seu vínculo no processo de formação da identidade e do território. Para alcançar o objetivo proposto, o trabalho está organizado em torno de três eixos de investigação: o surgimento do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – IHGB – e a criação do IHGRGS; o mapeamento numérico da produção considerado o âmbito e o interesse e a análise do material levando em consideração o pensamento e a produção geográfica. A partir da análise do contexto de criação das instituições, nacional e regional, conforma-se o seu papel de legitimadoras da identidade nacional, através da criação da história, da sociedade e da geografia pátrias e regionais. O pensamento geográfico que perpassa a produção do IHGRGS encarrega-se de legitimar o território enquanto integrador e separador do extremo meridional do Brasil. Ao discutir a defesa e a construção dos seus limites, a descrição e a formação humana decorrente, a geografia produzida pelo IHGRGS, no período enfocado, enquanto produção do território, contribuiu a seu modo para “fazer” o Rio Grande.
10 - Título: Grassando saúde no campo das idéias As Instituições Hospitalares em Passo Fundo nas décadas de 1910 e 1920
Autor: Luísa Grigoletti Dalla Rosa
Orientador: Profª. Dr. Eliane Colussi
Banca: Prof. Dr. Luiz Eugênio Véscio (UFSM), Profª. Dr. Loiva Otero Félix (UPF)
Data Defesa: 23/04/2001
Resumo: O presente trabalho, realizado na área de História Regional, consiste na abordagem da constituição das instituições hospitalares na cidade de Passo Fundo na década de 1910. A primeira sociedade, com a denominação de Hospital de Caridade. O episódio do Corpus Christi, conhecido como a polêmica, em 1918, originou a separação da sociedade e o surgimento do Hospital São Vicente de Paulo. Os Objetivos inicialmente propostos para o estudo formam o entendimento do processo de separação do grupo mantenedor do hospital; dos projetos distintos e antagônicos – a laicização e a clericalização -, defendidos pelo grupo da maçonaria e da Igreja Católica; das questões relativas ao aparecimento das enfermidades; das práticas e concepções médicas; do processo histórico e de urbanização ocorrido na cidade. A metodologia para o levantamento das questões propostas utilizadas foi consulta a documentos existentes, como os relatórios da Intendência, as atas das assembléias das sociedades hospitalares, jornais locais e revisões bibliográficas sobre a temática e assuntos próximos a ela.
11 - Título: Instituições Museológicas, Instituições da Memória: história, papel e impactos dos museus passo-fundenses
Autor: Mariane Loch Sbeghen
Orientador: Prof. Dr. Fernando Camargo
Banca: Prof. Dr. Luiz Carlos Golin (UPF), Prof. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 04/05/2001
Resumo: O presente trabalho, na área de História Regional, tem como objetivo analisar a história, papel, memória e impacto na sociedade dos museus passo-fundenses. Partindo da análise de aspectos estruturais e funcionais dos museus em geral, busca identificar as especificidades locais dos museus da cidade de Passo Fundo – RS, como agentes de formação cultural. Como metodologia de trabalho, além da consulta a fontes bibliográficas, realizaram-se entrevistas com passo-fundenses visando verificar quais são os museus que eles identificam na cidade e a sua concepção sobre a importância dessas instituições. Em conclusão, propõem-se a criação de um Centro Cultural.
12 - Título: A trajetória de Nicolau Araújo Vergueiro na História Política de Passo Fundo – RS (1930-1932)
Autor: Ana Maria da Rosa Prates
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Profª. Dr. Maria Medianeira Padoin (UFSM) e Prof. Dr. Fernando da Silva Camargo (UPF)
Data de defesa: 25/01/2002
Resumo: A presente pesquisa, feita com base nos principais órgãos da imprensa da cidade de Passo Fundo-RS, o Jornal O Nacional e de Carazinho – RS, o Jornal da Serra tem como objetivo aprofundar a análise das relações de poder estabelecidas entre as lideranças políticas da região do Planalto Médio Gaúcho e o governo do Rio grande do Sul no período compreendido entre 1930-1932. Tendo como referência o personagem-chave Nicolau de Araújo Vergueiro, reconstrói-se parte da história de sua vida e recompõe-se sua trajetória política. Procura-se desvendar o significado do seu trabalho, isto é, sua projeção política para o município de Passo Fundo e região. Os procedimentos metodológicos caracterizam-se como um estudo de caso, tendo por base fontes predominantes documentais. Os resultados permitem concluir que: a partir de 1929, o jornal O 0Nacional, através do discurso, contestava a continuidade administrativa de Nicolau Vergueiro na política passo-fundense e, em 1931, a emancipação política-administrativa de Carazinho, com apoio de Flores da Cunha, constituiu-se, fundamentalmente, para eliminar a expressão política representada na pessoa de Nicolau Vergueiro, “o vergueirismo”, em Passo Fundo e Carazinho.
13 - Título: Padre Busato: um protagonista na história política de Erechim (1926-1950)
Autor: Sônia Mári Cima
Orientador: Profª. Dr. Eliane Lucia Colussi
Banca: Prof. Dr. Luiz Eugênio Véscio (UFSM) e Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data de defesa: 08/03/2002
Resumo: O presente estudo, de caráter político e cultural, analisa a biografia de padre Benjamin Busato, necessariamente envolvendo a história do município de Erechim, na região do Alto Uruguai, do Rio Grande do Sul, no período de 1926 a 1950. Os aspectos biográficos de um personagem que teve grande influência na história político-social do município são apenas um pretexto para explicar o contexto e as relações sociais no período em que permaneceu como pároco da igreja São José de Erechim. A pesquisa foi realizada por base o estudo das crônicas do próprio padre Benjamin Busato publicadas no jornal A Voz da Serrae os relatos das pessoas que o conheceram ou conviveram com ele. Para tanto o estudo está organizado em três momentos: o primeiro, com uma visão geral da biografia e do contexto; depois, o envolvimento político do padre Busato e, por último, suas relações com a Igreja Católica. Esse estudo possibilitou preencher uma lacuna na história de Erechim por envolver diretamente o personagem e suas influências no município, onde organizou serviços e entidades sociais, como religioso e como cidadão, em meio de um contexto histórico em que todo momento se disputava espaço político ou religioso. Portanto, ele representou um papel social de articulador por seu envolvimento maior com momentos políticos do que com sua função como religioso.
14 - Título: A Presença Judaica em Passo Fundo Século XX
Autor: Nayme Marlene Nemmen da Silva
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Prof. Dr. René Ernaini Gertz (PUC/RS) e Profª. Dr. Eliane Lucia Colussi (UPF)
Data de defesa: 21/03/2002
Resumo: Este trabalho reconstrói a presença dos judeus em Passo Fundo, então pólo regional de desenvolvimento, onde viveram e exerceram suas atividades, e analisa os motivos pelos quais, posteriormente, muitas famílias deslocaram-se em busca sobretudo da capital do estado. Ainda, investiga como ocorreu o seu entrosamento em uma sociedade diferente da sua e analisa os processos identitários e as assimilações culturais ocorridas quando em contato com a sociedade local, não deixando de relacioná-los aos acontecimentos nacionais e mundiais que ocorriam paralelamente. Para isso, vale-se de entrevistas com judeus que viveram em quatro irmãos e que se mudaram para Passo Fundo, bem como de relatos de seus descendentes sobre as histórias ouvidas de seus pais e avós. Também se investigam os jornais locais referentes ao período delimitado. Pela análise dos dados, constata-se que os judeus buscaram centros maiores para oportunizar a continuidade do estudo de seus filhos, além de melhores condições de trabalho e uma comunidade judaica maior, assim como uma vida religiosa mais intensa. Destaca-se uma grande preocupação dos judeus adultos em relação aos jovens, no sentido de que eles consigam manter e dar continuidade ao legado cultural que lhes foi passado e que precisa ser preservado para a sobrevivência dos judeus como povo.
15 - Título: Ulisses Va In America: História, Historiografia e Mitos da imigração Italiana no Rio Grande do Sul (1875-1914)
Autor: Dilse Piccin Corteze
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Prof. Dr. Marcos Justo Tramontini (Unisinos) e Prof. Dr. José Gaston Hilgert (UPF)
Data de defesa: 22/03/2002
Resumo: A colonização da encosta da serra gaúcha com colonos originários do nordeste italiano teve consequências profundas para a história sulina. Nos relatos de imigrantes, assim como das autoridades brasileiras e diplomáticas italianas, são recorrentes as referências aos sofrimentos conhecidos durante a travessia atlântica; às dificuldades passadas quando do estabelecimento nas glebas coloniais; ao isolamento vivido no seio das densas matas serranas, etc. essas narravas apresentam o processo migratório como epopéia humana que teria tido conclusão feliz devido essencialmente à vocação do homem itálico ao trabalho. Essa leitura mítica, simplifica, caricaturiza e emprobece a rica, complexa e dinâmica história da colonização italiana no Rio grande do Sul. A dissertação elenca os principais “mitos fundadores” da narrativa imigratória, apresentando elementos gerais para sua crítica.
16 - Título: Tramas de Poder: Disputas Políticas nos Campos de Cima da Serra/RS (1850-1880)
Autor: Mariluci Melo Ferreira
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Prof. Dr. Flávio Madureira Heinz (Unisinos) e Prof. Dr. Fernando da Silva Camargo (UPF)
Data de defesa: 22/03/2002
Resumo: A sociedade que se estruturou nos Campos de Cima da Serra, região Nordeste do Rio Grande do Sul, cuja tônica era a grande propriedade rural, foi marcada pela presença do abstrato fazendeiro que controlava uma complexa rede de influências. Este trabalho analisa a disputa do poder local em Vacaria e Lagoa Vermelha no período de 1850 a 1880, época em que estes municípios serranos adquiriram autonomia político-administrativa desmembrando-se de Santo Antônio da Patrulha. Nestas três décadas são destacados dois momentos cruciais em que a trama de poder se notabilizou na esfera local. Primeiro, em 1857, no contexto do desvilamento de Vacaria, quando ocorreram conflitos no interior da elite política vacariana, culminando com o atentado contra o delegado de polícia, capitão João Pereira de Almeida. Depois em 1870, com o assassinato do juiz Antônio de Pádua Holanda Cavalcanti, de Lagoa Vermelha. Estes crimes ilustram dois fenômenos bem presentes no âmbito regional do século XIX: a dicotomia entre o público e o privado e as estratégias dos mandatários locais que tiveram seus interesses ameaçados pela ação das autoridades públicas.
17 - Título: Prazer Marginal e Política Alternativa: a zona de meretrício em Passo Fundo (1939-1945).
Autor: Márcia do Nascimento
Orientador: Prof. Dr. Fernando da Silva Camargo
Banca: Prof. Dr. Sílvio Marcus Correa (UNISC) e Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data de defesa: 26/03/2002
Resumo: Esta dissertação estuda a zona do meretrício na cidade de Passo Fundo entre os anos de 1939 a 1945. O período focalizado é considerado o auge da prostituição em razão do grande número de prostíbulos, localizados principalmente na Rua 15 de novembro. Para o levantamento dos dados, consultaram-se aos documentos existentes, como os jornais locais, relatórios da Intendência Municipal, processos-crime, registros policiais, além de fontes orais e revisões bibliográficas sobre a temática relacionada a ela. Os dados levantados possibilitam entender como um lugar marginalizado pela sociedade legal expressou um poder simbólico, constituindo-se em espaço alternativo em um determinado período e como se organizavam as relações sociais entre os diferentes grupos sociais que compuseram o contexto onde estavam inseridos; compreender a expressiva sexualidade naquele momento; contextualizar a economia e o desenvolvimento urbano local e o quadro econômico/política das esferas nacionais e internacionais.
18 - Título: Quem Chega, Quem Sai. A política de distribuição de terras em Jaboticaba – RS
Autor: Nilse Cortese Dalla Nora
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Prof. Dr. Paulo Afonso Zarth (Unijuí) e Profª. Dr. Eliane Lucia Colussi (UPF)
Data de defesa: 27/03/2002
Resumo: O presente estudo de caráter histórico-cultural analisa o processo de ocupação do espaço de Jaboticaba no período de 1940-1958. Busca elucidar os fatos referentes à colonização envolvendo a implantação da Comissão de Terras e Colonização que organizou os trabalhos de medição, distribuição da área territorial e povoamento da colônia Guarita, a qual abrangia o espaço ocupado por Jaboticaba. Evidência, na história política regional, a ação dos coronéis que, detentores de poder local, legitimavam em seu nome grandes extensões de terras. Para a realização da pesquisa foram realizadas a interpretação e a análise de fontes primárias, buscadas no Arquivo Histórico e na Inspetoria de Terras do Norte, hoje Escritório de Terras Públicas, ambos de Frederico Westphalen. A carência de documentação referente à história local fez com que se recorresse também as fontes orais, levando-se em conta que se constituem em instrumento para elucidar os fatos. A Pesquisa revelou-se que as terras dos que dispunham de poder ou de recursos financeiros foram legitimadas antes da primeira metade do século XX e que os posseiros pobres (caboclos) continuaram sem poder legitimar suas posses até a regulamentação da lei 1542, na década de 1950.
19 - Título: Montanhas que furam as nuvens! Imigração Polonesa em Áurea: uma abordagem econômica, política e social (1910-1945)
Autor: Thaís Janaina Wenczenovicz
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Prof. Dr. René Ernaini Gertz (PUCRS) e Prof. Dr. Paulo Afonso Zarth (Unijuí)
Data de defesa: 25/04/2002
Resumo: O estudo da imigração sulina no início do século XIX e XX e mais particularmente a imigração polonesa, envolve obrigatoriamente o estudo da história do município de Áurea, visto que essa região apresenta características singulares e inéditas no relativo àquele fluxo imigratório. O presente trabalho foi desenvolvido sobretudo baseado nos depoimentos orais de imigrantes e descendentes; na documentação escrita recolhida nos arquivos da Comissão de Terras Públicas da região do Alto Uruguai; na Paróquia Nossa Senhora do Monte Claro; no Registro Civil de Áurea, etc. Analisou-se igualmente a historiografia sobre a imigração, em geral, e sobre a imigração polonesa, em especial. O principal objetivo do presente trabalho foi analisar os aspectos econômicos, políticos e sociais da imigração polonesa, no município de Áurea, desde sua origem, em 1910, até 1945. Deu-se especial atenção à identidade; à educação; à posse da terra, na cidade e no campo; à saúde física e mental; etc. Constatou-se que a vinda dos poloneses para a região deveu-se, sobretudo às péssimas condições de vida conhecida na Polônia na época e ao sonho do trabalhador rural pobre de se transformar em proprietário da terra para garantir sua sobrevivência e a de seus filhos. Na Polônia, tal objetivo era inviável, dada as dificuldades do acesso à propriedade da terra, considerando-se a estrutura fundiária ali vigente. Empreendeu-se esse trabalho a partir da compreensão do processo migratório polonês como parte da mais ampla história do Rio Grande do Sul e do Brasil.
20 - Título: A Organização Sindical Rural no Rio Grande do Sul e o Surgimento do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Frederico Westphalen (1960-1970)
Autor: Helenice Aparecida Derkoski Dalla Nora
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Márcio P. Noronha (UFG) e Profª. Dr. Eliane Lucia Colussi (UPF)
Data de defesa: 22/07/2002
Resumo: A estrutura sindical oficial foi implantada por Getúlio Vagas e relacionava-se apenas ao sindicalismo urbano. O sindicalismo oficial no campo surge no início dos anos de 1960, no governo de João Goulart, com a instituição do Estatuto do Trabalhador Rural. No Rio Grande do Sul existiram movimentos sociais como o MASTER, organizado por lideranças do PTB, tinha como prerrogativa a luta pela terra e suas características era a formação de acampamentos nas áreas pretensas à desapropriação. A FAG, iniciativa dos setores conservadores da Igreja Católica, nasceu para combater o MASTER e firmou-se como tuteladora do sindicalismo rural gaúcho. A ação político-ideológica da FAG reproduziu- e articulou a ideologia da corrente hegemônica dos setores conservadores que proclamavam o controle das ações da Igreja Católica, durante a década de 1960 e parte de 1970 no Rio Grande do Sul. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Frederico Westphalen teve suas bases organizadoras pelo setor conservador da Igreja Católica, através da FAG. O presente trabalho discute como atuou a FAG, que instrumentos utilizou, quem foram seus líderes e o discurso usado em favor do seu trabalho com a organização dos agricultores de Frederico Westphalen, no período de 1960 a 1970. A orientação sindical transmitida pela FAG e assumida pelo movimento sindical do município evidenciou um conteúdo reformista conservador, assumindo uma função historicamente assistencialista. A prática sindical no município gravitou em torno do assistencialismo com instituição do FUNRURAL, somando-se a atividades reivindicadoras que obtiveram assistência técnica, cursos de capacitação e aposentadoria ao trabalhador rural.
21 - Título: Nacionalização, resistência e adaptação: alemães em Passo Fundo e Carazinho durante o Estado Novo
Autor: Odair José Spenthof
Orientador: Prof. Dr. Astor Antônio Diehl
Banca: Profª. Dr. Eliane Lucia Colussi (UPF) e Prof. Dr. Aldomar Rückert (UFRGS)
Data de defesa: 17/09/2002
Resumo: O estudo apresentado nesta dissertação tem como cenário o movimento de nacionalização desencadeado no Estado Novo. É uma abordagem da nacionalização que considera os desdobramentos históricos dos conceitos de “nação” e de “nacionalidade”. Neste particular, apresenta-se o tratamento dispensado aos estrangeiros e a questão da educação patriótica. Nesse cenário, busca-se identificar as formas de resistência e adaptação à nacionalização, utilizadas pelos teuto-brasileiros que viviam na região de Passo Fundo e Carazinho. Fundamentalmente, as considerações centralizam-se na detecção da existência de centros irradiadores do nacionalismo na região, como os núcleos integralistas e a Liga de Defesa Nacional, na inserção dos teuto-brasileiros nesses centros e nas esferas de poder local, bem como nas estratégias de preservação da língua alemã, que havia sofrido restrições a seu uso.
22 - Título: O sexo, o vinho e o diabo. Demografia e sexualidade na colonização italiana no RS. Vannini. 1906-1970
Autor: Ismael Antonio Vannini
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Profª. Dr. Berenice Corsetti (UNISINOS) e Profª. Dr. Florance Carboni (UPF)
Data de defesa: 13/12/2002.
Resumo: Este trabalho é, antes de tudo, fruto de uma curiosidade de infância. Por que era proibido falar e ouvir os mais velhos falarem sobre sexo. Por que era algo tão pecador e tão secreto? Por que as mulheres que se encontraram aos domingos falam em voz baixa em certos momentos? Por que é que quando nos aproximávamos elas mudavam de assunto, de modo que você/eles eram expostos ao ridículo? Por que o diabo viveu na colônia italiana e ele dormiu na cama dos colonos e assumiu a característica do prazer? O presente trabalho procura uma aproximação da compreensão e devoção do comportamento sexual e suas implicações na área colonial italiana do RS. Observar como a comunidade adquire características comportamentais de características e você imaginaria ao redor da sexualidade. E os fatores que condicionaram a estruturação desta cultura. O misto de implicações econômica e mental que foi delineado ao longo da declaração do modelo colonial. Como também as conivências das diferentes forças, em que os poderes e você conhece eles se eles complementaram um universo orientado pelo vetor econômico e religioso, em detrimento do efetivo e sensual. A discrepância entre a linguagem moralista a prática. E da história ufanista tradicional do vivido colonial. A adaptação dos imigrantes para uma demografia que adaptou ele/ela. Mesmo dentro do espaço clerical. A difícil tarefa humana de regular as pulsações sexuais. A comunidade italiana reprimida e sexofóbica impossibilitada de racionalizar o sexo, exposto à peneira das normas da natureza humana. As pulsações naturais do sexo que mata a comunidade ítalo-gaúcho, mais para a ignorância do que para a malícia. Do medo do pecado das transgressões à sexofobia colonial. Os mecanismos instalados em “Eu jantei (comi) ele/este da comunidade” como forma de sufocar as transgressões sexuais. As direções diferentes da vazão sexual reprimida. Este trabalho deveria ser visto como um tema de estudos que abre muito outros estudos nesse mesmo sentido. O tema da sexualidade pode assistir as implicações mais variadas na formação da comunidade colonial.
23 - Título: Vestígios do Passado. A Escravidão no Planalto Médio gaúcho (1850-1880)
Autor: Cristiane de Quadros de Bortolli
Orientador: Profª. Dr. Eliane Lucia Colussi
Banca: Prof. Dr. Paulo Roberto Staudt Moreira (UNISINOS) e Prof. Dr. Astor Antonio Diehl (UPF)
Data de defesa: 23/01/2003.
Resumo: O presente estudo, de caráter histórico-regional, analisa a escravidão no Planalto Médio Gaúcho no período de 1850-1888. Busca-se elucidar os fatos referentes aos escravos dessa região, analisando a forte presença desses e seu valor econômico no contexto sociopolítico e na formação dos municípios de Cruz Alta e Palmeira das Missões; demonstrando que os cativos não estiveram presentes somente na região charqueadora e em Porto Alegre, como até o momento foi apresentado pela historiografia. Também analisa a produção historiográfica identificando como essa apresenta e trata o escravo no Brasil e no Rio Grande do Sul. Através de pesquisa empírica, revela a existência de movimentos abolicionistas nessa região, comparando-os com os de outras, as leis elaboradas nesse período, as quais permitiam o encaminhamento de ações de liberdade que culminaram na abolição. Através da análise de processos de inventários e testamentos, identifica e demonstra como essas ações transcorreram e permitiram a concessão de liberdade aos cativos. A pesquisa em livros de registros de batismos e óbito pertencentes à Igreja Matriz de Cruz Alta permitiu revelar a existência de batismo, compadrio e apadrinhamento de escravos, bem como os óbitos ocorridos nessa cidade e em Palmeira das Missões na segunda metade do século XIX. Através desses documentos o estudo descreve como se realizavam os atos sacramentais, quantifica o número de batismos e identifica quem eram os cativos, seus donos, seus padrinhos e onde esses atos ocorriam.
24 - Título: Coronéis e imigrantes: das lutas pelo poder à conquista do espaço. Saldanha Marinho. 1899 a 1930
Autor: Isléia Rossler Streit
Orientador: Profª. Dr. Loiva Otero Félix
Banca: Profª. Dr. Margaret Bakos (PUC/RS) e Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data de defesa: 24/01/2003.
Resumo: A ocupação de terras do Planalto Médio do Rio Grande do Sul por imigrantes vindos das primeiras colônias de imigração a partir de 1890 sugere a conquista de um espaço que já possuía grupos com identidade e prestígio político-econômico consolidado no cenário republicano, formando núcleos cooptados pelo governo estadual. Visando compreender os processos sociais regionais e as discussões sobre os sujeitos e classes sociais pouco analisados nos estudos da história até há bem pouco tempo, introduzimos esta temática utilizando um caso específico: a colônia Saldanha Marinho. Este trabalho relaciona três elementos presentes neste espaço e tempo: a) o coronelismo (estrutura de sua influência na colônia Saldanha Marinho; b) a empresa colonizadora Castro, Silva e Cia., que loteou as terras da colônia, do qual era proprietário Evaristo Affonso de Castro, líder abolicionista e federalista; c) os colonos alemães começaram a chegar à colônia a partir de 1899. Constatou-se que a colônia foi um espaço diferenciado na região, pois havia um interesse político, além do econômico, por parte de Evaristo Affonso de Castro na fundação da mesma. Porém, a sua influência não se estendeu por muito tempo, abrindo espaço para o coronel Victor Dumoncel Filho atuar sobre os colonos imigrantes.
25 - Título: Os Grupos de Onze: política, poder e repressão na região do Médio Alto Uruguai - RS
Autor: Elenice Szatkoski
Orientador: Prof. Dr. Astor Antônio Diehl
Banca: Profª. Dr. Loiva Otero Félix (UPF) e Profª. Dr. Eliane Lucia Colussi (UPF)
Data de defesa: 28/01/2003.
Resumo: Esta dissertação tem por objetivo compreender o processo de repressão política como forma de disputa e permanência no poder de grupos dominantes locais. Procura mostrar que a repressão política parecer ter ocorrido através da tortura psicológica desencadeada, por meio de acusações de ordem pessoal e política, como o envolvimento na corrupção e atividades ligadas a ideologia comunista. Este instrumento de coação, que, caracterizava perseguição, foi utilizado por militantes do PSD, partido que detinha o poder política em Frederico Westphalen, a fim de manter o controle político, econômico e cultural no município, tirando de cena lideranças renomadas na comunidade, cuja atuação era reconhecida em nível estadual e federal. A intriga política que se desencadeou no período foi conseqüência de desentendimentos entre grupos dominantes, de partidos ideologicamente antagônicos, desde os anos 40 do século XX, momento que marcou o antevir da emancipação de Frederico Westphalen, conquistando o desmembramento do município-mãe-Palmeira das Missões. Os acusados de práticas subversivas e comunistas pertenciam ao PTB e integravam distritos que, posteriormente se tornaram municípios da região do Médio Alto Uruguai do estado do Rio Grande do Sul. Os acusadores eram membros do PSD, coligados com UDN (União Democrática Nacional), PDC, PL, os quais buscavam vantagens eleitorais e tinham o apoio da Igreja Católica, bem como das instâncias políticas estaduais e federais. Este estudo discute a postura dos acusados de pertencerem a partidos da esquerda no período, caracterizados como comunistas-marxistas, de integrarem Grupos dos Onze: no entanto, demonstraram-se, em sua maioria, simples camponeses e fervorosos partidários do PTB, cuja liderança no período era exercida por Leonel de Moura Brizola.
26 - Título: Caboclos, ervateiros e coronéis: luta e resistência em Palmeira das Missões
Autor: Lurdes Grolli Ardenghi
Orientador: Profª. Dr. Loiva Otero Félix
Banca: Prof. Dr. Benito Bisso Schmidt (UFRGS) e Profª. Dr. Eliane Lucia Colussi (UPF)
Data de defesa: 28/01/2003.
Resumo: O passado de lutas, que envolve o município de Palmeira das Missões, se constitui no tema deste trabalho, buscando investigar as motivações que impulsionavam as facções em confronto e a permanência de relações conflitantes, manifestadas no jogo político. Através da pesquisa e análise de correspondências, relatórios, processos judiciais, jornais, entrevistas e obras produzidas, o presente estudo é uma tentativa de reconstrução histórica das lutas e resistências que marcaram a sociedade regional no período da República Velha. A frequência e a gravidade dos combates que ocorreram na região da Grande Palmeira, fizeram com que o município fosse identificado com representações que o qualificam como espaço de violência. A área geográfica nativa, constituída de áreas de campo e mata, deu origem à construção de um espaço diferenciado e a consequente formação de grupos sociais distintos, em permanente animosidade. De um lado, o poder do campo, constituído pelos coronéis-latifundiários e, de outro, o poder do mato, constituído pelos caboclos, pequenos proprietários, posseiros e ervateiros. A temática remete a questões relacionadas com a posse da terra e às relações de poder em que a estrutura do coronelismo se impõe como fator determinante para a análise, buscando explicar a cristalização dos conflitos, associados a questão socioeconômica e diferenciados confrontos estaduais. O grupo oposicionista – poder do mato – aliava-se nos confrontos estaduais, aos fazendeiros da Campanha gaúcha, que apresentavam composição e características distintas em relação ao grupo local. O estudo procura reconstituir a trajetória de Leonel Rocha, como representante dos pequenos e médios agricultores, ervateiros e posseiros, identificando como o caudilho a pé, buscando as razões que mantiveram acesos os conflitos.
27 - Título: Tradição X Modernização no Processo Produtivo Rural: os clubes 4-S em Passo Fundo (1950-1980)
Autor: Sirlei de Fátima de Souza
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Ivaldo Gehlen, Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Data Defesa: 12/03/2003
Resumo: Esta dissertação mostra que, no meio rural de Passo Fundo, nas áreas de mata, especialmente no distrito de São Roque, os pequenos agricultores seguiam os métodos agrícolas tradicionais em meio ao processo de modernização que estava revolucionando a produção agrícola nas áreas de campo com o cultivo do trigo e, posteriormente, da soja. Os pequenos agricultores foram introduzidos nesse processo somente no final de 1960, orientados pelo serviço de extensão rural através dos Clubes 4-S. Esses clubes eram grupos de jovens com idade em torno de 10 a 21 anos, organizados no meio rural com uma ação educativa que objetivava a difusão e adoção das novas técnicas agrícolas e com incentivos ao associativismo. A pesquisa mostra como ocorreu a introdução dos pequenos agricultores do distrito de São Roque no processo de modernização agrícola e as influências que os clubes tiveram nesse processo. Para a realização dessa pesquisa foram utilizadas várias fontes, como artigos dos periódicos regionais e locais, a Revista dos Clubes 4/S, a Revista Extensão Rural, documentos da Emater-RS, documentos pessoais, fotos e entrevistas com moradores e ex-moradores do distrito de São Roque, ou que de alguma forma estiveram relacionados aos Clubes 4-S, bem como bibliografia sobre os assuntos abordados. O estudo conclui que a juventude rural tornou-se o elo de ligação para levar os novos conhecimentos aos agricultores e que esse trabalho foi indutor de mudanças no modo de viver e trabalhar no meio rural. Dessa forma, o trabalho desenvolvido nos Clubes 4-S foi essencial para a introdução dos pequenos agricultores no processo de modernização agrícola, pois, a partir dele, eles passaram a adotar novas técnicas agrícolas, fertilizantes, calcário, adubos, sementes híbridas; compraram máquinas agrícolas, fizeram financiamentos, associaram-se a sindicatos e cooperativas, entre outras mudanças que ocorreram na área econômica e social.
28 - Título: Uma Relação de Amor e Ódio: o caso Wolfram Metlzer (Integralismo, PRP e Igreja Católica, 1932-1957)
Autor: Veridiana Maria Tonini
Orientador: Prof. Dr. Astor Antônio Diehl,
Banca: Prof. Dr. Nelson Boeira (UERGS), Profª. Dr. Eliane Lucia Colussi (UPF)
Data Defesa: 17/03/2003
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo compreender algumas questões pertinentes às relações de poder que se desencadearam em algumas regiões de colonização alemã e italiana do Rio Grande do Sul entre integralismo, Igreja Católica, Partido de Representação Popular e Imigrantes. Para isso centra-se na figura de Wolfram Metlzler, político e atuante no estado, militante integralista/perrepista de grande atuação entre os imigrantes e membros do clero. Através dessa figura política é possível constatar que ocorreram intensas relações de membros do clero com a política, uma teia de conflitos que se entrelaçaram no período de 1932-1957 em meio à sociedade rio-grandense. Percebe-se ainda, que a Igreja utilizou muitos mecanismos junto aos imigrantes e, sobretudo, a juventude e a imprensa na luta por espaços políticos. Em diferentes períodos, essa instituição teve posicionamentos diferentes em relação à política, mas, mesmo que em teoria, não pudesse se envolver, verifica-se que muitos membros do clero posicionaram-se claramente por algum partido, e, na sua maioria por partidos de direita, até mesmo pelos totalitários. Metodologicamente serve-se de revistas, jornais, relatório policiais, projeto de reforma agrária e cartas para responder às questões levantadas. A fonte oral contribuiu significativamente e respondeu a muitas indagações diante da omissão de alguns documentos escritos ou na falta deles.
29 - Título: O Populismo Verde – 1945/1950: o caso do PRP em Ijuí
Autor: Luiz Carlos Boff
Orientador: Prof. Dr. Eliane Lucia Colussi
Banca: Prof. Dr. Paulo Afonso Zarth (Unijuí), Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 19/03/2003
Resumo: Este trabalho enfoca o Partido de Representação Popular em Ijuí, município situado na região Noroeste do estado do Rio Grande do Sul, no período de 1945 a 1950. Investiga o surgimento e a organização do PRP nos primeiros anos de sua existência. Ainda, analisa os veículos do partido com a Ação Integralista Brasileira existente no município, relacionando-os com as condições políticas regionais, estaduais e nacionais. Investiga o grau de importância que teve o partido no município de Ijuí. Enfoca os comícios e o empenho do partido no sentido de desfazer a imagem de nazi-fascistas que lhe era atribuída e as tentativas de extinção do partido. Analisa também a participação do PRP nos três primeiros pleitos eleitorais para eleger o o presidente da República, o governador do estado e prefeito municipal, respectivamente. Para isso, vale-se do jornal Correio Serrano, de depoimentos de ex-integrantes da AIB/PRP e de fontes documentais do partido. Pela análise dos dados, conclui que foi significativa a importância do partido em nível local, ao contrário do que acontecia em nível nacional.
30 - Título: Bandidos, Forasteiros e Intrusos: a criminalidade na região do Alto Irani, 1917-1942
Autor: Délcio Marquetti
Orientador: Prof. Dr. Fernando da Silva Camargo
Banca: Prof. Dr. Paulo Afonso Zarth (Unijuí), Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 10/04/2003
Resumo: O presente trabalho analisa aspectos relativos à questão da criminalidade na região do Alto Irani, situada a Oeste de Santa Catarina, na primeira metade do século XX, mais especificamente entre os anos de 1917 a 1942. A região tornou-se conhecida pela ocorrência de relações violentas, e por um alto índice de criminalidade, expresso principalmente na forma de homicídios, mas também de lesões corporais, roubos, violência sexual e outros tipos de crimes e contravenções. A violência foi um elemento fortemente presente no cotidiano de atores que tomaram parte em um palco de disputas e confrontos pelo controle político e econômico das terras. Desde o Tratado de Tordesilhas (1494) até a Guerra do Contestado (1912-1916), a região esteve sensivelmente envolvida em questão que converteram-se em alvo fácil para exploração de riquezas naturais como erva-mate e madeira, bem como para circulação de criminosos foragidos. Dentre os aspectos de ordem cultural que caracterizaram a vida do homem que habitou a região, destacou-se o hábito de uso de armas de fogo, e outras. Como se fizessem parte da própria indumentária, serviram inúmeras vezes, normais variados espaços (bailes, bodegas, emboscadas...), como forma de resolver querelas e rixas surgidas no momento, ou existentes há mais tempo. Defender-se, roubar, fazer justiça, ou até mesmo divertir-se com o uso das armas, trouxe, muitas vezes, como consequência, mortes e ferimentos, realidade com a qual a população local conviveu, por várias ocasiões sem poder contar com o auxílio da Justiça, e cujo tema constitui o objeto central do trabalho.
31 - Título: Onde estão os grupos de onze?: os comandos nacionalistas na Região Alto Uruguai – RS
Autor: Marli Baldissera
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Profª. Dr. Sandra Maria Lubisco Brancato (PUC/RS), Profª. Dr. Eliane Lucia Colussi (UPF)
Data Defesa: 11/04/2003
Resumo: A história dos Grupos de Onze na Região Alto Uruguai do Rio Grande do Sul constitui o objeto de pesquisa da presente dissertação. Foram idealizados pelo ex-governador do Rio Grande do Sul e então deputado federal pelo estado da Guanabara, Leonel Brizola. Passaram a ser formados a partir de outubro de 1963, de modo público, através de chamamentos radiofônicos, com o intuito de pressionar o governo João Goulart e o Congresso Nacional para a aprovação das Reformas de Base. O contexto político, econômico e social da época era bastante conturbado, marcado pela disputa do espaço político entre as esquerdas reformistas e a direita conservadora. A organização das esquerdas e a pressão pelas Reformas de Base, principalmente a agrária, foram vistas como o avanço do comunismo. Os Grupos de Onze – que, seguindo os apelos de Brizola, se formavam em quase todo o Brasil – serviram para fortalecer a campanha anticomunista desfechada pelos grupos conservadores, com o apoio dos principais jornais do país. A imprensa, por sua vez, contribuiu para a criação de um imaginário de que os Grupos de Onze eram grupos comunistas que deviam ser combatidos. Os Grupos formados na Região Alto Uruguai eram compostos, principalmente, por pequenos agricultores semi-analfabetos e brizolistas convictos, que acompanhavam regiamente os pronunciamentos do ex-governador. Após o golpe militar, foram alvos de prisões e maus tratos, fatos que marcaram profundamente a vida dos envolvidos. A metodologia utilizada para a realização da pesquisa constou de depoimentos orais, análise dos Inquéritos Policiais Militares que envolvem a Região Alto Uruguai, pesquisa bibliográfica e análise da imprensa da época estudada, em âmbito nacional e regional.
32 - Título: Repressão e oposição Política em Santa Catarina: 1964-1973
Autor: Ana Maria Pertile
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Prof. Dr. Helder Gordim da Silveira (PUC/RS), Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin (UPF)
Data Defesa: 15/04/2003
Resumo: A presente dissertação é resultado de uma análise que se processou em torno da repressão e oposição política em Santa Catarina no período de 1964-1973. Para empreender tal tarefa, inicialmente resgatou-se a estrutura política catarinense existente antes e durante a configuração do Golpe Militar, focalizando a sua relação com a política nacional. Dentro desta perspectiva, foram englobados os partidos políticos existentes no Estado, tanto de oposição como de situação, bem como sua atuação enquanto tal. Essa retrospectiva permitiu situar a política catarinense em relação a política nacional, além de possibilitar também a compreensão dos posicionamentos assumidos, no Estado, no que diz respeito aos acontecimentos ocorridos em nível nacional por ocasião do Golpe Militar de 1964. Pois, a política catarinense sempre pautou-se por uma forte tradição oligárquica onde os partidos foram constituídos de acordo com os interesses particulares e de grupos interessados unicamente em manter-se no poder. A partir desta estrutura de poder constituída no Estado no período em questão, procedeu-se também o levantamento e análise dos grupos que se destacaram enquanto oposição ao regime militar. Porém, não foram somente grupos de oposição ao regime militar que existiram ou se organizaram no Estado, muitos foram também os grupos que apoiaram e agiram no sentido de colaborar com a implantação do mesmo. E, neste processo, destaca-se a atuação da imprensa local a partir dos dois jornais de maior circulação no Estado, neste período, quais sejam, A Gazeta e O Estado, jornais estes, como pode-se constatar, ao longo do trabalho, que tinham o propósito de formar uma opinião pública favorável ao regime militar. Pois, as matérias por eles publicadas que se reportavam aos acontecimentos relacionados com o Golpe Militar de 1964, sutilmente induziam a população a concordar com o mesmo. Diante disso, a repressão se fez presente em todos os níveis. E, aqui, analisamos a sua presença e repercussão no Poder Legislativo catarinense, onde foram instaurados IPMS que transformados em processos, resultaram na cassação do Deputado Estadual Paulo Stuar Wrght e no afastamento das funções da Auxiliar de Taquigrafia da ALESC, Elyanni Marinho de Souza Santos. Estes processos representaram uma forma de intimidação do Legislativo, não só em Santa Catarina, mas em todo o país, pois foram uma maneira encontrada pelo regime militar de afastar do convívio político, indivíduos que pudessem vir a causar problemas e prejudicar a política em andamento. Assim, como o caminho livre de opositores, os militares podiam estruturar o regime militar ora em andamento no país
33 - Título: Negócios na Madrugada: formação e expansão do comércio ilícito em Uruguaiana
Autor: Ronaldo Bernardino Colvero
Orientador: Prof. Dr. Fernando da Silva Camargo
Banca: Prof. Dr. Braz Augusto Aquino Brancato (PUC/RS), Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 28/04/2003
Resumo: A necessidade de resgatar a história local remeteu, neste trabalho, à discussão acerca da formação de um espaço econômico e do desenvolvimento do comércio lícito e ilícito na fronteira oeste da província do Rio Grande do Sul, mais especificamente em Uruguaiana, no período compreendido entre 1850 e 1870. O espaço local foi estudado a partir da ocupação guarani, do contrabando no Prata sob influência inglesa, e dos tratados de fronteira. Para isso, o estudo explicita os conceitos de fronteira, limite e território, pois é necessária uma visão mais aprofundada do tema em questão. O estudo recai no plano econômico, visto que o social e o político são estudados em sua conexão com a dinâmica interna do sistema econômico, colaborando no sentido de levantar elementos empíricos e hipóteses teóricas para um entendimento amplo e profundo de uma região de fronteira. A distribuição das sesmarias através das doações ou aquisições de terras devolutas e, a partir de 1850 a lei de terras como forma de legalização a titulo de propriedade das terras, foram responsáveis pelo povoamento e defesa particular da região da campanha, que contava com suas guardas que tinham a função da defesa do território, em especial, a fronteira que nasceu como representação dos sesmeiros. A condição de fronteira-zona de Uruguaiana, no período de 1850 a 1870, foi desenvolvida sob alguns condicionamentos: 1º a fronteira com a Argentina e o Uruguai; 2º os pecuaristas; 3º os comerciantes locais e 4º os comerciantes estrangeiros. Este estudo traz o levantamento de várias fontes que mostraram as nuanças do desenvolvimento econômico, político e social daquela cidade de fronteira, permeado pelo contrabando que se fazia corriqueiramente, em razão, sobretudo, da falta de um esquema eficaz para banir tais procedimentos. Também realiza a análise dos registros e fatos que interferiram no desenvolvimento da vila de Uruguaiana no período determinado nesta pesquisa, com ênfase na formação da cidade com suas características, o processo de urbanização, os meios de comunicação e transportes, aspectos do comércio local, as importações e exportações, o problema da mão-de-obra, o contrabando e alguns traços característicos do homem da fronteira.
34- Título: Contestado: história, historiografia e literatura (1980-2001)
Autor: Teresa Machado da Silva Dill
Orientador: Prof. Dr. Astor Antônio Diehl
Banca: Prof. Dr. Edgar De Decca (ANPUH), Profª. Dr. Eliane Lucia Colussi (UPF)
Data Defesa: 23/05/2003
Resumo: Durante a realização da dissertação constatamos que o processo de produção do conhecimento nas mais diferentes áreas perpassa os interesses, desejos, necessidades e motivações de quem produz. Em outras palavras, vincula-se ao lugar social, cultural e ideológico como resultado da compreensão e visão de mundo, sena nas vivências cotidianas, seja em seus aspectos científicos e filosóficos, como produto das práticas que se fazem social e historicamente situadas. Nas produções historiográficas, tais percepções aparecem visivelmente nos processos narrativos, através dos paradigmas teóricos e dos procedimentos metodológicos, bem como no contexto histórico em que tal conhecimento é pensado. Nessa perspectiva, este trabalho analisa como se dão tais mudanças na historiografia do Contestado no período de 1980-2001. Trabalhando com a matriz disciplinar, o estudo analisa obras que se constituem como fontes de nosso estudo, cujos elementos constituidores são: a) interesse pelo conhecimento histórico; b) perspectivas teóricas sobre o passado; c) procedimentos técnicos-metodológicos; d) formas de representação e narrativas historiográficas; e) funções didáticas do conhecimento histórico. Tais elementos perfazem os cinco capítulos desta dissertação, que analisa 26 obras sobre o contestado do período citado. Conforme inicial proposta, de perceber as mudanças paradigmáticas nas produções historiográficas, o conjunto das obras analisadas caracterizou-se como um certo avanço no que tange ao debate em torno da história voltada às questões socioculturais. Das vinte e seis obras analisadas, apenas quatro abordam o evento como causa e consequências, como factual; portanto, quase todas são passíveis de uma nova cultura historiográfica.
35 - Título: A máscara da modernidade: a mulher na Revista O Cruzeiro (1928 – 1945)
Autor: Leoní Teresinha Serpa
Orientador: Prof. Dr. Astor Diehl
Banca: Prof. Dr. Luiz Sérgio Duarte e Profª. Dr. Márcia Barbosa (UPF)
Data de Defesa: 06/06/2003
Resumo: O presente estudo analisa as mudanças trazidas pela modernidade e pelo Estado Novo nas representações simbólicas sobre as mulheres. A análise concentra-se em reportagens, notícias, fotos, colunas, publicidades e propagandas veiculadas pela revista O Cruzeiro no período de 1928-1945. Procura entender como Assis Chateaubriand criou o semanário, um dos mais lidos do país, num período de intensa urbanização, que creditava ao Brasil ares de modernidade. Tendo como fonte básica as páginas do magazine, através de um conjunto de leituras que levam em conta a análise do discurso e que consideram a linha editorial de O Cruzeiro, além de bibliografia nas áreas do jornalismo e da história das simbologias e representações, investiga a história das mulheres a partir da idéia de Brasil que a revista criou para representá-las nos 17 anos recortados para o estudo. Considera-se que essa foi uma história cheia de signos, de um imaginário que polemizou e emocionou o leitor brasileiro, mas que, sobretudo, ditou modas, normas e até conceitos, numa intencional propagação da modernidade inspirada nos ditames hollywoodianos. Assim, a análise possibilita compreender que a revista apregoava uma modernidade mascarada, que substituía a submissão feminina social e doméstica pela doutrina da beleza e do consumo.
36 - Título: Terra nova, vida nova: a colonizadora Bertaso e a ocupação colonial do Oeste Catarinense. 1920-1950
Autor: Renilda Vicenzi
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Profª. Dr. Philomena Gebrain (UFRJ), Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 22/08/2003
Resumo: O atual oeste de Santa Catarina foi mantido à margem da colonização espanhola e lusitana. Mais tarde a posse dessas regiões foi disputa, inicialmente, pelo Brasil e a Argentina e, a seguir, pelo Paraná e Santa Catarina. A imigração de descendentes de colonos italianos, desde o noroeste do Rio Grande do Sul, para o oeste de Santa Catarina, fez parte do processo de expansão e propagação das pequenas propriedades rurais. Os indígenas Kaingang e caboclos que povoavam esses territórios, foram gradativamente expropriados da posse da terra e expulsos da região. A colonização no município de Chapecó foi empreendida e realizada pela Colonizadora Bertaso S/A, sobre o comando do coronel Ernesto Francisco Bertaso, seu proprietário. Por concessão e compra, a Companhia Colonizadora adquiriu vastas extensões de terras, do Estado e de particulares, a baixo preço e a longo prazo. A companhia retalhou as terras em pequenos lotes rurais: propagou sua comercialização nas Colônias Velhas do Rio Grande do Sul; venceu as glebas sobretudo para colonos ítalo-gaúchos, em forma unitária ou em pequenos, médios e grandes lotes. Do ponto de vista estatal, a colonização desses territórios iniciou-se apenas com a chegada e o estabelecimento dos novos protagonistas sociais. Entre outros fatores, a saída da terra natal e a procura de novas colônias deveram-se a alta taxa da natalidade dos colonos ítalo-gaúchos. Com o crescimento dos filhos, a gleba paterna tornava-se insuficiente para sustentar a força de trabalho familiar, obrigada a migrar para obter a terra já dificilmente acessível no Rio Grande do Sul. Após adquirir a nova propriedade, o trabalho familiar era empregado no desmate, na formação da roça, na construção da moradia e das benfeitorias, na construção e manutenção dos caminhos, etc. A força de trabalho familiar foi a base essencial desse esforço produtivo. Esse processo de colonização camponesa instituiu novas relações econômicas e sociais na região. Os colonos produziam gêneros alimentícios para a subsistência e excedentes para serem vendidos no comércio local e regional. Sobretudo nos primeiros tempos, os caminhos e os transportes eram precários, dificultando o escoamento da produção. A nova sociedade formou-se e deformou-se no contexto dos contrastes políticos, econômicos, sociais e ideológicos existentes entre o colonizador ítalo-gaúcho e os excluídos por esse processo. A construção de uma identidade “italiana”, apresentada como fator de sucesso e progresso, ensejou a discriminação e a divisão entre dos caboclos e colonos. Instâncias de lazer comunitário e a colaboração no trabalho contribuíram para coesão comunal colonial que não elidia fortes tensões inter-comunitárias.
37 - Título: A trajetória do sindicalismo no Alto Uruguai Gaúcho – 1937 a 2003: semelhanças e diferenças entre o processo nacional e o regional.
Autor: Anacleto Zanella
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Profª. Dr. Conceição Paludo (UERGS); Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Defesa: 28/08/2003
Resumo: Este estudo descreve a trajetória do sindicalismo dos trabalhadores urbanos e rurais na região do Alto Uruguai gaúcho desde seu surgimento em 1937-38 até o ano 2003, procurando identificar as suas principais características, levando semelhanças e diferenças entre o processo de desenvolvimento do sindicalismo regional e o do sindicalismo brasileiro. Para isso, utiliza-se de referências locais (jornais, fonte oral, documentos de instituições, obras publicadas) e da literatura nacional sobre a temática. Com base nisso, constata-se que, entre outras características, o processo de desenvolvimento do sindicalismo regional foi marcado por: forte influência do contexto nacional em todas as suas faces; a Igreja Católica e a legislação sindical oficial desempenham papel fundamental tanto na sua origem como no seu desenvolvimento; o movimento sindical dos trabalhadores somente conseguiu afirmar-se e ser reconhecido como ator no cenário regional a partir da década de 1980; nos últimos anos, ou seja, a partir da década de 1990, o sindicalismo regional vivenciou uma crise profunda, ainda não superada, reflexo das intensas transformações ocorridas na esfera do trabalho e das medidas liberais implementadas no país.
38 - Título: Lei de terras e colonização como pressupostos da normatização agrária do Médio Alto Uruguai.
Autor: Dablio Batista Taglietti
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF); Prof. Dr. Marcus Justo Tramontini (Unisinos)
Defesa: 29/08/2003
Resumo: O presente estudo, de caráter histórico regional, analisa o processo de ocupação da região do Médio Alto Uruguai no período de 1917 e 1960, centrando-se no processo de migração/colonização de terras devolutas destinadas a essa finalidade. Para o estudo foram pesquisados órgãos oficiais, como o escritório da ex-inspetoria de terras e Colonização ainda em funcionamento no município de Frederico Westphalen, a qual possibilitou a realizar uma vasta pesquisa na documentação oficial que tratou de regulamentação agrária da região. Além dessas fontes primárias, fonte oral foi importante instrumento para elucidar os fatos analisados nas pesquisas documentais. A pesquisa revelou que a possibilidade de ser proprietários de terras chegou com facilidade para alguns e dificuldades para outros, sendo que nessa última condição se encontravam os caboclos e ou nacionais, como o Estado os considerava.
39 - Título: Articulação Histórica da Agricultura com o Advento da Agroindústria em Passo Fundo. Considerações sobre a constituição e a consolidação de um complexo agroindustrial – 1960 a 1980.
Autor: Paulo Ivan Schutz Beux
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Carlos Schmidt (UFRGS); Prof. Dr. Astor Antônio Diehl (UPF)
Defesa: 02/10/2003
Resumo: Este estudo destacou as transformações socioeconômicas ocorridas no período de 1960 a 1980, em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, analisando os processos que promoveram mudanças tecnológicas no meio rural e, analisando também, os fatores que contribuíram para a estruturação de um complexo agroindustrial, ainda, este estudo descreveu o processo agroindustrial no município de Passo Fundo destacando a produção da soja como fator de desenvolvimento da produtividade. O método utilizado foi a análise de conteúdos referente à estrutura fundiária anterior ao período de 1960 a 1980 e as modificações ocorridas nesse período. Os instrumentos utilizados foram entrevistas sobre o Complexo Agroindustrial – CAI - na época referido, e documentos buscados em órgãos governamentais e não-governamentais de recenseamento, de pesquisa ou de fomento ao setor rural e agroindustrial. A junção das informações literárias ao conteúdo das entrevistas foi essencial para melhor compreender como a região absorveu, refletiu, reagiu e/ou incorporou o processo de orientação socioeconômica da agricultura e a modernização do sistema de plantio. Concluiu-se que o CAI de Passo Fundo teve seu maior impulso quando a soja se constituiu no elemento que transformou a agricultura de um sistema baseado em pequenas unidades de produção intensiva de trabalho, para um sistema mecanizado, intensivo de capital, operando em larga escala.
40 – Título: As Usinas Hidrelétricas e os Atingidos da Bacia do Rio Uruguai: intenções entrecruzadas
Autor: Alvenir Antonio de Almeida
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF); Profª Dr. Maria José Reis (UFSC)
Data Defesa: 15/12/2003
Resumo: Esta dissertação descreve os primeiros passos da geração de energia elétrica no Brasil através das usinas hidrelétricas: a chegada da iniciativa privada internacional, com a Light e a Amforp, hegemonizando o setor, o início da intervenção do Estado no setor de geração de energia elétrica, com a intervenção de Getúlio Vargas, até a total estatização com o governo militar que assumiu o poder em 1964. Após, trata da geração da energia elétrica na região Sul, bem como descrever a bacia do Rio Uruguai, desde a chegada dos imigrantes, a sua topografia e riqueza hidráulica, os motivos que fizeram desta região prioridade para o setor elétrico no que tange à geração de energia elétrica; ainda, os confrontos que ocorreram na região, a formação de um movimento de atingidos, os conflitos externos e internos, a disputa permanente por legitimidade e representatividade junto aos atingidos e ás empresas, com as conquistas que marcaram e modificaram a política do setor elétrico na bacia do rio Uruguai, a sua influência e formação de novos movimentos no Brasil. Trabalha também o processo de relocação dessas famílias. Com base nisso contata que os conflitos auxiliam de forma efetiva os avanços no tratamento das questões sociais dos atingidos por barragens por parte do setor elétrico e que as conquistas trazidas por esses desencontros, mudaram a realidade das regiões atingidas pelas usinas hidrelétricas.
41 – Título: A Arquitetura Rural Sulina no Caminho das Tropas do Planalto Médio. Século XIX
Autor: Nery Luiz Auler da Silva
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Profª. Dr. Ester Gutierrez (UFPel); Prof. Dr. Günter Weimer (UFRGS)
Data Defesa: 18/12/2003
Resumo: O presente estudo objetiva contribuir ao estudo da historiografia da arquitetura regional sul-rio-grandense, em geral, e do norte do Estado do Rio Grande do Sul, em particular. Tem como objeto específico o estudo das primeiras edificações habitacionais e produtivas pastoris luso-brasileiras do Planalto Médio, a fim de incorporar à discussão essa parte do território sulino arquitetonicamente semi-desconhecido. Nesse escopo, tomou-se como limite temporal inicial da análise o ano de 1820, ou seja, o início da primeira ocupação luso-brasileira da região, sobretudo através da formação de fazendas pastoris. Encerra-se o estudo em 1890, com a chegada dos imigrantes e a via férrea, que mudaram o foco econômico da economia pastoril para agrícola. Define-se como eixo espacial da pesquisa o “Caminho Novo da Vacaria”, aberto em 1816, entre Cruz Alta e Vacaria, fato histórico regional marcante, pois desde então as Missões ligaram-se com o “velho” caminho tropeiro de Viamão e, portanto, com a feira de Sorocaba. A dissertação centra-se no estudo de quatorze sedes de fazendas que nasceram nessa rota, construída e usada por criadores, no século XIX, no espaço geográfico entre São Borja, Cruz Alta e Vacaria. Estuda-se o espaço residencial e produtivo, nos seus mais diversos aspectos – localização, volumetria, programa de necessidades, técnicas construtivas, matérias primas, etc. – dessa arquitetura vernácula, rústica e pobre, surgida de ocupação militar, mas não organizada com objetivos de defesa, no setentrião do Rio Grande, em semi-extinção, devido à modificação do foco econômico de pastoril para agrícola, em desenvolvimento.
42 – Título: Relações de Poder no Estado Novo: uma permanência Sui Generis o caso Albino Hillebrand em Carazinho
Autor: Maria Eloisa Cavalheiro
Orientado: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Banca: Prof. Dr. René Ernani Gertz (PUC/RS); Prfª. Dr. Eliane Lucia Colussi (UPF)
Data Defesa: 26/01/2004
Resumo: Este estudo buscou aprofundar a análise sobre o cenário político das interventorias no Rio Grande do Sul, destacando as trocas e manutenções de prefeitos no período de 1937 a 1945. A questão norteadora foi o caso da interventoria da cidade de Carazinho, as relações de poder no município no período estadonovista, tendo como objeto específico o prefeito Albino Hillebrand. Metodologicamente, adotou-se como fonte bibliográfica básica a imprensa local, dando destaque aos jornais Jornal da Serra e Noticioso, de Carazinho, e O Nacional, de Passo Fundo. Também se utilizaram obras pertinentes para dar fundamentação teórica. A importância da imprensa neste estudo tornou-se fundamental devido à precariedade de informações sobre o objeto deste estudo, o prefeito Albino Hillebrand. Após exploração, análise e interpretação das fontes utilizadas no decorrer do estudo, pode-se concluir que se trata de um estudo fenomenológico, pois preocupou-se com a descrição direta da experiência tal como ela se deu no período em estudo, construindo a realidade social e comunicando esta realidade, que não é única, pois existem inúmeras interpretações e comunicações. O sujeito ator foi reconhecidamente importante no processo de construção do conhecimento, pois manteve-se no poder durante doze anos.
43 – Título: Madeireiros na Região Norte do Rio Grande do Sul: perfil socioeconômico e articulações de classe (1902-1950)
Autor: Liliane Irma Matje Wentz
Orientado: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Banca: Prof. Dr. Paulo Afonso Zarth (Unijuí), Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 24/03/2004
Resumo: A indústria extrativa da madeira na região do Planalto Médio gaúcho, mais especificamente nos municípios de Passo Fundo e Carazinho, foi, junto com a chegada da ferrovia, a base para o desenvolvimento da economia local desde 1902 até 1950, quando escasseou o mato e muitos madeireiros se mudaram para Santa Catarina ou Paraná. Usufruindo sua política intervencionista, o governo federal criou o Instituto Nacional do Pinho para regular a produção e comercialização de madeiras nos três estados do sul do país, procurando fiscalizar com mais rigor as derrubadas das matas, ao mesmo tempo em que serviu de base de apoio para os madeireiros junto à política de comércio exterior. Os madeireiros se organizaram de várias formas, criando cooperativas e sindicatos, pois perceberam que somente unidos conseguiriam melhorias para seus empreendimentos e comercialização dos produtos, já que se envolviam constantemente em discussões com representantes da Viação Férrea sobre a falta de vagões para o transporte de suas madeiras.
44 – Título: Joaçaba e a perda da condição de "Capital do Oeste Catarinense": a apreensão pelo grupo dirigente
Autor: Rogerio Augusto Bilibio
Orientado: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Banca: Profª Dr. Eunice Nodari (UFSC), Prof. Dr. Fernando da Silva Camargo (UPF)
Data Defesa: 26/03/2004
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo perceber as impressões do Grupo Dirigente a respeito da trajetória do município de Joaçaba a partir do seu período maior de crescimento, os anos 50, até os dias atuais, na perspectiva de uma cidade considerada polo regional, para uma perda desta polaridade. Demonstrar, partindo de uma exposição da formação do município e de seu crescimento econômico, detalhando as principais atividades econômicas responsáveis por este crescimento, como este polo foi se construindo. Utilizar os recursos da oralidade, dos conceitos de representação, de um grupo de indivíduos integrados ao processo histórico com o propósito de estabelecer uma linha de raciocínio a respeito do fenômeno de diminuição da influência regional, que se verificou nos últimos vinte anos do século passado.
45 – Título: Alguém na terra de ninguém: a ocupação do território de Palmas - PR
Autor: Maria Dôres Makowski
Orientado: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Banca: Prof. Dr. Earle Macarthy Moreira (PUCRS), Prof. Dr.Mário Maestri (UPF)
Data Defesa: 02/04/2004
Resumo: Este trabalho tem como finalidade estudar o processo de ocupação da Comarca de Palmas-PR, a partir da expansão pastoril advinda dos Campos de Guarapuava. O projeto de ocupação era do governo Imperial que visava garantir pelo Uti possidetis de facto este território, tendo sua posse contestada pela Argentina. Esta disputa territorial determinou ações políticas específicas para com esta região, tanto do poder Imperial quanto Provincial. Além da importância geopolítica da região de Palmas, o elemento humano era fundamental na construção deste espaço, especificamente aqueles que ficavam à margem do processo histórico oficial e, nesse caso, destacam-se os Kaingang e o escravo negro. A construção teórica se constituiu de uma revisão bibliográfica, onde as fontes foram os documentos oficiais, especialmente do Executivo da Província do Paraná, do Legislativo Municipal Palmense e os Autos Civis de Inventários de Bens e Testamentos dos Fazendeiros de Palmas. Os dados comprovaram que a Comarca de Palmas era primeiramente considerado um “espaço vazio”, mesmo sendo habitado por Kaingang. Os recursos destinados para a ocupação oficial do território eram tão poucos que geraram a estagnação econômica e o abandono. A frente de ocupação pastoril e o governo Imperial foram “limpando” os Campos de Palmas da presença dos Kaingang livres, donos destas terras, combatendo os resistentes e aldeando os derrotados sobreviventes. Os fazendeiros trouxeram consigo um contigente de escravos negros, os quais são o suporte de todo e qualquer tipo de trabalho.
46 – Título: A atuação da Comissão de Terras e Colonização no projeto de ocupação da região da Grande Palmeira/RS. 1917-1930
Autor: Jussara Jacomeli
Orientado: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Banca: Prof. Dr. Paulo Afonso Zarth (Unijuí), Prof. Dr. João Carlos Tedesco (UPF)
Data Defesa: 14/04/2004
Resumo: De 1889 a 1930, o Partido Republicano Rio-Grandense administrou o estado do Rio Grande do Sul tendo como prioridade a defesa e a concretização da estabilidade e autonomia político-econômica, estatuídas na assertiva da ordem como fator de progresso. Com esse propósito, em 1917, diante da crescente instabilidade política, recrudescida em âmbito local pela ocupação espontânea e pelos fluxos e refluxos políticos, econômicos e culturais pertinentes e afetos a áreas de fronteira, instalou a Comissão de Terras e Colonização, sob a chefia de Frederico Westphalen, a fim de desenvolver o projeto de colonização previsto pelo estado como veículo de controle, obtenção de receitas e erradicação de incertezas na Grande Palmeira. O intercruzamento do controle, acesso e permanência no solo com as divergências políticas, o contrabando e a fronteira, determinou o desencadeamento de relações de poderes pertinentes e decorrentes da atuação da Comissão na região. Através da centralização do poder e do intervencionismo, a Comissão ampliou a presença do estado no local, mediatizada pela política do clientelismo, do paternalismo e pela aplicação do princípio da intrusão. Do controle, do acesso e da permanência na terra derivou o processo de ocupação-desocupação, refletindo na organização da oposição e na intensificação de relações de poder de combate à ordem estabelecida pelo partido-estado.
47 – Título: Educadores Capuchinhos em Soledade: criação do Ginásio São José e da Escola Técnica de Comércio Frei Clemente (1936-1978)
Autor: Elizette Scorsatto Ortiz
Orientado: Prof. Dr. Mário Maestri (UPF)
Banca: Prof. Dr. Romualdo Luiz Portela de Oliveira (USP), Prof. Dr. Jaime Giolo (UPF)
Data Defesa: 21/05/2004
Resumo: Esta dissertação tenta mostrar, através de fontes documentais locais e bibliográficas atualizadas, o processo de criação e organização de duas escolas confessionais, um ginásio e uma escola técnica de comércio, nas décadas de 40 e 50 do século 20, na região de Soledade – RS, com o objetivo de realizar uma leitura com interesses acadêmicos da história educacional regional, mediante um estudo de caso singular. Buscou-se saber quais as razões que determinaram a vinda dos padres capuchinhos para Soledade e por que eles dedicaram ao ensino, se essa não era sua atividade prioritária. Através do processo nº91079/55, desvendou-se os trâmites oficiais e burocráticos necessários à legalização de um educandário. A pesquisa evidencia a insuficiência de recursos humanos formados para atender a demanda educacional. Também ficam claras as disputas confessionais pelo monopólio do espaço educacional regional e caem por terra algumas assertivas generalizantes já fixadas na historiografia oficial de que, por exemplo, no Rio Grande do Sul, os colonos italianos não se preocuparam com a educação dos seus filhos. Comprova-se que a vinda dos capuchinhos tem finalidade pacificadora e estreita ligação com a presença de colonos italianos na região.
48 – Título: Lembranças submersas: o caso da cidade de Itá em Santa Catarina
Autor: Salete Munarini Sartoretto
Orientado: Prof. Dr. Astor Antônio Diehl (UPF)
Banca: Profª Dr. Maria izilda Matos (PUC/SP), Prof. Dr. João Carlos Tedesco (UPF)
Data Defesa: 28/05/2004
Resumo: Este estudo tem por proposição descrever o impacto sociocultural que envolveu o passado e o presente da história da cidade de Itá no estado de Santa Catarina. O objetivo foi localizar no espaço e tempo a história da cidade de Itá, por se entender que, através da memória material e dos relatos orais, é possível descrever a reverência dos moradores ao local de origem. Justifica-se o estudo pela importância de se compreender como as mudanças ocorridas interferiram em uma comunidade que deixou seu espaço socialmente construído para dar lugar a um projeto de desenvolvimento visando à produção de energia elétrica, a qual desempenha um papel vital na sociedade moderna. Metodologicamente, trabalhou-se na coleta de informações para a recuperação da história da destruição dessa cidade com os relatos orais, paralelamente à consulta de fontes escritas, livros e periódicos. O estudo destaca três pontos de referência: o primeiro localiza no espaço e no tempo a história da cidade de Itá; o segundo descreve o elo entre tradição e inovação, patrimônio e vanguarda da nova cidade, retratando o sentido de progresso na visão da população removida, e o terceiro ponto desvela o espaço sagrado, traçando um paralelo entre história e memória. Em síntese, verifica-se que a comunidade de Itá busca uma identidade voltando ao passado, para poder construir o futuro. A memória e a história são processos sociais, construção dos próprios homens, e têm como referências as experiências individuais e coletivas. O relembrar individual encontra-se relacionado com a história de cada um, pois cada indivíduo é singular em seus relatos e testemunho no processo da preservação da identidade histórica.
49 - Título: Memórias de um povo de fronteira: Santo Antônio do Sudoeste (PR) – 1957-1965
Autor: Lunalva Edméa Bernardi
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF), Profª. Dr. Eliane Lucia Colussi (UPF)
Data Defesa: 26/08/2004.
Resumo: Este estudo buscou aprofundar alguns aspectos históricos referentes à questão da ocupação da região Sudoeste do Paraná e de seus desdobramentos através da luta pela posse das terras, bem como a resistência às opressões impostas àquele povo de fronteira. A questão norteadora do trabalho foi à memória em torno de dois momentos históricos vividos pelo povo de Santo Antônio do Sudoeste: a revolta dos colonos em 1957 e o Golpe Militar de 1964, com a passagem de remanescentes dos Grupos dos Onze pela região. Metodologicamente, baseia-se em inúmeras buscas de informações através de depoimentos orais, periódico local e regional, revistas, arquivos particulares. Também utiliza obras pertinentes para dar consistência teórica ao estudo. Os depoimentos orais, nesta pesquisa, foram fundamentais em virtude da precariedade de informações sobre o período destacado, principalmente tendo como objeto o município de Santo Antônio do Sudoeste. Após exploração, análise e interpretação das fontes utilizadas no decorrer do estudo, conclui que se trata de um estudo fenomenológico, pois se preocupa com a descrição direta de experiências tal como se deram no período em estudo. A memória registrou as formas de resistência à opressão sofrida e ao revisitar importantes episódios históricos vividos pela população santo-antoniense, demonstra a importância da história oral para a reconstrução de partes da história local e regional.
50 - Título: A Luta Pela Terra Prometida: políticas públicas de ocupação/desocupação e re-ocupação do espaço envolvendo colonos e índios na Reserva Indígena de Serrinha no norte do Rio Grande do Sul (1940-2004).
Autor: Joel João Carini
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Aldomar A. Rückert (UFRGS); Prof. Dr. Astor Antônio Diehl (UPF)
Data Defesa: 07/10/2004.
Resumo: O presente enfoque, de abrangência histórico regional, contempla uma análise do conflito envolvendo índios caingangues e colonos na reserva de Serrinha, no norte do Rio Grande do Sul, no período de 1940 a 2004, na perspectiva das políticas públicas de ocupação/desocupação e reocupação do espaço. Para tal intento, procura reconstituir as trajetórias históricas de lutas, tanto dos índios caingangues, pela preservação e recuperação das terras e riquezas naturais tradicionalmente por eles ocupadas, quanto dos colonos, pela garantia de acesso e permanência na terra camponesa. O estudo utiliza, sobretudo, fontes primárias: documentos e fontes orais. A investigação mostra que uma sucessão de medidas e/ou iniciativas político-jurídicas equivocadas por parte do governo do Rio Grande do Sul ao longo do período pesquisado permitiram a expropriação das terras tribais, num primeiro momento, em favor dos colonos e, num segundo momento, no desalojamento dos colonos em favor dos indígenas; no primeiro momento, a iniciativa do Estado foi traumática para os índios e, no segundo, está sendo traumática para os colonos. O estudo mostra que o evento de Serrinha expôs uma situação contrastante entre a comunidade indígena e camponesa na luta pela terra, com os índios caingangues demonstrando elevado grau de conscientização e coesão na luta pela retomada da terra da Serrinha e, ao contrário, os colonos mostrando-se desarticulados e divididos por facções político-partidárias desde o início, fato que tem enfraquecido os movimentos de pressão sobre o governo na luta pelos direitos às indenizações e reassentamentos.
51 - Título: Mato, palhoça e pilão. O quilombo, da escravidão às comunidades remanescentes [1532-2004]
Autor: Adelmir Fiabani
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Prof. Dr. Théo Lobarinhas Piñeiro (UFF); Prof. Dr. Fernando da Silva Camargo (UPF)
Data DefEsa: 16/11/2004.
Resumo: O presente trabalho aborda, a partir dos principais trabalhos da historiografia especializada, o fenômeno quilombola, desde a implantação do trabalho escravizado no Brasil, nos anos 1530, até a Abolição, em 1888. Apresenta o quilombo, nos seus mais de trezentos anos de existência, como forma singular de resistência do trabalhador escravizado à apreensão violenta e exploração de sua força de trabalho. Define sinteticamente o quilombo, no que se refere a sua tipologia e determinações essenciais. Finalmente, aborda o movimento de ressemantização empreendido, sobretudo por antropólogos da categoria “quilombo”, nos anos seguintes à determinação da disposição transitória da Constituição de 1988 que determinou o reconhecimento das terras dos remanescentes de quilombo. Assinala a negação do fenômeno quilombo e do passado histórico escravista em curso, devido a esse processo.
52 - Título: Tamancos de Madeira: imigração neerlandesa em Não-Me-Toque/RS (1949-2003)
Autor: Rudinéia Rejane Scherer
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Prof. Dr. José Rivair Macedo (UFRGS); Profª. Dr. Florence Carboni (UPF)
Data Defesa: 15/12/2004.
Resumo: A presente pesquisa aborda a história da ocupação e da colonização neerlandesa no município de Não-Me-Toque. Inicialmente, aborda sinteticamente a história da ocupação e da colonização do estado do Rio Grande do Sul, anterior à colonização do município. A seguir, refere-se à ocupação da região do Planalto rio-grandense e de Não-Me-Toque por grupos nativos, por caboclos coletores de erva-mate e por estancieiros. Com a formação da Colônia Alto Jacuhy, com sede na vila de Não-Me-Toque, a região passou a ser ocupada e colonizada por migrantes alemães e italianos provenientes das Colônias Velhas. Finalmente, aborda-se a imigração neerlandesa ocorrida em Não-Me-Toque a partir de 1949. Do ponto de vista do contingente imigratório para o Brasil, o grupo neerlandês representou uma minoria, comparado com os outros grupos migrados. Essa corrente imigratória processou-se em dois períodos: um de iniciativa individual, entre 1889 e 1940, e outro de caráter grupal, após a Segunda Guerra Mundial, de 1945 até a década de 1970. A formação da colônia de Não-Me-Toque inseriu-se no segundo grupo. Há de se ressaltar o papel fundamental nesse processo exercido pela Igreja Católica, por meio dos padres franciscanos, em sua maioria, neerlandeses. Esse fato foi determinante para a vinda dos imigrantes neerlandeses. Buscam-se os fatores que contribuíram para transformar a comunidade não-me-toquense. Demonstra-se o desenvolvimento do núcleo neerlandês consciente na participação na vida sociocultural política e econômica brasileira e regional.
53 - Título: Ferrovias e colonização: a estação colônia Barro Norte do RS – 1910-1954
Autor: Gladis Helena Wolff
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Diorge Alceno Konrad (UFSM); Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 11/01/2005.
Resumo: O trabalho aborda processos socioistóricos que propiciaram a introdução da ferrovia no norte do estado do Rio Grande do Sul e a ocupação do espaço do atual município de Gaurama, como elementos da inserção capitalista no período de 1910 a 1954. A ferrovia São Paulo−Rio Grande, em seu trajeto de Passo Fundo a Marcelino Ramos, foi concluída em 1910 em razão de contingências geopolíticas. A ação colonizatória no Rio Grande do Sul voltava-se para as Colônias Novas no início do século XX e a grande questão que se apresentava era o processo colonizatório, que se concretizou a partir da chegada da ferrovia. A ação pública através da Comissão de Terras e a instalação de duas companhias privadas de colonização, que se estabeleceram junto à rede ferroviária a Jewish Colonization Association (Quatro Irmãos) e a Gesellchaft Luce Rosa e Cia. Ltda. (Colônia Barro) indicaram a consolidação do sentido de exploração do espaço. O estudo, buscou elencar fatores, motivações e influências que criaram as condições de inter-relação entre a ferrovia e a colonização, tendo como enfoque a formação e construção da estação colônia Barro, no atual município de Gaurama. Além de estudos bibliográficos, analisa fontes e documentação primária, que, juntamente com a história oral, deram o suporte primordial para a realização do presente estudo. A pesquisa conclui que a ação da colonização privada e pública e a ferrovia, como fator propiciador de práticas, ritos e modelos da modernidade, constituíram elementos fundamentais na arquitetura social e política, marcada ainda pela multietnicidade.
54 - Título: A Questão Ambiental: uma abordagem histórico-jurídica (Norte do Rio Grande do Sul)
Autor: Cláudia de Paiva Fragomeni
Orientador: Prof. Dr. Astor Antônio Diehl
Banca: Prof. Dr. Germano Schwartz (UPF), Profª. Dr. Eliane Lucia Colussi (UPF)
Data Defesa: 07/03/2005
Resumo: O tema desta dissertação traz uma abordagem sobre o meio ambiente, especialmente na região Norte do estado do Rio Grande do Sul, em termos históricos, considerando a importância da relação sócio-histórica com outras áreas das humanidades como a pedagogia, antropologia, geologia, biologia, química, física, paleontologia, direito, economia. Essas ciências, que caminham juntas na consciência ambiental e residem na história dos homens, procuram oferecer respostas à sociedade e à comunidade científica por meio de institutos jurídicos que surgiram para acompanhar e tutelar as situações e circunstâncias atinentes ao desenvolvimento social. A pesquisa foi instrumentalizada pelo conceito qualitativo; o método de estudo caracterizou-se como dialético e as informações foram expostas na ordem cronológica decrescente. A estrutura capitular está organizada em três etapas correspondentes aos capítulos: I, no qual aborda alguns aspectos relacionais da questão ambiental na história e no direito; II, onde a temática adentra pela busca de conhecimentos sobre a consciência preservacionista e sua evolução pela cultura da necessidade; III, momento que apresenta os resultados da coleta de dados qualitativos junto a instituições que objetivam o resguardo da natureza. O estudo conclui que ONGs e INGs da região Norte do estado trabalham no sentido de conscientizar a humanidade sobre o significado da ação predatória do homem sobre a natureza pela equivocada relação do progresso com ações destrutivas das matas, disseminação dos agentes poluidores, alteração do curso dos rios, alterações climáticas, e mau uso dos recursos naturais.
55 - Título: ‘Vulcão da Serra’: violência política em Soledade (RS)
Autor: Caroline Webber Guerreiro
Orientador: Profª. Dr. Eliane Lucia Colussi
Banca: Profª. Dr. Loiva Otero Félix (UFRGS), Profª. Dr. Janaína Rigo Santin (UPF)
Data Defesa: 22/03/2005
Resumo: A temática desta dissertação são acontecimentos que ficaram conhecidos como “o caso de Soledade”, ocorridos entre 1934 e 1936, por motivos políticos, e que marcaram pela violência empregada. Através da interpretação desses fatos, busca inseri-los na história política regional, principalmente os aspectos que manifestam a violência das fraudes e disputas políticas no estado no período de “decadência” do coronelismo. Sendo Soledade um município do norte do estado do Rio Grande do Sul, o estudo contribui para o resgate da memória histórica regional, em especial, no âmbito de estudos sobre poder local na região do Planalto Médio gaúcho. Trata dos mandos e desmandos de políticos locais na cidade de Soledade, em especial na década de 1930, com a finalidade principal de intimidar os representantes do Partido Libertador local. O mesmo período foi também marcado por conflitos entre o Judiciário e o Executivo. Destacam-se como casos de violência política o assassinato de Kurt Spalding e a atuação dos bombachudos.
Palavras-chave: história política - história regional - violência política- história judiciária.
56 - Título: Povoamento, Trabalho e Luta: a questão da terra no Sudoeste do Paraná. 1943-1962
Autor: Nilza Maria Hoinatz Schmitz
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Prof. Dr. Paulo Afonso Zarth (Unijuí), Prof. Dr. João Carlos Tedesco (UPF)
Data Defesa: 01/04/2005
Resumo: O território do Paraná, mantido à margem da colonização portuguesa e espanhola foi, mais tarde, disputado por Brasil e Argentina e, em seguida, por Paraná e Santa Catarina, CEFSPRS (Companhia Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande do Sul) e o Governo do Paraná, este e o Governo Federal, as companhias de terra que se instalam na região e os posseiros. A migração de colonos para o Sudoeste do Paraná, vindos, sobretudo do norte e noroeste do Rio Grande do Sul e oeste de Santa Catarina, faz parte do processo de expansão do capitalismo no campo, propagando-se as pequenas propriedades rurais, ao mesmo tempo que o interesse do Governo Federal era povoar a terra para aumentar a produção agrícola e garantir seus domínio. Para isso, criando através do Programa Marcha para Oeste, várias colônias agrícolas, como a CANG (Colônia Agrícola Nacional de Goiás) em 1941, a CAND (Colônia Agrícola Nacional de Dourados) e a CANGO (Colônia Agrícola Nacional General Osório) ambas em 1943, com o intuito de povoar as regiões consideradas “vazias”, priorizando-se o povoamento branco em detrimento do indígena e caboclo. Este trabalho teve como preocupação compreender a definição do território paranaense, as leis criadas para regulamentar a posse da terra, a criação da CANGO dentro do contexto do Estado Novo, a concessão de terras devolutas como pagamento pela construção de estradas e ramais ferroviários, a chegada das companhias de terra, que passaram a cobrar dos posseiros a terra que estes ocupavam. Diante da recusa, iniciou-se um violento período de represálias, que resultará no levante de posseiros de 1957, o qual tem marcas profundas na formação da identidade regional. Do ponto de vista estatal, a colonização oficial do Sudoeste paranaense iniciou-se em 1943, com a criação da CANGO e a chegada dos novos protagonistas sociais. A nosso ver, há alguns momentos importante que procuramos abordar na pesquisa: a criação da CANGO e sua atuação; a ação da CITLA, Apucarana e Comercial que, agindo como grileiras na região, no período de 1950/57, tumultuaram o processo de colonização, conduzindo ao Levante dos Posseiros em 1957; e a criação e funcionamento do GETSOP (Grupo Executivo para as Terras do Sudoeste do Paraná), que no período de 1962/73, transformou mais de 50.000 posseiros em proprietários.
Palavras-chave: Povoamento, Legislação Fundiária, Sudoeste do Paraná, Companhias colonizadoras, Levante dos Posseiros.
57 – Título: O impacto da construção da usina Governador Ney Braga na região do médio Iguaçu.
Autor: Renê Wagner Ramos
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Wolf Dietrich Gustav Johannes Sahr (UFPR), Prof. Dr. Fernando Camargo (UPF)
Data Defesa: 07/04/2005
Resumo: A dissertação descreve o processo de ocupação da região do em torno da UHE Governador Ney Braga, localizada no médio vale do Rio Iguaçu, entre os campos de Guarapuava e de Palmas, no município de Reserva do Iguaçu – PR. Desse movimento de ocupação, analisa os motivos do aproveitamento hidráulicos do rio Iguaçu com a construção de cinco grandes Usinas hidrelétricas e em especial, daquela do antigo Salto Segredo. Para tanto, realiza uma síntese da produção de energia hidrelétrica no Brasil e no estado do Paraná a partir de 1930. Investiga os motivos da criação da Companhia Paranaense de Energia (Copel) e a participação do estado no chamado “esforço de industrialização”, que se concretizou com a construção de várias Usinas hidrelétricas e a interligação dos sistemas. Reconstitui processo da chegada da Usina hidrelétrica Governador Ney Braga (antiga Segredo) à região e as negociações da empresa com os atingidos, a força do discurso do progresso, o isolamento político dos atingidos e a falta de representação política dos agricultores ribeirinhos. Por fim, faz uma análise do processo de implantação dos reassentamentos coletivos, da saída compulsória, dos desafios do novo espaço à luz da memória dos atingidos, dos resultados dos reassentamentos e da tentativa de implantação de agroindústrias, e uma comparação com o processo de negociação e reassentamento dos atingidos da Usina hidrelétrica de Caxias, no mesmo rio Iguaçu, com a mesma empresa envolvida.
Palavras-chave: UHE Gov. Ney Braga, ribeirinhos, reassentamento, ocupação, impacto.
58 – Título: Neu-Württemberg: um modelo de colonização alemã no século XX (RS)
Autor: Eliane Terezinha Bóllico dos Santos Limberger
Orientador: Profª. Dr. Eliane Lucia Colussi
Banca: Profª. Dr. Márcia Helena Saldanha Barbosa (UPF), Prof. Dr. Astor Antônio Diehl (UPF)
Data Defesa: 12/04/2005
Resumo: O tema desta dissertação está centrado em aspectos da história da colônia Neu-Württemberg, atual município de Panambi, situado na região norte do Rio Grande do Sul. Os aspectos a serem analisados estão relacionados às especificidades que tornaram esta localidade uma experiência histórica similar em relação à história de regiões de colonização alemã. Neste sentido, é marcante na cidade o processo de construção de uma determinada identidade cultural, onde se pode observar nitidamente que as idéias de progresso e trabalho integram não só o cotidiano da maior parte da população, mas também está consolidada no imaginário e na memória local. A temática nos remete a análise da dimensão religiosa e cultural como elemento de integração da sociedade daquela região com um determinado mundo cultural. Dessa forma, a análise da vida social da localidade pelo viés de religiosidade, tem o objetivo de destacar as relações étnicas, político-econômicas, religiosa e escolar que, estiveram ligadas ao projeto colonizador iniciado nas primeiras décadas do século XX. Entre as diversas instituições religiosas ali instaladas, a evangélica tem sido predominante desde o período inicial da colonização alemã.
Palavras-chave: História regional, Panambi; colonização; religiosidade.
59 – Título: Perigo Iminente: a Segunda Guerra Mundial na Leitura da Imprensa Passo-fundense
Autor: Benhur de Mattos Jungbeck
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Profª. Dr. Sandra Maria Lubisco Brancato (PUCRS), Prof. Dr. Fernando Camargo (UPF)
Data Defesa: 15/04/2005
Resumo: Tendo como pano de fundo o momento nacional na década de 1940, este trabalho tem o intuito de observar a movimentação da sociedade regional em relação à Segunda Guerra Mundial tendo a imprensa escrita como mediadora. Com base em notícias, notas, reportagens e artigos assinados e levando em conta que a imprensa pode ser motivadora de opiniões e comportamentos, analisa as informações veiculadas pelos jornais de Passo Fundo O Nacional e Diário da Manhã e observa as ações e reações da sociedade. Analisando, entre os anos 1941 e 1945, as notícias veiculadas pelos periódicos, o estudo busca descrever as ações daqueles que viveram os anos da Segunda Guerra Mundial em seu entusiasmo, sua euforia ou sua indignação em face da situação internacional a partir da ótica regional. A pesquisa trata do esforço de guerra e da exaltação nacionalista que visavam convocar a população para a participação visto que a segurança e a unidade nacional eram as maiores motivações; ainda dos conflitos causados pelos choques entre nacionalistas e os considerados quinta-colunistas, simpatizantes dos objetivos do Eixo totalitário, próprios de uma sociedade que tinha seus ânimos acirrados em torno da questão da guerra. Consiste, enfim, numa observação atenta da movimentação regional causada pela Segunda Guerra Mundial e projetada nas páginas dos jornais passo-fundenses.
Palavras-chave: Segunda Guerra Mundial, imprensa.
60/64 – Título: Eny Calçados: uma empresa familiar em Santa Maria (RS)
Autor: Diego Isaia Pignataro
Orientador: Profª. Dr. Eliane Lucia Colussi
Banca: Profª. Dr. Márcia Helena Sandanha Barbosa (UPF), Prof. Dr. Astor Antônio Diehl (UPF)
Data Defesa: 20/04/2005
Resumo: Este trabalho tem por objetivo principal analisar a evolução histórica de uma empresa de tipo familiar, a Eny Calçados, situada na cidade de Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul. Sua origem remonta ao ano de 1924, tendo se mantido em funcionamento até nossos dias. A empresa familiar passou por todas as fases que, de forma geral, acompanham este tipo de empreendimento até se tornar referência regional no comércio de calçados. O trabalho focalizou três aspectos relacionados à trajetória da empresa. Em primeiro lugar, retratou-se a trajetória da família Isaia, desde a sua transferência da Itália para o Brasil, em fins do século XIX, passando pela estada em Porto Alegre até sua fixação definitiva em Santa Maria. Nesta parte do trabalho, procurou-se estabelecer a trajetória de vida da família, especialmente a de Salvador Isaia, peça chave na constituição da empresa familiar em questão. A seguir, procurou-se estabelecer uma relação entre o dinamismo urbano-comercial de Santa Maria e a fundação da loja de calçados que mais tarde deu origem a Eny Calçados. Por fim, abordou-se o processo de consolidação e expansão da empresa, a sua modernização, suas opções de gerenciamento e o papel de Salvador Isaia nas várias fases da história da empresa.
Palavras Chave: Família Isaia, Salvador Isaia, Trajetória Empresarial, História de Santa Maria.
61 – Título: Sofrimento Psíquico dos expurgados da Brigada Militar no período da repressão: 1964-1984
Autor: Sócrates Mezzomo Ragnini
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin
Banca: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckzieghel (UPF), Prof. Dr. Fernando Camargo (UPF)
Data Defesa: 02/05/2005
Resumo: O presente estudo abordou a hipótese de que os sujeitos expurgados da Brigada Militar, no período da repressão, foram acometidos de intenso sofrimento psíquico, com repercussões acentuadas que perpetuam até o presente momento. A metodologia utilizada na revisão da literatura foi pesquisa bibliográfica e documental, onde, numa retrospectiva histórica, buscou-se entender o processo de formação das organizações militares e do sujeito policial militar, os fatos históricos que antecederam e sucederam o golpe de 64: a instauração do regime militar. Com a utilização da história oral foi possível complementar as carências documentais, produzindo uma nova fonte de documentação e formular pressupostos e hipóteses sobre o tema em questão. As entrevistas realizadas com os sujeitos expurgados foram categorizadas em perdas, manifestações de sofrimento e anistia. Os resultados da pesquisa evidenciaram que por quase quatro décadas as memórias dos expurgados da BM foram reprimidas, silenciadas e sentenciadas a permanecerem nos subterrâneos da história. Enquanto alguns ousaram relatar os acontecimentos (fatos) outros preferiram auto-silenciar-se, como forma de sobrevivência e amenizar o sofrimento que o lembrar acarreta.
Palavras-chave: Regime militar, Brigada Militar, anistia, expurgados, sofrimento psíquico.
62 – Título: Rosas na Coroa, Pranto na Vida: a história silenciosa da Camponesa Oestina ítalo-catarinense
Autor: Jussara Maria Della Flora
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Profª. Dr. Virgínia Fontes (UFF), Profª. Dr. Florence Carboni (UPF)
Data Defesa: 06/05/2005
Resumo: O presente trabalho apresenta abordagem geral da trajetória de vida de mulheres colonizadoras da região Oeste de Santa Catarina entre os anos de 1940 a 1985. Registra as experiências sociais vividas por mulheres pioneiras em regiões pouco habitadas ou em ocupação. Propõe enfocar as mulheres coloniais através de suas práticas sociais e produtivas, tendo como base, narrativas de suas vidas. Objetiva entender como funcionavam os mecanismos de dominação simbólica, estrutural, econômica e sexual nessa sociedade e região, entendendo que as mulheres eram preparadas, desde o nascimento, para serem trabalhadeiras, parideiras e companheiras. Propõe perceber a múltipla vivência das mulheres em seu cotidiano e registrar como a condição feminina se produz e se revela em cada momento no mundo colonial Oestino. Registra o processo de submissão e exploração sofrido pelas mulheres coloniais, em todas as fases de sua vida, em todas as partes do corpo: os braços para o trabalho, a cabeça para administrar todos os serviços da casa, dos filhos, da propriedade, ventres para parir, etc. Concentrou-se a atenção na figura feminina, seja a partir de perspectiva isolada, pensando e refletindo sobre suas experiências, seja no seu círculo familiar e contexto social. As protagonistas desse processo permaneceram silenciadas por muito tempo. O presente trabalho teve que superar os limites impostos pelo silêncio de documentos quase inexistentes, já que essa história jamais foi registrada. Na presente pesquisa, a condição feminina se expôs em todas as partes da pesquisa.
Palavras chave: Migração; colonização; mulheres; sexualidade; Oeste-Catarinense.
63 – Título: O Rosto da Lei. Quotidiano e relações interpessoais segundo a documentação judiciária. Caxias do Sul. 1930-1945.
Autor: Cristiane Cauduro Langaro
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Prof. Dr. Pedro Paulo Funari (Unicamp), Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho (UPF)
Data Defesa: 09/06/2005
Resumo: Após a circular de 28 de abril de 1876, a Itália liberou a emigração, sendo que desde 1875, o Rio Grande do Sul já recebia levas de imigrantes italianos que partiam da península devido às péssimas condições de vida que conheciam e à grande vontade de se tornarem proprietários de terra. Chegados no Rio Grande do Sul e, em especial, em Caxias do Sul, os imigrantes derrubavam a mata virgem, iniciavam as roças, construíam as moradias, dedicavam-se à agricultura policultora. Muitos imigrantes estabelecerem-se na sede da colônia, trabalhando como carpinteiros, comerciantes, ferreiros, professores, sapateiros, etc. Muito logo, a região tornou-se importante pólo comercial, manufatureiro e industrial. Envolvido nas relações e tensões sociais e domésticas quotidianas, o imigrante italiano e seu descendente, agricultor, operário, comerciante, casado ou solteiro, vivendo na zona rural, urbana ou suburbana, era autor e vítima de delitos, que comumente desembocavam na justiça, com a condenação ou absolvição dos acusados. Os processos judiciais ensejados pelos delitos constituem excelente fonte documental, sobre os fatos em questão e sobre a vida da região. Dos dez processos estudados, referentes aos anos de 1930-1945, verificamos que dois crimes tratam-se de violência doméstica, três de violência sexual, um de calúnia e injúria, e os demais são crimes que os autores utilizam da sedução, engano ou fraude para a consecução do defloramento na vítima. A análise individual e conjunta dos sucessos apresentados nos processos permite algumas grandes reflexões. A primeira sobre o sistema de Justiça e de poder na região, bem como a documentação sugere igualmente que, nos anos em questão, no município de Caxias do Sul, a violência inter-pessoal era componente indissociável desta sociedade, de conformação complexa e já dividida por diferenças sociais, como não poderia deixar de ser. Sobretudo, por de trás da transgressão ou pretensa transgressão da lei, podemos sobretudo vislumbrar eventuais transgressões mais ou menos sistemática da moral formal dominante do período, sobretudo no plano sexual. Naquele então, segundo a moral dominante, para os jovens namorados, dar-se as mãos ou beijar-se era já pecado, o que dizer de uma moça solteira ou noiva ceder favores sexuais. Porém, no presente estudo, quatro moças se entregam antes do casamento aos seus namorados, noivos e sedutores e oito entre os dez processos têm como foco da trama o sexo. São um avô e tios que abusam da neta, o pedófilo atrai duas meninas, a moça que se entrega a rapazes, a empregada seduzida pelo seu patrão, a costureira abusada pelo astrólogo, a sedutora senhora casada acusada de conceder suas graças. Os processos analisados, algumas vezes pela gravidade dos fatos arrolados, outras, pelas quase banalidades das denúncias, sugerem contradição sistemática entre a moral oficial, cheia de interdições, na qual, ao menos em teoria, a mulher e a criança são respeitadas e as jovens terminam sempre no altar, de véu e grinalda, e uma moral e práticas, mais ou menos habituais, encenadas sistematicamente atrás do palco do palco oficial, onde se expressavam, sobretudo assimétricas relações de poder e domínio.
Palavras-chave: História do Rio Grande do Sul, Caxias do Sul, Imigração Italiana, Processo judicial, Relações interpessoais.
65 – Título: O Estado português e a população indígena em Minas Gerais na metade do século XVIII – 1709-1736
Autor: Maria Bernadet Moreira
Orientador: Prof. Dr. Fernando Camargo
Banca: Profª. Dr. Maria Cristina dos Santos (PUCRS), Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho (UPF)
Data Defesa: 05/09/2005
Resumo: O estudo trata da questão atinente ao indígena na capitania de Minas Gerais na primeira metade do século XVIII (1709-1736) e objetiva estudar a ação, ou seja, as estratégias do Estado português para manter o controle político-social na nascente capitania e compreender a relação entre Metrópole, órgãos administrativos coloniais, colonizadores e indígenas na formação e singularidade da história colonial mineira, bem como rever o lugar que ocuparam as sociedades indígenas no processo de formação das Minas coloniais, num momento caracterizado pela cobiça, pela violência e ocupação das terras mineiras em vista da exploração aurífera. O rápido processo de ocupação territorial, a implantação dos núcleos urbanos e a institucionalização do aparelho administrativo estatal contrastaram de forma violenta com a estrutura e organização dos sistemas sociais dos indígenas, caracterizados pela multiplicidade de povos e diversidade cultural. Esse processo que engendrou crise de identidade em decorrência da situação de contato, associada à violação das fronteiras étnicas, culminou com a de população das sociedades indígenas em decorrência do etnocídio que se sucedeu ao contato. A historiografia oficial consagrou uma literatura “mítica e heróica” acerca da elaboração e construção do processo histórico das Minas coloniais, no qual o indígena era isento de participação e/ou situado à margem da sociedade. A reinterpretação do processo, tendo em vista o indígena e as relações interétnicas estabelecidas, em face do conflito que ocorreram com o contato, releva a alteridade e desencontro de culturas e tempos históricos que marcaram a relação histórica, que redimensionou a vida das sociedades indígenas sobreviventes ao pós-contato. A releitura do contexto permite rever e situar o papel do indígena, incluindo-o como agente e protagonista no cenário histórico das Minas coloniais.
Palavras- chave: população indígena, colonização, relações interétnicas, Minas Gerais.
66 – Título: Revisitando o PCB – uma visão a partir do norte do Rio Grande do Sul (1922/1948)
Autor: Emerson Lopes Brotto
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Prof. Dr. Antônio Ozaí da Silva (UEM), Prof. Dr. Mário Maestri (UPF)
Data Defesa: 08/09/2005
Resumo: Este trabalho visa resgatar um pouco da história do Partido Comunista do Brasil (PCB), tendo como foco o norte do Rio Grande do Sul. Mas a ele não se restringe na medida em que também intenta fazer uma relação, de ida e volta, com os aspectos mais gerais que influenciaram a organização dos comunistas nos idos de 1922-1948. Assim sendo, procuramos traçar a análise das concepções doutrinárias e da formação ideológica dos comunistas, tendo como parâmetro o quadro conjuntural que se desenrolava em nível internacional, com a Revolução Russa e sua evolução, bem como os reflexos dele em nível nacional, sob a influência das concepções stalinistas e da bolchevização dos partidos comunistas, e em nível local, especialmente no que tange ao período da redemocratização. A pesquisa direciona-se no sentido de analisar a formação do PCB no norte gaúcho, em meio aos desdobramentos políticos ocorridos em todos os níveis, buscando localizar esse movimento através das informações veiculadas pelos jornais de Passo Fundo O Nacional e Diário da Manhã, traçando um perfil dos comunistas de Passo Fundo e arreadores.
Palavras-chave: Comunistas, stalinismo, imprensa.
67 – Título: Representações sobre a mulher nas composições musicais da primeira década do festival Coxilha Nativista
Autor: Maria Elisabeth Vescia de Azambuja
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin
Banca: Profª. Dr. Maritza Maffei da Silva (Unicruz), Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 15/09/2005
Resumo: O tema centralizador desta dissertação concentrou-se nas representações femininas presentes nas composições da primeira década Coxilha Nativista em Cruz Alta, RS. Este festival surgiu, não somente para difundir a música gauchesca, mas para divulgar os valores do homem do campo, através de temáticas rurais em repúdio a usos e costumes alienígenas da época. Embora batizado pelo Nativismo, o festival tornou-se um veículo de mensagens ideológicas do Tradicionalismo que deu suporte a sua criação através da prioridade à linha de composição campeira nas músicas que retratam temáticas de culto ao passado e à identidade cultural do homem ligado ao pastoreio e ao latifúndio. A pesquisa teve como objetivo principal identificar, através da análise das composições, as representações feitas sobre a identidade feminina nas músicas que integram o repertório da primeira década da Coxilha Nativista, entre os anos de 1981 e 1990. Na introdução, abordou-se o surgimento e os propósitos do festival para, posteriormente, contextualizá-lo dentro dos acontecimentos histórico-político-social-econômicos globais. O desenvolvimento temático realizou-se em etapas através de referenciais bibliográficos, principalmente com contribuições de Golin, Oliven, Araújo e Lopes e Silva, documentação relativa ao festival e sobre o conjunto de composições selecionadas e análise das mesmas. Na fase exploratória, entre as trezentas e vinte e duas composições, oitenta e quatro foram elencadas por apresentarem referências à mulher. A seguir, realizou-se a análise interpretativa inter-relacionada ao referencial bibliográfico desenvolvido. A figura da mulher apresentada nas músicas, geralmente, de autoria de compositores masculinos, é caricaturizada como um ser inferiorizado e ambientado no contexto da sociedade rural sul-rio-grandense, onde ela se apresenta submissa como reflexo da mentalidade machista dominante. Apenas duas das composições analisadas apresentam autoria exclusivamente feminina e outras quatro tem autoria compartilhada entre homens e mulheres. Porém, nestas composições, as mulheres não exteriorizam a intensidade de seus mundos, por estarem condicionadas às expectativas masculinas quanto a sua atuação social e cultural. Lançou-se este estudo, com a expectativa de contribuir para novas pesquisas sobre a multiplicidade cultural e social da música nativa sul-rio-grandense e, também, incentivar a presença da mulher contemporânea no universo do festival Coxilha Nativista de Cruz Alta, que constitui um evento com repercussão que extrapola as fronteiras regionais e do país.
PALAVRAS-CHAVE: representação e identidade feminina; regionalismo, tradicionalismo.
68 – Título: Povo desenvolvido é povo limpo: sujismundo e a comunicação no governo Médici (1969-1974)
Autor: Valmíria Antonia Balbinot
Orientador: Profª. Dr. Eliane Lucia Colussi
Banca: Prof. Dr. Luiz Eugênio Véscio (UFSM), Prof. Dr. Astor Antônio Diehl (UPF)
Data Defesa: 13/10/2005
Resumo: O tema desta dissertação está centrado numa das campanhas de comunicação realizadas pela Assessoria Especial de Relações Públicas (Aerp) durante o Governo Médici (1969-1974). A campanha “Povo desenvolvido é povo limpo” foi protagonizada pelo personagem de desenho animado Sujismundo, que conquistou a simpatia de amplos segmentos da sociedade brasileira. Nessa perspectiva, uma das ações governamentais prioritárias nos anos setenta foi a saúde pública e a ampliação das campanhas de educação sanitária. A questão do desenvolvimento do Brasil estaria diretamente relacionada com a solução de problemas nesse campo. A Aerp pleiteou, por meio da “comunicação integrada”, convencer e conquistar a opinião pública para o projeto de desenvolvimento sob a égide dos militares. Dessa forma, foi analisada a comunicação social no Brasil e o papel da Aerp, especialmente sob a direção de Otávio Costa. Outro aspecto abordado foi a trajetória da educação sanitária nas décadas de 1950 a 1970, com ênfase na campanha e na polêmica surgida pela projeção de Sujismundo. A campanha “Povo desenvolvido é povo limpo”, tema central do trabalho, foi objeto de estudo a partir das imagens, discursos e mensagens, onde, através de elementos da semiótica, buscou-se uma aproximação interdisciplinar entre os campos da comunicação e da história.
Palavras-chave: Comunicação institucional, comunicação do regime militar, Aerp, políticas de comunicação, educação sanitária, Sujismundo.
69 – Título: Água, bem da humanidade: o caso da Fonte Ijuí (1926-1946)
Autor: Rosângela da Fonseca
Orientador: Prof. Dr. Fernando Camargo
Banca: Profª. Dr. Margaret Marchiori Bakos (PUCRS), Profª Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 19/09/2005
Resumo: A forma inadequada de utilização dos recursos hídricos traz à tona um assunto amplamente discutido por diversos setores da sociedade mundial, sejam eles órgãos governamentais ou não, a escassez da água. A água tornou-se elemento fundamental de sustentação da sociedade, que por conseqüência passou a assumir compromissos e responsabilidades no que se refere à gestão da água. A água mineral passa a ter neste cenário uma importância econômica ainda maior pelo fato de que a poluição ambiental acaba por comprometer a qualidade da água. Muitas vezes, a descoberta de fontes de água mineral se associa à questão da saúde, em que as águas passam a ter função medicinal. A Fonte de Água Mineral Ijuí despertou interesse não somente pelo valor econômico, como também pelo valor medicinal, no momento em que se apresenta como a cura para diversos males. A ocorrência de excelentes recursos hídricos justifica a exploração da água mineral no município de Ijuí ,no plano econômico e social, em âmbito regional e local e porque não dizer nacional.
Palavras-chave: Ijuí, Fonte de Água Mineral Ijuí, Água mineral.
70 – Título: Denuncismo e censura nos meios de comunicação de Passo Fundo – 1964/1978.
Autor: José Ernani de Almeida
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin
Banca: Prof. Dr. Helder Gordim da Silveira (PUCRS), Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho (UPF)
Data Defesa: 19/09/2005
Resumo: A presente dissertação, utilizando como fontes os principais órgãos da imprensa da cidade de Passo Fundo, RS, os jornais O Nacional e Diário da Manhã, estuda a vigilância, a repressão e a censura nos meios de comunicação social da cidade, rádios e jornais, bem como às pessoas que exerciam funções nos mesmos, isto é, radialistas e jornalistas. A pesquisa contextualiza a política passo-fundense no período de 1964 até 1978 – do golpe militar até o início da “distenção lenta e gradual” proposta pelo presidente Ernesto Geisel. Mostra, igualmente, como os jornalistas agiam naquela conjuntura e enfretavam o patrulhamento dos agentes do denuncismo, adotando os recursos da metáfora e da ironia em seus artigos e crônicas. Embora os jornais tivessem se alinhado ao regime militar, muitos jornalistas mantiveram uma corajosa linha independente e crítica ao governo. Em razão dessa postura foram ameaçados, perderam seus empregos e, em alguns casos, acabaram presos. Alguns ousaram denunciar a falta de liberdade, ao passo que outros preferiram alinhar-se ao regime. As desavenças políticas, as inimizades entre grupos que disputavam o poder político municipal e o controle de instituições como a Universidade de Passo Fundo levaram a que, de ambos os lados se adotasse a denúncia como prática política para prejudicar o adversário. Com a utilização da história oral foi possível complementar as carências documentais e demonstrar a existência da “cultura do denuncismo” na sociedade passo-fundense.
Palavras-chave: Regime militar, censura, denúncia, repressão, autoritarismo, relações de poder.
71 – Título: O PC do B e o Araguaia: a dissidência interna de 1979-1984
Autor: Fabiana Pires de Oliveira
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Prof. Dr. Helder Gordim da Silveira (PUCRS), Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho (UPF)
Data Defesa: 13/01/2006
Resumo: Este trabalho visa ao estudo dos fatos e debates internos que levaram à formação de um grupo dissidente nos quadros do Partido Comunista do Brasil (PC do B), a partir do ano de 1979, levando à criação do Partido Revolucionário Comunista (PRC) em meados de 1984. O ponto nevrálgico desta dissidência encontra-se nas diferentes avaliações elaboradas pelos próprios militantes acerca do planejamento e execução da Guerrilha do Araguaia, tentativa de desencadeamento do processo revolucionário a partir do campo, ocorrido na região do baixo Araguaia (Tocantins) entre 1972 e 1975. Pautados na necessidade da realização de um Congresso de âmbito nacional, que há muito não se efetivava, os militantes fracionários iniciaram um processo de luta interna que mobilizou diversos Comitês Regionais, bem como outros quadros partidários, contra a direção entrincheirada no Comitê Central do PC do B. Mais importante do que a divergência sobre os erros ou acertos da experiência de luta armada no Araguaia, seriam as indicações que as mesmas traziam consigo acerca da orientação política que o partido deveria seguir no futuro. Os combates, no campo teórico, evoluem, gradativamente, da simples denúncia da ausência de debates abertos e democráticos ao mais evidente racha, consubstanciado nas expulsões, demissões e inflamadas convocações para a reorganização partidária. A partir da análise da documentação interna do PC do B no período exposto, o que se concretiza é uma visão dos embates políticos ocasionados pelo fim do período ditatorial e pela expectativa quanto às vias abertas frente à democratização possível iniciada na década de 1980.
Palavras-chave: Araguaia, militantes, dissidência, luta interna, reorganização partidária.
72 – Título: O processo de ocupação da região Oeste do Paraná: uma análise histórica da participação da indústria de madeiras Ibema (1960-1989)
Autor: Rosimar Baú
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Paulo Humberto Porto Borges (FAG), Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 24/03/2006
Resumo: Este trabalho baseia-se na perspectiva de que a totalidade histórica não pode mais ser apreendida ou ainda de que não existe uma única totalidade. Assim, o aspecto regional e da memória de homens e mulheres (anteriormente negados) adquirem grande importância. Seguindo esta perspectiva, buscou-se ir ao encontro de saberes que recuperassem a memória como norte teórico do trabalho. Somam-se a esta análise os meios pelos quais a memória, em seu exercício, desconstrói o vivido, construindo um novo olhar a respeito do passado. Dentre os elementos constituidores da memória, buscaram-se aqueles que foram construídos pelo processo histórico da sociedade no oeste paranaense. Entendemos que o historiador é um elemento portador de saberes, que reinterpretam a realidade, reconstruindo uma nova memória de saber sobre os sujeitos e os espaços ocupados em um determinado tempo. A partir deste pressuposto buscou-se compreender a colonização do oeste paranaense na inserção das práticas política após 1930, denominada de “Marcha para o Oeste”, objetivando problematizar o processo de colonização do oeste paranaense, seus agentes, suas intencionalidades e as possíveis interferências. A análise desse período direcionou-se principalmente para a ação exploratória da madeira e para o processo de modernização da agricultura, fatores que afetaram toda a região e, por conseqüência, o município de Ibema. No que se refere ao município em questão, observamos a presença de uma empresa privada, de caráter familiar, que se consolidou como indústria de transformação e, ao mesmo tempo em que deu origem ao processo de ocupação territorial deste município, rompeu com as práticas de ocupação até então estabelecidas pelas colonizadoras. Espera-se com este trabalho contribuir para o estudo da história regional, ampliando os objetos de estudo e as formas de enfoque, buscando ainda estabelecer diálogo com todos aqueles que, tendo por ofício ser historiador, contribuam no desvelar da ação humana.
Palavras-chave: colonização, povoamento, memória, madeira, poder.
73 – Título: A Travessia: a construção da ponte do Rio das Antas 1942-1952
Autor: Gilmar Detogni
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Profª. Dr. Loraine Slomp Giron (UCS), Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 31/03/2006
Resumo: O presente trabalho contemplou a análise da construção da ponte sobre o rio das Antas, entre os municípios de Veranópolis e Bento Gonçalves e teve por objetivo desvelar um comparativo entre história e memória na investigação do impacto provocado pela construção da obra no imaginário da população de Veranópolis. Pretendeu também verificar os reflexos causados no processo de transição do sistema de balsas para a ponte, procurando perceber a visão da comunidade sobre a experiência da modernização com a construção da obra. Igualmente, buscou-se verificar a forma como as mudanças ocorridas interferiram na vida da comunidade que viu, a partir da ponte, uma nova perspectiva de progresso social, econômico, político e cultural. Buscou-se através de relatos orais, fontes jornalísticas, fontes oficiais, obras e periódicos, além de conversas informais, realizar um esforço de síntese a fim de fundamentar o presente instrumento de estudo.
Palavras-Chave: história reional; memória; ponte do rio das Antas.
74 – Título: Marcas da Escravidão nas fazendas Pastoris de Soledade (1867-1883)
Autor: Maria Beatriz Chinni Eifert
Orientador: Prof. Dr. Mário José Maestri
Banca: Prof. Dr. Solimar de Oliveria Lima (UFPI), Prof. Dr. Fernando da Silva Camargo (UPF)
Data Defesa: 07/04/2006
Resumo: A presente dissertação, baseada em fontes judiciais, tem por objetivo recompor a trajetória da população cativa que viveu em terras de Soledade no período compreendido entre 1867 a 1883. População essa que viveu anonimamente no interior das fazendas pastoris da região e nem mesmo ocupou espaço nas páginas da história. Procuramos analisar a documentação criteriosamente dando a ela a importância devida e dela extraindo dados significativos a fim de estabelecer as devidas ligações e possibilitar a leitura dos fragmentos que ficaram escondidos nos arquivos locais. A construção do texto deixou evidente que a região do Alto da Serra do Botucaraí foi cenário das mais diversas experiências vividas por homens e mulheres pertencentes a mundos antagônicos apesar de estarem lado a lado no seu cotidiano – o mundo da servidão. A pesquisa nos remete a importantes conclusões que seguramente alicerçarão futuros estudos e enriquecerão a história desta região.
Palavras-chave: fontes judiciais, mundos antagônicos e servidão.
75 – Título: O contestado entre Santa Catarina e o Paraná: uma questão de limite territorial nos limites da Nação
Autor: Odair Eduardo Geller
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Prof. Dr. Carlos Humberto P. Corrêa (UFSC), Prof. Dr. Haroldo L. Carvalho (UPF)
Data Defesa: 11/04/2006
Resumo: Entre 1766 e 1916 o território localizado entre os rios Iguaçu e Uruguai, de Lages a fronteira Argentina foi objeto de disputa por parte de Santa Catarina e São Paulo, depois de 1853 o Paraná. Em parte como conseqüência da imprecisão dos limites administrativos estabelecidos ainda no período colonial, durante 150 anos a ação administrativa de um e outro contendor foi paulatinamente questionada, fazendo com que o território aos poucos assumisse uma condição de “terra de ninguém”. Nesse ínterim, uma gama variada de indivíduos, na sua maioria oriundos da periferia dos núcleos de colonização ibérica, penetra na região dando origem a uma sociedade que sob a influência da armadura regional, desenvolve estrutura e ritmo próprios, para embasar uma mentalidade característica do seu habitante. Essa realidade, contrária a tarefa que o Estado brasileiro recebe no momento de sua fundação, a de forjar em meio à diversidade de origens e culturas, um núcleo básico comum capaz de criar identidade, torna o “contestado” uma fronteira cultural da nação. A resolução da Questão de Limites em 20 de Outubro de 1916 representou um ato político de extrema consciência da realidade da nação brasileira. Ao interfirir na Questão, o executivo federal viabilizou o início do processo de nacionalização da região através da definição precisa da jurisdição de cada um dos Estados. A presença dos aparelhos ideológicos de Estado sobre toda a extensão do território constitui no caso brasileiro, a condição “sine qua non” para a produção de identidade nacional.
Palavras-chave: Estado-nação, República Velha, Questão de Limites, Santa Catarina, Paraná.
76 – Título: Maria Elizabeth de Oliveira: a construção do imaginário, da devoção e da santidade
Autor: Márcia Fabiani
Orientador: Jaime Giollo
Banca: Profª. Dr. Loiva Otero Félix (UFRGS), Prof. Dr. João Carlos Tedesco (UPF)
Data Defesa: 17/04/2006
Resumo: Essa dissertação tem por objetivo analisar a construção de um imaginário popular-religioso em torno do emblema Maria Elizabeth de Oliveira, a partir da sua morte até 2005. Para tanto, utilizar-se-á da obra de Fidélis Dalcin Barbosa - Maria Elizabeth de Oliveira: uma estrela no céu – como o marco fundador da memória. Além disso, os jornais passo-fundenses, Diário da Manhã e O Nacional, como veículos para a publicização da memória. Depois, o conjunto de símbolos e imagens que fazem parte do imaginário. Ainda, uma análise do corpo de devotos, bem como, seus pedidos e agradecimentos. Ou seja, tentar-se-á perceber quais são os elementos envolvidos no processo, como foram construídos, com que intuito, como se mantém e se dissipam. Enfim, busca-se entender o que está em jogo em relação à devoção em torno de Maria Elizabeth de Oliveira – a santinha passo-fundense.
Palavras-chave: imaginário, religiosidade popular, memória, devoção.
77 – Título: Revista O Delta: idéias e voz da Maçonaria gaúcha (1916-1927)
Autor: Guilherme Cesar Temp Schmidt
Orientador: Prof. Dr. Jaime Giolo
Banca: Prof. Dr. Luiz Eugênio Véscio (UFSM), Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 17/04/2006
Resumo: Em 1893 foi criado o Grande Oriente do Rio Grande do Sul, obediência maçônica autônoma e soberana que se consolida em solo gaúcho. Em meados da década de 1910, surge a revista mensal O Delta, usada como voz da instituição e veículo difusor das idéias promovidas pela instituição. O informativo trazia em suas páginas informações relacionadas ao racionalismo, misticismo, filosofia, ciência, história e o combate ao clero católico, devido ao conflito entre as duas instituições. O anticlericalismo, a educação laica sem vínculos com a religião, o racionalismo e o cientificismo são os tópicos principais da revista, que circulou durante onze anos. O presente estudo busca mostrar o ideário maçônico reproduzido e transmitido pela revista aos maçons do Rio Grande do Sul.
Palavras-chave: Maçonaria, Rio Grande do Sul, Imprensa, Igreja Católica.
78 – Título: Os processos incorporativos do Indígena Kaingang de Atalaia à socidade luso-brasileira: o papel do Catolicismo
Autor: Cristiano Augusto Durat
Orientador: Prof. Dr. Jaime Giolo
Banca: Prof. Dr. Lúcio Tadeu Mota (UEM), Prof. Dr. Telmo Marcon (UPF)
Data Defesa: 17/04/2006
Resumo: Este estudo tem como premissa reconstruir as relações estabelecidas entre os Indígenas Kaingang e os povoadores luso-brasileiros, nos primeiros anos da Ocupação dos Campos de Guarapuava, território pertencente a oeste da Capitania de São Paulo, no período de 1812-1828. Aborda os aspectos históricos escritos pela sociedade envolvente do período colonial e dos cronistas ali residentes. Demonstra, ainda, os meios utilizados pelo missionário responsável para sacramentar os indígenas Kaingang, agregando aspectos pedagógicos e simbólicos no desempenho de suas funções ministeriais. O estudo permite a compreensão das estratégias e situações vividas pelos grupos. Os elementos primários que permitiram a reconstituição desses aspectos históricos e culturais foram os registros sacramentais administrados aos indígenas, no momento em que recebiam os sacramentos de Batismo e de Matrimônio, e as anotações do Livro de Óbitos. A reconstrução desses relacionamentos proporcionou visualizar, sob outro ângulo, o processo do expansionismo português no território indígena Kaingang.
Palavras – chave: Expansionismo; Aculturação; Catolicismo; Indígenas Kaingang.
79 – Título: A Casa de Cinema de Porto Alegre: o cinema geracional
Autor: Francine Zanchet Grazziotin
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin
Banca: Prof. Dr. Luís Augusto Fischer (UFRGS), Prof. Dr. Haroldo Carvalho (UPF)
Data Defesa: 05/05/2006
Resumo: Este trabalho pretende mostrar a criação e consolidação da Casa de Cinema de Porto Alegre como centro produtor de cinema fora do eixo Rio-São Paulo. Baseado em entrevistas com integrantes das várias fases e pesquisa bibliográfica, reconstitui-se a história da Casa e discute-se os filmes de curta-metragem lançados por eles e os filmes de longa-metragem: Tolerância, Houve uma vez dois verões, O homem que copiava e Meu tio matou um cara. O início da Casa de Cinema se deu na forma de cooperativa, em um dos períodos mais conturbados da cinematografia brasileira, no final da década de 1980, com o sucateamento da Embrafilme (Empresa Brasileira de Filmes) e sua extinção de fato e de direito, com o então presidente da República Fernando Collor de Mello, em 12 de abril de 1990. Por volta de 1992, a Casa deixa de ser uma cooperativa para assumir a forma jurídica de uma empresa produtora de cinema, com seis sócios, como se apresenta até hoje. No que tange à produção em longa metragem, será realizada uma ligação da ficção com a realidade, evidenciando o enredo, a estética, o perfil dos personagens principais e a época histórica, em que se pretende estabelecer uma comparação entre a ficção e a realidade.
Palavras-chave: Casa de Cinema de Porto Alegre, cinema, ficção
80 – Título: À Sombra da Cruz: trabalho e resistência servil no noroeste do Rio Grande do Sul. Segundo os processos criminais. [1840-1888]
Autor: Leandro Jorge Daronco
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Profª. Dr. Beatriz Ana Loner (UFPel), Profª. Dr. Janaína Rigo Santin (UPF)
Data Defesa: 25/05/2006
Resumo: O presente texto coteja o sistema escravista da região Noroeste do RS, um dos principais centros escravistas regionais durante o século 19, refletindo sobre o descaso da historiografia regional sobre o tema e as diversas interpretações difundidas pelos viajantes que visitaram a região. Contempla as formas de trabalho e a resistência dos trabalhadores escravizados – agressão física, envenenamento, fuga, homicídio, infanticídio, justiçamento, resistência à prisão, furto e suicídio – através de inventários post-morten, posturas municipais, correspondências administrativas e sobretudo os processos-criminais de Cruz Alta e Palmeira das Missões, entre outras fontes, em [1840-88]. Enfatiza as possíveis interferências dos escravizadores nas decisões judiciais, sempre que tais decisõesviessem ao encontro de seus interesses. Contribui para uma história econômica, social, política e judiciária da escravidão no noroeste do Rio Grande do Sul.
Palavras-Chave: escravidão, trabalho, resistência, justiça, região Noroeste do RS.
81 – Título: O Tropeirismo de Porcos: processos mercantis e dinâmicas sócio- culturais na região Nordeste do Rio Grande do Sul nas primeiras décadas do século XX
Autor: Sueli Maria da Silva
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Ivaldo Gehlen (UFRGS), Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho (UPF)
Data Defesa: 01/09/2006
Resumo: O presente estudo, de caráter histórico regional, analisa e descreve o tropeirismo de porcos que acontecia na região Nordeste do estado do Rio Grande do Sul, em especial ao norte do município de Lagoa Vermelha, no período de 1920 a 1940 e analisa ainda as suas correlações com o surgimento das agroindústrias do Oeste catarinense a Perdigão, a Sadia e também a Majestade no município de Sananduva /RS. Esse singular tropeirismo se tornou uma prática sazonal na região das matas, onde predominavam as florestas de araucárias e que recebeu significativo fluxo de migrantes italianos e seus descendentes vindos das Colônias Velhas do Estado. Sujeitos de diferentes culturas mesclaram-se nesse espaço e nas atividades laborais buscaram romper com o isolamento e alcançar os mercados para intercambiar sua produção. Na concretização da pesquisa foram utilizadas referências locais, (jornais, obras publicadas, fonte oral). A fonte oral foi de grande relevância, respondendo às indagações diante da omissão ou da ausência de documentos escritos. Com esse estudo foi possível reconstituir aspectos peculiares do tropeirismo de porcos, ressignificar o trabalho desempenhado pelos tropeiros, contextualizar os processos socioeconômicos e culturais da região na primeira metade do século XX, compreender as origens e a presença de complexos agroindustriais próximos à região e agregar também novos registros à história regional.
Palavras-Chave: história regional, migrantes, tropeirismo, agroindústrias.
82 – Título: “Todos contra o PTB”: disputas políticas no norte do Rio Grande do Sul (1961/1964).
Autor: Claudio Damião Braun
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Prof. Dr. Luciano Aronne de Abreu (PUCRS), Prof. Dr. Fernando Camargo (UPF)
Data Defesa: 04/09/2006
Resumo: Este estudo apresenta uma abordagem acerca das disputas políticas na cidade de Carazinho entre 1961-1964. A delimitação factual inicia-se com a renúncia de Jânio Quadros ao cargo de presidente da República e o veto dos ministros militares à posse do vice-presidente João Goulart, fato que desencadeou o Movimento da Legalidade liderado por Leonel Brizola, no ano de 1961. Carazinho torna-se um dos principais centros da resistência no interior do Rio Grande do Sul. Frente a este contexto, objetiva-se mostrar a luta pelo poder político local, uma vez que o Partido Trabalhista Brasileiro consistia na maior força eleitoral do município, permanecendo no poder quase duas décadas, sendo derrotado apenas nas eleições de 1963 para uma coligação que uniu todos os partidos do município contra o PTB. O Golpe Militar de 1964 desencadearia, assim, um forte processo de perseguição aos membros do Partido Trabalhista e aos Grupos de Onze.
Palavras-chaves: disputas de poder, petebismo, Movimento da Legalidade, Grupos de Onze, repressão
83 – Título: Décadas de Poder: O PTB e a ação política de César Santos na metrópole da Serra 1945-1967
Autor: Sandra Mara Benvegú
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Prof. Dr. Jorge Ferreira (UFF), Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho (UPF)
Data Defesa: 28/09/2006
Resumo: Essa investigação centra-se na análise do processo de formação, consolidação e enfraquecimento do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em Passo Fundo, no período compreendido entre os anos de 1945-1967. Nesse contexto destacaram-se os conflitos ocorridos no interior do próprio PTB que opuseram a principal liderança trabalhista local, César Santos, com a chamada “ala rebelde”, representada por Daniel Dipp. A trajetória do PTB passo-fundense se toca em muitas ocasiões com o perfil do partido em escala nacional, no entanto apresenta particularidades que por si só estiveram a merecer um estudo detalhado das relações de poder que se configuraram na então denominada “Metrópole da Serra”. A tentativa de implantação do ensino superior local, através da criação da Sociedade Pró-Universidade de Passo Fundo (SPU), que no imaginário político transformaria a cidade na “Coimbra brasileira”, foi altamente conflituosa. As lideranças anti-petebistas e os desafetos pessoais de César Santos, encontraram no golpe de 1964, o anteparo necessário para a queda arrasadora do PTB local e também o afastamento de César Santos da direção da SPU. De fundamental importância para o acirramento dos conflitos entre as alas em que se dividiu o PTB foi a imprensa local, através dos jornais O Nacional e Diário da Manhã que ao explorar rivalidades pessoais e políticas existentes entre ambos, agiram como duas forças paralelas, aquelas que se enfrentavam também no espaço político-partidário.
Palavras chave: Partido Trabalhista Brasileiro, relações de poder, César Santos.
84 – Título: O Banquete dos Ausentes: a lei de terras e a formação do latifúndio no norte do Rio Grande do Sul (Soledade – 1850-1889)
Autor: Helen Scorsatto Ortiz
Orientador: Mário Maestri
Banca: Prof. Dr. Paulo Afonso Zarth (Unijuí), Prof. Dr. João Carlos Tedesco (UPF)
Data Defesa: 29/09/2006
Resumo: O presente trabalho tem como principal objetivo discutir como se deu a aplicação da Lei de Terras de 1850 no primitivo município de Soledade, no norte do Rio Grande do Sul, e quais as conseqüências econômicas, sociais e políticas daí advindas para a região em estudo. Paradoxalmente, a Lei de 1850, que se propunha, formalmente, a pôr fim à apropriação gratuita das terras públicas, permitiu a formação e a legitimação através do Brasil de inúmeros latifúndios, mantendo e reforçando a estrutura agrária anteriormente instaurada no Brasil com o regime de sesmarias. Analisamos como efetivamente isso foi possível na realidade local, destacando o tipo de sociedade e agentes sociais que então se formaram e que, de forma hegemônica ou subordinada, atuaram naquele espaço. Em forma mais ou menos acabada, no contexto de suas singularidades, os sucessos ocorridos em Soledade repetiram o que ocorreu em geral no Rio Grande do Sul e no Brasil.
Palavras-chave: terra; propriedade; sesmaria; posse; Lei de Terras.
85 – Título: Os Trabalhadores do Rio. Balsas e balseiros do Alto Uruguai. 1930-1960
Autor: Noeli Woloszym Brum
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Profª. Dr. Florence Carboni (UFRGS), Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho (UPF)
Data Defesa: 06/10/2006
Resumo: O Oeste catarinense foi colonizado por migrantes descendentes de italianos e alemães, que vieram das colônias gaúchas a partir de 1917. Esse fato contribuiu para o crescimento dos primeiros povoados, que apresentavam algumas dificuldades. Entre elas, estava a de inserir a região no contexto econômico do estado e do país, ocupando áreas desabitadas, produzindo riquezas e atendendo, assim, a lógica capitalista. Com isso, surgiu umas das primeiras possibilidades econômicas da região: a exploração da madeira, que era abundante nas florestas subtropicais e com alto valor comercial. A madeira era levada até São Borja/RS e de lá para o Uruguai e a Argentina, onde eram comercializadas. Para transportar as toras utilizou-se do sistema de balsas, que consistia em amarrar cerca de cento e cinqüenta a duzentas toras de madeiras umas às outras. Em torno desta atividade, estavam muitos trabalhadores, os balseiros, que realizavam várias tarefas: derrubar a mata e arrastar as toras, com juntas de boi até o rio Uruguai e os transportar as madeiras. Esse trabalho pretende apresentar a influência da atividade balseira no desenvolvimento econômico dos municípios envolvidos, bem como a importância desta no processo de povoamento da região Oeste catarinense e norte riograndense. Buscamos informações através das fontes orais que fizeram parte desse processo, bibliografias e material de acervo disponíveis.
Palavras-chaves: madeiras , balsas , trabalho , história regional , colonização.
86 – Título: O Frigorífico São Luiz e suas Múltiplas Correlações Histórico-Regionais
Autor: Derli Pacífico de Oliveira
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF), Prof. Dr. José Carlos Radin (Unoesc)
Data Defesa: 24/11/2006
Resumo: A pesquisa aborda o surgimento e o desenvolvimento da indústria no Brasil, no Rio Grande do Sul e em São Luiz Gonzaga, evidenciando o processo de industrialização frigorífica, através de um resgate de fatores históricos e sociais que contribuíram para sua formação e, conseqüentemente, para o desenvolvimento econômico. O enfoque é referente ao intervalo temporal entre os anos de 1950 e 1987 (século XX), salientando que algumas vezes essa temporalidade é extrapolada para uma melhor compreensão dos fatos. Sendo assim, o estudo encontra-se organizado de forma a manter entre si um fio condutor: destacar a questão econômica, política e social dos contextos em estudo. Primeiramente, é apresentada uma análise da industrialização no Brasil, colocando em relevância a questão da indústria frigorífica. A seguir, são exploradas as condições em que se deu o surgimento da indústria no Rio Grande do Sul, sublinhando aspectos relevantes que contribuíram para a formação de frigoríficos no Estado. Mais adiante, a pesquisa enfoca o desenvolvimento da indústria em São Luiz Gonzaga, mostrando como ocorreu a instalação do Frigorífico São Luiz, no final da década de 1950, que trouxe um inusitado progresso para o município, movimentando economicamente toda a região. O recorte histórico, neste ponto, extrapola a temporalidade fixada anteriormente, pois se entende como imprescindível descrever os principais fatos que fizeram parte de uma história de pioneirismo.
Palavras-chave: desenvolvimento industrial, indústrias frigoríficas, economia.
87– Título: O Organização Sindical: o caso Sadia Concórdia
Autor: Ivandro José Pissolo
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Profª. Dr. Janaína Rigo Santin (UPF), Prof. Dr. José Carlos Radin (Unoesc)
Data Defesa: 24/11/2006
Resumo: A presente pesquisa ocupa-se do estudo do tema Sindicalismo, utilizando para tal o Caso da organização dos trabalhadores na indústria Sadia S. A. unidade de concórdia, Santa Catarina. Trata-se de um estudo de caso, portanto, algumas idéias deste campo temático foram abordadas a partir do recorte local, fato que se justifica pelo caráter regional dado ao tema. É objetivo do texto esclarecer algumas questões em torno do imaginário popular da região, como por exemplo: de onde vinha o medo das pessoas quando se falava em sindicalismo? Porque se atribui tanta importância a empresa Sadia S.A. na região? Também apresentamos críticas, análises e discussões em torno da organização sindical da referida agroindústria, tentando trazer a luz da pesquisa temas ainda não abordados na região, no que se refere as ingerências da empresa, de outros sindicatos e dos próprios operários na organização e na história do Sindicato da Indústria Alimentícia de Concórdia – Sintrial. O texto apresenta, embora de forma panorâmica, autores “clássicos” nacionais do tema Sindicalismo, não com o objetivo de reestudá-los, mas de tomá-los como norteadores do debate. Dedicamos-nos a uma análise em torno da empresa Sadia, seu surgimento e estabelecimento no mercado local, nacional e internacional a fim de discutir as alterações que a empresa promove no mercado de trabalho local ou, por sua vez, as mutações que são impostas a organização em questão pelo cenário produtivo e que se refletem ao local em que se insere.
Palavras-chave: Sindicalismo, Sadia, Organização, Trabalho.
88 –Título: Em nome da Pátria: as manifestações contra o Eixo em Santa Maria, no dia 18 de agosto de 1942.
Autor: Cátia Regina Dalmolin
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF), Prof. Dr. Plínio Guimarães Fachel (UFPel)
Data Defesa: 24/11/2006
Resumo: Agosto de 1942, navios mercantes brasileiros foram afundados no litoral do Brasil, pelo Eixo (Alemanha, Itália e Japão) provocando cerca de 600 mortes. Uma onda de revolta e indignação tomou conta do país. Em Santa Maria, o Ateneu Graça Aranha, a Ala Democrática da Mocidade, os políticos e a classe ferroviária, promoveram no largo da viação férrea, um “comício-monstro da brasilidade” que acabou tomando as principais ruas da cidade. O jornal A Razão, de 18 de agosto de 1942 noticiou que a população santamariense viveu momentos de exaltação patriótica, exteriorizando e protestando publicamente contra as agressões dos países do Eixo. Essas calorosas manifestações acabaram em saques e quebra-quebras a estabelecimentos de teuto-brasileiros e ítalobrasileiros. Em seguida os “estrangeiros” eram obrigados a publicar no jornal local, os pedidos “ao povo de Santa Maria”, onde utilizavam uma retórica patriótica para explicar que eram brasileiros e assim tentar evitar novas represálias.
Palavras-chave: Santa Maria, italianos, integralismo, comunismo, depredações.
89 –Título: O Jornal Folha d’ Oeste e a ordem do progresso (1966-1972)
Autor: Cleber José Bosetti
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Prof. Dr. Helder Gordim da Silveira (PUCRS), Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin (UPF)
Data Defesa: 15/01/2007
Resumo: Lançando um olhar sobre o contexto histórico da Ditadura Militar entre 1966-1972, este trabalho procura analisar como o jornal Folha d’ Oeste da cidade de Chapecó elaborou seus discursos políticos com a intencionalidade de instituir um determinado imaginário político no Oeste de Santa Catarina neste período. Pensando a empresa jornalística e os grupos políticos e econômicos que lhe davam sustentação, evidencia-se que o jornal Folha d’ Oeste representava o pensamento político da elite chapecoense, cujos discursos procuravam legitimar o governo da Ditadura Militar a partir de uma racionalização elaborada em torno das idéias de ordem e progresso. Em nome da ordem do progresso, o jornal construía no campo do imaginário estabelecimento de uma sociedade idealizada no futuro. Além disso, o jornal desenvolveu um conteúdo regionalista para pressionar as autoridades políticas estaduais e federais a acelerar o processo de desenvolvimento da região Oeste. Nesta perspectiva, o trabalho busca compreender a relação entre política, imprensa e história durante a Ditadura Militar no Oeste de Santa Catarina tendo neste jornal um elemento de legitimação e construção de um modelo de sociedade pensada a nível nacional pelos militares e a nível local pela elite chapecoense.
Palavras-chave: Política, imprensa, sociedade, ideologia.
90 –Título: Fronteira e Segurança Nacional no Extremo Oeste Paranaense: um estudo do município de Marechal Cândido Randon
Autor: Luciana Grespan Zago
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Prof. Dr. Paulo José Koling (Unoesc), Prof. Dr. Eduardo Munhoz Svartman (UPF)
Data Defesa: 30/03/2007
Resumo: Fronteira e Segurança Nacional no Extremo Oeste Paranaense faz um estudo do município de Marechal Cândido Rondon que foi declarado Área de Interesse da Segurança Nacional, durante o período de 1968 a 1985, em plena vigência da Ditadura Militar. Leis, decretos e atos institucionais entraram em vigor nesse período com o objetivo de regular e, controlar todas as questões de ordem política, econômica e social. Assim, a fronteira também esteve inserida no contexto da Segurança Nacional, pois se fechava o país ao comunismo internacional. Os municípios localizados na fronteira e estâncias hidrominerais foram considerados locais estratégicos para manutenção do poder. O que pode ter motivado a inserção do município a Área de Interesse da Segurança Nacional foram os seguintes fatores: estar localizado na fronteira com o Paraguai, a intenção de construir uma usina hidroelétrica no Rio Paraná, diminuir o poder de atuação do PTB e pelo fato do município ser considerado um reduto de nazistas. Dessa forma, os governos militares e a ARENA usaram os municípios da Área de Interesse da Segurança Nacional para impor suas políticas e se perpetuar no poder, através da nomeação de prefeitos, do envio de verbas e visitas do Conselho de Segurança Nacional. O auge desse processo foi à visita do Presidente da República Ernesto Geisel a Marechal Cândido Rondon em 1976. A partir da abertura política iniciaram movimentações para acabar com a nomeação de prefeitos e voltar às eleições diretas nos município. Assim, houveram associações que lutaram para acabar com as Áreas de Interesse da Segurança.
Palavras-chaves: Fronteira, Segurança Nacional, Ditadura Militar.
91 –Título: O Movimento Operário e Sindical em Passo Fundo (1900-1964): história e política
Autor: Alessandro Batistella
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Diorge Alceno Konrad (UFSM), Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho (UPF)
Data Defesa: 30/03/2007
Resumo: Este trabalho tem o objetivo de analisar o movimento operário e sindical em Passo Fundo durante os anos de 1900 a 1964, salientando que o objeto de estudo são os trabalhadores urbanos e suas organizações. Para tais propósitos, enfatizar-se-ão as principais diferenças e similitudes entre o processo nacional e o regional, sobretudo no âmbito político; ponderar-se-á sobre as principais correntes político-ideológicas presentes nos sindicatos locais, sobre as principais greves e movimentos populares ocorridos no período em foco e, finalmente, acerca das implicações dos principais acontecimentos sócio-políticos nacionais no movimento operário e sindical passofundense.
Palavras-chave: movimento operário, sindicalismo, Passo Fundo, política.
92 –Título: As Histórias Marginais: os memorialistas e a produção de conhecimento histórico no interior do Rio Grande do Sul
Autor: Tiago Martins Goulart
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Profª. Dr. Ieda Gutfreind (ICJMC), Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho (UPF)
Data Defesa: 11/04/2007
Resumo: Esta dissertação consiste numa análise do que se entendia e muitas vezes ainda se entende por história no interior do Rio Grande do Sul, mais precisamente fora dos meios acadêmicos, bem como das relações entre o conhecimento histórico produzido e uma memória social coletiva específica. Para tanto procedemos ao estudo de cinco obras de autores diferentes, através do qual procuramos explicitar as formas de perceber a história e de fazer um trabalho de cunho histórico. Concentramos nosso foco no período entre as décadas de 1930 e 1980 e o espaço regional contemplado abrange os municípios de Santa Maria, Cruz Alta e Palmeira das Missões. Nosso trabalho teve como objetivo detectar e apresentar os elementos componentes de um modo peculiar de pensar a história e de escrever uma obra desta natureza, bem como localizar a origem destes elementos e os fatores que permitem perceber as obras analisadas como componentes de um quadro de produção específico. Para alcançar nossos objetivos fizemos uso sistemático do método comparativo, organizando o trabalho em dois grandes eixos, um centrado nos elementos de caráter historiográfico e outro voltado para a questão da memória social coletiva e sua relação com o conhecimento histórico analisado. No primeiro, procuramos fazer uma breve apresentação da trajetória do pensar e do “fazer história” no Rio Grande do Sul e no Brasil desde o século XIX, com destaque para as instituições que controlaram a produção histórica durante um bom tempo – o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Em seguida apresentamos os elementos que possibilitam perceber a existência de um outro quadro de produção histórica, verificado no espaço e período já aludidos. As obras e autores são alvo de considerações no restante do trabalho, permitindo que demonstremos, de maneira concreta, a existência do quadro de produção que apontamos, suas características e fatores determinantes, seu contexto e suas implicações sociais. Ao realizar este trabalho esperamos, em última análise, incentivar e contribuir para uma reflexão mais profunda e sistemática sobre nossas próprias posturas, ou seja, sobre nossas formas de perceber e “fazer história”.
Palavras-chave: Rio Grande do Sul contemporâneo, história, historiografia, memorialistas, locais, memória.
93 – Título: Prazer e Sorte: o jogo do bicho em Porto Alegre(1893-1903)
Autor: Marizete Gasparin
Orientador: Profª. Dr. Janaína Rigo Santin
Banca: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF) e Prof. Dr. José Luis Bolzan de Morais (Unisinos)
Data Defesa: 19/04/2007
Resumo: O jogo do bicho, criado a pouco mais de um século, no Rio de Janeiro, espalhou-se pelo país, ganhando popularidade. Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, presenciou sua chegada, ainda em fins do século XIX, acompanhada pela imprensa e pela lei. O tema dessa dissertação traz uma abordagem inédita sobre a inserção do jogo do bicho em Porto Alegre, entre os anos de 1893 e 1903, possibilitando conhecer a contravenção na região sul. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, elaborada através da análise de diversos documentos: os jornais Gazetinha, O Independente e A Federação, que nesse período noticiaram, juntamente com assuntos referentes a esportes, economia, e crimes, a prática do jogo do bicho; e os Processos-crimes e a Documentação de Polícia, que relataram a realização de apreensões de materiais e indivíduos envolvidos nessa prática. Conhecer as representações construídas em torno do jogo do bicho e como essa atividade refletiu-se na sociedade, na política e na economia porto-alegrense na transição do século XIX para o XX, contribui para a compreensão da existência atual de práticas contraventoras na sociedade. No momento das reformas urbanísticas pautadas no processo de modernização da política republicana, Porto Alegre foi alvo da presença de indústrias e investimentos financeiros, atraindo indivíduos e com eles diversas práticas contraventoras, como por exemplo, o jogo do bicho. A capital Rio-grandense compartilhou de práticas contraventoras existentes em âmbito nacional, mas com peculiaridades próprias, principalmente nas apostas, com novas modalidades e tabelas de bichos. Pobres, ricos, representantes policiais e servidores públicos administrativos, envolveram-se com o jogo do bicho, tornando-o mais que uma paixão, um vício, um sonho, uma oportunidade de ascensão econômica, uma contravenção.
Palavras- chave: Jogo do bicho, Porto Alegre, Contravenção.
94 – Título: Nas Malhas da Lei: mulheres rés em Cascavel na década de 1970
Autor: Vladimir José de Medeiros
Orientador: Prof. Dr. Fernando Camargo
Banca: Profª. Dr. Florence Carboni (UFRGS) e Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho (UPF)
Data Defesa: 25/04/2007
Resumo: O presente trabalho apresenta uma pesquisa acerca da criminalidade feminina na cidade de Cascavel – Paraná, durante o período da década de 1970. Cinco processos-crime da 1ª vara criminal da comarca de Cascavel, previamente selecionados, são as fontes que embasa todo o texto. Esta obra está subdividida em quatro capítulos, nos quais, o primeiro relata os crimes escolhidos; o segundo, analisa as relações de gênero instituídas na cidade; o terceiro, observa o panorama da violência e seus reflexos no município; e o quarto apresenta o cenário constituído: a cidade de Cascavel.
Palavras-chave: mulheres; criminalidade; Cascavel.
95 – Título: “Camilianos no sul do Brasil: da Romatização ao Vaticano II – Iomerê (SC), 1920-1965”
Autor: Iolanda Abati
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Prof. Dr. Artur Isaia (UFSC) e Prof. Dr. João Carlos Tedesco (UPF)
Data Defesa: 05/06/2007
Resumo: Com esse estudo procurou-se observar como se deu participação dos sacerdotes camilianos na introdução das novas orientações organizacionais e devocionais do catolicismo romanizado, evidenciar as principais estratégias utilizadas, a importância do padre nesse processo e sua influência na comunidade. Através da analise dos discursos do clero, principalmente nas reuniões das associações religiosas, verificou-se como os agentes da Igreja Católica conduziam o pensar, o agir e o crer da coletividade local, procurando inferir valores religiosos, morais, sociais, políticos e ideológicos influenciando imageticamente o cotidiano das famílias e da coletividade, objetivando adequar os padrões de conduta religiosa, social, cultural e moral na comunidade de Iomerê.
Palavras Chaves: Igreja Católica; catolicismo romanizado, religiosidade; camilianos; valores religiosos e sociais; crença.
96 – Título: Política Externa Brasileira e a Argentina na Gestão Lauro Müller(1912-1917)
Autor: Marisa Smirdele
Orientador: Prof. Dr Adelar Heisnfeld
Banca: Prof. Dr. Nilson Thomé (UNC) e Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 19/06/2007
Resumo: Lauro Müller é considerado um dos mais importantes políticos catarinenses. Foi eleito como governador de Santa Catarina por quatro vezes, foi deputado federal, senador, Ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas e das Relações Exteriores. Seu nome está gravado em ruas, pontes, praças, grupos escolas e até em um Município de Santa Catarina. Até mesmo na cidade do Rio de Janeiro, seu nome está gravado em lugares públicos. Lauro Müller foi o que podemos chamar de um “Homem de Estado”. Foi nesta condição que esteve à frente do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, de 1912 a 1917. Além de substituir o ícone da diplomacia brasileira, o Barão do Rio Branco, Lauro Müller teve um outro enorme desafio: conduzir a política externa do país diante do primeiro grande conflito do século XX: a Primeira Guerra Mundial. Acusado de germanófilo, foi obrigado a exonerar-se do cargo. Em relação ao continente americano, procurou traçar uma política de maior aproximação com os Estados Unidos, bem como a Argentina. Esta aproximação com a região platina teve seu auge com a assinatura, em 1915, de um Tratado de Cordial Inteligência, visando a solução pacífica de controvérsias internacionais e que envolvia os três mais importantes países da região, Argentina, Brasil e Chile, e ficou conhecido como Tratado do ABC.
Palavras-chave: Lauro Muller. Política externa. Argentina. Brasil. Tratado ABC.
97– Título: Participação Política & Fé: O Papel da Igreja na formação das Organizações Sociais Populares – Região do Alto Uruguai do RS (1974-1990)
Autor: Jonas Seminotti
Orientador: Prof. Dr João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Eduardo Munhoz Svartman (UPF) e Profª. Dr. Silvana Maria Gritti (URI)
Data Defesa: 31/07/2007
Resumo: Esta dissertação consiste numa análise sobre o papel dos setores progressistas da Igreja Católica na formação de lideranças e organizações sociais populares na região Alto Uruguai, em meio à redemocratização do Brasil, entre 1974 e 1990. O objetivo é compreender os fatores que contribuíram para que surgissem destacadas lideranças e organizações de ação social e política na Diocese de Erechim, a partir do trabalho dos setores progressistas da Igreja Católica e de suas mediações correlatas neste período marcado pela censura das liberdades democráticas no país. Concentramos nosso foco entre a segunda metade da década de 1970, por ser o início do processo pela redemocratização do país e toda a década de 1980, por enquadrar o fim do regime militar e a abertura política e ser o período da formação das organizações sociais populares na região Alto Uruguai. O espaço pesquisado é a região Alto Uruguai do RS, também compreendida aqui, como Diocese de Erechim, que é composta por 31 municípios, sendo que apenas Erechim tinha sua população centrada no meio urbano. Os demais municípios eram essencialmente agrícolas, com pequenos agricultores, que viviam em comunidades do interior e pelo seu espírito religioso e participação comunitária, aderiram às mudanças propostas pelos setores progressistas da Igreja, a partir do Concílio Vaticano II e das Conferências de Medellín e Puebla. Para melhor compreender o processo que se desenvolve em âmbito nacional e regional, organizamos o trabalho em três capítulos. O primeiro aborda o contexto brasileiro, do golpe militar à redemocratização, demonstrando como os governos militares trabalharam, no plano político, o período de repressão e, simultaneamente, a fase lenta e gradual de abertura política; também abordamos a atuação das organizações da sociedade civil contrárias ao regime, a luta pela redemocratização e pela conquista de direitos. No segundo capítulo analisamos a atuação dos setores progressistas da Igreja Católica na região Alto Uruguai, os grupos Esquema Dois e Paulo VI, o processo de formação da Escola Diocesana de Servidores, da Pastoral da Juventude e da Pastoral Operária, das quais surgem inúmeras lideranças de ação social e política, especialmente entre os jovens do meio rural; e os conflitos internos entre os setores progressistas e conservadores da Igreja Católica na Diocese. No terceiro capítulo apresentamos, a partir do contexto nacional e da atuação dos setores progressistas da Igreja, como se formam as organizações sociais populares na região Alto Uruguai, entre as quais estão os sindicatos urbanos e rurais do campo da CUT, a Comissão Regional de Atingidos por Barragens (CRAB), o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR), o Centro de Educação Popular (CEPO) e o Partido dos Trabalhadores (PT). Ao realizarmos este estudo, esperamos, contribuir para a maior compreensão dos fatores conjunturais que contribuíram para a redemocratização do país, mas especialmente fazer uma análise mais profunda sobre a formação dos atores de ação social e política na região Alto Uruguai, reflexo do aprofundamento democrático e do novo contexto político e social do país.
Palavras-chave: Religiosidade, política, conflitos, organizações, democrático.
98 – Título: Cativos nas terras dos pantanais. Escravidão e resistência no sul do Mato grosso – séculos 18 e 19
Autor: Zilda Moura Alves
Orientador: Prof. Dr Mário Maestri
Banca: Prof. Dr. Fernando Camargo (UPF) e Profª. Dr. Maria do Carmo Brazil (UFGD)
Data Defesa: 10/08/2007
Resumo: “Cativos nas terras dos pantanais” é um estudo sobre a utilização da mão-de-obra escravizada de africanos ou seus descendentes, em localidades do sul de Mato Grosso nos séculos 18 e 19. Desde o início da formação de pequenos vilarejos, os negros foram o alicerce para o desenvolvimento da região. Esses trabalhadores eram os principais responsáveis pelo desbravamento daquelas áreas: derrubadas de matas, construção de moradias, plantios de roças, lida com animais, etc. Distantes das minas auríferas da região cuiabana, os pequenos povoados do Pantanal sul praticavam uma economia local, voltada sobretudo para os meios de subsistência. Assim, literaturas e crônicas do período estudado, ao registrar a presença dos primeiros moradores locais, contam que estes ali chegaram com seus “escravos”. Os negros, escravizados ou não, também foram utilizados como “Voluntários da Pátria” na Guerra contra o Paraguai. O presente trabalho traz, ainda, um capítulo sobre a feitorização das comunidades nativas do Mato Grosso nos séculos 18 e 19.
Palavras-chave: escravos, nativos, índios, negros na Guerra contra o Paraguai.
99 – Título: “Os Colonos do Papel: trabalhadores pluriativos no Oeste de Santa Catarina – o caso de Faxinal dos Guedes-SC – 1990-2006”
Autor: Claudemir Basquera
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. José Pedro Cabral Cabrera (UNOESC) e Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 10/08/2007
Resumo: O trabalho analisa a questão da pluriatividade no meio rural catarinense, tendo como estudo de caso o fenômeno dos colonos-operários do Oeste de Santa Catarina, usando-se como ponto de partida um exame da conjuntura da agricultura familiar no município de Faxinal dos Guedes e suas transformações recentes, mudando o sentido de compreensão do camponês e suas relações no meio rural. Especificamente, visa-se investigar o histórico da pequena e média propriedade no estado de Santa Catarina, discorrer sobre os problemas existentes nestas, bem como das mudanças ocorridas nos últimos anos, descobrir o que leva o pequeno e médio proprietário a aliar o trabalho em terras ao trabalho erm suas terras ao trabalho assalariado e na mesma linha de pensamento, perceber as mudanças na vida econômica e social dessas famílias e da comunidade envolvida.
Palavras-chave: Pluriatividade. Agricultura familiar.Colonos-operários.
100 – Título: A infância e a Adolecência na colônia alemã de General Osório (1909-1979)
Autor: Dilce Maria Sturmer
Orientador: Prof. Dr Mário Maestri
Banca: Prof. Dr. Eduardo Munhoz Svartman (UPF) e Profª. Dr. Florence Carboni (UFRGS)
Data Defesa: 24/08/2007
Resumo: A história do município de Ibirubá, ex-colônia General Osório, é conseqüência, sobretudo, da imigração alemã no sul do Brasil. A partir de 1824, imigrantes falando dialetos alemães chegaram às “colônias velhas”, instalaram-se em pequenas propriedades e exploraram-nas ao máximo com o trabalho familiar. Tiveram muitos filhos, os quais, no contexto da falta de terra, deram origem às “colônias novas”, em outras regiões do norte do Rio Grande do Sul e, a seguir, fora do Estado. Em 1898, a empresa Dias e Fagundes foi fundada com o objetivo de colonizar uma área de terra adquirida de posseiros e do governo provincial, localizada a leste do Rio Jacuí Mirim. A região passou a ser valorizada após a construção da estrada de ferro Santa Maria-Passo Fundo, que ensejava o fácil escoamento da produção local. No ano seguinte, começaram a chegar os primeiros colonos, vindos das “colônias velhas” e, alguns, diretamente da Alemanha. Até a emancipação do atual município de Ibirubá, em 1955, predominava na colônia a economia de subsistência, destacando a suinocultura e a agricultura familiar. A religiosidade, o trabalho, a escola para os filhos, eram primordiais para os colonos camponeses alemães. Neste contexto, a história particular das crianças e dos adolescentes, objeto da presente dissertação, apresentou-se como um rosário de privações, muito trabalho, castigos severos e, de poucos brinquedos, confeccionados geralmente pelas crianças com as próprias mãos.
Palavras-chave: Imigração, colonização, alemães, infância.
101 – Título: “Modernização do Espaço Urbano e Patrimônio Histórico: Passo Fundo/RS”
Autor: Eduardo Roberto Jordão Knack
Orientador: Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho
Banca: Profª. Dr. Zita Rosane Possamai (UFRGS), Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta (UPF)
Data Defesa: 29/08/2007
Resumo: A situação do patrimônio histórico – arquitetônico de Passo Fundo nos primeiros anos do século XXI é preocupante. A memória edificada perde espaço para um processo de modernização, urbanização e verticalização iniciado em 1950, acentuado em 1970 e 1980 devido a diferentes fatores. Não obstante, o patrimônio protegido por lei sofre com abandono do poder público. Por estar mergulhado em uma conjuntura caótica, torna-se necessário questionar qual é a identidade desses bens patrimoniais e quais são as justificativas históricas para o seu tombamento, bem como a origem desse processo de crescimento, que ameaça parte da história do município. Procurando esclarecer essas, entre outras questões, é possível perceber a construção de um imaginário progressista por parte de políticos e intelectuais da segunda metade do século XX, expresso no título “capital do planalto”. A busca pela modernização, visando o crescimento econômico e urbano da cidade para transformá-la em um centro regional, orientou as políticas de desenvolvimento urbano, impulsionando a construção de edifícios modernos e verticais, que acabaram tornando-se símbolo do progresso urbano. A pesquisa das justificativas históricas contidas nos projetos de lei que determinam o tombamento dos bens patrimoniais de Passo Fundo demonstra que essa memória edificada está ligada a experiências de uma elite política e econômica em busca do crescimento da cidade, para concretizar o imaginário “capital do planalto”. Paradoxalmente, é justamente esse imaginário que constitui a principal ameaça à memória edificada da cidade, inclusive dos bens protegidos por lei. O presente trabalho procura esclarecer até que ponto, de fato, o patrimônio histórico de Passo Fundo representa a identidade e a memória da maioria de seus munícipes ou apenas está ligado a um restrito grupo que esteve a frente da busca pelo objetivo de tornar a cidade a “capital do planalto”.
Palavras – chave: patrimônio histórico, memória, identidade, modernização, capital do planalto.
102 – Título: “Jango e Brizola: tão perto e tão longe (1961-1964)”
Autor: Diego Orgel Dal Bosco Almeida
Orientador: Profª Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Prof. Dr. Helder V. Gordim da Silveira (PUC/RS), Prof. Dr. Eduardo Munhoz Svartman (UPF)
Data Defesa: 30/08/2007
Resumo: Esta dissertação aborda a ação/atuação política de João Goulart e Leonel Brizola nos conturbados anos entre 1961 e 1964. Ambos os políticos, ainda que inseridos nas hostes do trabalhismo e no mesmo partido que era o PTB, guardam em si nuances e peculiaridades significativas, principalmente no que diz respeito à forma de capitanear o discurso do trabalhismo. Isto é, mesmo que muitas vezes orientados para um mesmo objetivo específico, nem sempre as estratégias utilizadas para alcançá-lo convergiam para o mesmo ponto. Assim, esta dissertação busca compreender essas peculiaridades através da recuperação da identidade e da ação desses homens públicos na arena política, cotejando, inicialmente, suas origens sociais e políticas, através da interpretação de alguns elementos de ambas as biografias – de ordem pessoal e política – e, posteriormente, suas ações entre 1961 e 1964, onde a definição de ambas as identidades e perfis de atuação política podem ser verificados de forma mais explícita.
Palavras-chave: articulação – contestação – Trabalhismo – PTB
103 – Título: “A Escola Superior de Guerra e a Doutrina de Segurança Nacional (1949-1966)”
Autor: Ana Paula Lima Tibola
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Prof. Dr. Luciano Aronne de Abreu (PUC/RS), Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 31/08/2007
Resumo: Este trabalho trata da visão de um grupo de militares que se destacou no interior das Forças Armadas. Esse grupo foi responsável pela criação da Escola Superior de Guerra (ESG), um núcleo de estudos estratégicos que se destinou a pensar estratégicos que se destinou a pensar estratégias de segurança e desenvolvimento para o Brasil. Os militares que se aglutinam na ESG formularam a Doutrina de Segurança Nacional (DSU). A finalidade da DSU era estabelecer critérios de atuação para que o Brasil alcançasse e mantivesse os Objetivos Nacionais que deveriam ser a razão última do Estado Nacional. Os principais Objetivos Nacionais, que a escola chamou de Objetivos Nacionais Permanentes (ONP) eram Segurança e Desenvolvimento. A doutrina da escola encontrava fundamento no conceito de guerra total, uma guerra que envolveria a todos os setores da sociedade e por isso dependia de todo o potencial da Nação. A guerra total caracterizava o embate entre as duas potências que haviam iniciado um conflito ideólogico no pós-Segunda Guerra Mundial: a União Soviética e os Estados Unidos. A partir do pensamento da ESG que se analisa a ação dos militares na conjuntura em que se deu o Golpe Militar de 31 de março de 1964. Em 1964, a atuação dos militares da ESG se orientou pela DSN. Com base na doutrina é que se percebe as relações Brasil/URSS e Brasil/EUA, tanto na conspiração golpista quanto nos rumos do primeiro governo militar. Os reflexos desssas relações erampercebidos pelo comportamento do esguianos frente às políticas de governo no Brasil. O trabalho mostra a orejiza da ESG pelos regimes que considerava personalistas, populistas e demagógicos, além da constante preocupação com a infiltração comunista. A intervenção se deu quando a ESG considerou que o governo João Goulart se distanciou no limite máximo da política de governo proposta pela DSN. Com a derrubada de João Goulart, o governo que se estabelece, representado pelo militar e esguiano humberto de Alencar Castelo Branco conduz uma política que procurou se ajustar aos moldes da DSN. Dessa forma o governo Castelo Branco, pautou suas medidas internas, bem como as relações exteriores do país, na doutrina da ESG.
Palavras-chave: ESG, Doutrina de Segurança Nacional, Golpe de 1964.
104 – Título: “A campanha de Nacionalização em Videira: Um tempo para se esquecer”
Autor: Denise Zago
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Pofª. Dr. Eunice Nodari (UFSC), Prof. Dr. Eduardo Munhoz Svartman (UPF)
Data Defesa: 28/09/2007
Resumo: Este estudo sobre a Campanha de Nacionalização do governo de Getúlio Vargas tem como cenário o atual município de Videira, no Meio Oeste catarinense. Partindo da sua formação territorial e concominante ocupação, analisa-se o surgimento das comunidades germânicas na região de Videira no início do século XX. Os imigrantes de origem alemã – e da mesma formaos de origem italiana – aoa se estabelecerem ergueram escolas e igrejas, criaram sociedades e definiram normas de convivência que, aliadas ao isolamento em que viviam, levaram à manutenção da identidade cultural da pátria mãe. Durante o Estado Novo, quando o governose dá conta que a germanidade mantida nestes núcleos existentes no sul do país, conflitava com a idéia de nacionalidade brasileira, dá início à Campanha de Nacionalização. Neste contexto, a população de Videira sente os reflexos da aplicação das leis nacionalizadoras que proibiam o uso do idioma, livros e símbolos estrangeiros. Escolas, igrejas e associações foram fechadas temporiamente e em alguns casos definitivamente. Nos espaços políticos e sociais de articulação entre o local e o nacional destacavam-se como agentes da nacionalização, o Coronel Gasparino Zorzi, Don Daniel Hostin, bispo de Lages e o interventor federal nos estado de Santa Catarina, nereu Ramos. Durante o processo de nacionalização e também nos anos posteriores, as ações dos representantes do governo a nível estadual, Nereu Ramos e a nível federal Getúlio Vargas, repercutiram de forma contraditória no imaginário da população local, enquanto Getúlio Vargas era e ainda é visto como carismático, determinado e um governante com pulso firme, Nereu ramos é descrito como sério, sisudo e antipático, como que atribuindo a responsabilidade da repressão aos estrangeiros somente ao interventor.
Palavras-chave: Estado Novo, nacionalização, germanidade, repressão.
105 – Título: O Olhar dos Cronistas no Jornal da Serra, de Carazinho-RS
Autor: Raquel Inês Zuglianello Sawoff
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Profª. Dr. Sandra Maria do Amaral (Unijuí), Profª Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 05/12/2007
Resumo: No presente estudo pretendemos, através das crônicas Respingos, de Canuto de Souza e Cousas da Cidade, de Afonso Pedro, do Jornal da Serra: Carazinho/RS, analisar a realidade local nas décadas de 30 e 40, buscando também compreender a mediação construída pelas crônicas, ambas criadas por Astério Canuto de Souza, ator político que usou de seu jornal como tribuna, ou seja, instrumento de legitimação de disputas e de poder. O período de recorte desse trabalho operou-se num contexto bastante conturbado, pois no âmbito local ocorreram agitações pré e pós emancipatórias e no nacional toda sorte de pressões e denuncismos que caracterizaram o primeiro governo Vargas, enquanto no plano internacional acontecia a 2ª guerra mundial. Assim, tentemos compreender a interferência dessa estrutura político-social no cotidiano dos carazinhenses, levando em conta as tramas que se criaram, já que na localidade em estudo a presença da etnia alemã foi, desde o início de sua fundação, um traço bastante característico. Então, buscamos analisar como esse traço teuto foi compreendido por parte dos cronistas, considerando que, durante a década de 30, esse jornal foi o único a circular no município e que adotou uma resistência declarada à política localista, personalizada na pessoa de Albino Hillebrand, principalmente depois do racha entre Getúlio Vargas e Flores da Cunha a partir de 1937.
Palavras-chave: Primeiro governo Vargas, imprensa, leitura, história regional.
106 – Título: A Secretaria dos Negócios do Oeste – SNO: as ações do Estado no desenvolvimento regional Catarinense (1963-1992)
Autor: Evaldo Cassol
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Prof. Dr. Elison Paim (Unochapecó), Prof. Dr. João Carlos Tedesco (UPF)
Data Defesa: 05/12/2007
Resumo: Este estudo objetiva identificar as razões que concorreram para a criação, implantação e funcionamento da Secretaria de Estado dos Negócios do Oeste – SNO, bem como analisar o papel do Estado, as ações desenvolvidas pela SNO, suas principais características e os fatores que concorreram para sua extinção. A Secretaria de Estado dos Negócios do Oeste foi criada pelo Governo Celso Ramos, através da Lei nº 3.283 de 17 de agosto de 1963 e implantada em 1º de dezembro do mesmo ano, abrangendo a área do antigo Chapecó, região que fora objeto de disputas: primeiro com a República Argentina e depois entre os Estado de Santa Catarina e Paraná. Esta região ainda pertenceu ao Território Federal do Iguaçu 1943 a 1946. A criação da Secretaria do Oeste se justifica pela falta de ações ou pelo “abandono” da região pelo Estado de Santa Catarina e em função também do movimento emancipacionista pró-Estado do Iguaçu em 1962. A extinção da SNO ocorreu por ato do então Governador do Estado Vilson Pedro Kleinübig em 1992. Justificou-se tal ato, pelo fato de que a SNO já havia cumprido seu papel na região Oeste.
Palavras-chaves: Secretaria de Estado dos Negócios do Oeste, ações do Estado, região, política, integração, emancipação.
107 – Título: A política republicana em Santo Ângelo: a experiência política do Coronel Bráulio Oliveira
Autor: Viviane Leticia Glienke Mariano
Orientador: Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho
Banca: Profª. Dr. Sandra Maria do Amaral (Unijuí), Prof. Dr. Eduardo Munhoz Svartman – (UPF)
Data Defesa: 19/12/2007
Resumo: O presente trabalho de dissertação de mestrado intitulado A política republicana em Santo Ângelo: a experiência política do Coronel Bráulio Oliveira traz à tona a discussão da história política regional. Compreende o período de 1900-1924, no qual Bráulio Oliveira consolidou-se como líder unipessoal da política local e do Partido Republicano Rio-grandense. Tendo como pano de fundo a história política do Rio Grande do Sul, o tema abrange mudanças significativas na sociedade santo-angelense, bem como, a manutenção de uma elite política e o surgimento dos grupos dissidentes dentro do PRR, liderados por Damaso Gomes de Castro. Esses dois líderes dão origem a duas correntes dentro do Partido: braulistas e damistas. Neste contexto, em 1916, assume o poder intendencial Álvaro Silveira. Com a renúncia do então intendente assume Major Quinzote, que finaliza esse quatriênio do poder. Em 1920, Bráulio é novamente eleito intendente, mas seu governo não é mais como antes, a sociedade tinha se modificado, e surgiram novos líderes, membros dessa dissidência que leva à Revolução de 1923.
Palavras-chave: política, local, castilhismo, coronelismo, elite.
108 – Título: Razões da Escravidão: história, historiografia e mitos
Autor: Hemerson Josias da Silva Ferreira
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Profª. Dr. Adriana Facina Gurgel do Amaral (UFF), Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta (UPF)
Data Defesa: 21/12/2007
Resumo: Este trabalho trata dos mitos utilizados pelos escravizadores e intelectuais a eles ligados para justificar e defender a escravidão, apresentados desde os primeiros textos, artigos e livros surgidos na Antigüidade até as obras historiográficas mais recentes produzidas no Brasil ao final do século 20, analisando como alguns escritores viram e descreveram o trabalho escravizado e quais argumentos, teorias, discursos e sobretudo os principais mitos utilizados por eles persistiram até o início de 1990.
Palavras-chave: escravidão, história, mitos, ideologia.
109 – Título: A Felicidade Propagada: publicidade, história e imaginário de consumo em Passo Fundo – RS
Autor: Cleber Nelson Dalbosco
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Profª. Dr. Ada Cristina Machado Silveira (UFSM), Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin (UPF)
Data Defesa: 09/01/2008
Resumo: Ao fazer o uso de anúncios publicitários veiculados no jornal local O Nacional, durante o fim dos anos 1960 e principiar da década de 1970, o presente trabalho pretende indicar algumas características relacionadas ao contexto da sociedade de Passo Fundo que servem para compreender as relações efetivadas pela sedução publicitária; identificando manifestações do período em que foram elaborados e veiculados, ao mesmo tempo, que capacitam a compreensão de noções ambicionadas pelos indivíduos como: “conforto”, “modernidade”, preservação de recursos econômico-financeiros.
Palavras-chave: imaginários sociais, imaginário de consumo, publicidade, cotidiano e poder.
110 – Título: A representação cultural gauchesca do município de Passo Fundo
Autor: João Vicente Ribas
Orientador: Prof. Dr. Tau Golin.
Banca: Profª. Dr. Ada Cristina Machado Silveira (UFSM), Prof. Dr. Eduardo Munhoz Svartman (UPF)
Data Defesa: 10/01/2008
Resumo: A representação do município de Passo Fundo através de uma identidade gauchesca é o tema desta dissertação. Estão incluídos na pesquisa os agentes e espaços engajados na invenção e reprodução dessa identidade na cidade, nos âmbitos culturais, políticos e midiáticos, como forma de representação da municipalidade. São analisados livros de história, eventos, cobertura de imprensa e projetos políticos que tratam da questão, desde a fundação do primeiro Centro de Tradições Gaúchas, em 1952, passando pela gravação do filme “Gaúcho de Passo Fundo” de Teixeirinha, até as comemorações do aniversário de 150 anos de emancipação política do município, em 2007.
Palavras-chave: História do Rio Grande do Sul. Passo Fundo. Gauchismo. Política Cultural. Identidade.
111 – Título: As miniaturas na imaginária missioneira: O acervo do Museu Monsenhor Estanislau Wolski
Autor: Jacqueline Ahlert
Orientador: Prof. Dr. Tau Golin.
Banca: Profª. Dr. Graciela Rene Ormezzano (UPF), Prof. Dr. Claudio Boeira Garcia (Unijuí)
Data Defesa: 10/01/2008
Resumo: Neste trabalho são analisadas as miniaturas remanescentes da cultura material das Missões jesuítico-guaranis em exposição no Museu Monsenhor Estanislau Wolski, localizado na cidade de Santo Antônio das Missões, Rio Grande do Sul, Brasil. Essas imagens de santos, da Virgem e de Cristo, produzidas por índios guaranis e missionários jesuítas entre os séculos XVII e XVIII na Província Jesuítica do Paraguai, não são compreendidas somente como objetos produzidos em tempos passados, mas nas diferentes representações entre o material e o imaginário construído pelos níveis de relacionamento socioculturais que se fizeram presentes: autoridade colonial espanhola, Igreja Católica, índios guaranis e missionários, e que confluíram para a concretização de um estilo missioneiro de arte, com características oriundas de uma raiz mestiça, onde a intervenção do guarani introduziu os ícones cristãos na historicidade que define a formação de um estilo construído a partir de ressignificações e interpretações fortemente marcadas pela cultura ancestral anímica guarani. Essas representações são estudadas à luz do contexto de um processo de negociações decorrente do contato intercultural entre europeus e ameríndios e, neste sentido, sobre as balizas de fronteiras culturais e geográficas. A força persuasiva da didática barroca, que permeava a ambiência reducional, e a lógica contra-reformista de ampliação dos domínios católicos também são consideradas na perspectiva da incorporação dos preceitos cristãos. As miniaturas evidenciam a transposição do ambiente sagrado da Igreja para o espaço individual do culto doméstico. No espaço da subjetividade a estética autóctone logrou emergir, ressimbolizando a iconografia católica.
Palavras-chave: imaginária guarani-missioneira, miniaturas, mestiçagem, religiosidade, representação.
112 – Título: Sim ou Não: A luta política pela emancipação do município de Marau e as disputas pelo poder
Autor: Eliane Aguirre
Orientador: Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho
Banca: Profª. Dr. Thaís Janaína Wenczenovicz (UPF), Eduardo Munhoz Svartman (UPF)
Data Defesa: 15/01/2008
Resumo: Este estudo apresenta uma abordagem das disputas políticas ocorridas no município de Marau verificadas durante o movimento emancipacionista, entre 1945 e 1955, e posterior a ele. A delimitação temporal, entretanto, que se inicia com o fim do Estado Novo estende-se até a década de 1980, no período da redemocratização, após o fim da ditadura militar, no início da abertura política. O trabalho também aborda o papel da Igreja Católica na luta política local, assim como a característica étnica do lugar, determinada pela presença de descendentes de italianos. Outro tópico na presente dissertação diz respeito aos embates políticos locais verificados no período da ditadura militar, especialmente no que concerne às legislaturas ocorridas após a emancipação político-administrativa. Frente a este contexto, objetiva-se mostrar a luta pelo poder político local, uma vez que o PSD consistia na maior força eleitoral no então distrito de Marau, enquanto o PTB está no comando da prefeitura do município, em Passo Fundo. Assim, na conquista pela autonomia municipal de Marau, diferentes atores políticos articularam-se das mais variadas formas, revelando que o jogo político extrapola as dimensões tradicionais, abarcando a sociedade em toda complexidade que a compõe.
Palavras-chave: Marau, história, emancipação política, partidos políticos.
113 – Título: A (Re)Construção da Italianidade no Norte do Estado do Rio Grande do Sul – Viadutos (1910 – 1970)
Autor: Marilei Veroneze
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Profª. Dr. Maria Catarina Chitolina Zanini (UFSM), Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta (UPF)
Data Defesa: 29/02/2008
Resumo: A presente dissertação tem como objetivo compreender o processo de (re) construção da categoria da italianidade no Norte do estado do Rio Grande do Sul, especificamente na localidade de Viadutos, no período de 1910 a 1970, onde as relações interétnicas são vividas no cotidiano, pois a região é constituída de vários grupos étnicos. Para isso, estuda os elementos que (re)constroem a italianidade na relação de alteridade estabelecida com os “outros”. Através do estudo dos elementos pelos quais a categoria da italianidade se construiu e se constrói, evidencia sua manifestação e exaltação na relação interétnica, bem como a afirmação e construção da idéia positiva que a envolve, ou seja, de representar supremacia étnica na localidade de Viadutos e para o contexto-sistema. É pelo estudo da (re)construção da italianidade, por meio da relação interétnica, que se podem compreender as motivações que conduzem a italianidade a ser reconhecida pelos identificáveis como supremacia étnica.
Palavras-chave: italianidade, relação interétnica, supremacia étnica.
114 – Título: O Frigorífico Vacariense e os Campos de Cima da Serra: políticas públicas e história econômica regional (1964-1997)
Autor: Isabel Carneiro Almeida
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Roberto Radünz (Unisc), Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho (UPF)
Data Defesa: 27/03/2008
Resumo: Este trabalho de pesquisa consiste numa análise histórica do objeto de estudos Frigorífico Vacariense S/A, o qual era uma empresa de grande porte, cujo ramo era o abate de gado bovino em grande escala, corte e refrigeração para a comercialização, instalado nos Campos de Cima da Serra, em Vacaria, no Rio Grande do Sul, em 1966, sob a égide da “economia desenvolvimentista”, caracterizada pelo regime de ditadura militar no Brasil dos anos 1964 a 1985. O trabalho é realizado através da utilização da história oral, história empresarial e história e imagem, com o objetivo de averiguar a origem do objeto de estudo e desvelar as relações existentes entre os sujeitos da história e este vetor de relações entre os atores e suas instituições num cenário ermo, desprovido de emprego, de indivíduos com especialização. A pesquisa revela aspectos do que acontece na prática quando um modelo econômico intervencionista é aplicado através de leis que garantem o financiamento de abertura de novos empregos e distribuição de alimentos com intervenção do Estado. Procura-se elucidar os pontos positivos e negativos à sociedade pela aplicação deste modelo pautado na proteção do mercado e intervenção na economia, levantando as conseqüências da sua utilização. Aborda aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais, que envolveram a criação do Friva e o mantiveram por três décadas como organismo social, empreendedor e fornecedor de empregos à sociedade regional. Preservou-se visualmente sua memória material documentando fotograficamente o acervo. Evidenciando sua importância como símbolo de uma época em que a pecuária era a atividade econômica principal na região, na qual se tornou um ícone de ascensão.
Palavras-chave: frigorífico, desenvolvimentismo, intervencionismo, história regional.
115 – Título: A Revista A Família Cristã e o Discurso Anti-comunista (1960-64)
Autor: Silvia Regina Etges Rabusky
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Profª. Dr. Silvia Maria Fávero Arend (Udesc), Prof. Dr. João Carlos Tedesco (UPF)
Data Defesa: 18/04/2008
Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar as manifestações do anticomunismo católico, veiculadas especificamente na revista A Família Cristã, no período 1960-1964. Essa Revista passou a ser publicada no Brasil a partir de 1934, sob inspiração da Revista italiana Famiglia Cristiana, de onde vieram alguns artigos, traduzidos e adaptados para a realidade brasileira. A Revista A Família Cristã tinha como missão precípua a “evangelização através da imprensa”. Nesse sentido, era dirigida à família, notadamente à mulher, constituindo-se seu principal público leitor. A veiculação de conteúdos relacionados aos valores sociais e morais era freqüente na Revista A Família Cristã e consistia em modelos de comportamentos esperados e pautados em diretrizes e valores fornecidos doutrinariamente pela religião. Em um contexto histórico em que prevaleciam as diretrizes ideológicas da Guerra Fria, o periódico fazia um ataque contundente ao comunismo, visto que este, na visão da Revista, representava uma ameaça aos fundamentos básicos da religião. No contexto em análise, a ameaça comunista era algo presente no imaginário social e, por isso, as propostas de reformar o capitalismo, muitas vezes, soaram de modo radical. Contudo, a postura de combate à pobreza e de indignação ao sistema vigente, adotada pela Igreja católica, tinha como objetivo preservar a população da influência comunista. Para isso, exigiam-se importantes reformas sócio-econômicas. Assim, as reformas de base, propostas pelo governo Jango, foram amplamente apoiadas pela hierarquia católica, à frente da CNBB. Salienta-se, porém, que, no período abordado, a Igreja Católica não adotava uma postura coesa quanto à necessidade de reformas. Nesse período, destacaram-se três correntes no interior da Igreja: os tradicionalistas, os modernizadores conservadores e os reformistas. Acredita-se, pela análise das reportagens veiculadas pela Revista A Família Cristã, no período em questão, que seja possível enquadrá-la no grupo dos modernizadores-conservadores, que era a facção dominante na Igreja desde a década de 1950.
116 – Título: Anos de Chumbo: rock e repressão durante o AI-5
Autor: Alexandre Saggiorato
Orientador: Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho
Banca: Prof. Dr. Sílvio Marcus de Souza Correa (Unisc), Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta (UPF)
Data Defesa: 22/04/2008
Resumo: Esta dissertação apresenta um estudo sobre o rock produzido no Brasil durante a ditadura militar, mais precisamente no período de maior repressão e censura causada pelo Ato Institucional Nº5 (AI-5), dentro de uma perspectiva da transgressão comportamental da censura moral do regime militar e da tentativa de engajamento artístico exercido por parte da esquerda. Contudo, será explorada a obra e a conduta de alguns grupos de rock existentes no período, dentre os quais serão destacados: Novos Baianos, Casa das Máquinas e O Terço, sendo através da construção social desses, que investigaremos os efeitos da repressão no rock brasileiro dos anos 1970, constatando de que maneira os artistas atuaram na época.
117 – Título: O “Monstro de Erechim”: um estudo de caso sobre o imaginário do medo (1980)
Autor: Humberto José da Rocha
Orientador: Profª. Dr. Janaína Rigo Santin
Banca: Prof. Dr. Mozart Linhares da Silva (Unisc), Prof. Dr. Mário José Maestri (UPF)
Data Defesa: 25/04/2008
Resumo: Esta dissertação aborda uma série de crimes ocorridos na cidade de Erechim-RS na década de 1980 cometidos por um homem chamado Luiz Baú, que pelo perfil desses crimes, ficaria conhecido em todo o estado como o “monstro de Erechim”. Além da narrativa histórica em torno dos crimes, onde considera-se o contexto histórico da época, este trabalho busca também analisar a repercussão destes crimes nos aspectos sociológico, psicológico e jurídico. Inicialmente, recorrendo principalmente à psicologia, apresenta-se um quadro geral que teria condicionado o protagonista a se tornar um criminoso, além de apresentar o primeiro crime de uma série. Preso por este crime, analisa-se o período de cárcere no Presídio Estadual de Erechim, para tal, recorre-se principalmente ao Direito. Com a fuga do protagonista do presídio, remonta-se o período em que esteve solto pelo município de Erechim, momento em que cometeria quatro assassinatos, tendo uma influência significativa no imaginário popular da cidade. Novamente preso, procura-se analisar a eminência do linchamento por parte da população de Erechim, e a conseqüente remoção do acusado para o Instituto Psiquiátrico Forense, em Porto Alegre. A partir do internamento no Instituto, procura-se discutir como o caso foi tratado pela justiça e pela memória da população de Erechim. Finalmente, aponta-se para o desfecho do caso.
Palavras-chave: Imaginário, medo, memória, crime
118 – Título: Relações de Poder: Getúlio Vargas e Borges de Medeiros
Autor: Jonas Balbinot
Orientador: Profª. Dr. Janaína Rigo Santin
Banca: Prof. Dr. Luciano Aronne de Abreu (PUC/RS), Prof. Dr. Eduardo Munhoz Svartman (UPF)
Data Defesa: 05/05/2008
Resumo: O presente trabalho se propõe a estudar o período de 1922 até 1928 analisando a trajetória política de Borges de Medeiros e Getúlio Vargas, traçando-se um paralelo entre a atuação desses dois políticos. Faz-se uma breve retrospectiva biográfica dos dois personagens, buscando entender sua formação no campo político: Borges de Medeiros nos chamados Republicanos Históricos e Getúlio Vargas na Geração de 1907.Em 1922 Getúlio Vargas assume o cargo de deputado federal enquanto Borges de Medeiros assume o governo do Estado do Rio Grande do Sul pela quinta vez. Contrariando essa manutenção constante do poder as oposições entram em conflito com a situação. A revolta de 1923, e mais diretamente seu pacto de pacificação, iniciam um processo de quebra de poder de Borges de Medeiros, o qual é agravado com as mudanças na constituição federal, em que os poderes dos Estados são reduzidos. Enquanto Borges de Medeiros vai gradativamente perdendo sua força na política gaúcha Getúlio Vargas vai se destacando, inicialmente na deputação federal e em seguida ocupando o cargo no ministério da fazenda, desenvolvendo sempre trabalho em defesa dos interesses do Estado, mas não deixando de ao mesmo tempo solidificar sua imagem com ações que o credenciavam a ser um político mais conciliador. A atitude por ele adotada diante das oposições causou boa impressão na política estadual. Em 1927, quando aconteceram as eleições para presidente do Estado do Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros estava impossibilitado de concorrer pelo pacto de Pedras Altas. Por sua vez, Getúlio Vargas, devido à sua ação política, credenciava-se ao cargo. Logo, foi indicado ao cargo, mas não sem sofrer oposições.Com a eleição de Getúlio Vargas marcou-se mais um importante passo no processo que mudaria os rumos da política gaúcha e nacional, o qual foi iniciado em 1923 e finalizado com a revolução de 1930.
119 – Título: “Interfaces da Colonização do Oeste Catarinense: a antiga Fazenda Rodeio Bonito (1920-1954)”
Autor: Valdirene Chitolina
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Artur Cesar Isaia (UFSC), Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 09/05/2008
Resumo: Esta pesquisa investiga as interfaces da colonização do oeste catarinense, ancorando-se no processo colonizador da antiga fazenda Rodeio Bonito, conduzido pela subcolonizadora Irmãos Lunardi, entre 1920 e 1954. Justifica-se por certo avanço na historiografia regional no que tange a formação territorial de Coronel Martins, Entre Rios, Galvão, Ipuaçu, Jupiá, Lajeado Grande, Marema, São Domingos e Xaxim. A questão norteadora desta investigação, ancorando-se na história regional, ocupa-se das particularidades que envolveram a antiga fazenda Rodeio Bonito para mostrar as marcas identitárias que transcenderam o meramente geográfico e que envolveram o cultural, o econômico, o político e a historicidade de diferentes grupos sociais que se fixaram nessa região em decorrência do processo colonizador. Para tanto, faz-se uso da análise documental, bibliográfica e vale-se de memórias orais de caboclos e migrantes que protagonizaram esse processo. Objetiva diagnosticar as disputas territoriais; a organização sociocultural dos caboclos; a trajetória dos migrantes rio-grandenses para o oeste de Santa Catarina; a ação das colonizadoras; a reconstrução de espaços sociais, viários, econômicos, sanitários e domésticos dos migrantes nas novas terras; a operacionalização da Igreja Católica e do Estado no processo colonizador. Os resultados evidenciam que as disputas territoriais desencadearam a colonização oestina; que a postura do Estado e das companhias colonizadoras foi determinante para a apropriação das terras por parte dos migrantes, ao passo que, os caboclos foram lícita ou ilicitamente afastados das áreas que ocupavam; que a fazenda Rodeio Bonito, antiga propriedade da baronesa de Limeira, foi concedida pelo Estado à colonizadora Bertaso, Maia & Cia. como pagamento pela construção da estrada entre Passo dos Índios e Goio-En; em 1920, essa área foi vendida à subcolonizadora Irmãos Lunardi, a qual partiu para a colonização controlada, demarcando lotes destinados principalmente à policultura familiar e à exploração da madeira. Os compradores das terras eram essencialmente de Guaporé, Veranópolis, Antônio Prado, Getúlio Vargas e Fagundes Varela, no Rio Grande do Sul. Além disso, o estudo constata a operacionalização da Igreja Católica, dos educandários religiosos e do Estado na expansão da brasilidade e do catolicismo romanizado numa área que metaforicamente se transformou numa trincheira católica. De maneira singular, evidencia também a complexa teia de interesses das forças locais e regionais na evolução jurídico-administrativa de antiga fazenda Rodeio Bonito para município de Xaxim.
Palavras-chave: Caboclos. Colonização. Ítalos. Migração. Oeste. Rodeio Bonito
120 – Título: “Educação indígena: fronteiras culturais e inclusão social - análise da Terra Indígena Xapecó”
Autor: Claudio Luiz Orço
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Profª. Dr. Thaís Janaina Wenczenovicz (UNOESC/SC), Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 23/05/2008
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar as políticas de educação indígena e sua compreensão/articulação com a Escola Indígena de Educação Básica Cacique Vanhkre e a comunidade representada no movimento social indígena Aika. Nesse sentido, a partir de uma aproximação entre a história e a antropologia, buscamos problematizar, neste trabalho, a escola indígena como um espaço de fronteiras culturais. Especificamente, foi analisado o caso da Escola Indígena de Educação Básica Cacique Vanhkre, localizada na Terra Indígena Xapecó, Oeste de Santa Catarina. No primeiro capítulo de nosso trabalho, buscamos trazer à tona as imagens construídas do índio pela ótica do “outro”, em diferentes momentos e períodos do processo de constituição/formação da sociedade brasileira. No segundo capítulo, optamos por discutir as concepções de escola e as políticas desenvolvidas pelo Estado para os índios, em diferentes contextos históricos sociais. No terceiro capítulo, foram analisadas as formas de articulação da comunidade Kaingang da Terra Indígena Xapecó no conjunto do movimento social indígena, seus desdobramentos em ações reivindicatórias dos direitos indígenas, sobretudo no que se refere ao direito à educação. Podemos concluir apontando para a desarticulação existente entre as políticas públicas de educação indígena, as práticas efetivas de educação indígena na Escola Indígena de Educação Básica Cacique Vanhkre e as demandas do movimento social indígena Aika.
Palavras-chave: Educação indígena, Kaingang, políticas públicas, movimentos sociais indígenas.
121 – Título: “Partido Social Democrático: Formação e Fragmentação em Passo Fundo (1945-1950)”
Autor: Isaura de Moura Gatti
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Munhoz Svartman
Banca: Profª. Dr. Mercedes Cánepa (UFRGS), Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 16/06/2008
Resumo: Este trabalho apresenta a trajetória do Partido Social Democrático na cidade de Passo Fundo, tendo em vista as relações assimétricas de poder na composição das instituições político-partidárias riograndenses e as relações a nível nacional. O recorte temporal compreende a formação dos partidos políticos em 1945 até as eleições de 1950. Passando por momentos que caracterizam a trajetória do partido como: a demissão das fileiras partidárias pessedistas de políticos trabalhistas agravando a distância entre as linhas dutristas e getulistas; a formação da Ala Trabalhista nas hostes internas do partido, o que originou movimento queremista, e por fim, o processo de “desgetulização” do PSD, com a separação dos autonomistas. Seu objetivo principal está em ilustrar as disputas internas entre pessedistas com status político de destaque regional como: Telmo Azambuja, Nicolau Vergueiro, Arthur Ferreira Filho, Túlio da Fontoura e Antonio Bittencourt Azambuja. Desse modo, através da trajetória do Partido Social Democrático local, é possível mapear sua posição referente aos graus de instância dos diretórios, alinhando-se ora nacionalmente, ora estadualmente, o que influi no comportamento do sistema partidário como um todo.
Palavras-chave: Partido Social Democrático, Passo Fundo, partidos políticos, estadual, nacional e local.
122 – Título: “A fazenda pastoril na República Velha rio-grandense: da crise econômica à criação da FARSUL”
Autor: Rosângela de Cássia Comassetto Pedroso
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Prof. Dr. Paulo Marcos Esselin (UFMS), Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 14/08/2008
Resumo: O presente trabalho tem como principal objetivo analisar o papel na sociedade rio-grandense da fazenda pastoril e da classe pecuarista, durante o período da República Velha, e as razões da crise que esse setor viveu no período, assim como a fundação da FARSUL. Inicialmente, o estudo aborda a entrada dos primeiros animais no Estado e a estrutura social da fazenda pastoril. Analisa, a seguir, a formação dos partidos políticos dos criadores pastoris e os principais sucessos conhecidos pela fazenda pastoril sulina durante a República Velha. Enfatiza a situação de crise enfrentada pelos estancieiros, como as tentativas de superarem a crise que envolvia a pecuária no pós - 1ª guerra. Aborda, finalmente, o Congresso de Criadores, evento que deu início à criação da FARSUL, como principal representante da classe dos estancieiros no Rio Grande do Sul.
Palavras-chave: fazenda pastoril, elite pastoril, crise, FARSUL
123 – Título: O Grande e Velho Erechim: ocupação e colonização do povoado de Formigas (1908-1960)
Autor: Jane Gorete Seminotti Giaretta
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Profª. Dr. Isabel Rosa Gritti (URI), Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 23/05/2008
Resumo: Em 1908, com base na política econômica positivista, instituiu-se a ordem como fator de progresso, e o Estado, através das comissões de terras e colonização, baseadas nos princípios da Lei de Terras, passou a administrar as terras públicas, denominadas “devolutas”, demarcando-as e disponibilizando os lotes apenas para a venda. Então, a terra que se encontrava ocupada por índios e caboclos pelo princípio de intrusão sofreu redefinições, sobretudo com a introdução do imigrante europeu. Esta dissertação consiste numa análise sobre a ocupação/desocupação da terra na região Alto Uruguai, que compreende a colônia Erechim e o povoado de secção Formigas, no período de 1908 a 1960. Para tanto vale-se da análise de documentos governamentais (requerimentos de posseiros, descendentes europeus, ofícios de governo, relatórios da comissão de Terras Públicas, confrontados com depoimentos orais e demais bibliografias que embasam o tema. O fio condutor do estudo são as redefinições dadas à terra no decorrer do período, as formas de exclusão que afetaram, primeiro o índio e o caboclo e, posteriormente, o pequeno agricultor e as indústrias coloniais. Assim, conclui que a região do Alto Uruguai iniciou o processo de privatização da terra em 1908 com base no plano do governo positivista, mas em 1950 e 1960 uma nova política econômica afetou o Brasil e negou o acesso à terra de parcela da população do campo. A pesquisa permitiu conhecer e compreender, além dos fatores que dinamizaram a colônia Erechim e secção Formigas, a história silenciada das primeiras etnias que ocuparam a região Alto Uruguai.
Palavras-chave: Colonização. Colônia Erechim. Secção Formigas. Intrusão. Terra. Ocupação. Região Alto Uruguai.
124 – Título: “Os colono só trabalha [...] A colônia Rio Uruguay: Aspectos da atuação das companhias colonizadoras entre 1920-50”
Autor: Carlos Fernando Comassetto
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Prof. Dr. Paulo Pinheiro Machado (UFSC), Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 27/08/2008
Resumo: O avanço do capitalismo na Europa motivou a migração interna no continente e a travessia transoceânica de trabalhadores, sobretudo rurais, para a América. No Brasil, a Lei de Terras, de 1850-54, marcou o fim da concessão gratuita de terras e abriu caminho para a especulação imobiliária privada. A partir das primeiras décadas do século 20, a ocupação territorial da região oeste de Santa Catarina ocorreu principalmente com a atuação das companhias particulares de colonização. A comercialização de terras trouxe a lógica da acumulação capitalista. O objetivo principal da presente dissertação é estudar a atuação das companhias colonizadoras e do movimento migratório que promoveram a ocupação da região do Alto Uruguai catarinense, entre 1920 e 1950, por colonos-camponeses, tendo como eixo de análise a Colônia Rio Uruguay.
Palavras-chave: terra, propriedade, colonização, companhia colonizadora, Alto Uruguai
125 – Título: “A CONSTRUÇAO DO IMAGINÁRIO ANTICOMUNISTA EM PASSO FUNDO: o olhar da imprensa sobre o final da Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra Fria”
Autor: José Altemir da Luz Ferron
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Profª. Dr. Thaís Janaina Wenczenovicz (Unoesc), Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho (UPF)
Data Defesa: 11/09/2008
Resumo: Tendo como pano de fundo o momento internacional, nacional e regional na década de 1940, este trabalho tem o intuito de observar a apreensão da sociedade regional em relação ao final da Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra Fria, utilizando a imprensa escrita como mediadora. As informações que chegavam até a sociedade passo-fundense tinham como base, notas, reportagens, artigos e opiniões que, eram veiculadas pelos jornais O Nacional e Diário da Manhã. O recorte temporal deste trabalho compreende o período que vai de 1945 a 1949, e procura observar como temáticas vinculadas à situação internacional tinham influência no meio regional. A pesquisa objetiva mostrar como a imprensa de Passo Fundo, representada pelos dois jornais, vai abordar os principais acontecimentos relacionamentos ao final da Segunda Guerra Mundial e ao início da Guerra Fria e como isso vai resultar numa campanha para a formação de um imaginário político-ideológico regional que tinha o anticomunismo como objeto principal.
Palavras-chave: Imprensa - Segunda Guerra Mundial - Guerra Fria – imaginário anticomunista.
126 – Título: “De Borges a Getúlio: a transição política nas páginas de O Nacional (1923-1930)”
Autor: Aline Brandt
Orientador: Profª. Dr Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Profª. Sandra Maria do Amaral (Unijuí), Mário Maestri (UPF)
Data Defesa: 19/09/2008
Resumo: O presente estudo coloca em foco os acontecimentos que acarretaram as revoluções de 1923 e 1930. Reúne uma expressiva gama de informações sobre as estratégias políticas da época. Prioriza-se, no entanto, a região norte do Rio Grande do Sul, porque praticamente todo o estudo é baseado na ótica do jornal “O Nacional”, sediado em Passo Fundo. Faz-se uma retrospectiva histórica com o intuito de mostrar a divisão política ocorrida no estado depois da proclamação da República. Os republicanos, a maioria do norte do estado, ascendiam ao poder estadual mesmo sendo minoria. Para fazer frente a esse poderio, os grandes fazendeiros da campanha investiram, durante longos anos, em uma sistemática oposição. Borges de Medeiros comandou o governo do Rio Grande do Sul por 25 anos. A região norte foi a grande responsável pela sua longa permanência no poder.Com a Revolução de 1923 e a insatisfação latente das alas oposicionistas o poder de Borges de Medeiros começou a declinar. O acordo que cessou os movimentos revolucionários também impediu Borges de Medeiros de continuar disputando o cargo de presidente do estado. O chamado “Pacto de Pedras Altas”, cabe frisar, pôs fim à “Era Borges”. Getúlio Vargas despontou como favorito à sucessão de Borges de Medeiros. Seu nome foi lançado nas eleições de 1927. Nessa oportunidade a oposição não lançou candidato e, como os republicanos, apoiou Getúlio Vargas. Getúlio Vargas governou o Rio Grande do Sul por dois anos. Já em 1930 concorreu à presidência do Brasil, com apoio de Minas Gerais e Paraíba. Foi derrotado nas urnas. Mesmo assim ascendeu ao cargo maior da nação através de um movimento armado.
Palavras-Chave: Borges de Medeiros, Getúlio Vargas, política, borgismo, oposição
127 – Título: “Entre Desterro e Florianópolis... da Ribalta à Bancada: Aspectos da sociedade desterrense e florianopolitana no século XIX, vistos a partir de seus espetáculos”
Autor: João Baptista Giachini Fabrin
Orientador: Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho
Banca: Profª. Dr. Vera Regina Martins Collaço (UDESC), Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta (UPF)
Data Defesa: 24/09/2008
Resumo: Na dissertação que segue, é apresentado um estudo da sociedade oitocentista da Ilha de Santa Catarina, vista por meio de alguns de seus espetáculos e divertimentos. Mostra-se de que maneira alguns dos espetáculos e outras práticas sociais e econômicas efetuadas pelas elites irão culminar nas medidas de saneamento, urbanização, modernização e ordenamento da cidade, enfatizando, devido a essas práticas, como os populares, suas vidas, seus hábitos e espetáculos de diversão foram passíveis de uma tentativa de controle, de regramento por parte das elites. Divide-se o trabalho em dois eixos principais, aos quais foram acrescentadas análises pertinentes dando corpo à obra: os espetáculos destinados às elites e aqueles designados às classes populares. Do primeiro eixo se sobressai, entre bailes e festas de salões particulares e jantares sociais, o teatro, todo ele de caráter elitista, particular e amadorístico, exceto pelas parcas visitas de companhias teatrais profissionais que atracavam nos portos da Ilha. Percebem-se, então, nos espetáculos de palco, as Sociedades Dramáticas Particulares, as companhias profissionais, as principais casas de espetáculo e os espaços adaptados para a empreitada teatral. Cabe à segunda parte temática relacionar e analisar os espetáculos que são dedicados às classes populares, às quais não é permitido o acesso aos espetáculos de teatro. Surge, assim, dos bairros mais pobres da antiga Nossa Senhora do Desterro (Florianópolis), divertimentos variados entre os quais figuram circos, cosmoramas, prestidigitações (espetáculos de magia), polioramas, brigas de galo, touradas, ratos amestrados e outros mais. Por fim, o trabalho percebe no teatro elitista, um caráter, um desejo, um projeto almejado por parte das classes mais privilegiadas, entre elas a burguesia comercial e administrativa emergentes, um intento moralizador, modernizador de caráter civilizatório que perpetra por seus salões e que irá culminar, em fins do século XIX e início do XX, em práticas e discursos que abrangiam valores de civilização e progresso desejados para a cidade e sua população. Valores estes pautados num projeto nacional (inspirado num modelo burguês europeu de comportamento) que tinha como exemplo substancial as transformações urbanas acontecidas na virada do século XIX para o XX, baseadas na ideologia de uma higienização social, a qual acometeu, inicialmente, a cidade do Rio de Janeiro, capital do país, , a partir da qual se buscou para a nação, um conceito de civilização que abrangia o ideal de embranquecimento, entre outros, intentado através da entrada de imigrantes no país e do “esquecimento” daqueles que se enquadravam má condição social menos favorável, a começar pelos ex-escravos, recém libertos pela Lei Áurea. O estudo final se dá pela análise de parte da obra do dramaturgo catarinense Horácio Nunes Pires, na qual são percebidos diversos costumes e práticas de sua sociedade.
Palavras-chave: Teatro, espetáculos elitistas e populares, Nossa Senhora do Desterro, Florianópolis, Horácio Nunes Pires.
128 – Título: “O coronel e os prelos: relações entre imprensa e poder em Passo Fundo”
Autor: Cristiane Indiara Vernes Miglioranza
Orientador: Prof. Dr Haroldo Loguercio Carvalho
Banca: Prof. Dr. Gunter Axt (pesquisador associado da USP), Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 30/09/2008
Resumo: Gervásio Annes foi um ator com vários papéis desempenhados concomitantemente: político, jornalista, advogado, comerciante. Acompanhar sua vida pública oferece um panorama ainda inexplorado das relações de poder em Passo Fundo e no estado e do uso de novos mecanismos – como a imprensa – para a consolidação de uma ideologia e de uma elite em uma posição preponderante. Imprensa esta que despontava em diversas cidades do Rio Grande do Sul, impulsionada pelo planejamento político do Partido Republicano Rio-Grandense. O republicanismo brasileiro – do qual se sobressaíram duas vertentes: a liberal e a de inspiração positivista – serve como pano de fundo para a análise regional e local da consolidação simbólica do castilhismo, tendo por amparo e como fomento as penas, prelos e páginas do jornal.
Palavras-chave: imprensa política, castilhismo, relações de poder
129 – Título: “Tierra esclavizada – El Norte Uruguaio em la primera mitad del siglo 19”
Autor: Eduardo Ramon Palermo Lopez
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Profª. Dr. Sandra Fernandez (Universidade de Rosário/ARG), Prof. Dr. Eduardo Munhoz Svartman (UPF)
Data Defesa: 27/11/2008
Resumo: El presente trabajo trata sobre la introducción y utilización de trabajadores esclavizados en las estancias del Río de la Plata desde los inicios del período colonizador europeo en el siglo 16. Particularmente se centra en el uso intensivo de mano de obra esclavizada en la campaña de la Banda Oriental, en la frontera norte uruguaya, fronteriza con Brasil, durante el siglo 18 y 19. Se analiza el proceso de población de la actual frontera uruguayo-brasileña concibiéndola como un espacio regional cuya construcción histórica demando intercambios intensos de factores de producción y la lucha por la propiedad de tierras, ganados y esclavizados. El recorte temporal seleccionado culmina con la Ley de abolición de la esclavitud de 1846.
Palabras de referencia: esclavitud, espacio regional fronterizo, estancias, contrabando.
130 – Título: “Ucranianos na Europa e no Brasil: uma história camponesa”
Autor: Pedro Alves de Oliveira
Orientador: Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho
Banca: Profª. Dr. Thaís Janaina Wenczenovicz (Unoesc), Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 01/12/2008
Resumo: Determinados períodos da história de uma nação são especialmente significativos, não porque representam um rompimento radical com as estruturas sociais, políticas ou econômicas anteriores, mas porque neles os agentes históricos procuram dar novas dimensões e significados à realidade passada, a fim de construírem no presente um mundo adequado a seus próprios projetos. A história camponesa da etnia ucraniana, partindo do leste europeu em direção ao Ocidente, atingiu o Brasil no final do século XIX e todo o início do século XX. Pressionados em seu espaço ancestral pela disputa das terras férteis numa situação de servidão, estes camponeses submeteram-se às Companhias Marítimas para o transporte, e as Companhias Colonizadoras para atingirem o local de destino, neste caso o sul do Paraná e o norte de Santa Catarina. A evolução histórica e política do povo ucraniano, chegam ao século XX numa trilha de complexidade na busca de liberdade, ocupação do espaço, terra para a agricultura, expressão e manutenção cultural. As razões pelas quais eles emigraram estaria motivado pela busca de terra e trabalho, fugir da servidão que reinava no leste da Europa, além do sonho de uma vida melhor. Na chegada como imigrantes ao Brasil, foram direcionados para as terras férteis do vale do rio Iguaçu adentrando para a região Contestada. Tal região foi marcada pelo conflito do Contestado, após a construção da ferrovia São Paulo Rio Grande do Sul, e a disputa pela posse da terra. A etnia ucraniana superou adversidades e conseguiu produzir do sonho europeu à realidade camponesa em solo brasileiro.
Palavras-chave: Ucranianos, Imigração, Cultura, Política, Memória
131 – Título: “Fazendas pastoris no Rio Grande do Sul [1780/1889]”
Autor: Setembrino Dal Bosco
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Prof. Dr. Théo Lombarinhas Piñeiro (UFF), Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 05/12/2008
Resumo: A presente dissertação tem com objetivo principal definir um perfil geral das fazendas pastoris do Rio Grande do Sul em finais do Setecentos e no Oitocentos. Escolhemos para análise de nossa pesquisa as regiões de Bagé, Rio Pardo e Vacaria poravaliar que, dada as suas localizações territoriais [região Nordeste, Central e Sudoeste]sintetizam uma realidade média, no que se refere às fazendas pastoris. Procuramos, assim, afastarmos do singular para melhor aferrar o geral. Nesse processo, utilizamos,para apoiar nosso trabalho, autores que presenciaram in loco aquela realidade, com destaque para Francisco João Roscio, Auguste Saint-Hilaire, Nicolau Dreys, Àrsene Isabelle, Alexandre Baguet, Joseph Hörmeyer, conde D’Eu, Manoel Antônio Magalhães, etc. e, sobretudo, inventários post mortem coletados no Arquivo Público do Rio Grande do Sul [APERS]. Investigamos, portanto, a evolução das técnicas produtivas [marcação, castração, rodeios etc.]; a evolução arquitetônica; o mundo do trabalho; relações sócio-produtivas e, sobretudo, a mão-de-obra utilizada – capatazes peões [gaúcho e nativos] e cativos – nas lides pastoris da estância sulina em fins dos séculos 18 e 19. Embora restritas as regiões propostas, em forma mais ou menos acabada, no contexto de suas especificidades, o desenvolvimento das fazendas pastoris de Bagé, Rio Pardo e Vacaria sintetizam o geral ocorrido no Rio Grande do Sul.
Palavras-chave: fazendas pastoris; Rio grande do Sul; economia pastoril; Terra; trabalhadores [capatazes, peões e cativos].
132 – Título: “A construção de sentidos na moda brasileira: a customização do vestuário como espaço de contestação e remodelação do indivíduo nas décadas de 1960 e 1970”
Autor: Cícera Ângela Raymundi Lago
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Banca: Prof. Dr. Ricardo Rossato (UNIFRA), Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 18/12/2008
Resumo: A moda é produto do binômio espaço-tempo. Assim, a cada momento, e a cada lugar, ela toma formas e cores diversas, imprimindo significados diferentes: sua linguagem, seus signos e sua expressão. Desta forma, instala-se o problema científico central: no período de 20 anos, compreendido entre 1960 e 1979, sobre influências estrangeiras e nacionais, houve, no Brasil, alguma manifestação, ou alguma forma de expressão, através do corpo e do vestuário, que se utilizou da personalização (ou customização) de roupas como signo e da moda como linguagem? Para solucionar este problema, esta pesquisa tem vista ao entendimento da customização do vestuário como espaço de contestação e remodelação do indivíduo nas décadas de 1960 e 1970, na construção de sentido da moda brasileira daquele período. Na busca de alcançar tal objetivo, parte da visão da moda como construção de sentido – considerando que através dela é possível espelhar, traduzir e alterar a percepção do mundo e do corpo, e que, por meio da arte se faz moda e vice-versa: o corpo se torna a tela ideal para a auto-expressão do ser humano, podendo ser remodelado, manipulado e gerenciado. Depois, com os rumos da moda no Brasil, e as influências externas determinantes – os grandes estilistas, o contexto cultural, a influência e o poder da mídia, a cultura de massa, o trabalho fundamental do estilista Dener nas décadas especificadas. Segue com a visão da moda como espaço de contestação – por meio da antimoda, da contracultura, do movimento hippie, da época de libertação feminina e da contraposição à ditadura, expressa pela costureira Zuzu Angel. Por fim, tratando da customização e da remodelação do indivíduo como forma de reinvenção da sua subjetividade, principalmente nos idos de 1960 a 1979. A partir de todos estes aspectos, conclui que a moda, impulsionada pela compreensão humana que a produz, consiste em forma de linguagem cuja gama de signos, após escolhidos e combinados pelas pessoas, transmite informação pré-compreendida, pois todos já conhecem os significados originais das peças usadas. Contudo, conclui também que, quando há modificação nos signos, como personalização através da customização e da remodelação do indivíduo, a mensagem transmitida exige uma recolocação conceitual das pessoas: foi o que aconteceu com a moda brasileira das décadas de 1960 e 1970, que rompeu os padrões expressivos da época pela personalização, construindo sentidos novos de moda e, com isso, trazendo modificações a toda a sociedade brasileira.
Palavras-chave: contestação, construção de sentidos, customização, moda, remodelação do indivíduo.
133 – Título: “Trajetória Político-Militar de Fructuoso Rivera e as Missões (1811-1828)”
Autor: Zigomar Baroni Júnior
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Golin
Banca: Prof. Dr. Fernando da Silva Camargo (UFPEL) e Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 02/04/2009
Resumo: Rivera viveu em um período histórico de grandes transformações políticas e sociais na região limítrofe entre as colônias americanas das decadentes coroas ibéricas. Durante as primeiras três décadas do século XIX, a região platina, zona limítrofe entre as colônias portuguesas e hispânicas na América Meridional, sofreu uma onda de movimentos de cunho político: a desestruturação do pacto colonial, o processo de independência de Buenos Aires, sua vinculação fronteiriça com a Banda Oriental e as Missões, sendo as Missões território disputado pelas coroas ibéricas e mais tarde pelas suas ex-colônias meridionais. Neste panorama, a política platina gerou uma série de tendências políticas, que surgiram no intuito de suplantar o vácuo de poder deixado pelas coroas ibéricas na região. Neste trabalho serão apresentadas as principais fases políticas de Frutuoso Rivera, do início de sua atuação junto ao artiguismo até a campanha das Missões em 1828. A articulação política do caudilho com a política platina o levou a primeira presidência do Uruguai, e o espaço entre 1811 a 1828 foi o momento de estruturação e alavancagem de sua carreira política. Suas atitudes polêmicas o fizeram um político singular, sempre envolvido em todas as principais pendengas e transformações políticas platinas da época. Assim, neste trabalho buscar-se-á integrar os principais processos políticos com a figura de Rivera, juntamente com o poder das Missões Orientais no jogo político da vida do caudilho.
Palavras-chave: América Meridional. Política Platina. Guerra Cisplatina. Uruguai.Frutuoso Rivera.
134 – Título: “A Usina da Discórdia: Disputa pelo Poder Local – O Caso das Prisões em Constantina (1966)”
Autor: Caciana Luzia Ferronatto
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Prof. Dr. Fernando da Silva Camargo (UFPEL) e Profª. Dr. Janaína Rigo Santin (UPF)
Data Defesa: 03/04/2009
Resumo: Este estudo pretende relatar as disputas políticas regionais ocorridas no interior do Rio Grande do Sul, a partir da criação e do desenvolvimento de núcleos municipais e de empresas de energia hidroelétrica, durante o período de 1959 a 1970. Sendo assim, o objeto de análise desta investigação é a disputa entre dois grupos políticos distintos no município de Constantina, Rio Grande do Sul, sendo que de um lado vigora os ideais de empresários ligados ao PSD e, de outro, profissionais liberais, filiados ao PTB. Os fatos, os relatos, o contexto nortearam-se por depoimentos, documentos oficiais e, também, por pesquisa de fundamentação teórica. No decorrer do trabalho buscou-se entender duas problemáticas: a primeira, com a emancipação de Constantina em 1959, a comunidade antes unida, divide-se em dois grupos distintos e rivais, procurando esclarecer as causas de tal rompimento. A segunda relatando sobre as prisões de 1966 em que não constam em documentos oficiais causas para que as mesmas tenham ocorrido. E entre os acontecimentos figura a Usina Força e Luz Constantina Ltda. No período compreendido entre 1959 e 1970 foram uniões desfeitas, disputas acirradas, prisões, humilhações – em alguns momentos –, para se chegar ao desenvolvimento desejado de uma pequena região interiorana do Rio Grande do Sul, que ainda hoje busca um desenvolvimento sustentável e adequado aos seus habitantes.
Palavras-chave: Política, Relações de poder, Energia hidroelétrica, Prisões.
135 – Título: “SENTINELAS DO SUDOESTE: o Exército brasileiro na fronteira paranaense”
Autor: Ronaldo Zatta
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Prof. Dr. Gilberto Grassi Calil (UNIOESTE) e Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 17/04/2009
Resumo: Este trabalho tem o objetivo de analisar a influência do Exército na formação da sociedade regional no sudoeste paranaense. A história da colonização regional se confunde com a das Organizações Militares que foram destacadas para a região, por este motivo foram direcionados esforços para entender como se deu o bom convívio social entre militares e “pioneiros” que resultou numa identidade política comum a todos. O início da análise se dá na área da “geopolítica” estudando os pensamentos da ESG sobre a região (fronteira com a Argentina e próxima ao Paraguai) ainda nos anos vinte, seguindo no campo da “cultura política” e “imaginário social” para explicar os laços fraternais criados, o bom convívio local e a identificação como um grupo social com raízes em comum. A proximidade com a fronteira e a presença de instituições militares através de suas atuações nos tempos de colonização (Revolta de 1957) com seus símbolos, costumes e rituais simbólicos de civismo deixaram marcados com traços do “nacionalismo” a base social na região. Por fim os estudos se direcionam para o campo da “memória”, onde se disserta sobre o tenente Camargo, militar transformado em herói regional após ter sido morto em combate a guerrilha em 1965.
Palavras-chave: Exército, sociedade, revolta e memória.
136 – Título: “Mapear, demarcar, vender... A ação da Empresa Colonizadora Luce, Rosa & Cia Ltda no Alto Uruguai gaúcho – 1915/1930”
Autor: Márcia dos Santos Caron
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Profª. Dr. Isabel Rosa Gritti (UERGS) e Prof. Dr. Luiz Carlos Golin (UPF)
Data Defesa: 24/04/2009
Resumo: Valendo-se da Lei de Terras de 1850, que passou a tratar a terra como um bem comerciável, surgiram as companhias colonizadoras, empresas que objetivavam obter lucro com a venda das terras que adquiriam. Essas empresas mapeavam, demarcavam e vendiam as terras aos imigrantes vindos da Europa ou então a migrantes que deslocavam-se das “colônias velhas” em busca de novas terras e novas oportunidades de trabalho. Paralelamente à colonização oficial realizada pelo Estado, realizou-se na região do Alto Uruguai gaúcho a colonização promovida pelas companhias colonizadoras particulares. Duas companhias colonizadoras tiveram destacada atuação na região do Alto Uruguai gaúcho: a Jewish Colonization Association, que se propunha a colonizar a Fazenda QuatroIrmãos com judeus vindos da Europa e a Empresa Colonizadora Luce, Rosa & Cia Ltda, que se propunha a assentar imigrantes alemães e italianos. Esse trabalho procura demonstrar e analisar a ação da Empresa Colonizadora Luce, Rosa & Cia Ltda na região do Alto Uruguai gaúcho entre 1915 e 1930, período no qual a Empresa Colonizadora adquiriu, mapeou, demarcou e vendeu terras na região; seguindo os moldes propostos pelo Estado positivista. Analisa e demonstra a forma como a Empresa Colonizadora organizou uma complexa rede de propaganda e venda de suas terras entre imigrantes italianos e alemães, a fim de promover a separação dessas etnias em áreas pré determinadas pela Empresa Colonizadora.
Palavras-chave: Terra, colonização, imigração, Empresa Colonizadora Luce, Rosa & Cia Ltda
137 – Título: “Legitimidade e Hegemonia: o mercado do ensino superior na região de Passo Fundo – 1990-2005”
Autor: Leandro Tuzzin
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Ricardo Rossato (FAMES) e Profª Dr. Janaína Rigo Santin (UPF)
Data Defesa: 06/05/2009
Resumo: Trata-se de uma pesquisa sobre as transformações ocorridas no campo da educação superior, no período de 1990 a 2005. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional(LDB), de 1996, construída a partir dos princípios neoliberais de defesa das leis do mercado e do Estado Mínimo, regulamentou a participação da iniciativa privada na oferta de educação superior. Essa regulamentação visava ampliar o acesso ao ensino de terceiro grau. A inspiração e justificação de tal medida vinham da teoria do capital humano, que ganhou força no cenário mundial ao sustentar a relação entre investimento em educação e sucesso econômico. Com a crise econômica dos anos 1980-1990, a educação foi rapidamente convertida em alternativa para os problemas sociais do desemprego e da miséria. Isso levou a grande procura por cursos de especialização superior. A iniciativa privada, observando a demanda existente, passou a investir na área, promovendo um expressivo crescimento no número de instituições, cursos e vagas para o quadro do ensino superior. Foi uma resposta positiva às pretensões da LDB. Contudo, o mercado educacional logo mostrou sinais de desaquecimento, com sucessivo aumento no número de vagas ociosas, principalmente nas instituições privadas. O fato fez com que as instituições adotassem várias estratégias para se manterem no mercado, mas que também mostraram limitações. O mercado entrou assim num momento de concorrência acentuada. Na região de Passo Fundo, esse processo de transformação do modelo educacional assumiu características peculiares. Houve movimentos de resistência a abertura do mercado, partindo da Universidade de Passo Fundo, que buscava garantir a continuidade do modelo da universidade comunitária praticado por ela até então. Apesar disso, constatamos que a proposta de ampliação do mercado da educação superior almejada pela LDB foi concretizada na região, onde se instalaram e surgiram outras Instituições de Ensino Superior.
Palavras Chave: Educação Superior, Capital Humano, Mercado Educacional
138 – Título: “Política e Direito no Brasil Pós-independência(1826-1834): o avanço liberal nas primeiras Legislaturas e os limites legais da Primeira Reforma Constitucional Brasileira”
Autor: Renato Costamilan Liska
Orientador: Profª Dr. Janaína Rigo Santin
Banca: Prof. Dr. Antonio Carlos Wolkmer (UFSC) e Prof. Dr. Adelar Heisnfeld (UPF)
Data Defesa: 14/05/2009
Resumo: Este trabalho abarca um estudo do início da atividade legislativa brasileira em 1826, enfatizando o conturbado período geopolítico e social dentro e fora da nação. Para tanto, analisa as forças políticas que atuaram naquela conjuntura, bem como a legislação que vigeu nos idos do pós-independência. Tendo como fonte a historiografia, a Constituição imperial de 1824 e os atos do Poder Legislativo de 1826 a 1834, demonstram-se quais foram as principais preocupações dos legisladores daqueles anos, apontando os assuntos mais recorrentes numa classificação que leva em conta algumas variantes de cunho jurídico. Assim, o avanço liberal perpetrado por parte da elite política do país, encontrou sua via de execução na primeira reforma constitucional brasileira, a qual acabou representando o ápice das correntes liberais nos desígnios da nação, vindo a alterar de maneira substancial artigos constitucionais nevrálgicos para o sistema de governo. A regionalização que essa reforma acabou por realizar consubstancia o foco primordial dos apontamentos feitos ao longo do trabalho. O estudo também procura relativizar alguns paradigmas historiográficos, argüindo novos elementos interpretativos. A contribuição pretendida nestas linhas é acrescentar aos estudos voltados para os elementos políticos e jurídicos da época, uma análise textual das leis oriundas do Poder Legislativo, demonstrando como e com quais embasamentos jurídicos esse órgão, sobretudo através da atuação da Câmara dos Deputados, conseguiu colocar em xeque o poder político da monarquia, principalmente depois da abdicação do imperador em 1831.
Palavras-chave: História político-jurídica. Descentralização administrativa. Poder legislativo. Avanço liberal. Reforma constitucional
139 – Título: “Histórias que se revelam: representações simbólicas da formação de Chapecó no monumento 'O Desbravador' e no mural 'O Ciclo da Madeira'”
Autor: Sonia Monego
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Banca: Prof. Dr. Elison Antonio Paim (Unochapecó), Prof. Dr. Eduardo Munhoz Svartman (UPF)
Data Defesa: 19/05/2009
Resumo: Com este trabalho de pesquisa denominado “Histórias que se revelam: representações simbólicas da formação de Chapecó no monumento ‘O Desbravador’ e o mural ‘O Ciclo da Madeira’”, pretende-se analisar a história de Chapecó a partir de dois monumentos colocados em espaço público, no centro da cidade, sendo eles a escultura “O Desbravador”, do artista plástico Paulo de Siqueira, situada na avenida Getúlio Vargas, e o mural “O Ciclo da Madeira”, elaborado pelos artistas Xiko Bracht e José Kurá, sendo executado com a ajuda de um grupo de artistas e aprendizes. Este mural se encontra na praça Coronel Bertaso e possui 200m². A escolha destes dois monumentos se deve ao fato de os dois se situarem no centro da cidade e apresentarem uma história em comum, ou seja, representam a história de Chapecó através de narrativas. A curiosidade que temos é de investigar: como a história está sendo contada nestas obras? que significados estas “obras” produzem no ambiente urbano? Quais as semelhanças ou divergências entre elas? e aprofundar conceitos (considerados importantes na compreensão dos monumentos), como: Progresso, Capital Simbólico e Fronteira. A presente proposta procura formar novos subsídios para a compreensão da história regional, uma vez que estes monumentos intervêm no processo de leitura da cidade. Para compreender os sentidos intrínsecos nas obras estudadas, a metodologia de investigação incluiu pesquisa bibliográfica, qualitativa e exploratória, e um estudo comparativo entre os monumentos selecionados. Os instrumentos de coleta e análise dos dados referentes às obras ocorreram por meio de pesquisa documental e pesquisa com pessoas envolvidas diretamente na construção das obras.
Palavras Chaves: Representações Simbólicas, Monumentos Públicos, História de Chapecó, O Desbravador, Mural “O Ciclo da Madeira”.
140 – Título: “A disputa pelo poder no Rio Grande do Sul: a participação estrangeira no conflito de 1923”
Autor: Lúcio Antonio Rodrigues Leão
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Prof. Dr. Paulo José Sá Bittencourt (URI/Erechim) e Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 10/06/2009
Resumo: O presente trabalho referente aos enfrentamentos no Rio Grande do Sul durante a República Velha visa verificar as diferentes formas de utilização do poder, por parte do governo do estado, enfatizando a participação e contratação de “mercenários” na Revolução de 1923, bem como uma análise das lutas travadas. Republicanos e Federalistas articulavam-se no enfrentamento pelo poder em detrimento da Revolução de 1923, cujo motivo seriam as eleições de 1922, momento em que Assis Brasil (federalista) fora derrotado nas urnas por Borges de Medeiros (republicano). As diferenças políticas travadas no Rio Grande do Sul entre federalistas e republicanos, muitas vezes ultrapassavam fronteiras, demonstrando o poder de alcance destas elites regionais em disputa pelo poder do Estado.
141 – Título: “Um posto de combate e uma tribuna de doutrina”: o Partido Libertador e o jornal Estado do Rio Grande(1929-1932)”
Autor: Ericson Flores
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Prof. Dr.Luciano Aronne de Abreu (PUCRS) e Prof. Dr. Eduardo Munhoz Svartman (UPF)
Data Defesa: 01/10/2009
Resumo: Este trabalho procura mostrar a posição do Partido Libertador (PL) em relação ao movimento revolucionário que em outubro de 1930, entregou o governo do Brasil a Getúlio Vargas. A fonte de pesquisa utilizada foi, basicamente, o jornal Estado do Rio Grande, órgão oficial do partido. O periódico foi publicado, em sua primeira fase, entre outubro de 1929 e julho de 1932. Foram analisados especialmente os editoriais, por manifestarem a opinião do jornal e, consequentemente, do próprio PL. Tal agremiação política havia sido organizada em março de 1928, congregando três vertentes: os antigos federalistas, os simpatizantes de Assis Brasil e os dissidentes do Partido Republicano Rio-grandense (PRR). Representavam uma fração da oligarquia do Rio Grande do Sul, com forte concentração na região sul do estado, onde predominava a economia pastoril, com grandes fazendas dedicadas principalmente à bovinocultura. Quando surgiu o nome de Getúlio Vargas como candidato à presidência da República, provocado por uma dissensão entre São Paulo e Minas Gerais, os libertadores decidiram apoiá-lo. Formou-se então a união das duas forças políticas gaúchas em torno da candidatura Vargas. A Aliança Liberal foi defendida pelo Estado do Rio Grande, enaltecendo seus postulados democráticos. No entanto, com a derrota eleitoral dos candidatos de oposição ao governo federal, decorreram meses de conspiração revolucionária. Nesse período os políticos oposicionistas se aliaram aos tenentes. Nesse momento, o jornal libertador faz duras críticas ao presidente da República, Washington Luís, expressando o seu apoio ao movimento revolucionário. Em novembro de 1930, após poucas semanas de luta, quase sem reação, Getúlio Vargas era empossado como chefe do governo provisório. Inicia-se então um embate entre os novos detentores do poder: os políticos tradicionais, de tendência liberal e os tenentes, de tendência autoritária. Os libertadores começam uma campanha em favor da reconstitucionalização imediata do país, contra o prolongamento da ditadura, defendida pelos tenentes. O jornal do PL torna-se porta-voz do movimento constitucionalista no Rio Grande do Sul, até romper definitivamente com Vargas, no 1º semestre de 1932. Em julho deste ano, apóia os paulistas na Revolução Constitucionalista e seus principais líderes são obrigados a deixar o país.
Palavras-chave: Partido Libertador, Estado do Rio Grande, imprensa, anti-getulismo.
142 - Título: “A Caracterização do Vínculo Empregatício na Justiça do Trabalho da Região de Passo Fundo: aspectos jurídicos e históricos no período de 1998 a 2008”
Autor: Elizete Gonçalves Marangon
Orientador: Profª. Dr. Janaína Rigo Santin
Banca: Prof. Dr. Orides Mezzaroba (UFSC) e Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 16/10/2009
Resumo: O estudo discute o direito social ao trabalho. A problemática consiste em verificar, através do método indutivo, se as sentenças do período de 1998 a 2008 na Justiça do Trabalho de Passo Fundo reconhecem ou não a relação de emprego, com base nos princípios específicos do Direito do Trabalho e pautando-se pelo princípio da dignidade da pessoa humana, assegurado na Constituição Federal, e que constitui o marco teórico da investigação. Contextualiza-se a percepção dos direitos sociais, dentre eles os direitos trabalhistas criados na Era Vargas, a partir da integração entre a História e o Direito, demonstrando a necessidade e utilidade da ligação multidisciplinar para uma análise crítica do contraste de se utilizar a força de trabalho dissociada dos direitos laborais.
Palavras-Chave: vínculo empregatício, direitos sociais, contrato de emprego, Direito do Trabalho.
143 - Título: “O setor de pedras preciosas e suas dinâmicas socioeconômicas – Soledade (1997-2006)”
Autor: Gilmar Afonso Matos Palmeira
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Everson Paulo Fogolari (URI) e Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 19/10/2009
Resumo: Este trabalho de pesquisa incide numa análise histórica da importância econômica e social do setor de pedras preciosas para o município de Soledade, bem como suas dinâmicas e gargalos socioeconômicos e ambientais, num recorte temporal de 1997 a 2006. A pesquisa foi realizada através da utilização de bibliografias correlacionadas com o objeto do estudo, atentando também ao desenvolvimento empresarial e a história oral. Através dessa fundamentação foi possível analisar os motivos por que o setor de pedras preciosas predominou como a principal atividade econômica no município, superando as possibilidades históricas da pecuária, da agricultura e das indústrias madeireira e calçadista. A pesquisa analisa por que os empresários preferem exportar pedras in natura, ao invés de fabricarem joias e artefatos, atividade que geraria mais empregos diretos e indiretos no setor. Preza-se também pela análise dos aspectos da saúde dos trabalhadores do setor de pedras preciosas, além de abordar a importância das associações, universidades, entidades privadas e sindicatos envolvidos no seu desenvolvimento. Faz-se um breve relato sobre as três maiores empresas do setor em Soledade, esclarecendo também a contribuição do setor para composição das receitas municipais e para o sistema de mercado interno e externo da econômica local.
Palavras-chave: pedras preciosas, importância econômica, abordagem social, exportação.
144 - Título: “A visão do Barão de Mauá sobre a política externa brasileira no Rio da Prata: 1850 - 1865”
Autor: Rui Mateus Ramos
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Profª. Dr. Sandra Maria Lubisco Brancato (PUCRS) e Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin (UPF)
Data Defesa: 12/11/2009
Resumo: Este trabalho busca compreender a visão do Barão de Mauá sobre a política externa brasileira no Rio da Prata durante o período de 1850 a 1865. A partir da sua correspondência emitida aos diplomatas uruguaios Andrés Lamas e Juan José Herrera, o trabalho também analisa a participação de Mauá nas relações diplomáticas entre o Brasil e os países platinos. As fontes utilizadas foram escritas num conturbado contexto histórico, marcado por duas guerras civis no Uruguai, conflitos diplomáticos e intensa atuação da diplomacia brasileira. Irineu Evangelista de Sousa, Barão e Visconde Mauá, teve importante participação nos acontecimentos políticos no Rio da Prata entre 1850 e 1865 e seus escritos ajudam a compreender as complexas relações diplomáticas entre Brasil, Uruguai e Argentina. Ao longo daquele período histórico, os interesses de Mauá no Prata vão tornando-se incompatíveis com a política externa desenvolvida pelo governo brasileiro na região. Num primeiro momento, o presente trabalho analisa os motivos que provocaram a aproximação inicial entre Mauá e a diplomacia brasileira na década de 1850. Posteriormente, é feita a análise da documentação escrita por Mauá na década de 1860, onde estão contidas suas críticas à política do governo brasileiro para o Prata.
Palavras-chave: Barão de Mauá, região do Prata, relações diplomáticas, política externa brasileira.
145 - Título: “Memória e Patrimônio: os símbolos esquecidos no cemitério municipal de Soledade (1871-1935)”
Autor: Magda da Silva Pereira
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Banca: Prof. Dr. Paulo José Sá Bittencourt (URI/Erechim) e Prof. Dr. João Carlos Tedesco (UPF)
Data Defesa: 16/12/2009
Resumo: A presente dissertação objetiva realizar uma investigação sobre a importância histórica que os cemitérios possuem para a memória de uma comunidade, tendo como tema: Memória e Patrimônio: os símbolos esquecidos no Cemitério Municipal de Soledade, no marco cronológico de 1871 – 1935. Os subsídios desta pesquisa foram coletados através de entrevistas informais, revisões bibliográficas, pesquisa documental e levantamento fotográfico, no intuito de verificar como os cemitérios podem servir de fonte histórica nos aspectos culturais, sociais e econômicos de uma comunidade. A dissertação está dividida em quatro capítulos, onde é realizada uma abordagem sobre a morte na história, as igrejas, campos santos, e em específico, o Cemitério Municipal de Soledade e a simbologia existente em seus túmulos. Os cemitérios surgem como forma de reprodução da memória através de sua arte, seus epitáfios, sua arquitetura, entre outros aspectos. É parte inerente na preservação da história local, preservando a identidade cultural de uma comunidade, pois evidencia aspectos religiosos, ideológicos, a presença artística, as etnias, bem como o contexto econômico local e os períodos de ascensão e declínio de cada época, tudo através da representação simbólica contida nos túmulos dos cemitérios.
Palavras-chave: Cemitério, Memória, Comunidade.
146 - Título: “As discussões econômicas da Constituinte de 1823 e a formação econômica do Primeiro Império”
Autor: Jorge Adriano Schaefer Pereira
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Prof. Dr. Álvaro de Souza Gomes Neto (Anglo-Americano/Passo Fundo) e Profª. Drª. Janaína Rigo Santin (UPF)
Data Defesa: 17/12/2009
Resumo: A formação do constitucionalismo brasileiro iniciou-se com as idéias preconizadas pelos inconfidentes mineiros. Essa iniciativa foi reprimida pelo governo monárquico. Somente mais tarde, em 1821, com a independência do Brasil e as revoltas mundiais, é que começou a se cogitar a elaboração de uma Constituição do Império Brasileiro, para regrar o império e as relações entre os poderes constitucionais e os cidadãos brasileiros. Em 1823 formou-se a primeira Assembléia Constituinte e Legislativa do Império do Brasil, com atribuições de discutir e votar leis e a Carta Maior do império nascente. A par das discussões legislativas, surgiam os assuntos de relevância econômica, política e jurídica. Inseridos no contexto econômico e político pelo qual a nação passava, os parlamentares abordaram diversos interesses, desde os próprios, relativos aos seus vencimentos, até aqueles ligados às elites econômicas e políticas do Brasil. O país precisava reorganizar-se. O período do primeiro império, compreendido entre 1821 e 1831, caracterizou-se precipuamente pela instabilidade política e econômica, na qual interesses os mais diversos, colidiam constantemente. O período foi turbulento. As elites portuguesas e brasileiras entravam em conflito. A economia brasileira tinha suas bases coloniais, o que significava uma economia exportadora, escravista, monocultora e primária. Questionam-se quais seriam as discussões de cunho econômico aventadas nas seções parlamentares da Assembléia Constituinte de 1823, objetivando-se investigar a história do constitucionalismo brasileiro e as discussões econômicas sob o prisma microeconômico e macroeconômico, ocorrentes no parlamento de 1823 e, por fim, situar o período do Primeiro Império política e economicamente.
Palavras-chave: Constitucionalismo – Constituinte – Primeiro Império – economia – política .
147 - Título: “A reforma agrária no oeste de SC e os conflitos pela terra”
Autor: Terezinha Pagoto
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Profª. Dr. Arlene Anélia Renk (Unochapecó) e Prof. Dr. Paulo Afonso Zarth (UPF)
Data Defesa: 18/12/2009
Resumo: A partir do final dos anos 70, início dos 80, a região Oeste de Santa Catarina passou a sentir de forma mais intensa os efeitos da modernização da agricultura, que desestruturou a produção agrícola familiar tradicional. A crise afetou profundamente as condições de vida dos trabalhadores rurais, que viviam da pequena propriedade e que produziam, num processo mais artesanal, porém, comercializavam os excedentes e ainda complementavam a renda com a criação de suínos, que se constituía em produção alternativa, ao mesmo tempo, que se comercializava a produção de carnes e seus derivados complementavam a alimentação dessa população camponesa. No início dos anos 80, essa situação agravou-se de tal maneira, que fez com que o Oeste catarinense conhecesse uma nova realidade. Em meio, a crise da modernização, que assolava a agricultura, surge repentinamente, a Peste Suína Africana, um episódio um tanto obscuro, que provocou muita polêmica e que ao que se sabe, nunca foi realmente esclarecida. O que sabemos é que, não só, mas somada a outros fatores, já citados, a Peste Suína Africana provocara o auge do empobrecimento dos produtores rurais tendo como consequência o grande êxodo rural e uma mudança radical na cultura da população da região. Diante da conjuntura nacional, de migração do capital internacional e das transformações por que passava a agricultura brasileira, com a capitalização do campo passou a elucidar cada vez com maior intensidade a expropriação dos trabalhadores rurais. A região Oeste catarinense, favorecida pela existência da Igreja Católica, instituição estruturada, a qual as famílias camponesas encontravam-se ligadas tornou-se cenário imprescindível, para o surgimento de um processo de mobilização social dos trabalhadores do campo. Este processo de mobilização facilitou o desencadeamento da organização de vários movimentos sociais, com memorável destaque para o MST. Movimento que historicamente esteve presente nas discussões e enfrentamento para implantação da Reforma Agrária no País e que viabilizou o redimensionamento de diversos espaços comunicativos e interativos que restabeleceram o processo de comunicação, passando a veicular um discurso crítico, a respeito das condições histórico-sociais vividas pela população. A compreensão do surgimento desse Movimento implica, pois, em se considerar tanto as causas estruturais e as características sócio-culturais da população, tanto as ações comunicativas desenvolvidas no momento histórico em que se desencadeou o processo de mobilização, organização, até o assentamento.O presente estudo, procura analisar a importância dos fatores que contribuíram para o processo que desencadeou as ocupações, e os assentamentos, no município de Abelardo Luz, especificamente, os assentamentos José Maria e Santa Rosa III.
Palavras-chave: MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), questão agrária, ocupação, assentamento, trabalhadores do campo.
148 - Título: “O indígena na República Velha: as instituições de “proteção” no Rio Grande do Sul”
Autor: Darni Pillar Bagolin
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Golin
Banca: Prof. Dr. Everson Paulo Fogolari (URI/Erechim) e Profª. Dr. Janaína Rigo Santin (UPF)
Data Defesa: 23/12/2009
Resumo: O trabalho apresenta-se com a temática sobre a questão das instituições de proteção aos indígenas que estavam presentes no Estado do Rio Grande do Sul, durante o período da República Velha (1889-1930), a partir de pesquisa sistematizada, salientando-se através de diferentes mídias com técnicas bibliográficas e de análise documental em fontes impressas e virtuais. Para tais propósitos, inicialmente, recordar-se-á o que há de relevante a considerar do período Colonial e Imperial (compreende-se entre as Missões Jesuíticas e as farmer’s frontier). Posteriormente, enfocam-se a situação do índio no Estado, durante a os primórdios republicanos (compreende-se entre a relação com o movimento maçônico republicano até o envolvimento da mídia jornalística) e, finalmente, as políticas governamentais sobre os indígenas durante o período de 1907 a 1930 no Rio Grande do Sul (compreendem-se a Liga Patriótica de Catequese aos Silvícolas, Proteção Fraterna aos Indígenas e o Serviço de Proteção ao Índio). Através do método dedutivo aristotélico e da corrente filosófica humanista, encontra-se o caminho á resposta da ineficácia e não plenitude das referidas instituições.
Palavras-chave: Indígena, República Velha, Rio Grande do Sul, Instituições de Proteção.
149 - Título: “De que verdade falou-se? A oposição na administração de Arthur Ferreira Filho em Passo Fundo (1938-1947)”
Autor: Adriana Ferreira da Silva
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Profª. Dr. Maria Eloisa Cavalheiro (UFGD) e Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 06/01/2010
Resumo: Esta pesquisa concentra-se na trajetória política de Arthur Ferreira Filho sob o viés da oposição. Sua primeira nomeação foi em março de 1938, permanecendo até dezembro de 1941; a segunda, de outubro de 1944 a novembro de 1945; a última, em fevereiro de 1946. No decorrer desse período, os opositores de Ferreira Filho, cerceados pela censura, mantiveram-se ativos em suas observações e críticas ao representante da ditadura estado-novista por meio da literatura. O método dedutivo utilizado na pesquisa analisou os poemas registrados no livro Defendendo a verdade, publicado em 1947, de autoria do poeta e libertador Gomercindo dos Reis, este denunciava as ações administrativas de Ferreira Filho com poesia e sátira. Após dez anos dessa publicação, Gomercindo lança uma segunda obra intitulada Jardim de urtigas, em 1957, na qual é registrada uma segunda coletânea de versos críticos referentes aos atos administrativos. Através deste trabalho propomos um outro olhar da política estado-novista local sob a perspectiva dos opositores que se mantiveram atuantes através da literatura.
Palavras-chave: Estado Novo. Passo Fundo. Oposição. Arthur Ferreira Filho.
150 - Título: “Encontrando um Novo Mefisto: a americanização do Exército nas páginas D`A Defesa Nacional, 1942-1952”
Autor: Derli Stumpf Júnior
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Munhoz Svartman
Banca: Prof. Dr. Vagner Camilo Alves (UFF) e Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 30/03/2010
Resumo :O presente trabalho apresenta resultados de uma pesquisa que investiga a influência militar norte-americana no Exército brasileiro ao longo do período de envolvimento direto dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, bem como no contexto inicial da Guerra Fria. Trata-se, aqui, de verificar, a partir da imprensa militar, mais especificamente por meio da análise dos artigos publicados na revista A Defesa Nacional, entre os anos de 1942 e 1950, como, gradativamente, ocorreu a transição de uma matriz militar francesa para outra norte-americana no Exército brasileiro. No que se refere aos aspectos teórico-metodológicos, a pesquisa utiliza-se do aparato conceitual da História Cultural, mais especificamente do conceito de representações, elaborado pelo historiador Roger Chartier. Dessa forma, o trabalho conclui, com base no publicado nas páginas da revista, que a incorporação do modelo militar estadunidense pelo Exército brasileiro aconteceu de forma seletiva e pragmática, mesmo em períodos nos quais a política externa nacional alinhava-se de forma automática com a diplomacia norte-americana. Por fim, não houve uma assimilação automática do modelo norteamericano pelo Exército brasileiro, que colocava os interesses da instituição acima de qualquer eventual simpatia e apoio irrestrito às demandas dos militares estadunidenses.
Palavras-chave: Americanização, Exército, A Defesa Nacional.
151 - Título: “Direita Volver: o IBAD no golpe de 64 lido pela imprensa gaúcha”
Autor: Carolina Detoffol
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Prof. Dr. Enrique Padrós (UFRGS) e Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 08/04/2010
Resumo: O contexto desse trabalho se insere no chamado período da Guerra Fria e contempla a imprensa riograndense como fonte e objeto de análise da comissão parlamentar de inquérito que foi constituída em 1963, para apurar irregularidades na ação do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) e suas subsidiárias. Através da justificativa da necessidade de segurança interna, materializada na doutrina de segurança nacional (DSN), o anticomunismo foi utilizado para legitimar ações da classe modernizante-conservadora do bloco multinacional associado que deflagrou o golpe civil-militar de características autoritárias para combatê-lo. Criando organizações que objetivavam enfraquecer e neutralizar os dispositivos populares de João Goulart, e do bloco histórico populista, situaram suas ações e se uniram sob a liderança única do denominado complexo IPES/IBAD.
Palavras-chave: João Goulart. IBAD. IPES.
152 - Título: “Entre cruzes e bandeiras: a Igreja Católica e os conflitos agrários no norte do Rio Grande do Sul (1960-2009)”
Autor: Valdemar da Silva Goes
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Gerson Wasen Fraga(UFFS) e Profª. Dr. Gizele Zanotto (UPF)
Data Defesa: 12/04/2010
Resumo: O nosso estudo reflete a inserção e o papel da Igreja Católica em especial através da CPT (Comissão Pastoral da Terra) junto aos movimentos sociais de luta pela terra no norte do Rio Grande do Sul. A temporalidade definida é entre os anos de 1960 e 2009. O cenário geográfico dos conflitos possui um arco de proximidade entre si, ou seja, são oriundos da antiga Fazenda Sarandi desmembrada nas primeiras décadas do século XX. A nossa preocupação central na análise dos grandes conflitos agrários de luta pela terra na referida região (Master, Natalino, Annoni e Coqueiros) foi no sentido de perceber as alterações e redefinições da mediação da Igreja junto aos mesmos. Vimos que no primeiro movimento o papel da Igreja se deu mais no campo político e organizativo (criação de sindicatos e combate ao comunismo); no segundo (Natalino), o seu papel foi central, determinante e agregador; no terceiro (Annoni), começa haver profundas alterações no papel da Igreja, pois o MST se constitui e a dimensão político-partidário se sobrepõe à esfera religiosa; no quarto e último (Coqueiros), há uma total ausência da mediação da Igreja nos processos integrativos e organizativos no movimento. Não obstante à forte tendência de autonomização dos movimentos sociais em geral pós-década de 1990, concluímos que as dinâmicas ritualísticas de integração, pertencimento e reforço à luta (mística, marchas, encontros, celebrações, etc.) obedecem a uma lógica e simbologias produzidas pela Igreja Católica. Enfim, nosso estudo buscou mapear um processo de luta social, quase meio século, num cenário de contradições da forma pela qual a propriedade privada e centrada da terra produziu, bem como as várias fases e faces da instituição no interior dos movimentos sociais de luta pela terra.
Palavras-chave: Igreja Católica, MST, conflitos agrários, Latifúndio, Reforma Agrária.
153 - Título: A Primeira Queda de Jango: “Apontamentos para uma interpretação”
Autor: Dilossane Vargas da Silva
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Munhoz Svartman
Banca: Prof. Dr. Helder Volmar Gordim da Silveira (UFFS) e Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 12/04/2010
Resumo: Este trabalho aborda a atuação de João Goulart no Ministério do trabalho durante o segundo governo Vargas (1951-1954) com o objetivo de interpretar a sua abrupta saída após oito meses de gestão. Para tanto, analisa o governo Getúlio Vargas, ligação deste com João Goulart, descreve a ação da oposição, a imprensa getulista e antigetulista durante a atuação de João Goulart como ministro do Trabalho e a relação do “Manifesto dos Coronéis” com a crise do aumento do salário mínimo em 100%. Nesse processo, foram diversas as forças que atuaram para a desestabilização de Goulart no Ministério do Trabalho, com destaque para a imprensa, os militares da direita e a UDN. Dessa forma, o estudo conclui que a ação da oposição política a Getúlio Vargas e a João Goulart é apresentada pela história como um golpe contra a política trabalhista-populista desenvolvida pelo governo Vargas e pelo ministro do Trabalho João Goulart.
Palavras-chave: Política. Popular. Oposição. Golpe. Trabalhismo.
154 - Título: “PALÁCIO DE PAPEL: Cem anos de história”
Autor: Carmem Moreira Merlo
Orientador: Prof. Dr. Mário José Maestri Filho
Banca: Prof. Dr. Carlos Henrique Aguiar Serra (UFF) e Profª. Dr. Adriana Gelpi (UPF)
Data Defesa: 16/04/2010
Resumo :A ocasião é comemorativa. Aproveitando a celebração de 100 anos de existência do Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul, em 2006, mais do que vê-lo crescer é momento de valorizarmos o seu passado, fortalecendo sua relação com os usuários, bem como a sociedade porto-alegrense e, principalmente, fortalecendo a sua imagem como uma tradicional instituição cultural da capital. O presente trabalho aborda a história do Arquivo Público do RS, de sua fundação a 2006. Para compreender a história do Arquivo Público do Rio Grande do Sul foi preciso acompanhar sua atuação como instituição pública, proposta de desenvolvimento e progresso da República Rio-grandense, inspirados nos ideais positivistas do início do século 20. No intuito de dotar a administração pública de uma repartição exclusiva para a guarda e preservação dos documentos da província referentes à administração pública, à história e à geografia do Rio Grande do Sul, o Presidente da Província, Borges de Medeiros, organizou um Arquivo Público Provincial, demonstrando a filosofia preservacionista do século 19. Correspondendo a uma necessidade, a instituição do Arquivo Público foi bem recebida pela “opinião pública”, sobretudo republicana. O funcionamento do Arquivo Público foi assinalado por uma série de transformações e pela adoção de medidas que traduziam os objetivos do poder político estadual. Portanto, este estudo aborda sinteticamente a origem histórica dos arquivos há cerca de seis mil anos até os arquivos da atualidade, que são analisados em seguida. Esse traçado sintético da evolução dos arquivos no mundo nos leva ao o surgimento dos arquivos de Estado, no Brasil e, especificamente, do Rio Grande do Sul. Os arquivos públicos expressam a trajetória de suas administrações públicas, bem como suas condições políticas e sociais. Ao se buscar o sentido da criação do Arquivo Público do RS e sua funcionalidade, percebeu-se a importância que a iniciativa tinha para o Estado em construção do republicanismo rio-grandense. A estratégia de construir um local para abrigar a documentação do Estado em prédio próprio representou três aspectos: segurança, conservação (climatização) e centralização, além do seu estilo arquitetônico único na América Latina, senão o único no mundo.
Palavras-chave: Arquivo, Documento, Arquitetura.
155 - Título: “Modernização, agroindustrialização e agricultura familiar: o complexo soja na dinâmica econômica brasileira - anos 1970-2000”
Autor: Graziela Krabbe
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Nédio Piran (URI/Erechim) e Profª. Dr. Cleide Fátima Moretto (UPF)
Data Defesa: 12/05/2010
Resumo: Este estudo destacou as transformações ocorridas a partir dos anos 70 na agricultura brasileira, passando por um intenso processo de modernização e industrialização no meio rural, apresentado neste trabalho uma reflexão de como se instituiu no Brasil em Passo Fundo a mudança de um complexo rural para um agroindustrial como carro-chefe a soja. Essa expansão da agricultura “moderna” ocorre concomitante a constituição do complexo agroindustrial, modernizando a base técnica dos meios de produção, alterando as formas de produção agrícola. A modernização trouxe também um considerável aumento na produção agrícola, acentuando a exportação e contribuindo para um crescimento da economia nacional. Porém, se apresentou de maneira excludente levando um grande número de agricultores à decadência, agravado ainda pela crise econômica dos anos 80 no Brasil, que derrubou investimentos e créditos. Após esse período de crise a economia recuperou-se no início dos anos 90 com a inserção da agrodiversidade e a agricultura familiar que passam a ser fonte de renda e emprego para os pequenos produtores rurais, já que os grandes produtores continuaram inseridos no complexo soja. Diante destas transformações pós-crise, há novo modelo do CAI, inserindo as agroindústrias na pauta da diversificação – a agrodiversidade, a agroecologia, o fortalecimento da agricultura familiar e da pequena propriedade que conseguiu sobreviver à crise. No último momento é demonstrado como Passo Fundo foi sensível a todo este processo, demonstrando as correlações com o macro, que juntamente com a reconstituição do complexo soja e a agrodiversidade constituíram-se num novo eixo da agricultura brasileira. Diante desse quadro constatamos que a modernização se realizou amplamente, porém provocando profundas e irreversíveis transformações sociais. O processo adquiriu maturação em meia a uma intensa dinâmica de agroindustrilização do meio rural em que a agricultura familiar em grande parte foi inserida, vimos que a região de Passo Fundo se inseriu e dinamizou intensamente esse novo modelo redefinindo sua característica econômica e aprofundada pela agroindustrialização atual.
Palavras-chave: Modernização, agroindustrialização, agricultura familiar, complexo soja.
156 - Título: “A pia e a cruz – a demografia dos trabalhadores escravizados em Herval e Pelotas (1840-59)”
Autor: Mateus de Oliveira Couto
Orientador: Prof. Dr. Mário José Maestri Filho
Banca: Profª. Dr. Ester Judite Bendjouya Gutierrez (UFPEL) e Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 14/05/2010
Resumo: A demografia dos trabalhadores escravizados dos municípios de Herval e Pelotas foi pesquisada com base nos registros de batismo e óbitos das décadas de 1840-50 das Igrejas São João Batista e São Francisco de Paula arquivadas na Cúria Metropolitana de Pelotas. Os espaços geográficos contemplados constituíram importantes regiões para o desenvolvimento econômico da Província e para sua inserção no cenário Imperial. Herval se caracterizou pela pecuária, abastecendo as charqueadas e utilizando o trabalhador feitorizado nas lidas das suas fazendas pastoris. Pelotas foi ao longo do século 19 foi um importante centro charqueador e desenvolveu sua economia, sociedade, cultura e arte alicerçadas na mão-de-obra escravizada. Os cativos se dedicavam à salgação da carne nos meses de verão (de outubro/novembro a abril/maio) e no período de entressafra do charque, eram empregados na construção civil, tanto que as charqueadas pelotenses possuíam olarias e eram proprietários de imóveis na cidade. O recorte cronológico escolhido para a análise dos registros está relacionada com as alterações que o sistema servil sofreu nos anos 1840 e 50 no Brasil Imperial e seus reflexos na Província do Rio Grande de São Pedro do Sul. A lei Eusébio de Queirós de 4 de setembro de 1850 findou com o comércio transatlântico de cativos e o Rio Grande do Sul adquiriu a partir de 1851 a característica de exportador de mão-de-obra servil. A pia e a cruz procurou discutir se houve modificações na população escravizada sul-rio-grandense, dando ênfase aos municípios de Herval, pastoril, e Pelotas, charqueador.
Palavras-chave: Rio Grande do Sul, Escravidão, Pelotas, População escravizada, Herval;
157 - Título: “BAGÉ - A imprensa partidária e a Guerra Civil de 1923”
Autor: Cláudio de Leão Lemieszek
Orientador: Prof. Dr Luiz Carlos Tau Golin
Banca: Prof. Dr. Fernando da Silva Camargo (UFPEL) e Profª. Dr. Gizele Zanotto (UPF)
Data Defesa: 17/05/2010
Resumo: Esta dissertação busca analisar o discurso jornalístico, no contexto da Guerra Civil de 1923, a partir da cobertura dada pela imprensa escrita bajeense, particularmente realizada pelos jornais O Dever e Correio do Sul. O estudo propõe investigar e discutir o papel e as relações da imprensa jornalística partidária de Bagé no processo dessa guerra, tendo como objetivo principal mostrar que os dois jornais tiveram participação no conflito, seja promovendo as palavras de ordem revolucionárias, seja contribuindo para as iniciativas de pacificação. Destacam-se, de forma introdutória, os pressupostos teóricos que compõem o jogo de interrelações entre o jornalismo e a vida política, realizando-se, ainda, uma incursão pelo debate político-partidário de ambos os jornais.
Palavras-chave: Bagé, Imprensa partidária, Guerra Civil de 1923.
158 - Título: “Colégio Notre Dame e as adaptações à política educacional (1937-42)”
Autor: Belady Bonato
Orientador: Profª. Dr Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho (UFRN) e Profª. Dr. Gizele Zanotto (UPF)
Data Defesa: 08/06/2010
Resumo: Durante o Estado Novo (1937-1945) a regulamentação do ensino foi levada a efeito a partir de 1942, com a Reforma Capanema, sob o nome de Leis Orgânicas do Ensino. Capanema tinha como objetivo a formação da personalidade do adolescente e a seleção pelo cultivo de humanidades antigas e modernas e assim elevar no jovem a consciência patriótica e a consciência humanística. Deve-se atentar para o detalhe da tentativa de formação da consciência do jovem através da educação voltada para o patriotismo. Diante desse contexto, abordaremos nesse trabalho o colégio Notre Dame de Passo Fundo-RS, analisando sua postura diante das reformas e procurando identificar através dos documentos fornecidos pelo colégio quais mecanismos utilizados para adequar-se às determinações legais da reforma do ensino secundário.
Palavras chave: Estado Novo, Educação, Notre Dame, Ensino Secundário, Leis Orgânicas
159 - Título: “O Assentamento Ernesto Che Guevara – Trajetórias de vidas e luta pela terra no Paraná”
Autor: Anderson Prado
Orientador: Prof. Dr Luiz Carlos Golin
Banca: Prof. Dr. Jair Antunes (Unicentro/PR) e Prof. Dr. João Carlos Tedesco (UPF)
Data Defesa: 26/08/2010
Resumo: Este trabalho tem por objetivo fazer um estudo do Projeto de Assentamento (P.A.) Ernesto Che Guevara, vinculado ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra no município de Teixeira Soares-PR. Mas especificamente, objetiva relatar a trajetória de vida de alguns de seus assentados, descrevendo como as histórias de vidas de tais trabalhadores deram forma à história do P.A. O MST aparece para a grande parte da opinião pública como um movimento subversivo e muitas vezes de ideologia dúbia. Porém, tentou-se mostrar, através de relatos sobre a trajetória desses assentados, que, ao menos para eles, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra representou não só um meio para uma melhorar condições de vida, mas também uma esperança em meio às enormes privações sociais das quais passavam antes de se tornarem assentados. Os trabalhadores rurais vivem e trabalham enfrentando diversas dificuldades, desde a falta de apoio oficial até problemas como a divisão dos assentados em grupos opostos, porém, mesmo assim, alguns ainda conseguem organizar-se de forma coesa através de experiências vividas diariamente. Enfim, este trabalho objetiva ser um relato sobre a trajetória de vida dessas pessoas e que buscou entender o motivo que os levou a aderir ao Movimento, seus objetivos, suas dificuldades, enfim, suas histórias.
Palavras chave: MST; Sociabilidade; Identidade; Experiência; Classe
160 - Título: “A Grande Guerra: história e historiografia do conflito no Prata (1864-1870)”
Autor: Alexandre Borella Monteiro
Orientador: Prof. Dr Mário José Maestri Filho
Banca: Prof. Dr. Paulo Marcos Esselin (UFMS) e Prof. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 23/09/2010
Resumo: O presente texto trata a respeito da formação dos países na Bacia do rio da Prata, do maior conflito militar envolvendo esses países e da historiografia a respeito dessa guerra. O Uruguai foi alvo primeiramente da coroa portuguesa e, posteriormente, entrou para a área de influência do Império do Brasil. Sofreu constantes intervenções e foi o estopim para a Guerra do Paraguai quando foi invadido pelos imperiais, apesar de claras ameaças do presidente Solano López, do Paraguai para o caso de uma intervenção no Estado Oriental. A Argentina por sua vez, enfrentou um conflituoso processo de unificação, presenciando uma guerra intermitente depois da queda de Rosas, vendo dois expoentes: Urquiza e Mitre cujas bases de apoio eram a Confederação Argentina e a rica província de Buenos Aires. O Império do Brasil se configurava na única nação governada por um monarca na América. Era uma excreção em um continente de Repúblicas. Diferenciava-se também pelo fato de possuir instituições jurídicas e políticas consolidadas, ao contrário de seus vizinhos. Sem contar que sua riqueza era sustentada pelo trabalhador escravizado. Além do mais, entrava em uma fase de estabilidade, depois das revoltas internas e no Segundo Reinado, assistiu a um surto industrial e pôde se lançar a uma política imperialista. Foi nesse período inclusive, que o tráfico de escravos foi extinto, contribuindo para essa estabilidade. O Paraguai por sua vez, apresentou um singular desenvolvimento endógeno, baseado em uma forte classe camponesa. Singular também foi o isolamento paraguaio, não voluntário, mas imposto, por circunstâncias geográficas, bem como para manter a independência. O Paraguai foi um peculiar Estado moldado por Francia, e modernizado pela família López. Singular também foi sua forma de governo, uma ditadura ou tirania de poder unipessoal, imposta nos tempos de Francia e consolidada por seus sucessores. Por outro lado, tirania onde o povo era consultado, e onde não faltavam os meios básicos de subsistência, e principalmente: onde todos sabiam ler e escrever. E foi o país mais destruído depois da guerra. Mas e a discussão em torno da Guerra do Paraguai? O que dizem as correntes historiográficas divergentes? O que foi a guerra? Quando ela iniciou? Quem tomou a iniciativa? A quem interessava? São perguntas que, não pretendemos responder, de forma conclusiva, mas simplesmente instigar a novas interrogações, ou quem sabe abrir caminho para estudos ainda mais aprofundados. Sabemos que não é possível esgotar o assunto, mas faremos o possível para debater a Guerra do Paraguai, bem como para jogar mais luz a respeito desse assunto. Elucidar esse importante tema para história e historiografia brasileiras e sul-americanas.
Palavras-chave: Unificação, Governo, Império, Guerra, Historiografia.
161 - Título: “Jornalismo de Bombacha: a introdução e a consolidação do tradicionalismo em Passo Fundo pelas páginas do Jornal O Nacional da década de 1950”
Autor: Mateus Cavalheiro Del Ré
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Profª. Dr. Elenice Szatkoski (Angloamericano) e Profª. Dr. Gizele Zanotto (UPF)
Data Defesa: 23/09/2010
Resumo: A introdução e a consolidação do tradicionalismo gaúcho em Passo Fundo, na década de 1950, a partir das publicações do jornal O Nacional, é o tema desta dissertação. O trabalho inclui apontamentos sobre as características socioculturais do município na época, bem como levantamento documental em torno da fundação do Centro de Tradições Gaúchas Lalau Miranda, em 1952. Amparando-se, essencialmente, nos estudos de Golin, Oliven e Burke e tendo como base as publicações jornalísticas, são analisadas as notícias veiculadas no periódico em questão no que tange ao tema eleito como problema de pesquisa. O objetivo desta investigação é demonstrar o conjunto de elementos atuantes no processo de introdução e consolidação do tradicionalismo a partir de um imaginário propagado pela imprensa. Ao longo da análise, essa relação define um cenário com características peculiares e atuação importante de agentes regionais e locais, tais como imprensa, comerciantes, advogados, professores, políticos e, em geral, pessoas com significativo poder econômico.
Palavras-chave: Passo Fundo, tradicionalismo, imprensa, imaginário.
162 - Título: “Poder e convencimento: a urbanização vista pelas Elites Letradas (1937-1941)”
Autor: Eduardo Dalla Lana Baggio
Orientador: Profª. Dr Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Profª. Dr. Sandra Maria Lubisco Brancato (PUC/POA) e Prof. Dr. Luíz Carlos Golin (UPF)
Data Defesa: 07/10/2010
Resumo: Nesta dissertação, o período está delimitado de 1937 a 1941, quando da administração da Intendência de Santa Maria-RS por Antonio Xavier da Rocha, tomando como referência a atuação das elites letradas e jornalísticas do período. A pesquisa se insere na perspectiva da História Urbana do município de Santa Maria e nela se entendem as modificações do espaço urbano da cidade através dos seus significados político-sociais. Também há a demonstração de que, nessa administração, houve uma articulação do regional com o nacional, ao serem efetivadas intervenções urbanas na cidade, cumprindo um projeto elaborado nacionalmente, o da modernidade. Assim, a imprensa santa-mariense foi fundamental para demonstrar apoio à urbanização levada a cabo pelo intendente. As publicações dos jornais Diário do Interior e A Razão passaram uma imagem positiva da atuação da Intendência, ao mesmo tempo em que mostraram diferentes opiniões em relação ao viés autoritário do governo federal. Por sua vez, as fotografias veiculadas por membros ligados à Intendência, atuaram para estimular a população de Santa Maria a aprovar as ações de Antonio Xavier da Rocha e do próprio sistema político então vigente no país, o Estado Novo.
Palavras-chave: História Urbana, História de Santa Maria, Elites letradas
163 - Título: “Partidos políticos e eleições em Joaçaba: origem e composição social (1947-1960)”
Autor: Dirceu André Gerardi
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Munhoz Svartman
Banca: Profª. Dr. Monica Hass (UFFS) e Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 03/11/2010
Resumo: Este trabalho investiga a origem e a composição social dos partidos políticos na cidade de Joaçaba. O recorte histórico que selecionamos, iniciará com a introdução da Quarta República em 1945 até 1960. O objeto de estudo são os partidos políticos PSD, UDN e PTB e as eleições, observadas em três subsistemas, o nacional, estadual e local. Entre as finalidades está à investigação das origens históricas dos partidos, as composições sociais e o desempenho eleitoral das agremiações na cidade de Joaçaba e região. No trabalho, estabelecemos a formação dos partidos nacionais, estadual catarinense e sua gênese detalhada em Joaçaba. A formação dos partidos em SC pós-1945 demonstrará a presença de oligarquias (Ramos e Konder-Bornhausen) que derivam de velhas estruturas políticas anteriores ao Estado Novo e que influenciaram diretamente a formação do PSD em Joaçaba. Para compreender as ligações entre os partidos de Joaçaba, as oligarquias estaduais e quem eram os elementos que integram os quadros políticos dos partidos. Propomos um estudo da composição social do (PSD, UDN e PTB) de Joaçaba. A gênese dos partidos na cidade, teve a influencia das oligarquias estaduais, em grande medida no caso do PSD e alguma na UDN. O PTB não sofre influência aparente. Na composição dos quadros políticos locais, as agremiações arregimentaram na elite econômica-indústrial. PSD e UDN acomodaram no seu interior grande parcela desta elite econômica e industrial (local e regional). Entretanto PSD era um partido composto essencialmente por comerciantes e a UDN acomodou industriais e comerciantes. O PTB em 1947 traz para sua órbita, os operários (que trabalhavam nos comércios e indústrias dos chefes do PSD e UDN), sofrendo posteriormente modificações radicais na sua composição. Na determinação da origem dos partidos em Joaçaba, estudamos as composições sociopolíticas das agremiações, através dos membros dos Diretórios Municipais, candidatos (a Prefeito e Vereadores) e eleitos. Verifica-se que as ligações políticas eram ao mesmo tempo econômicas e sociais. O perfil socioeconômico foi fator decisivo nas: indicações de candidatos pelos partidos, e determinante das suas vitórias ou derrotas. PSD e UDN eram partidos altamente elitizados. O PTB era mesclado, contudo os operários não chegaram a ocupar cargos de destaque na agremiação.
Palavras-chave: Partidos políticos, oligarquias, origem e composição sociopolítica, Joaçaba
164 - Título: “Revisando a Revisão: GENOCÍDIO AMERICANO: A GUERRA DO PARAGUAI DE J. J. Chiavenato”
Autor: Silvânia de Queiróz
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Profª. Dr. Carla Luciana Silva (Unioeste) e Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 23/09/2010
Resumo: A obra Genocídio americano: a guerra do Paraguai, do jornalista e escritor Júlio José Chiavenato, de 1979, foi publicada em um período conturbado da história nacional, em pleno processo de abertura política. O livro foi muito bem aceito pelo meio intelectual e acadêmico e tornou-se sucesso de vendas e referência no estudo da guerra do Paraguai. A obra despertou o escontentamento de grupos ligados ao regime militar por criticar duramente os objetivos e a ação do Império na guerra. O livro e o autor sofreram fortes ataques por parte de intelectuais e autoridades ligadas ao regime. J.J. Chiavenato apresentou uma releitura sobre os acontecimentos e trouxe novos e importantes elementos para a historiografia nacional, como a discussão da formação social, cultural e econômica do Paraguai; mostrou os interesses da Argentina liberal-mitrista e d Império na guerra; criticou a ação dos pretensos heróis militares nacionais e mostrou o extermínio ocorrido no Paraguai. O presente estudo analisa as razões profundas do conflito, nascidas já no processo de independência na bacia do Prata, quando as classes dominantes da província de Buenos Aires iniciaram luta pelo controle das exprovíncia do vice-reinado do Prata, entre elas, o Uruguai e o Paraguai. Analisa a historiografia revisionistas argentina, paraguaia e a nacional-patriótica brasileira sobre o conflito. Discute as condições gerais da gênese, orientação limitações e tropeços historiográficos da obra Genocídio americano, no contexto de sua importância germinal, registrada na influência das gerações de historiadores em formação na época e na reorientação profunda, por longas décadas, do ensino escolar sobre aqueles sucessos. O trabalho aborda o sentido restauracionista do processo de deslegitimação conhecido por esse trabalho nos últimos anos.
Palavras-chave: Guerra do Paraguai, Júlio José Chiavenato, historiografia.
165 - Título: “Flores, Vargas e o PRL (1932-1937): registros da imprensa passo-fundense”
Autor: Renato Farias
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Prof. Dr. Fernando da Silva Camargo (UFPEL), Prof.Dr. Eduardo Munhoz Svartman (UPF)
Defesa: 19/01/2011
Resumo: Este trabalho procura analisar o processo de formação do Partido Republicano Liberal (PRL), no Rio Grande do Sul, sob a ótica da imprensa de Passo Fundo. Os jornais analisados foram: O Nacional e Diário da Manhã. O primeiro foi criado em 1925 por Herculano Annes, Gabriel Bastos e seus familiares. O segundo: Diário da Manhã, de propriedade do jornalista Túlio Fontoura, foi criado no ano de 1935. O PRL surgiu do rompimento de Flores da Cunha com o seu partido original, Partido Republicano Rio-grandense (PRR). Em decorrência desse fato, Flores da Cunha precisou criar um partido para lhe dar sustentação política, vistas as incompatibilidades que se criaram com o PRR. Em novembro de 1932, foi fundado o Partido Republicano Liberal, numa convenção dos prefeitos municipais do Rio Grande do Sul. A esse partido também aderiram dissidentes dos outros partidos existentes no Estado. À frente do governo do Rio Grande do Sul e do PRL, Flores da Cunha governou o estado durante sete anos, até renunciar, premido por reiterados conflitos com Getúlio Vargas.
Palavras-chave: História Política - Partido Republicano Liberal - Imprensa.
166 - Título: “Ruptura e Regionalismos: o modernismo musical no Rio Grande do Sul (1926-1945)”
Autor: Gustavo Frosi Benetti
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Banca: Profª. Dr. Isabel Porto Nogueira (UFPEL), Prof.Dr. Gérson Luís Werlang (UPF)
Defesa: 25/03/2011
Resumo: O início do século XX, na música erudita, foi marcado por propostas inovadoras. O questionamento da figura da resolução nas composições seria responsável pelo surgimento de inúmeras tendências de vanguarda, contrapostas aos modelos tradicionais. O modernismo musical seria caracterizado por uma reavaliação e ampliação do sistema tonal, pela desconstrução das hierarquias sonoras e pela incorporação do ruído à composição. No Rio Grande do Sul as mudanças nas expressões artísticas e, de modo especial, na expressão musical, ocorreram anos depois em relação aos principais centros culturais do país e do mundo. Esta dissertação pretende examinar como ocorreu o processo de mudança na composição musical do estado no período compreendido entre os anos de 1926 e 1945. Para tal finalidade, serão analisadas obras dos compositores Armando Albuquerque, Natho Henn, Radamés Gnattali e Luiz Cosme. Isso permite verificar como o que se produziu passou a incorporar e compatibilizar, por um lado, as novas possibilidades e os elementos de ruptura com respeito às estruturas tonais e, por outro, elementos sonoros tipicamente regionais.
Palavras-chave: modernismo, música sul-rio-grandense, regionalismo, vanguarda
167 - Título: “MULHERES INTERROMPIDAS Relatos de violências contra mulheres na Região Colonial Italiana – 1890-1920”
Autor: Rosimeri Fuchina
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Profª. Dr. Florence Carboni (UFRGS), Profª.Dr. Janaína Rigo Santin (UPF)
Defesa: 01/04/2011
Resumo: As comunidades formadas por imigrantes italianos no Brasil possuíam um desenvolvimento que seguia ao longo dos anos. A adaptação de uma série de elementos da cultura da pátria mãe ao Brasil formou comunidades diferenciadas, onde o trabalho era um importante elemento na composição do núcleo familiar. A sociedade seguia os padrões patriarcalistas submetendo as mulheres à obediência aos homens, fosse, no trabalho, na vida cotidiana ou nas relações que se estabeleciam entre eles. As mulheres dessas comunidades eram responsabilizadas pela criação dos filhos, pela coesão familiar, pelas atividades domésticas, por afazeres da roça e com animais de pequeno porte, entre outros. O contexto cultural e moral era fortemente marcado pelo patriarcalismo, pelo universo religioso e por um mundo autoritário, onde as mulheres calavam-se frente as diversas formas de violência, fossem de cunho psicológico ou físico, cometidas contra elas. Inquéritos policiais eram instaurados a partir de crimes de defloramentos, assédios, calúnias, procedimentos cirúrgicos mal sucedidos, agressões físicas, envenenamentos, entre outros, com o propósito de esclarecer e punir os culpados. A partir deste cenário, o presente trabalho aborda a violência contra as mulheres italianas e ítalo-descentes no Rio Grande do Sul, nos anos 1890-1920, através do estudo de processos crimes oriundos da Comarca de Caxias do Sul e bibliografia sobre o tema. Objetiva-se, com isso, retratar o cenário vivido pelas mulheres, suas limitações e anseios, elemento fundamental para a compreensão das relações vividas por estas comunidades.
Palavras-chave: Imigração italiana; Mulheres; Violência.
168 - Título: “Religião e Política: uma história construída em Coronel Vivida – Paraná em meados do Século XX”
Autor: Cleverton Luiz da Silva
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Profª. Dr. Ismael Vannini (UNIPAR), Profª.Dr. Janaína Rigo Santin (UPF)
Defesa: 08/04/2011
Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo examinar a ocupação do Sudoeste do Paraná a partir de 1900, o processo de organização sócio-espacial da cidade de Coronel Vivida, desde a chegada dos primeiros moradores até 1961, enfatizando neste o papel, uma das instituições religiosas mais importantes do Ocidente, a Igreja Católica Apostólica Romana. Nesta análise, privilegiou-se o olhar para a participação da Igreja Católica na organização da cidade de Coronel Vivida e sua contribuição na formação da identidade local. Este estudo focaliza, assim, a ação dos padres católicos na constituição desta cidade, conflitos políticos e organização do município. A partir da análise de fontes e combinando um referencial teórico, que discute o papel do capital e do trabalho no processo de desbravar e colonizar o interior brasileiro, argumentar-se que a Igreja Católica participou do processo de Colonização e organização sócio-espacial da cidade em estudo.
Palavras-chave: Sudoeste do Paraná, Coronel Vivida; Igreja Católica; Padres Palotinos; Desavenças Políticas.
169 - Título: “As relações de sociabilidade entre senhores e cativos em Rio Pardo (1780-1820)”
Autor: Ubiratã Ferreira Freitas
Orientador: Profª. Dr. Gizele Zanotto
Banca: Profª. Dr. Ironita Policarpo Machado (UPF), Prof.Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Defesa: 28/04/2011
Resumo: Esse estudo está pautado na análise das relações de proximidade e sociabilidade e entre os agentes que contribuíram para o escravismo na fronteira oeste do território de São Pedro, especificamente em Rio Pardo, durante o período de 1780 a 1820. Para tal apreciação, foram utilizadas documentações de fontes primárias como inventários post-mortem, cartas de alforrias, processos crime, livros de batismo e livros de casamentos de escravos, onde foi possível averiguar a formação de laços familiares e uma superexploração pelos senhores dentro sistema escravista. Partindo de uma abordagem que avalia a importância da preservação familiar, foi possível verificar que as relações políticas, econômicas, sociais e afetivas entre senhores e escravos na colônia sulina tiveram um propósito direto de exploração e alienação do cativo. A utilização de estudos específicos sobre a solidariedade e formação da família escrava nos deram suportes para compreender que a estrutura formada pela família escrava legava ao homem negro alguma possibilidade de manutenção de sua identidade, através da preservação de sua cultura, viabilizando alguma resistência aos mandos do senhorio. As relações de sociabilidade vão viabilizar um contato mais próximo e social entre esses sujeitos, também uma superexploração por parte dos senhores, pois para ceder às necessidades dos escravos, verificando o contexto de fronteira que estão inseridos estes atores protagonistas, as relações de sociabilidade vieram contribuir para manutenção do sistema sem maiores prejuízos para os senhores e trazer algumas vantagens para os cativos e suas famílias.
Palavras-chave: Escravidão, Sociabilidade, Família Escrava
170 - Título: “Brasileiros – Poloneses Uma identidade construída nas comunidades de Casca e Santo Antonio do Palma (1990-2010)”
Autor: Lúcia Barrili
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Profª. Dr. Ana Luíza Setti Reckziegel (UPF), Prof.Dr. José Carlos Radin (UFFS)
Defesa: 29/04/2011
Resumo: Este trabalho se propôs a analisar os elementos utilizados pelos descendentes de poloneses, dos municípios de Casca e Santo Antônio do Palma, RS, para construir sua identidade étnica e manter sua cultura. A partir da pesquisa de campo, foi possível identificar como elemento principal na construção da identidade, a Braspol - Representação Central da comunidade Brasileiro-Polonesa no Brasil. Essa entidade possui núcleos nos municípios estudados, que promovem e divulgam atividades ligadas a cultura polonesa. As atividades de destaque – o Jantar Polonês, as oficinas de artesanato típico, o grupo de danças folclóricas e celebrações religiosas, visam o fortalecimento da cultura étnica nas comunidades de descendentes, que estava em processo de desvalorização e esquecimento. O êxito dessa iniciativa esta na mobilização dos descendentes, principalmente de terceira e quarta geração, nas atividades promovidas pela entidade. Essas atividades possuem elevado caráter identitário, algumas inventadas, como a dança folclórica, recentemente incorporada ao repertorio étnico, que objetivam a conquista do espaço frente ao ambiente multicultural em que se inserem. Mas essa identidade promovida pela Braspol possui características, notadamente da realidade local dos descendentes, de pequenos agricultores. Essa dinâmica rural e uma herança dos antepassados, que ainda e perpetuada através das gerações, e se manifesta na cultura como uma marca. E na área rural, nas capelas, nos lares de agricultores descendentes que a cultura polonesa ainda se mantém e luta para isso, com a ferramenta da memória, principalmente oral. Foram as memórias biográficas que possibilitaram acrescentar informações sobre o passado local, tanto histórico quando cultural, e compreender a memória evocada e também construída, em torno da polonidade dos descendentes. Essas diferentes memórias, uma familiar, cotidiana, e outra coletiva, identitaria, mesmo que pouco valorizadas pelo grupo, demonstraram a separação e ao mesmo tempo interligação entre a cultura trazida pelos antepassados, espontânea, e a identidade promovida pela Braspol. Assim se constitui a construção da polonidade nas comunidades de Casca e Santo Antonio do Palma, motivada pela continuidade da cultura étnica.
Palavras-chave: etnia, invenção, memória, polonidade, regionalismo.
171 - Título: “A romaria a Nossa Senhora Consoladora de Ibiaçá: organização, rituais e práticas devocionais (1952-1977)"
Autor: Fabiana Salete Tolardo
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: José Carlos Radin (UFFS), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 28/04/2011
Resumo: O presente tema de estudo trata sobre a religiosidade popular. Dessa forma, analisa-se as manifestações de religiosidade coletiva no município de Ibiaçá – nordeste do Rio Grande do Sul, reveladas nas primeiras décadas do século XX, tendo os capitéis como espaços das mesmas até a constituição do Santuário Diocesano de Nossa Senhora Consoladora em Ibiaçá. Os esforços estão centrados em compreender as transformações históricas manifestadas nas devoções, rituais e peregrinações, sob o ponto de vista religioso e histórico-cultural: a influência da Igreja Católica no cenário regional; a presença marcante e significativa de um líder religioso denominado de Padre. Todos esses fatores foram fundamentais para a passagem de uma realidade a outra de manifestações de fé. Em meados de 1970, consolidou-se o Santuário de Nossa Senhora Consoladora, o qual aglutinou de maneira institucionalizada a romaria em honra a Nossa Senhora Consoladora, evento religioso, que acontece anualmente no último domingo de fevereiro no município de Ibiaçá. Essa peregrinação teve início em 1952, sendo criada e idealizada pelo Padre Narciso Zanatta, que iniciou o movimento religioso em devoção a Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos, conhecida popularmente como Nossa Senhora Consoladora. Em 1970 iniciou-se a construção do Santuário e, no dia 22 de fevereiro de 1977, o Bispo Diocesano, Dom Henrique Gelain, elevou a Igreja Matriz da Paróquia de Nossa Senhora Consoladora à categoria de Santuário Diocesano. A partir de então, pode-se constatar que as manifestações de religiosidade popular cresceram muito. Sendo assim, este estudo analisa as ritualizações, as mediações, alguns pedidos de romeiros, enfim, os processos organizativos que constituem essa grande manifestação de religiosidade de âmbito regional. Diante dessas transformações, a devoção a Nossa Senhora Consoladora se manteve e foi aumentando com o lançamento das romarias e com o elevado número de graças alcançadas, resultando num movimento religioso voltado para a cura de doenças. Tal movimento foi essencialmente direcionado aos romeiros, devotos de Nossa Senhora Consoladora. O grande indício das atribuições a Nossa Senhora Consoladora foi a construção do Santuário, sendo que perto dali existe o capitel de São Cristóvão como espaço sagrado, de devoção, com ritualizações e orações. No acontecimento das romarias houve fortes manifestações de religiosidade durante as missas, procissões, ofertas, ex-votos, promessas, agradecimentos as graças alcançadas e homenagens prestadas a Nossa Senhora Consoladora. Por isso, percebe-se que a região de Ibiaçá se caracterizou numa dinâmica própria: a cura de 7 doenças e os milagres realizados diante da fé e da popularidade de Nossa Senhora Consoladora, bem como a ocorrência de romarias até a atualidade.
Palavras-chave: Romaria, Religiosidade popular, Santuário, Nossa Senhora Consoladora.
172 - Título: “O barão de Caxias na guerra contra os farrapos”
Autor: Jeferson dos Santos Mendes
Orientador: Prof. Dr. Luis Carlos Tau Golin
Banca: Paulo Afonso Zarth (UFFS), Adelar Heinsfeld (UPF)
Defesa: 26/05/2011
Resumo: A guerra civil de 1835-1845 foi encabeçada, principalmente, por estancieiros descontentes, que ocuparam, relativamente, regiões da parte sul da província. Porém, a partir do golpe da Maioridade e, em especial, de 9 de novembro de 1842, com a posse do barão de Caxias como presidente e comandante das armas da província do Rio Grande do Sul, os imperiais tomaram a ofensiva. Após tomar posse, Caxias organizou o exército imperial na província em diferentes posições, ocupando pontos estratégicos e fortificando-os. Aplicando uma guerra de posição, concomitantemente a uma guerra de movimento, Caxias dominou os rebeldes. Terminada a ação militar, restavam as negociações com o Império, acertadas com o termo de anistia concedido pelo imperador.
Palavras-chave: Caxias. Guerra de posição. Guerra de movimento. Conversação.
173 - Título: “Do um que não é sete: o caso da antiga redução de San Francisco de Borja e a dinâmica da diferença”
Autor: Rodrigo Ferreira Maurer
Orientador: Prof. Dr. Luis Carlos Tau Golin
Banca: Paulo Afonso Zarth (UFFS), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 26/05/2011
Resumo: Esta dissertação analisa o sentido refratário que historicamente ficou classificada a antiga redução de San Francisco de Borja. Nesse sentido, abordaremos questões relacionadas à parte cultural, social e étnica que acabaram envolvendo a mesma, levando-se em consideração o espaço-região que lhe foi destinado quando da sua fundação. Conceitos como o de diversidade reducional e de centro conversor das missões serão utilizados para provar que a identidade e o fortalecimento daquela redução se deram por uma conseqüência cultural e de identificação com os chamados povos ocidentais do rio Uruguai, no caso, Yapeyu, La Cruz e Santo Tomé. Esta projeção foi assumida pela redução de San Francisco de Borja e formalizou um fluxo contínuo entre as duas margens do rio Uruguai. Tal encargo acabou lhe rendendo duas “certidões”: a histórica e a de descritiva. A certidão histórica será aplicada para caracterizar o processo da sua fundação, levando-se em consideração os motivos que envolveram a mesma no ano de 1690. Já a certidão descritiva é aquela que ficou registrada nas fontes primárias, sobretudo de origem religiosa, que objetivaram repassar à redução a responsabilidade por várias desordens que o projeto reducional comportava. A partir dessa problemática apresentaremos questões aleatórias que acabaram envolvendo diretamente ou indiretamente a redução ou alguns dos seus personagens para provar que os mesmos refletiam uma conjuntura colonial que agia de maneira silenciosa e sorrateira para alcançar os interesses que envolveram o contexto. Para isso lançaremos a hipótese da existência de um acordo paralelo no qual antecipou possíveis desordens a partir da aplicação do Tratado de Madri na América Meridional. Parte desse conteúdo servirá de base para discorrermos sobre a Guerra Guaranítica e, sobretudo a não participação da redução de San Francisco de Borja na mesma. A explicação para tal discordância se dará por fatos relacionados ao ano de 1758, quando questões passaram a ser levantadas a partir de mini-inquéritos nos refúgios potenciais da época: nas estâncias ganaderas. Em conjunto, aconselha-se a edificação de um cenário paralelo que foi envolvido por uma série de fatos que teve San Borja e seus personagens como objetos centrais, contudo os mesmos foram analisados a partir de duas constantes do período colonial: o “cotidiano indígena” e o possível “mundo em conversão”.
Palavras-chave: Projeto Reducional, Tradições indígenas, Mediação Cultural, Relações Cotidianas.
174 - Título: “Harmonia tonal e positivismo: uma análise dos repertórios da Orquestra de Concertos de Erechim na década de 1950”
Autor: Gleison Juliano Wojciekowski
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Banca: Paulo José de Sá Bittencourt (UFFS), Adelar Heinsfeld (UPF)
Defesa: 17/06/2011
Resumo: A cultura de qualquer sociedade consiste na soma de ideias e comportamentos, constituindo-se em uma variante da herança social. A música faz parte da cultura e esteve presente na história do desenvolvimento de Erechim, como se constata nas entrevistas realizadas e nos documentos utilizados neste trabalho. Além de a música fazer parte da vida dos colonizadores, sempre houve uma valorização desta arte em Erechim, como observamos ao pesquisarmos sobre a fundação da Orquestra de Concertos, fundada em1950, com a participação de imigrantes e descendentes de imigrantes europeus. A Orquestra de Concertos de Erechim foi fundada no dia 10 de junho de 1950 pelo maestro Frederic Schubert e um grupo de amigos também admiradores da música, que muito contribuíram para a música erudita no município. Também se observou a influência do positivismo e tonalismo na Orquestra de Concertos de Erechim, que teve sua origem em uma cidade organizada e planejada dentro dos moldes positivistas da “ordem e progresso”. A referida Orquestra seguiu a construção social e estética de alguns grupos representativos, cujo ideal era a música como arte. Não como algo livre e solto no mundo, mas que possui um significado e uma relevância específica no interior da cultura de uma sociedade em desenvolvimento. Buscou-se relacionar o pensamento positivista e o sistema tonal através das categorias ideia de progresso, racionalização, protagonismo do sujeito e ideia de beleza. A ideia de progresso está relacionada à questão da progressão na harmônica tonal em um sentido amplo de progresso, sendo fundamental esse elemento no ideal positivista.
Palavras-chave: harmonia tonal, Orquestra de Concertos de Erechim, positivismo.
175 - Título: “A ação popular (AP) no Rio Grande do Sul: 1962 - 1972”
Autor: Cristiane Medianeira Ávila Dias
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Enrique Serra Padrós (UFRGS), Adelar Heinsfeld (UPF)
Defesa: 20/06/2011
Resumo: Esta dissertação trata da trajetória da Ação Popular (AP) no Rio Grande do Sul entre 1962 e 1972. Buscou-se analisar as ideias, formas de atuação, táticas e estratégias que a AP adotou em âmbito estadual, salientando-se os vínculos e as diferenças em relação à AP nacional. Observou-se que a Ação Popular após a sua fundação (1962) apoiou, mesmo que de forma crítica, o plano reformista de João Goulart, tendo participado do Movimento de Educação de Base (MEB) e formado junto com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e os chamados “Independentes”, a Frente Única, que manteve a hegemonia dentro do movimento estudantil estadual até o golpe civil-militar de 1964. Após o golpe, a AP passou por um período de cisões e rupturas internas, mas continuou desenvolvendo ações junto ao o movimento estudantil e operário, optando por não aderir à luta armada. Em 1967, a AP adotou a política de integração na produção que determinava o envio de seus militantes para trabalharem junto a camponeses e operários em várias regiões do país. O envio de militantes tornou-se mais intenso após a decretação do AI-5, em dezembro de 1968. Neste sentido, militantes foram enviados para o Rio Grande do Sul em meados de 1969 para organizar o setor estudantil e operário da AP, que havia sofrido os efeitos da repressão com o afastamento da maior parte de seus integrantes. Além disso, a AP estruturou um esquema de passagem de militantes para o Uruguai e a Argentina através do estado que ficou conhecido como “Esquema de Fronteira”. As ações da AP praticamente acabaram no ano de 1972, quando a maior parte dos seus integrantes foi presa pelo DOPS em Porto Alegre. A pesquisa utilizou fontes tais como documentação produzida nos órgãos de repressão (DOPS, SOPS), na Comissão Especial de Investigação Sumária (CEIS) da UFRGS; jornal Correio do Povo e depoimentos de militantes da organização. O referencial teórico baseou-se nos conceitos desenvolvidos por Antonio Gramsci de intelectual orgânico, hegemonia, senso comum, bom senso e bloco histórico. O trabalho também se amparou nos conceitos de “memória condicionada”, desenvolvido por Jacques Le Goff, e pela definição de “fronteiras ideológicas”, desenvolvido por Luiz Alberto Moniz Bandeira.
Palavras-chave: Ação Popular, Rio Grande do Sul, Esquema de Fronteira
176 - Título: “Justiça do Trabalho: demandas trabalhistas no norte do Rio Grande do Sul (1941-1960)”
Autor: Alex Faverzani da Luz
Orientador: Profª. Dr. Janaína Rigo Santin
Banca: Altair Fávero (UPF), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Defesa: 22/07/2011
Resumo: Almeja-se abordar através da presente pesquisa o surgimento e a evolução histórica da Justiça do Trabalho como um marco para a conquista dos direitos trabalhistas e sociais da classe trabalhadora no Brasil. O advento da Justiça do Trabalho resultou de etapas evolutivas nas lutas sociais, com a finalidade de garantir dignidade e justiça aos trabalhadores, amparada pelos direitos trabalhistas, fundados ao longo das promulgações Constitucionais e na Consolidação das Leis do Trabalho de 1943. Dessa maneira, pretende-se elencar as principais etapas dessa trajetória que, pouco a pouco, moldou e aperfeiçoou a Justiça do Trabalho no Brasil, bem como aprofundar a pesquisa histórica junto ao município de Passo Fundo (Rio Grande do Sul), especialmente no período em que se concerne à instalação da Justiça do Trabalho no município no ano de 1959. Destarte, a pesquisa terá como marco temporal o período de 1941 a 1960, e como marco regional o Município de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil. Serão analisados no decorrer da pesquisa acórdãos trabalhistas do Tribunal Regional do Trabalho de processos provenientes da Justiça do Trabalho de Passo Fundo, do período de 1959 a 1960, com o intuito de desenvolver a diligência histórica junto às fontes documentais que ilustram a evolução da Justiça do Trabalho como instituição integrante do Poder Judiciário. Através desta pesquisa documental, será possível mapear dados relevantes como o perfil do profissional que litigava na Justiça do Trabalho de Passo Fundo, os pedidos postulados com maior frequência, e as decisões que eram proferidas pelos magistrados em grau de acórdão.
Palavras-chave: Justiça do Trabalho, História, Direito do Trabalho, Direitos Sociais.
177 - Título: “Tropeirismo e criatórios de mulas em Lagoa Vermelha, nordeste do RS (1914 – 1955)”
Autor: Itací de Souza e Silva
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Joel João Carini (IFF), Eduardo Munhoz Svartman (UPF)
Defesa: 25/07/2011
Resumo: O tropeirismo de mulas no Brasil teve seu início nas primeiras décadas do século XVIII quando foram descobertos minerais preciosos no centro do país, mais precisamente na região de Minas Gerais. O transporte do ouro, prata e diamantes era feito por muares (burros e mulas) buscados no Sul do Brasil. O Rio Grande do Sul tornou-se o principal fornecedor de produtos de origem animal e de muares à região central, através da feira de Sorocaba. Por volta da década de 1860 o comércio de muares entrou em declínio, sendo que no Rio Grande do Sul o tropeirismo com mulas continuou tendo sua importância econômica, servindo como alternativa para o transporte de cargas. Lagoa Vermelha, cuja fundação ocorreu em razão da atividade tropeira, comercializava muares criados na região e produtos cultivados no município com as áreas de colonização alemã e italiana. Em contrapartida comprava das colônias produtos básicos que eram necessários à subsistência das fazendas. A ruptura desse sistema se fez sentir desde 1950 quando surgiram investimentos alternativos na região como na pecuária bovina, no cultivo agrícola, e na substituição do transporte animal pelo automóvel. Esta abordagem mostra-se, portanto relevante, pois reconstitui aspectos peculiares do tropeirismo de mulas no município, ocorrido entre os anos de 1914 a 1955, possibilitando, assim, compreender também as raízes históricas de sua formação. Esta investigação baseou-se em fontes orais, documentais e bibliográficas sobre o tema, tendo sido feita uma pesquisa na região de Lagoa Vermelha junto a criatórios de mulas, antigos criadores, tropeiros, carreteiros, em arquivos históricos, etc. A pesquisa aponta, enfim, que Lagoa Vermelha teve um grande dinamismo nesse processo, tendo havido uma intensa ligação com a região colonial italiana e alemã do estado gaúcho assim como o incentivo na criação de muares no município.
Palavras-chave: Tropeirismo de mulas. Criatórios. Lagoa Vermelha.
178 - Título: “Em busca do convencimento: disputas político-eleitorais entre pessedistas e petebistas no Rio Grande do Sul (1945-1954)”
Autor: Marcos Jovino Asturian
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Luciano Arrone de Abreu (PUC/RS), Eduardo Munhoz Svartman (UPF)
Defesa: 05/08/2011
Resumo: O presente trabalho busca compreender a disputa eleitoral entre o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) nas eleições de 1947, 1950 e 1954 para governador do Rio Grande do Sul através das páginas do jornal Diário de Notícias, configurando um estudo de história política tendo como fontes documentais a imprensa. Para tanto, se utilizará a tradição analítica relativa ao conceito de ideologia, atualizado em John Thompson, como forma geral de interpretação de um possível papel histórico das formas simbólicas no universo do político. O papel central dos meios de comunicação de massa, particularmente da imprensa escrita, constitui ponto comum de reflexão conceitual, na história e na sociologia da comunicação social. Tanto os pessedistas quanto os petebistas utilizaram o jornal como um mecanismo de produção e propagação das representações possuidoras de conteúdo político. Portanto, interessam-nos como as formas simbólicas foram criadas, em circunstâncias particulares, servindo para estabelecer, bem como sustentar relações de dominação.
Palavras-chave: Partido Social Democrático, Partido Trabalhista Brasileiro, política, ideologia, imprensa.
179 - Título: “Sob os desígnios do progresso: a experiência dos camponeses atingidos pela Barragem de Itá reassentados em Campos Novos - SC na transição do milênio”
Autor: Bruno Antonio Picoli
Orientador: Profª. Dr. Gizele Zanotto
Banca: Paulo Pinheiro Machado (UFSC), Paulo Afonso Zarth (UFFS)
Defesa: 26/08/2011
Resumo: Esta pesquisa trata da experiência das famílias atingidas pela barragem de Itá reassentadas em Campos Novos-SC no contexto da transição do Milênio. Aborda a primeira onda de progresso que se desenhou no Alto Uruguai, a territorialização e a constituição do “ethos” de colono-camponês calcado na propriedade, no trabalho na terra, na família e na comunidade circundante. Discute a ação dos estados de SC e do RS, assim como de companhias privadas de colonização no processo de inserção destas famílias tidas como veículos do progresso. Após analisa a chegada de uma segunda onda de progresso, marcada pela divulgação do projeto de construção da UHE Itá entre os municípios de Aratiba-RS e Itá-SC, os discursos que se desenvolveram no sentido de promover a obra e os benefícios do empreendimento hidrelétrico para a região, as manobras frente à legislação ambiental vigente e a privatização da construtora da UHE Itá. Aborda também as forças que se levantaram contra esse progresso novo que forçou o deslocamento e desterritorializou milhares de famílias ribeirinhas, algumas das quais para projetos de reassentamento rural coletivos. Analisa a ação de instituições que agiram como mediadoras organizando os atingidos em torno da CRAB e a atuação desta no processo de mobilização dos camponeses ribeirinhos. Depois trata dos projetos de reassentamento rural coletivos de modo geral inferindo os diferenciais do reassentamento de Campos Novos-SC, o último de um total de sete. Analisa como as famílias atualmente reassentadas em Campos Novos-SC se inserem nesse progresso, de que modo se processou, 12 anos após a instalação no mesmo, sua reterritorialização, que perspectivas tinham para o deslocamento e em que dimensões compreendem que a experiência lhes proporcionou ganhos e, ao contrário, em que dimensões consideram-se prejudicados pelo progresso. Constata, com base nisso, que o discurso “dos benefícios do progresso” não pode ser aplicado em completude, sobretudo no que versa sobre esferas subjetivas da vida de sociedades camponesas.
Palavras-chave: progresso, territorialidade, desterritorialização, reterritorialização, atingidos por barragens.
180 - Título: “Sob a condição que continue em nossa companhia”: as décadas finais da escravidão e a transição para o trabalho livre em um município rio-grandense (Cachoeira, 1871/1889)”
Autor: Aline Sônego
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Paulo Roberto Staudt Moreira (UNISINOS), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Defesa: 13/09/2011
Resumo: Esta dissertação de mestrado propõe-se a analisar as décadas finais do regime escravista e a transição para a mão-de-obra livre no município rio-grandense de Cachoeira, no período de1871 a 1889. À luz da perspectiva da História Regional, este trabalho buscou perceber quais as singularidades que a desestruturação do regime escravista apresentou em um município de economia agropecuária. Para essa pesquisa, foram utilizados três tipos de fontes documentais consideradas fundamentais para perceber este processo: os inventários post-mortem, as cartas de alforria e o Livro de registro de contratos de criados, que foram trabalhadas quantitativa e qualitativamente. A partir dos inventários foi possível identificar a configuração social e econômica da região estudada e analisar a estrutura patrimonial em que a posse escrava estava assentada. As cartas de alforria, por sua vez, auxiliaram na percepção da dinâmica das relações entre senhores e escravos no que tange à concessão e à conquista da liberdade. Por fim, a partir do Livro de Registro dos contratos dos criados, buscou-se vislumbrar as estratégias senhoriais para garantir o domínio da incipiente mão-de-obra liberta.
Palavras-chave: escravidão, estrutura patrimonial, alforrias, contratos
181 - Título: “O Alto Jacuí na Pré-História: subsídios para uma Arqueologia das fronteiras”
Autor: Fabrício José Nazzari Vicroski
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin
Banca: Jairo Henrique Rogge (UNISINOS), Gerson Luís Trombetta (UPF)
Defesa: 22/09/2011
Resumo: Apesar do considerável aumento quantitativo do fluxo de pesquisas arqueológicas observado no Rio Grande do Sul nos últimos anos, atualmente a bacia hidrográfica do Alto Jacuí figura entre as regiões sobre as quais dispomos de escassas informações acerca dos processos de povoamento humano ocorridos ao longo da pré-história. O objetivo desta pesquisa é sistematizar os dados arqueológicos, históricos e etnohistóricos, compondo um panorama geral da colonização pré-histórica da região. Os dados disponíveis nos permitem atribuir o início do povoamento aos grupos de caçadores-coletores que se instalaram nestas paisagens aproximadamente no início do período holocênico. Novas levas populacionais compostas por grupos ceramistas-horticultores teriam atingido a região há cerca de dois mil anos atrás, alterando consideravelmente a dinâmica de povoamento nos vales do Jacuí e nas matas de araucária do planalto. Sua inserção geográfica na porção centro-norte do Estado caracteriza a região como uma zona de convergência e transição de diversas características do meio físico e biótico. O tratamento analítico e interpretativo das informações nos permite atribuir um caráter de fronteira ao Alto Jacuí. As interações culturais entre as sociedades humanas pré-históricas se refletiam, entre outras instâncias, em sua cultura material. A perspectiva da arqueologia contextual nos permite integrar a semiologia e abordar a cultura material considerando também seu conteúdo simbólico no contexto cultural, onde a evidência de contato é também interpretada em razão de sua função social, como elemento identitário construído e articulado numa zona de fronteira.
Palavras-chave: Pré-História, Alto Jacuí, Arqueologia, Fronteira, Contato
182 - Título: “Historiografia crítica: breve estudo do pensamento marxista sobre o Brasil de 1500 a 1964”
Autor: Tiago Pansera
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Adelmir Fiabani (UNIPAMPA), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Defesa: 28/09/2011
Resumo: As produções historiográficas marxistas elaboradas durante o século 20 sobre a história do Brasil se tornaram fontes de pesquisa histórica, caracterizadas por análises, interpretações, e métodos singulares. Investigá-las significa conhecer e reconhecer a existência, efetividade e abrangência dessa corrente de pensamento, que produziu uma história econômica e das lutas de classe no Brasil, mas, está relegada a um passado pretensamente desconexo com o presente pelos modismos historiográficos da atualidade. Em ?Historiografia crítica: breve estudo do pensamento marxista sobre o Brasil (1500-1964)? abordou-se um amplo espaço cronológico, de 1500 até 1964, pois, conhecer a história econômica, política e social é condição primária para entender a formação social e as singularidades do modo de produção hegemônico no Brasil contemporâneo. Do mesmo modo, a compreensão do pensamento historiográfico marxista e suas nuances permitiu analisar as obras clássicas sem sacralizá-las, avançando no debate teórico e epistemológico. Foram identificadas semelhanças entre os escritos produzidos antes e durante a ditadura militar de 1964. Em muitos casos, os autores eram militantes de organizações políticas de esquerda, com destaque para o Partido Comunista do Brasil [PCB]. Esses intelectuais não produziam a história apenas para preencher páginas de livros ou para receber titulações acadêmicas. Escreviam, sobretudo, com o objetivo de contribuir para a resolução das contradições teóricas da historiografia e do desenvolvimento socioeconômico nacional. Nas obras de alguns autores, como Alberto Passos Guimarães e Nelson Werneck Sodré, era evidente a estreita vinculação com a linha de pensamento partidário e a quase sacralização do pensamento marxiano. Sobretudo, em relação aos estágios de desenvolvimento histórico das sociedades e seus respectivos modos de produção, identificados por Karl Marx no caso específico da Europa. Noutros casos, com destaque para os escritos de Jacob Gorender, muitas contradições epistemológicas do marxismo foram superadas por meio de amplos e sistemáticos estudos sobre a história do Brasil.
Palavras-chave: História. Historiografia. Marxismo.
183 - Título: “Verso e Reverso: práticas sociais, econômicas e políticas no Kongo e no Ndongo e o domínio colonial português – séc. 15 a 17”
Autor: Lucas Caregnato
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Diego Buffa (UNC), José Rivair (UFRGS), Paulo Marcos Esselin (UFMS)
Defesa: 29/09/2011
Resumo: Esse trabalho tem como objetivo analisar as relações sociais e econômicas das comunidades aldeãs bantu, que compunham o Kongo e o Ndongo nos séculos 15 a 17. Para compreender as relações políticas e econômicas desses estados no período anterior, a dominação colonial europeia, é necessária uma análise historiográfica que contemple o modo de produção doméstico, presente nessas comunidades. Há séculos, essas populações desenvolviam práticas econômicas, alicerçadas no cultivo agrícola, na caça e na coleta, que serviram de base para a organização desses grupos, baseados em laços parentais matrilineares ou patrilineares. Com o início da exploração colonial portuguesa, mediante a chegada do explorador português Diogo Cão, em 1482-3, ocorreram mudanças profundas nas relações econômicas, políticas e sociais da região, representando o início de um longo período de dominação e espoliação das riquezas das terras “recém descobertas”. Ancorado no mercantilismo, Portugal explorará as riquezas e desenvolverá um sistema escravocrata balizado na retirada da mão de obra escrava das terras africanas destinadas as suas colônias na América. Posteriormente, objetivou-se perceber como essas formações sociais se modificaram, com o processo de dominação colonial, levando a um processo de constantes crises econômicas e políticas que resultarão na falência dessas organizações.
Palavras-chave: Ndongo; Kongo; bantu; escravidão; comunidades aldeãs bantus.
184 - Título: “Italianos e descendentes via Rio da Prata: em São Borja, Itaqui e Uruguaiana, RS (1834/1968)”
Autor: Antônio Marçal Bonorino Figueiredo
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin
Banca: Ronaldo Colvero (UNIPAMPA), Eduardo Munhoz Svartman (UFRGS)
Defesa: 14/10/2011
Resumo: O tema central desta dissertação de mestrado é a imigração espontânea de italianos e descendentes, via rio Prata, em São Borja, Itaqui e Uruguaina, RS, no período 1834 - 1968. A literatura especializada a respeito da imigração italiana oficial a partir de 1875 é exuberante, mas carente quanto ao tema proposto, limitando-se àlgumas referências superficiais à presença de peninsulares no povoamento e desenvolvimento dos locais citados. Este trabalho tem por objetivo principal a constatação da presença italiana na área antes de meados dos anos oitocentos e a identificação nominal dos imigrantes italianos ou descendentes da primeira geração que lá se instalaram. O local de procedência do território italiano, o porto de desembarque – Montevidéu ou Buenos Aires, as formas de organização que adotaram para inserção na sociedade receptora nos municípios brasileiros mencionados, contribuições e inovações que trouxeram e as mudanças sociais que provocaram, também configuram objetivos desta tarefa. O objetivo derradeiro refere-se à questão da identidade dos descendentes em decorrência do processo de mútua aculturação. A pesquisa valeu-se de documentos de fontes primárias como registro de casamentos e de óbitos, inventários antigos, informações em arquivos eclesiásticos, em jornais da época. O Apêndice A e o quadro-síntese no capítulo 3, demarcam a ponte da vertente baseada na história oral, com a descoberta de meia centena de imigrantes através de entrevistas com descendentes. Os imigrantes italianos após desembarcarem no centro do Prata, diretamente ou por etapas, alcançaram a linha de fronteira e a sub-região em estudo. Observou-se que a presença dos mesmos reflete alguns aspectos da imigração italiana no Uruguai e na Argentina. Muitos deles têm parentes nesses dois países. Do longo processo de miscigenação e recriação de identidades, restam alguns traços identitários de natureza gastronômica e remanesce, ainda e sobretudo, um forte sentimento de pertencimento étnico ligado ao nome de família e à origem peninsular itálica.
Palavras-chave: italianos, rio da Prata, tríplice fronteira
185 - Título: “Perto dos olhos, longe do coração: a inserção da História da América Latina contemporânea no ensino de História (1980-2000)”
Autor: Isabel Regina Ramisch
Orientador: Prof. Dr Adelar Heinsfeld
Banca: Paulo José Sá Bittencourt (UFFS), Gerson Luís Trombetta (UPF)
Defesa: 02/12/2011
Resumo: O presente trabalho dissertativo objetiva apresentar uma análise a respeito do ensino de História, mais especificamente a inserção da História da América Latina, enquanto conteúdo programático na prática pedagógica. Para tanto, buscou-se respaldo em fontes de pesquisa como legislações de ensino e livros didáticos de História, cuja concretude alicerça trabalhos dessa natureza. Empregando a metodologia de comparação e confrontamento de fontes, delineou-se o trabalho e, ao longo do texto, permitiu construir uma análise sobre o ensino de História na contemporaneidade. O objetivo central consistiu em identificar a inclusão de conteúdos acerca da América Latina nas bases legais e nos materiais didáticos tidos, ambos, como referências à ação pedagógica. A motivação para a presente pesquisa centrou-se na busca por uma efetiva idéia de pertencimento brasileiro à América Latina, considerando os esforços no âmbito político, econômico e cultural para a implantação de projetos integracionistas em que destacamos o Mercosul. O olhar sobre as fontes de pesquisa ateve-se em observar se a América Latina ou o próprio Mercosul estavam contemplados em suas redações. Focalizou-se, neste particular, as legislações de ensino dos países que compõem o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), objetivando fazer emergir a inserção e a condição prevista para temas como a América Latina e o Mercosul. Destarte, houve-se por bem buscar respaldo nos livros didáticos de História das séries finais do ensino fundamental dos anos de 2002 a 2008, buscando identificar as formas de inclusão de conteúdos referentes à América Latina e ao Mercosul. Espera-se, assim, emprestar uma contribuição para com o repensar da ação de ensino e permitir um novo olhar acerca de nós, latino-americanos.
Palavras-chave: Ensino de História, Integração, América Latina, Mercosul.
186 - Título: “A casa do planalto: arquitetura rural e urbana na região dos Campos de Lages, séculos 18 e 19”
Autor: Fabiano Teixeira dos Santos
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Ester Judite Bendjouya Gutierrez (UFPEL), Rosa Maria Locatelli Kalil (UPF)
Defesa: 09/12/2011
Resumo: O trabalho que se passa a apresentar traz uma abordagem das habitações rurais e urbanas erguidas durante o período histórico de ocupação inicial da região dos Campos de Lages, no Planalto Serrano do Estado de Santa Catarina, entre os séculos 18 e 19.Estruturado a partir do levantamento e análise das edificações remanescentes, bem como daquelas já desaparecidas, mas que puderam ser identificadas por meio de documentos, sobretudo, iconográficos, busca compreender como se construía e habitava no Planalto Catarinense nesses dois primeiros séculos. Historicamente, esse período foi caracterizado pela expansão e definição das fronteiras territoriais luso-brasileiras na região platina, no contexto de uma sociedade patriarcal e escravagista cuja economia estava baseada quase que única e exclusivamente na atividade pastoril, relacionada às tropeadas de muares e à criação de gado vacum destinado aos mercados consumidores localizados principalmente no sudeste brasileiro e no litoral catarinense. Dentro de uma paisagem regionalmente muito bem caracterizada, marcada pela predominância de campos de altitude pontuados por florestas de araucária, tais construções evidenciam como o colonizador pioneiro, branco ou mestiço, português ou paulista, valendo-se quase sempre da mão de obra dos trabalhadores cativos, soube introduzir e adaptar seus conhecimentos tecnológicos (materiais e técnicas construtivas) e suas referências culturais (usos e costumes definidores da organização dos espaços de habitação e do agenciamento de plantas e tipos de casa) para a edificação de sua moradia. Disso resultou tanto a permanência de soluções e modelos arquitetônicos encontrados em outras regiões do Brasil e Portugal à época, como exemplares completamente originais, resultado da adaptação ao clima e em aproveitamento dos materiais que o novo meio oferecia ao povoador, a exemplo das residências confeccionadas inteiramente em madeira de araucária. No campo, destacando-se no conjunto edificado das sedes de fazenda, ou nas vilas, surgidas de pousos de tropeiros junto aos antigos caminhos, materializam a necessidade de fixação no território recém desbravado do final do século 18 – então singelas e mesmo precárias, levantadas em pau-a-pique – ou o franco desenvolvimento da pecuária na segunda metade do século 19, já imponentes e solidamente construídas, em alvenaria de pedra e cal.
Palavras-chave: arquitetura, moradias rurais e urbanas, fazenda pastoril
187 - Título: “A Guerra do Paraguai na Imprensa do Rio Grande do Sul: apoio e crítica nos discursos sobre a guerra”
Autor: Gabriel Schäfer
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Ceres Moraes (UFGD), Eduardo Munhoz Svartman (UFRGS)
Defesa: 12/04/2012
Resumo: No decorrer do século XIX, a sociedade sul-rio-grandense conviveu intensamente com as ambições do governo imperial na região platina e foi profundamente marcada pela freqüência com que esteve envolvida em conflitos militares. Durante a década de 1860 de maneira especial, as disputas entre o Império do Brasil e as Repúblicas do Prata se acentuaram de forma irreversível. Interesses conflitantes e a impossibilidade de entendimento acabaram tendo como resultado final a conhecida e discutida Guerra do Paraguai, na qual, mais uma vez, o desempenho da província do Rio Grande do Sul, tanto por sua posição geográfica como pelo seu efetivo militar, teve grande significado. A guerra, de proporções até então desconhecidas no continente sul-americano, exigiu uma mobilização que não passava somente pelas esferas política e militar. Nesse esforço, sabe-se que a imprensa foi amplamente utilizada como verdadeira ferramenta de combate no sentido de legitimar o discurso articulado pelo governo, baseado na defesa da honra e no dever do Brasil de retirar Solano Lopez do poder. Já estabelecida como meio de interação social e assumindo a missão de conservar a história, a imprensa foi rica em detalhar os acontecimentos da guerra sendo hoje uma interessante alternativa para observarmos, de outro modo, o desempenho do Rio Grande do Sul e de sua sociedade no conflito contra os paraguaios. A forma como a elite sul-rio-grandense se inseria na região da fronteira e a instabilidade na relação entre a província e o Império, marcante durante o século XIX, poderiam a qualquer momento tornar incerto o comportamento do Rio Grande do Sul. Nos registros levantados em 18 periódicos que circularam pela província entre 1865 e 1870 e que reunidos somam 67 exemplares, notamos uma clara divisão no comportamento da imprensa diante do confronto. Apesar de o apoio dado a luta do Império ter sido nítido e quase permanente, se manifestando na desqualificação do inimigo e na exaltação das forças brasileiras, também houve espaço para contestações e críticas nas folhas sul-rio-grandenses. Assim, nos momentos em que a província se sentia a maior prejudicada ou não tinha seu empenho devidamente reconhecido, claros desentendimentos, novos ou antigos, pautavam a discussão. Lutando contra a implacável ação do tempo, a presente dissertação consiste num estudo a respeito da imprensa sul-rio-grandense e seu envolvimento na Guerra do Paraguai. Além de contribuir com o resgate de parte do valioso patrimônio histórico e social contido nos jornais da época, o trabalho busca compreender e analisar as distintas impressões dos mesmos diante do longo conflito levando em conta as diversas forças políticas e sociais que podiam atuar sobre elas.
Palavras-chave: Guerra do Paraguai; imprensa; Rio Grande do Sul; sociedade.
188 - Título: “Cooperativismo e crédito na região colonial do RS: convergências e contradições”
Autor: Josei Fernandes Pereira
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin
Banca: Paulo Afonso Zarth (UFFS), Álvaro Antônio Klafke (UPF/PPGH)
Defesa: 13/04/2012
Resumo: O cooperativismo tem suas raízes históricas fincadas na Revolução Industrial. Nasce, portanto, indissociavelmente ligado a ascensão do sistema capitalista na sociedade européia do século XIX. Propunha-se inicialmente como um caminho alternativo ao liberalismo econômico, defendendo a auto-ajuda (-mútua) como instrumento para atingir o que chamamos de uma “economia moral”. A grande questão que se criava era como ser cooperativo sem ser competitivo. Paralelamente, a imigração européia para a América oferece um modelo de transposição de um conjunto de estruturas sócio-econômicas, dentro das quais o próprio cooperativismo fez parte, sendo utilizado na auto-organização das colônias de imigrantes, especialmente no sul do Brasil. Neste trabalho, ambos os processos serão analisados como modelos de reação não-governamental dos camponeses. O esforço da pesquisa dá-se no sentido de analisar ambas as experiências a partir do contexto regional da região noroeste do RS. Habitada primordialmente por indígenas, lusos e caboclos, esta região foi colonizada a partir de 1890 por imigrantes europeus em busca de terras para exploração agrícola. Utilizou-se inicialmente o modo de divisão familiar do trabalho, orientado para a obtenção da propriedade da terra, mesclado com atividades de subsistência. Contudo, a inevitabilidade da mercantilização da produção, para a quitação da dívida e melhorias nos lotes, necessitava a inserção na economia regional. A ausência de bancos no RS pré-1930, oferecia condições para que comerciantes locais submetessem estes imigrantes à usura, um procedimento imoral para os costumes camponeses. A análise das fontes documentais assinala que o cooperativismo surgiu como um mecanismo adaptativo à economia liberal de mercado. A Colônia Serra Cadeado (objeto referência desta análise) auto-ordenou-se a partir de formas de organização socioeconômicas como o cooperativismo de crédito que, capitalizando coletivamente as economias coloniais, interferiu na vida pública comunitária, financiando e mercantilização a produção, defendendo os interesses dos colonos associados e até executando obras de infra-estrutura locais.
Palavras-chaves: cooperativismo, crédito, imigração
189-Título: “Metamorfoses na cultura cabocla: a inserção do lavrador nacional no ciclo da madeira em Chapecó (1930-1965)”
Autor: Leonardo Dlugokenski
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Arlene Anelia Renk (UNOCHAPECÓ), Telmo Marcon (UPF/PPGEDU)
Defesa: 16/04/2012
Resumo: O presente trabalho discute as transformações ocorridas na cultura do caboclo residente na região de Chapecó a partir do ciclo da madeira (1930 – 1965), onde estes interagiram mais intensamente com os colonos durante as atividades ligadas a extração da madeira e a prestação de serviços. O trabalho tem inicio a partir da discussão sobre a formação política da região de Chapecó passando pelas primeiras ocupações da mesma (indígenas e caboclos) até a chegada das colonizações. A partir da colonização temos o advento da indústria da madeira que coloca em interação intensa caboclos e colonos, gerando conflitos de ordem simbólica que vão influenciar na modificação da cultura do lavrador nacional, mudando o seu jeito de ser, sua cosmovisão. As alterações citadas são sutis, porém importantes, dado que a forma de trabalho, a religiosidade, as relações familiares e a sua identidade são alteradas com o objetivo de adaptar-se ao novo ciclo econômico que se instalava em Chapecó.
Palavras-chaves: caboclos, colonos, cultura, mudança.
190-Título: “Aspectos Históricos e Jurídicos do Segurado Especial “Trabalhador Rural”: na microrregião de Getúlio Vargas/RS”
Autor: Lilian Hanel Lang
Orientador: Profª. Drª. Janaína Rigo Santin
Banca: Orides Mezzaroba (UFSC), João Carlos Tedesco (UPF/PPGH)
Defesa: 27/04/2012
Resumo: A previdência social nasceu da preocupação do Estado em garantir o sustento do trabalhador e seus dependentes nos casos de incapacidade ou morte. Entretanto, foi somente com o advento da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 que os direitos previdenciários foram estendidos aos trabalhadores do meio rural. Cabe verificar se este público-alvo tem usufruído desta legislação e de que maneira a percepção de um benefício previdenciário pode vir a garantir sua dignidade.
Palavras-chaves: Benefícios, dignidade, Previdência Social, trabalhador rural.
191-Título: “A Primeira Guerra do Paraguai: a expedição naval do Império do Brasil a Assunção [1854-5]”
Autor: Fabiano Barcellos Teixeira
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Alejandro Miguel Schneider (UBA-ARG), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF/PPGH)
Defesa: 10/05/2012
Resumo: Analisamos a missão diplomática enviada pelo império do Brasil a Assunção entre 1854-55 e suas possíveis relações com o maior conflito sul-americano, a “guerra do Paraguai”, ocorrido entre 1864-70. Em 10 de dezembro de 1854, o império do Brasil despachou à capital do Paraguai mais de 30 navios de guerra, entre dois a três mil soldados, para executar essa operação. A expedição tinha por objetivo a livre navegação do rio Paraguai, importante meio de comunicação do Rio de Janeiro com a província do Mato Grosso, e a definição dos limites territoriais entre as duas nações. Por seu turno, o Paraguai mobilizou cerca de seis mil homens para a sua defesa e construiu fortalezas nas margens do rio Paraguai – Humaitá – para repelir a então iminente agressão imperial. Pedro Ferreira de Oliveira, chefe-de-esquadra imperial, foi designado a comandar a expedição. A esquadra não entrou em combate. Em 27 de abril de 1855, Pedro Ferreira de Oliveira assinou tratado de amizade, comércio e navegação com o governo do Paraguai. No entanto, o referido acordo foi rechaçado pelo parlamento imperial, pois a livre navegação pelo rio Paraguai não foi obtida. A missão não alcançou seus principais objetivos, mas pode ter garantido o relativo êxito das tropas aliadas nas batalhas ocorridas na década posterior à citada operação. Apesar de vitorioso, ao menos taticamente, o governo do Paraguai não conseguiu ajustar acordo diplomático duradouro com o Império, e na década seguinte a grande guerra sul-americana explodiu. A expedição pode ter tido importante significado ao contexto que culminou com a “guerra do Paraguai”, ou da Tríplice Aliança de 1864-70. Apesar da sua relevância, a referida expedição não teve o destaque merecido pela historiografia e ainda está por ser mais bem compreendida.
Palavras-chaves: Diplomacia, Expedição, Guerra, Império, Paraguai
192 - Título: “Violência conjugal contra a mulher: estudo realizado em Cruz Alta-RS no período de 1987-1988”
Autor: Ieda Maria Rieger Pires
Orientador: Prof. Dr. Janaína Rigo Santin
Banca: Marli Marlene Moraes da Costa (UNISC), Adelar Heinsfeld (UPF/PPGH);
Defesa: 06/06/2012
Resumo: Este estudo se detém na temática ‘violência conjugal contra a mulher’. Para adentrar aspectos teóricos elaborou-se o referencial bibliográfico sobre a década de 1980-1989. Delimitou-se o tema à questões da realidade da violência conjugal no contexto em Cruz Alta - RS nos anos de 1987/1988. A problematização insere-se no constante noticiário sobre a violência contra a mulher, nesta direção apresenta-se o problema: - Como era a assistência pelo poder público às mulheres vítimas de violência em Cruz Alta no período pesquisado? Após a fundamentação teórica foram realizadas técnicas de pesquisa documental e entrevistas com agressores e vítimas de violência na relação amorosa sobre amostragens com casos de violência conjugal contra a mulher na cidade de Cruz Alta, nos anos de 1987 a 1988. Para a pesquisa documental, buscaram-se informações nos registros do POEDEM - Posto de Orientação e Defesa dos Direitos da Mulher de Cruz Alta e reportagens de jornais do período pesquisado. A interpretação dos dados obtidos realizou-se com enfoque qualitativo como forma de valorizar as concepções pessoais dos entrevistados. Para se manter a cientificidade foi realizada a análise por categorização, isto é, concepções e tipologias elaboradas pelos autores referenciados sobre aspectos gerais em relação às informações específicas obtidas no contexto pesquisado. Ao se relacionar os dados obtidos em Cruz Alta com as informações anteriores elaboradas pelos autores pesquisados, indica-se que as mulheres sofrem as mesma agressões, em intensidade e em circunstâncias semelhantes, embora os contextos sociotemporais sejam diferentes. Os indicativos do perfil do agressor encontram-se nas referências citadas por diversos autores, ao afirmarem que os espancadores de esposas podem ser homens aparentemente amáveis, que se tornam violentos por diversos fatores, como questões culturais, frustrações e perturbações psíquicas. Os agressores da amostra pesquisada ficaram impunes pela aceitação da violência entre o casal como noção cultural dominante daquela época e pela ausência de legislação penal mais rigorosa. Esta lacuna seria preenchida com a Constituição de 1988 e pela Lei 11.340/ 2006, conhecida como Maria da Penha. Porém, a violência permanece como um estigma a marcar mulheres-vítimas, enquanto o homem-agressor surge em todas as camadas sócio-econômicas em todos os contextos históricos.
Palavras-chave: violência conjugal – caracterização da vítima e do agressor - Cruz Alta – RS
193 - Título: “Transformações para uns, desocupação para outros: as reclamações da população nos jornais Correio do Povo e Diário de Notícias em Porto Alegre, 1928-1935”
Autor: Alexandre Pena Matos
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Banca: Haroldo Loguercio Carvalho (UFRN), Álvaro Antônio Klafke (UPF/PPGH)
Defesa:22/06/2012
Resumo: O presente trabalho traz a Porto Alegre do período de 1928 a 1935, com suas especificidades que acarretaram transformações para uns e desocupações para outros. O objetivo é expor o cotidiano da população, através das reivindicações, das necessidades e das sugestões que estamparam a seção Queixas e Reclamações, durante o processo de urbanização, parcelamento do solo e embelezamento do espaço da urbs. Os jornais pesquisados apresentaram por vezes uma linearidade na publicação de tal coluna, existindo sim, diferenças em suas linhas jornalísticas e editoriais. Ou seja, em geral, os temas não se alteram entre si, apenas encontram-se, por vezes, evidências na composição e exposição destas queixas. O universo das reclamações totalizaram 2.494, sendo analisados 599, correspondente ao jornal Correio do Povo, através das colunas Caixa Urbana, Microscopio e As Queixas do Público e, 1.895 do Diário de Notícias, com as seções A Cidade, O Publico Reclama, Ecos & Notas, Pontos de Vista, Queixas e Reclamações, Crônica do Dia e Carta á Direção. Os queixosos são moradores ou transeuntes expostos às ações do dia a dia, vítimas das más condições dos serviços públicos, de empresas ou companhias, assim como, de outros indivíduos, que não dispunham de outro canal de comunicação para manifestarem suas insatisfações nos casos de omissão ou arbítrio destes agentes. A mídia impressa teve um peso substancial, visto que em suas folhas as narrativas da cidade tomam forma. Alimentando-se do substrato da ocorrência, seja ela pública ou privada, ela narra, em suas linhas, uma espécie de realidade a partir de textos e imagens, provocando práticas e representações que se desenrolam em novas realidades. A História e a Comunicação guardam cada uma suas especificidades, seus métodos e suas técnicas, que são utilizadas nas análises das mais diversas formas de discursos, em contra partida, o foco de ambas permanece o mesmo, as ações humanas e os acontecimentos por elas implicados.
Palavras–chave: Porto Alegre. Queixas e reclamações. Transformações urbanas. Jornais.
194 - Título: “Flores da Cunha: relação política administrativa com Passo Fundo e Região Norte do RS, nas páginas de O Nacional (1930-1937)”
Autor: Alexandre Aguirre
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Haroldo Loguercio Carvalho (UFRN), Ana Luíza Setti Reckziegel (UPF/PPGH)
Defesa:22/06/2012
Resumo: Esta pesquisa tem como foco principal analisar o governo de Flores da Cunha e as relações político-administrativas com o município de Passo Fundo e região norte do Rio Grande do Sul, no período em que o mesmo governou o Estado do Rio Grande do Sul, no período de 1930-1937, primeiro como interventor federal nomeado pelo chefe do Governo Provisório Getúlio Vargas e, posteriormente, eleito governador pela Assembléia Constituinte em 1934. O ponto de partida de nossa investigação é o rompimento da política do café-com-leite, predominante durante todo o período da República Velha (1889-1930). A partir desse contexto político, procuramos compreender a nova conjuntura política que se instalava no país e, ao mesmo tempo, a ascensão dos políticos riograndenses no Governo Federal, bem como os reflexos que a nova ordem política causaria no contexto nacional e regional, pois o personagem central de nossa pesquisa, Flores da Cunha, tornar-se-ia o fiel escudeiro de Getúlio Vargas, tendo em vista sua participação destacada no movimento armado de 1930 e na Revolução Constitucionalista de 1932. Para realização desta dissertação, utilizamos como fonte de pesquisa básica a imprensa local, dando destaque para as leituras realizadas nas páginas já envelhecidas do jornal O Nacional de Passo Fundo, além de autores que tratam do tema em questão.
Palavras-chave: Governo. Política. Revolução. Oligarquia. História Regional. Imprensa.
195 - Título: “Sedução e casamentos nos processos-crime na comarca de Soledade (1942-1969)”
Autor: Emannuel Henrich Reichert
Orientador: Prof. Dr. Gizele Zanotto
Banca: Cristina Scheibe Wolff (UFSC), Ironita A. P. Machado (UPF/PPGH)
Defesa:05/07/2012
Resumo: Esta dissertação busca analisar, contextualizar e compreender os crimes de sedução, outrora entre os mais frequentemente julgados pelo Judiciário brasileiro, com base na análise de casos ocorridos na comarca rio-grandense de Soledade em meados do século 20. A sedução ocorria, segundo a lei, quando um homem seduzia uma moça menor de idade, inexperiente, e com ela mantinha relações sexuais. Em geral, os “sedutores” eram namorados que se negavam a casar com as meninas, levando os parentes desta a recorrer às autoridades em busca de providências. Apesar de haver uma pena de prisão prevista para os sedutores, era raro um deles passar muito tempo no cárcere, pois a lei também previa que o casamento entre as partes extinguia a pena, mesmo que ocorresse após a condenação. Graças a essa medida, os processos quase não terminavam em absolvição ou condenação, mas em absolvição ou casamento, indicando que o propósito por trás da criminalização da sedução não era punir os réus, mas estimulá-los a aceitarem o matrimônio. Ao perseguir suas metas casamenteiras, contudo, o Judiciário esbarrava-se com um obstáculo grave. O modelo de união que ele buscava promover, e o único legalmente aceito, era o casamento civil, indissolúvel, chefiado pelo homem provedor, enquanto a mulher se restringia ao espaço doméstico. Esse modelo era comum entre as classes média e alta, mas em meio à população pobre, mais comumente envolvida nos casos de sedução, as uniões eram diferentes, com maior número de mulheres trabalhando e chefiando famílias, o casamento civil sendo uma opção entre outras, e os cônjuges tendo a possibilidade de romper relacionamentos insatisfatórios, mesmo que a lei dissesse o contrário. Diante desses contrastes, os esforços para disseminar entre os pobres um modelo pouco apropriado à sua realidade não podiam ter mais do que um sucesso limitado. A pesquisa baseou-se no estudo de quarenta processos ocorridos entre 1942, ano em que entrou em vigor o atual Código Penal, e 1969, ano imediatamente anterior à década de 70, em que se intensificaram transformações culturais, legais e sociais, como a legalização do divórcio e o avanço do trabalho feminino, que levaram a um declínio da importância do crime de sedução, até sua revogação em 2005, quando já era uma relíquia do passado.
Palavras-chave: sedução, crimes sexuais, casamento, família, história do direito
196 - Título: “Uma Educação moral cristã: atuação da Congregação das Irmãs de Notre Dame em Maravilha-SC”
Autor: Vitor Marcelo Vieira
Orientador: Prof. Dr. Gizele Zanotto
Banca: Claricia Otto (UFSC), Adelar Heinsfeld (UPF/PPGH)
Defesa:13/08/2012
Resumo: Este trabalho analisa a atuação da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora - Notre Dame (SND - Sisters of Notre Dame), em Maravilha – SC, cidade localizada no extremo Oeste Catarinense. A SND esteve à frente da educação formal implementada na localidade, inicialmente na Escola Reunidas Vera Gomes de Miranda e depois Grupo Escolar Nossa Senhora da Salete entre 1954 e 1976. Analisando a chegada da SND ao local com suas atividades, percebe-se que este evento se caracteriza como um dos elementos preponderantes, empreendidos pelo processo de colonização. Não obstante, tal evento não se caracteriza como fato isolado, mas como integrante de um mesmo processo com direção bem definida, ou seja, o desejo governamental de estabelecer o “progresso” e o “desenvolvimento” na região. Esse desejo de ocupar o espaço tem suas raízes ainda na política empreendida pelo Estado, delegando às colonizadoras, a empresa de comercializar as terras. Além de analisar a atuação da SND em Maravilha, este trabalho considerou os momentos iniciais da constituição do espaço e a importância da presença da instituição religiosa no local. As fontes empregadas nesta pesquisa derivam da própria SND e constituem-se de documentos e publicações produzidas pela instituição como, por exemplo, relatórios anuais, ata de reuniões pedagógicas e livros de correspondências. Para analisar tal aparato documental nos pautamos na categoria de poder disciplinar de Foucault (1997). Junto a isso, entender como foram se configurando as relações no espaço da colonização, com as ações do Estado, com seu interesse no povoamento da região e conseqüente incentivo às colonizadoras, foi um dos objetivos. Não obstante, identificar a disciplina empreendida pela SND na sala de aula e nas reuniões pedagógicas foi, sobretudo o fundamento deste texto. Assim, através da análise de fontes primárias interpretaram-se as ações moralizantes e a difusão de princípios cristãos empreendidos pela SND no espaço escolar e comunitário.
Palavras-chave: educação, moral cristã, disciplina, colonização.
197 - Título: “A mobilização política do discurso do “herói” pioneiro da luta social de 1957 no Sudoeste do Paraná”
Autor: Leomar Rippel
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Carlos Antônio Bonamigo (UNIPAR), Gizele Zanotto (UPF/PPGH)
Defesa:15/08/2012
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo analisar as políticas de memória voltadas à exaltação e à institucionalização do pioneiro como herói regional no Sudoeste do Paraná. O poder público instituído esforçou-se ao máximo em constituir um imaginário social do migrante proveniente de Santa Catarina e Rio Grande do Sul como símbolo do labor, do progresso e da prosperidade. Para tanto, as representações de um passado laborioso e heróico estão influenciando na naturalização dos discursos, em que a noção de sociedade não é sempre considerada como produção humana, fazendo com que haja um processo de afastamento dessa percepção pelos sujeitos que a vêem como realidade exterior ao indivíduo, onde o sujeito e sociedade são vistos de forma dicotômica. Através das fontes analisadas nessa pesquisa como jornais, revistas, peça teatral, obras literárias, monumentos e discursos políticos, possibilitaram compreender as diversas formas utilizadas para criar e galvanizar uma representação coletiva do migrante sulista como sendo o único capaz de conduzir o Sudoeste do Paraná rumo ao progresso. Percebeu-se dessa forma, que para constituir tais representações, houve a necessidade de silenciar a memória dos grupos indígenas e caboclos, primeiros habitantes da Região Sudoeste. Sendo assim, os discursos enaltecendo as conquistas do Sudoeste paranaense, principalmente, a partir de 1970, contribuíram, sobremaneira, para a constituição desta representação coletiva, forjando referências identitárias na tentativa de produzir um conjunto de valores e comportamentos homogêneos, e no controle tempo coletivo. A partir das categorias de análise como memória coletiva, imaginário social, representações sociais, capital simbólico e análise do discurso, o presente trabalho procura compreender essa discursividade, que serviu como forma de utilizar e representar o passado em função de um presente e de um futuro, todavia, percebeu-se que quem melhor mobilizou os recursos simbólicos pioneirista foram os que mais se projetaram e perpetuaram-se na cena política regional, estadual e federal.
Palavras-chaves: Sudoeste do Paraná, pioneiro, memória e imaginário social.
198 - Título: “Visitantes Indesejados: os pedidos de extração de Franz Stangl e Gustav Wagner em uma análise histórico jurídica”
Autor: Felipe Cittolin Abal
Orientador: Prof. Dr.Janaína Rigo Santin
Banca: Arno Dal Ri Junior (UFSC), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF/PPGH)
Defesa:17/08/2012
Resumo: O presente trabalho se foca no estudo acerca de dois criminosos nazistas encontrados no Brasil: Franz Stangl e Gustav Wagner, com o anseio de pesquisar quem eram estes nazistas, quais crimes cometeram e como chegaram ao Brasil, além de analisar os processos de extradição realizados contra eles e de que forma a descoberta destes nazistas no país e os resultados dos processos de extradição impactaram na imprensa do sudeste. Stangl foi Comandante dos campos de extermínio de Sobibor e Treblinka, além de ter trabalhado anteriormente no Instituto de eutanásia de Hartheim, sendo que, desta forma, participou ativamente do assassinato de milhares de pessoas, em especial judeus. Wagner, que também havia laborado em Hartheim, foi sub-comandante do campo de extermínio de Sobibor, sendo conhecido por sua crueldade e tendo assassinado pessoalmente dezenas de pessoas de origem hebraica. Ambos, após o fim da guerra, fugiram da Europa com auxílio de membros da igreja católica e, após um período na Ásia Ocidental, acabaram por se refugiar no Brasil. Stangl foi encontrado no país em 1967 e sofreu pedidos de extradição da República Federal da Alemanha, Áustria e Polônia, sendo que, após o julgamento destes pedidos pelo Supremo Tribunal Federal, o nazista foi entregue à Alemanha. Wagner foi encontrado no Brasil onze anos depois e também teve sua extradição solicitada pelos governos da República Federal da Alemanha, Áustria, Polônia e Israel. O entendimento do Supremo Tribunal Federal no caso Wagner, porém, foi diferente, sendo que a extradição do nazista foi negada. A pesquisa se concentrou, em um primeiro momento, na análise de ambos os sujeitos e seus crimes, assim como os locais onde cometeram os delitos de que foram acusados para, posteriormente, abordar como os nazistas foram encontrados no Brasil e o impacto destes fatos nos jornais do sudeste. No último momento do trabalho, passou-se a estudar o tratamento dado ao instituto da extradição no ordenamento pátrio vigente à época dos julgamentos, os processos em si e seus resultados, finalizando com uma análise acerca da repercussão do resultado dos julgamentos nos jornais de São Paulo e Rio de Janeiro. Para a realização da pesquisa foi utilizada bibliografia específica, entrevistas realizadas com sobreviventes dos campos de extermínio de Treblinka e Sobibor, os processos de extradição na íntegra e jornais da época. Estas etapas foram realizadas para buscar subsídios para se responder o problema principal da pesquisa: Quais foram os motivos jurídicos que embasaram os resultados diferentes nos dois julgamentos naquele momento histórico, diante da aparente equidade dos casos? Chegou-se, então, à conclusão de que isto ocorreu em virtude da análise estritamente legalista realizada pelo Supremo Tribunal Federal do caso Wagner, em detrimento das normas internacionais de repressão aos criminosos que participaram de genocídio e da própria justiça.
Palavras-chaves: Extradição, Imprensa, Nazistas no Brasil
199 - Título: “Crimes Sexuais no Sudoeste do Paraná: as contravenções morais dos migrantes na comarca de Clevelândia (1953-1979)”
Autor: Denilson Sumocoski
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Ismael Vannini (UNIPAR), Gizele Zanotto (UPF/PPGH)
Defesa:29/08/2012
Resumo: A região Sudoeste do Paraná deve ser entendida como uma preocupação do Estado brasileiro desde o período imperial, quando ocorreram as instalações das colônias militares Chapecó e Chopim. Esse fenômeno repetiu-se quando foram criadas, em meados do século XX, colônias agrícolas sendo a principal expoente a CANGO (Colônia Agrícola Nacional General Osório), tendo como função específica, o povoamento e a proteção da área de fronteira com a Argentina. Nesse período que correspondia a inicio da década de 30, o Brasil era chefiado pela Era Vargas, sendo que o mesmo estende a ocupação da região Sudoeste com a política denominada “Marcha para Oeste”. Relevante ressaltar que a região Sudoeste teve o seu espaço geográfico ocupado com maior intensidade após as primeiras décadas do século passado, isso devido o deslocamento de imigrantes europeus que haviam ocupado a região da Serra Gaúcha e foram assim deslocados em um processo de migração interna para o Sudoeste paranaense. Porem não é correto afirmar que a região, antes disso, era um imenso vaziodemográfico como a historiografia tradicional existente entre as décadas de 70-80 relatam. Os migrantes e seus descendentes, que ocuparam a região, são os protagonistas diretos dessa pesquisa, pois as análises dos crimes sexuais ocorrem em torno desse grupo. Crimes de estupro e defloramento foram analisados, tendo, como referência jurídica, o código penal de 1940. A pesquisa tem como objetivo analisar as contradições existentes entre o discurso oficiais moralizador apregoada pela Igreja Católica e pelo Estado, tendo, como contraponto, os processos de crimes sexuais cometidos na região entre os anos de 1953-1979. A analise maior de pano de fundo é a de compreender a contradição existente entre o perfil idealizado pelas forças governamentais e religiosas e as praticas não condizentes comprovadas através da existência de processos crimes que denunciavam as ações reprovadas judicialmente e moralmente pela sociedade local.
Palavras-chaves: Crimes sexuais; migrantes, Comarca de Clevelândia, protagonistas; discurso moralizador
200 - Título: “Dueto em três vozes: discursos historiográficos e estéticos do gaúcho em “O Laçador” E “El Gaucho Oriental”
Autor: Henrique Pereira Lima
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Banca: César Augusto Barcellos Guazzelli (UFRGS), Luiz Carlos Tau Golin (UPF/PPGH)
Defesa:18/09/2012
Resumo: A estética do gaúcho, produzida pelo imaginário rio-grandense e uruguaio ao longo dos séculos XIX e XX, insere o agente histórico e social, dentro outra estrutura – a simbólica. O tempo histórico, nesse sentido, entrecruza-se com o tempo simbólico, na construção de uma terceira dimensão, o tempo do sentido, dentro do qual, o gaúcho insere-se e, a partir do qual, relaciona-se com as demandas mais amplas destas sociedades. A fluidez das fronteiras políticas instaladas no Prata, cobrou do processo de consolidação das nacionalidades argentina, brasileira e uruguaia ao longo dos séculos XIX e XX mecanismos que viabilizassem a delimitação de suas soberanias. Nesse sentido, a construção de imaginários, nacionalismos e de historiografias, ao ocuparem-se desta tarefa, convergiram para a construção de uma estética particularizadora deste agente e deste espaço que desde a época colonial, apresentava sinais de convergência. Ainda que os aspectos históricos não tenham sido abandonados, sua apropriação guiou-se por interesses sociais contemporâneos, dando contornos míticos e idealizados aos “gaúchos nacionais”, tidos então, como promotores da ocupação do espaço e fundadores de uma historia pátria. Identidades culturais e identidades políticas eram por esses critérios estruturados. À história, este contexto já amplamente pesquisado e debatido, revela novos aspectos, sobretudo quando as lentes pelo qual a formação das nações da região platina são cotejadas, são plurais. As diferentes manifestações artísticas destas sociedades apresentam-se como terreno exemplar de ação e a interação dos diferentes elementos e diferentes sujeitos sociais, deu forma a um variado sistema de representações do gaúcho. Essa capacidade de a arte expressar um conteúdo objetivo atribui aos monumentos “El Gaucho Oriental” e “O Laçador”, instalados em Porto Alegre – RS a função de apresentar o discurso – de forma cognoscível – das diferentes identidades culturais que as modelaram – uruguaia e rio-grandense, respectivamente. Estes monumentos, vinculados a diferentes discursos acerca do gaúcho expressam imaginários comprometidos com distintas demandas que, mesmo vinculadas a estética, não perdem sua eficácia discursiva na sociedade que as gestas ou as acolhem.
Palavras-chaves: Arte Pública, “El Gaucho Oriental”, Gaúcho, Historiografia, “O Laçador”, Representação
201 - Título: “Tendeiros de “Beira de Estrada”: caboclos – pluriativos de Fontoura Xavier”
Autor: Joseandra Sanderson da Cruz
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Joel João Carini (IFF), Humberto José da Rocha (UPF)
Defesa:19/09/2012
Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo mostrar a ocupação e a colonização da região de Soledade, aprofundando o estudo no município de Fontoura Xavier, com concentração nas tendas à beira da rodovia. Os agentes centrais são os comerciantes tendeiros que têm às margens da BR 386 no Km 273, suas tendas, local onde comercializam produtos e artigos produzidos e elaborados por eles mesmos. Trata-se de uma vida dedicada à agricultura e ao comércio, atividades desenvolvidas pelos moradores da comunidade de Vila Assis, tendo como fornecedores os pequenos agricultores. Estes cultivam suas lavouras e o produto era (é) comercializado nas tendas. Os produtos são característicos do cultivo de suas lavouras, como feijão, abóbora, amendoim, pinhão, entre outros, expandindo-se hoje para mercadorias trazidas de outros locais, como os tapetes de couro. As tendas surgiram como forma de ter um emprego e renda para o sustento das famílias. São trinta tendas cadastradas e estabelecidas naquele local. O caboclo é o elemento que ocupa destaque nelas, por ter sido marginalizado durante o processo da colonização. Exerceu atividades extrativas para os grandes proprietários, especialmente a erva-mate, alguns tinham pequena área cedida ou ocupada de onde retirava seu sustento na condição de explorado e subjugado. Encontrou a saída nas tendas como alternativa para sua subsistência. Sem organização no início, hoje, porém, em condições melhores. As primeiras tendas construídas foram em 1935, à beira da estrada, e de madeira. O caboclo comerciante hoje está numa situação melhor, mais organizada, em virtude dos incentivos liberados pelo governo Federal e Estadual e Municipal. A fundação da Associação dos Tendeiros foi de fundamental importância para essas melhorias. Nessa prática os tendeiros atuam desde longa data, passaram de geração a geração a prática, os saberes, os conhecimentos da lida com o comércio. É importante destacar o trabalho (agricultura) do caboclo comerciante, bem como do artesanato feito por eles mesmos. Ênfase maior é dada ao evento que acontece a cada ano: a Festa do Pinhão. Pelo fato de esse produto encontrar-se em abundância na região, denunciando uma vasta conservação de floresta araucária nativa.
Palavras-chaves: Caboclos. Comerciantes. Às Margens da Br 386
202 - Título: “RELAÇÕES DO IMPÉRIO DO BRASIL E DOS FARROPILHAS COM O PRATA (1835-1852)”
Autor: Janaíta Golin da Rocha
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: André Fertig (UFSM), Álvaro Antônio Klafke(UPF/PPGH)
Defesa:30/10/2012
Resumo: As relações do Império do Brasil e dos farroupilhas com o Prata efetivaram-se com os objetivos contrários de contenção e prolongamento da guerra civil farroupilha, ocorrida entre os anos de 1835 a 1845 na província do Rio Grande do Sul. Os contatos estabelecidos pelo Império do Brasil com os líderes platinos justificavam-se pelo propósito de obstar os auxílios provenientes daquela região, os quais davam fôlego aos rebeldes. As comunicações dos farroupilhas com o Prata se davam pelo interesse de adquirir cavalhada e artigos de guerra, principalmente. O desfecho da insurreição farroupilha, em 1845, não assegurou a pretendida hegemonia brasileira na região do Prata, ambicionada pelo Gabinete Imperial. Ela seria obtida com a ajuda dos ex-inimigos do Império de 1835, que no contexto de 1852, reconciliados e reincorporados ao exército do Brasil, marcharam contra Juan Manuel de Rosas, líder da Confederação Argentina, derrotado na batalha de Monte Caseros, em 3 de fevereiro daquele ano. As fontes utilizadas para a confecção deste trabalho foram a Coleção Varela, Arquivo Pessoal do Barão de Caxias, Revistas do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Cadernos do Centro de História e Documentação Diplomática e os Relatórios da Repartição dos Negócios Estrangeiros do Império do Brasil.
Palavras-chaves: Império do Brasil, farroupilhas, Prata
203 - Título: “Política, repressão e nacionalismo: o cotidiano da comunidade alemã do Vale do Iguaçu durante a Era Vargas”
Autor: Wanilton Dudek
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Dennison de Oliveira (UFPR), Rosane Márcia Neumann(UPF/PPGH)
Defesa:31/10/2012
Resumo: O estudo das estruturas políticas e sociais do cotidiano está relacionado à compreensão dos fenômenos que vinculam as instituições públicas do Estado ao campo da vida privada, estabelecendo novas relações de poder. O objetivo geral da pesquisa é analisar como a política nacionalista de Getúlio Vargas alterou o cotidiano da região do Vale do Iguaçu, enfatizando as ações públicas direcionadas à comunidade alemã, e como a população civil atuou neste processo. Para dar conta dos objetivos, utilizamos as seguintes fontes: recortes do periódico O Comércio, que circulava na região de União da Vitória e Porto União, disponíveis na atual redação do jornal, e documentos da extinta Delegacia de Ordem Política e Social dos Estados do Paraná e Santa Catarina, separados por pastas e eixos temáticos no Arquivo Público do Paraná. Através destas fontes, foi possível observamos a atuação policial que, por meio de ações legitimadas pela legislação do Estado Novo, e da participação da sociedade civil, sistematizou uma política de vigilância aos imigrantes alemães e seus descendentes.
Palavras-chaves: Vale do Iguaçu, alemães, autoritarismo e Era Vargas
204 - Título: "Imaginários e místicas nas reduções jesuíticas”
Autor: Celso Gabatz
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin
Banca: Walter Frantz (Unijuí), Gizele Zanotto (UPF/PPGH)
Defesa:23/01/2013
Resumo: A presente Dissertação de Mestrado está vinculada ao Programa de Pós-Graduação em História – Mestrado em História, da Universidade de Passo Fundo-RS (UPF), e à Linha de Pesquisa Espaço, Economia e Sociedade, tendo como tema central Imaginários e Místicas nas Reduções Jesuíticas na área geográfica de abrangência da antiga Província Jesuítica do Paraguai com as suas respectivas frentes missionárias do Paraná, Uruguai, Paraguai e Tape. Mais do que uma leitura compreensiva e crítica dos fatos e de seus desdobramentos históricos acerca da colonização do Novo Mundo, a pesquisa procura esclarecer os processos envolvidos no encontro entre a cultura ocidental cristã católica e a cosmovisão mítica guarani, buscando compreender como ocorreu a modelação moral dos guaranis à fé cristã no âmbito das Reduções Jesuíticas. Utilizando-se a metodologia dedutiva e o método de procedimento ócio-histórico-analítico, com consultas em bibliografias de fontes primárias e secundárias, cartas ânuas e relatos arrolados em abordagens etnográficas, foi possível constatar que, as Reduções Jesuíticas serviram ao propósito de serem espaços destinados ao processo de cristianizar para civilizar os povos indígenas guaranis, a fim de salvar sua alma e, ao mesmo tempo, fazer com que as populações autóctones indígenas se tornassem "civilizadas‟, de modo a contribuir com as prerrogativas da colonização. Neste processo, acabaram sendo destacados conceitos morais ocidentais e a mentalidade religiosa cristã europeia que almejava concretizar a expansão e assimilação das prerrogativas eclesiásticas católicas para uma realidade ainda desconhecida em toda a sua amplitude religiosa, moral, social e humana. A dissertação busca aprofundar, as possíveis adequações resultantes das impressões dos jesuítas, que engendravam juízos de valores tidos como condenáveis nas práticas guaranis e que motivaram uma ação missionária que privilegiava as representações de Deus, através de sua imagem condenatória e, ao mesmo tempo, benevolente e amorosa, segundo uma constelação de elementos intrínsecos às místicas cristãs, com suas simbologias, tradições e valores, que foram elementos decisivos na modelação moral dos povos indígenas guaranis.
Palavras-chaves: Reduções Jesuíticas. Imaginários. Místicas. Religião. Indígenas.
205 - Título: "Força Aérea Brasileira: os reflexos do alinhamento com os Estados Unidos(1941-1948)”
Autor: Anderson Matos Teixeira
Orientador: Prof. Dr.Adelar Heinsfeld
Banca: Eduardo Munhoz Svartman (UFRGS), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF/PPGH)
Defesa:07/03/2013
Resumo: A Segunda Guerra Mundial induziu a Força Aérea Brasileira a criar vínculos com diversos atores internacionais, que resultou em reflexos na sua estrutura e pensamento. Em 1941, no Brasil, foi criado o Ministério da Aeronáutica, absorvendo a aviação naval (marinha) e aviação militar (exército), com aparelhos de diversos modelos e obsoletos em sua totalidade. Com a Comissão Mista de Defesa Brasil-Estados Unidos, criada em 23 de abril de 1942, foi decidida como seria a participação do Brasil nos esforços da guerra, e como seriam utilizadas as bases nacionais pelas forças norte-americanas (construídas por empresas aéreas dos Estados Unidos), além de quais equipamentos receberia como parte do apoio aos Aliados. Com a Força Aérea devidamente equipada com aeronaves modernas e seus pilotos treinados em solo norte-americano, o que se seguiu foi o envio de pessoal da Aeronáutica para a proteção dos comboios no Atlântico e um esquadrão para o Teatro de Operações europeu, onde observa-se o emprego desta força, sob a égide norte-americana. A forma com que os Estados Unidos influenciaram foi das mais diversas, mas principalmente a partir da formação do pessoal, fornecimento de materiais e do pensamento sobre poder aéreo, que ainda podem ser sentidos dentro da Força Aérea Brasileira. Observa-se que durante o período, com raríssimas exceções, a FAB operou aeronaves que não eram de origem norte-americana, e em missões de outras características que não as de primeira ordem. Esta dissertação pretende mostrar de que forma a Força Aérea Brasileira foi influenciada pelos Estados Unidos, no período da Segunda Guerra Mundial, tanto na sua estruturação quanto na forma de emprego. Com o fim do conflito mundial, observa-se um declínio na relação com os Estados Unidos, mas restando a forma que se estruturou o pensamento sobre emprego de Poder Aéreo no país. Este trabalho faz parte da pesquisa de mestrado sobre a influência norte-americana na FAB de 1941 a 1950, analisando documentos oficiais do período.
Palavras-chaves: Relação Brasil-Estados Unidos; Força Aérea Brasileira; Poder.
206 - Título: "As Cruzadas do Rosário em Família do padre Patrick Peyton e o anticomunismo no Brasil (1962-1964)”
Autor: Anderson José Guisolphi
Orientador: Profa. Dra. Gizele Zanotto
Banca: Carla Simone Rodeghero (UFRGS), Adelar Heinsfeld (UPF/PPGH)
Defesa:18/03/2013
Resumo: A presente dissertação analisa as Cruzadas do Rosário em Família como ações anticomunistas nos meios católicos brasileiros entre 1962 e 1964. Em particular, a presente pesquisa buscou indícios de anticomunismo nas ações do Padre Patrick Peyton, fundador e organizador das Cruzadas do Rosário em Família no Brasil nos anos que antecederam e sucederam o golpe civil-militar em 1964. Entre as fontes utilizadas destacamos as publicações A man of faith (Um homem de fé) e All for her (Todo por Ela), respectivamente biografia e autobiografia do Padre Patrick Peyton. Ao abordar a trajetória das Cruzadas no Brasil, nos aportamos no Jornal O Estado de S. Paulo, por ser o periódico que deu maior cobertura aos eventos. Utilizamos também parte da correspondência trocada entre Papas Paulo VI, Pio XII e o Padre Patrick Peyton e, outros documentos oficiais da Igreja Católica, bem como fotografias do acervo das Cruzadas do Rosário. Embora o caráter das fontes aponte hermetismo e unilateralidade por serem produzidas pelo próprio ovimento, buscamos nelas indícios de anticomunismo que nos ajudaram a responder à problemática proposta. Nosso recorte parte das Cruzadas realizadas no Rio de Janeiro e em São Paulo a partir do estudo das repercussões midiáticas dos eventos, assim como das obras que se debruçam sobre a vida e obra do religioso. O Padre Patrick Peyton fundou nos EUA um movimento religioso católico denominado Holy Cross Family Ministries, (HCFM) - chamado no Brasil de Cruzadas do Rosário em Família -, caracterizado pela divulgação da oração do rosário associada a grandes astros e estrelas do cinema e a divulgação da oração como uma arma no combate ao comunismo nos anos da chamada Guerra Fria. O auge do movimento do rosário se deu entre 1948 e 1985, também auge das disputas entre EUA e URSS. No Brasil, as Cruzadas do Rosário foram realizadas entre 1962 a 1964 em várias cidades, consolidando o imaginário anticomunista e estimulando a oração em família – evidenciando, deste modo, como as atividades das Cruzadas do Rosário e a atuação do Padre Patrick Peyton podem ser consideradas como vetores que ajudaram a criar um clima propício para a aceitação do golpe civil-militar em 1964.
Palavras-chave: catolicismo, anticomunismo, Cruzadas do Rosário em Família, Padre Patrick Peyton.
207 - Título: "O povo Kaingang: arte e cultura”
Autor: Simone Serpa Catafesta
Orientador: Profa. Dra. Rosane Márcia Neumann
Banca: Jairo Henrique Rogge (Unisinos), Gerson Luís Trombetta (UPF/PPGH)
Defesa:27/03/2013
Resumo: O contato dos índios kaingang com a sociedade branca, no Rio Grande do Sul, teve início no final do século XVIII, tendo como desdobramentos a médio e longo prazo as trocas culturais, provocando a transformação da cultura indígena com a incorporação de novos elementos e a perda de outros. A presente pesquisa tem como objetivo estudar o processo de transculturação ocorrido entre os índios kaingang, observando as marcas dessas modificações em sua arte e seu artesanato, verificando quais os traços mantidos e como outros foram adaptados, atendendo às demandas das comunidades indígenas e do mercado consumidor. Pretende também investigar a transmissão e a reatualização de valores, saberes e fazeres de geração em geração e, mais recentemente, no espaço escolar, mantendo viva a língua materna, seus rituais e festas e a convivência com as novas tecnologias. Como recorte espacial e temporal, optamos pela reserva indígena de Nonoai, situada entre os municípios de Gramado dos Loureiros e Nonoai, no norte do Estado, no período de um século (1913-2012). Justifica-se a relevância dessa abordagem temática pelo seu ineditismo e as próprias peculiaridades dessa reserva indígena criada em 1913, foco de muitos conflitos e profundas mudanças culturais. Metodologicamente, foi realizada a revisão da bibliografia pertinente ao tema e a coleta de dados empíricos, com a visita à reserva e o registro de informações orais. A pesquisa constatou que o saber indígena, aqui incluídos a arte, o artesanato, a língua, os costumes e as tradições, é passado de geração em geração na convivência familiar, nos espaços de sociabilidade e no âmbito escolar, mantendo viva a tradição oral, assim como as transformações ou modernização que aconteceram na prática e na confecção da arte e do artesanato, com a substituição da matéria-prima extraída da natureza. A situação das comunidades que fazem parte do território indígena em questão apresenta as mais variadas condições; contudo, sua estrutura social e seus princípios cosmológicos continuam vigorando. A confecção do artesanato e a língua são possibilidades de divulgação da cultura indígena. Nessa perspectiva, entendemos que as mudanças e as transformações desse artesanato, inclusive sua modernização, são o resultado em parte da transculturação e da própria demanda. Portanto, a história da cultura indígena kaingang nos permite refletir sobre as várias possibilidades de registros efetivados pela história oral. Essa reflexão oportuniza conhecer o dia a dia, as práticas e as ações desenvolvidas por essa população.
Palavras-chave: Kaingang. Cultura. Reserva Nonoai.
208 - Título: "A Revolução Verde na mesorregião noroeste do RS(1930-1970)”
Autor: Clóvis Tadeu Alves
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Edson Talamini (UFRGS), Adelar Heinsfeld (UPF/PPGH)
Defesa: 19/04/2013
Resumo: Este trabalho se propõe a fazer uma análise histórica e econômica da Revolução Verde no Brasil, dando ênfase as transformações ocorridas na agricultura da mesorregião Noroeste do Rio Grande do Sul. O estudo se justifica pela relevância histórica do tema para a mesorregião em questão, onde a agricultura foi a primeira e principal forma de atividade econômica e as transformações ocorridas na mesma modificaram todo o sistema econômico, social e agrário. Posteriormente o movimento modernizante iniciado com a Revolução Verde na mesorregião Noroeste gaúcha se estendeu para outros territórios agrícolas do país, impactando diretamente em toda a agricultura brasileira. Sendo assim, o trabalho pretende demonstrar como ocorreu a formação e a consolidação do programa de modernização agrícola, representada pela Revolução Verde, na mesorregião Noroeste, e o princípio da dissipação do modelo para outras regiões do país, analisando o período que engloba as décadas de 1930 a 1970. Embora o estudo faça alusão no primeiro capítulo sobre os acontecimentos geopolíticos internacionais que marcaram e influenciaram a formação do programa da Revolução Verde no cenário global. E no segundo capítulo faça um levantamento das relações e ações políticas, no trame nacional e internacional, que influenciaram na adoção da Revolução Verde como modelo para a agricultura brasileira. O trabalho dedicara especial atenção para a formação (anterior a Revolução Verde) da agricultura na mesorregião Noroeste e ao processo de consolidação e modernização (Revolução Verde) da agricultura mesorregional. Dentro de uma perspectiva analítica, a Revolução Verde foi um produto das políticas de disseminação tecnológica patrocinada por instituições privadas norte-americanas com o intuito de criar e desenvolver novos mercados para produtos tecnológicos agrícolas. Ou atuou como uma forma de afirmação capitalista e no caso brasileiro e mesorregional como uma forma de interiorização capitalista, transformando o complexo rural em um complexo agroindustrial.
Palavras-chave: Revolução Verde. Modernização Agrícola. Transformações Agrícolas.
209 - Título: "Á sombra do Colosso da Lagoa: uma história do futebol em Erechim”
Autor: Luciano Anderson Breitkreitz
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Banca: Gerson Wasen Fraga (UFFS), Álvaro Antônio Klafke (UPF/PPGH)
Defesa: 06/05/2013
Resumo: No final da década de 1960 a cidade de Erechim, no Estado do Rio Grande do Sul, viu surgir uma grande obra de ferro e concreto armado dedicada ao futebol. O estádio Colosso da Lagoa, que ainda hoje chama a atenção pela sua estrutura, traz à pauta de discussões uma questão: “O que motivou a construção deste estádio?”. É isto que este trabalho discute. Ele analisa o fascínio que o futebol exerce na sociedade e considera que a maior força motivadora no universo do futebol é a rivalidade. A pesquisa tem início com algumas considerações gerais sobre o futebol, seu surgimento, sua expansão e sua chegada ao Brasil. Discute o significado de um estádio para o clube e a sua torcida, pois o estádio é muito mais do que uma obra física. Também analisa como o conflito esportivo pode refletir o comportamento de determinada comunidade. Em um segundo momento é feita uma análise do futebol em Erechim. É avaliado como os imigrantes europeus se organizaram para a prática desportiva. Também são analisados documentos sobre os primeiros registros do futebol na cidade e o nascimento do Ypiranga F.C., bem como o contexto social em Erechim durante a criação do clube Há ainda uma pesquisa acerca da construção do estádio Colosso da Lagoa, e os acontecimentos que resultaram na grande mobilização local para a realização do projeto. O estudo relaciona a influência da conquista da Copa do Mundo de 1970 pela seleção brasileira com a ação de marketing desenvolvida pelos dirigentes do Ypiranga para angariar sócios e aumentar a renda patrimonial do clube. O desenvolvimento deste trabalho se deu através de fontes bibliográficas, pesquisa documental em arquivos históricos e arquivos particulares, consultas aos arquivos de jornais e revistas. Também foram realizadas entrevistas com dirigentes do clube à época e cronistas esportivos de veículos de comunicação afetos ao tema.
Palavras-chave: Erechim, Ypiranga, Futebol, Rivalidade
210 - Título: "O coronelismo na fronteira oeste do Rio Grande do Sul: na vanguarda da Coluna do Oeste de 1923”
Autor: Luiz Francisco Matias Soares
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Ronaldo Bernardino Colvero (UNIPAMPA), Adriano Comissoli (UPF/PPGH)
Defesa: 10/05/2013
Resumo: Apresenta-se aqui a análise histórica do Poder Local e sua estruturação através da investigação do coronelismo na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, no recorte espacial delimitado ao município de Uruguaiana, região que compreende a atual tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Uruguai. A presente pesquisa utilizou como elo narrativo a atuação do Coronel Flodoardo Martins da Silva, representante da elite pastoril dessa região, tendo como pano de fundo o período do conflito de 1923 no Rio Grande do Sul, no qual o coronel teve destacada participação. Nesta pesquisa é apresentado o contrabando na região da fronteira local, onde a economia baseada na atividade pastoril, desenvolveu uma identidade específica, influenciada pelos países com os quais fazia fronteira: Argentina e Uruguai. Na região da fronteira oeste do Rio Grande do Sul, a estrutura que serviria como gênese do coronelismo funcionava de forma análoga em relação aos potentados da região norte e serra do estado. No qual se desenvolveu no período da República Velha o coronelismo borgista, baseado na cooptação e coerção, quando o que se tinha era o vínculo governo/partido e o deste com os coronéis, mas respeitando-se as esferas próprias de ação, que davam sentido ao jogo político e justificavam a necessidade da cooptação política das bases locais.
Palavras-chave: Coronelismo. Poder local. Fronteira Oeste.
211 - Título: "As encenações da Batalha do Pulador: memórias e representações”
Autor: Ernani da Silva
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Fernando Camargo (UFPEL), Ironita A. Policarpo Machado (UPF/PPGH)
Defesa: 31/05/2013
Resumo: As encenações da Batalha do Pulador vêm ocorrendo, na região de Passo Fundo/RS, desde 1988, quando houve um interstício temporal até 2005, retomadas, a partir de então, por grupos radicionalistas empenhados ano a ano em reproduzi-la, estando na VI edição. A Batalha situa-se no contexto da histórica Revolução Federalista de 1893, quando houve transição da forma de governo brasileiro da Monarquia para República. Trata-se do fato histórico ocorrido em 27 de junho de 1894, no distrito de Pulador, município de Passo Fundo que marcou a região do Planalto Médio rio-grandense pelo seu caráter violento e fratricida. Passados 118 anos, as encenações assumem um caráter com várias destinações. A aura espetaculosa, teatral e midiática de que tais representações são revestidas tem chamado a atenção, redundando num grande espetáculo encenado a céu aberto, corporificado pelo desfile estilizado das tropas republicanas e maragatas na Avenida Brasil em Passo Fundo e nas encenações nos campos do Pulador. Dessa forma, esta investigação, após amplo suporte nos fatos históricos, visa compreender as nuanças das representações, de modo a lançar luzes sobre os aspectos subjacentes envolvidos, cujo encaminhamento resultou no uso da memória histórica como identidade social, mito ufanista, imaginário, teatralização e espetáculo demonstrado pelas sucessivas representações ocorridas, iniciadas em 1988 até 2012, quando realizou-se a VI edição. Trata-se da história da Batalha do Pulador cumprindo o seu papel nos seus vários fins, empreendidos pelos diversos movimentos sociais regional, esculpidos, agora, numa investigação criteriosa.
212 - Título: "A atuação Educacional das Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora em Chapecó (1947-1985)”
Autor: Clarissa Vinhas Furlanetto Parisoto
Orientador: Profa. Dra. Gizele Zanotto
Banca: Marta Rosa Borin (UFSM), Ironita A. Policarpo Machado (UPF/PPGH)
Defesa: 05/06/2013
Resumo: A presente dissertação tem como objetivo analisar a atuação educacional das Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora em Chapecó-Santa Catarina. Para cumprir tal propósito será analisada a época em que a Congregação esteve à frente do Bom Pastor, empreendimento educacional instituído no município, no período de 1947, quando da formação da escola, até 1985, data em que as Irmãs deixaram a direção escolar e o Governo Estadual assumiu a entidade completamente e definitivamente. Inicialmente, elaboramos um histórico que aborda as características do município em estudo, sua formação, formas de colonização e desenvolvimento, dando destaque à questão educacional, todos sendo relacionados aos projetos do Governo do Estado e Nacional. Como maneira de conhecermos e entendermos as práticas adotadas por esta Congregação, realizamos a história da formação da mesma, partindo do estudo de sua fundadora, a chegada à América, posteriormente ao Brasil e ao município em questão. Após esta contextualização citadina e institucional confessional, que proporciona embasamento ao estudo, será abordada a instituição escolar em si e o trabalho das irmãs em sua gestão cotidiana e pedagógica. A atuação da Congregação será analisada durante essas quase quatro décadas de trabalho missionário educacional. A implantação do estabelecimento escolar ocorreu a pedido da comunidade chapecoense e também fazia parte de um projeto missionário desenvolvido pela própria Igreja Católica, efetivamente após a Restauração Católica, que contribuiu com a vinda de inúmeras Congregações ao Brasil. As Irmãs estiveram presentes na localidade desde 1941, atuando em escolas da região e em 1947 foi efetivada a construção do Bom Pastor, que com o passar dos anos foi sendo ampliado institucionalmente e fisicamente, sendo que a Congregação esteve à frente da direção escolar até o ano de 1985, quando a entidade foi totalmente estadualizada. Através deste contexto analisamos desde a implantação, a maneira como foi sendo desenvolvido o trabalho, o processo disciplinar empreendido, a atuação do corpo docente e discente, as mudanças e os reflexos perante a sociedade e a educação Chapecoense, enfim, a maneira como as Irmãs organizavam e conduziam o trabalho escolar. No decorrer dos anos de atuação confessional, não esteve em voga o mesmo panorama, havendo inúmeras modificações e similaridades, o projeto civilizador implementado passou por diferentes fases, que culminaram com os projetos em nível de Governo Nacional e Estatal e também com o catolicismo, fatores de fundamental importância que transcorrerão na análise escolar. Para a realização do trabalho, contamos com materiais derivados da Congregação, assim como documentação relativa ao Colégio Bom Pastor, documentos esses que evidenciam as propostas empreendidas, sua aplicação e o cotidiano escolar no período em estudo.
Palavras-chave: Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora, Educação, Civilização, Disciplinarização, Igreja Católica, Chapecó/SC
213 - Título: "Sobre o tempo: perspectivas históricas no pensamento de Friedrich Nietzsche”
Autor: Vanderlei Cristiano Juraski
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Banca: Hélio Sochodolak (Unicentro/PR), Altair Alberto Fávero (UPF/PPGH)
Defesa: 07/06/2013
Resumo: O presente trabalho objetiva problematizar a relação do homem com o tempo. Dito de outra forma, em que medida a naturalização do tempo pode subjugar o indivíduo ou permitir que as forças criativas desenvolvam-se sobre a sua existência? A partir das obras de Friedrich Nietzsche (1844-1900), em especial a II Intempestiva: sobre a utilidade e os inconvenientes da História para a vida (1874) e, Assim Falou Zaratustra: um livro para todos e para ninguém (1885), vislumbrou-se a possibilidade de tratar a História, produzida no século XVIII e XIX, como representação das necessidades sociais e, não somente, como a “naturalização” do tempo. A metodologia utilizada foi, inicialmente, a de analisar duas ideias distintas: tempo cíclico e linear, bem como as implicações (sócio) comportamentais que resultam da incorporação de qualquer das concepções supramencionadas. Ambas as situações permitem uma reflexão sobre o modo como o indivíduo deve portar-se diante do nascimento, envelhecimento e morte. No primeiro caso, por exemplo, tratando-se de uma realidade a-histórica, o posicionamento do homem para com a vida mostra-se distinto daquele observado num segundo momento onde, a existência somente pode ser aceita, se considerar as experiências temporais como mensuráveis historicamente. A História, nesse sentido, passa a ser alvo de disputas políticas, uma vez que expressa a necessidade de racionalização do universo e, a identificação do indivíduo, com o passado coletivo. Para o historiador, por conseguinte, tudo é passível de mensuração e, portanto, de genealogia. O interesse em devassar o passado em busca de continuidades e, de outro modo, evitar rupturas, tecer a narrativa de forma racional e científica, parece ser o primeiro passo a fim de formalizar e desapropriar o homem de suas próprias experiências temporais e, conceder ao historiador, o monopólio da narração. O eterno retorno, por sua vez, foi a estratégia nietzschiana para reaproximar a produção historiográfica da vida. A percepção de que o vivido pode voltar a acontecer no presente, além de uma perspectiva sobre o fato consumado, mostra-se como a valorização do presente; de ações dignas de repetirem-se infinitas vezes no futuro, devolvendo, de certo modo, sentido ao fazer historiográfico.
214 - Título: "Os Onze da Brigada: as relações políticas da Brigada Militar e seus conflitos internos na consolidação do Golpe Civil-Militar de 1964”
Autor: Lucas Cabral Ribeiro
Orientador: Prof. Dr. Gizele Zanotto
Banca: Paulo Ribeiro Rodrigues da Cunha (UNESP), Álvaro Antônio Klafke (UPF/PPGH)
Defesa: 08/07/2013
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo demonstrar as relações políticas nas Polícias Militares. Para tanto, será analisado o caso da Brigada Militar do estado do Rio Grande do Sul, remontando seu processo de formação histórica e buscando compreender seu posicionamento político durante sua formação e analisando também os momentos mais relevantes no seu processo formativo. Para isso parte-se do entendimento de que as ações das Polícias estão ligadas a ações políticas, pois constituem-se em instituições de sustentação do poder do Estado, fatos estes que torna-se mais aparente quando percebe-se momentos de crise política no Estado. O contexto histórico está referenciado nos períodos entre os anos de 1961 a 1964, o qual foi marcado por intensa crise política, iniciada com a Campanha da Legalidade e culminando no Golpe Militar de 1964. Marcos temporais que, ao mesmo tempo em que representam uma crise no cenário político, são importantes episódios para as ações da Brigada Militar, pois deixam mais claras as relações políticas existentes internamente na instituição, expondo assim as diferentes correntes de pensamento político que atuam internamente na instituição. Dessa forma, são analisadas as ações do Grupo dos Onze da Brigada Militar, grupo de policiais que, ao defender o governo de João Goulart e as reformas de base, posicionou-se contra as ações promovidas em busca da consolidação do Golpe Militar. Para o desenvolvimento desta pesquisa, contou-se com análise documental, composta por Boletins Gerais da Brigada Militar dos anos de 1961 a 1964, encontrados nos arquivos do Museu da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul e por Inquérito Policial Militar, divididos em três volumes, que versam sobre as acusações e punições contra o Grupo dos Onze da Brigada Militar, que encontram-se no arquivo do Superior Tribunal Militar, em Brasília. Além das fontes documentais, foram analisadas bibliografias sobre os temas tratados durante a dissertação.
215 - Título: "Brizola: um percurso na imprensa do norte do Rio Grande do Sul (1961-1964)”
Autor: Clarissa Antunes
Orientador: Prof. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Fernando Camargo (UFPEL), Álvaro Antônio Klafke (UPF/PPGH)
Defesa: 30/08/2013
Resumo: O objetivo deste estudo é verificar de que forma foi retratada a trajetória de Leonel Brizola, no período de 1961 a 1964, por meio dos jornais O Nacional e Diário da Manhã, que circulavam na cidade de Passo Fundo, RS, nesta época. A fim de analisar os fatos conforme foram reproduzidos na imprensa do período, realizaremos uma breve discussão sobre as relações presentes na associação entre a História e a mídia, levando-se em consideração que tais discursos, produzidos pelos meios de comunicação, revelam posições políticas e nos permitem inferir o contexto da época, essencial para compreensão dos fatos e discursos proferidos no período, bem como suas repercussões, tanto durante a Campanha da Legalidade, quanto mais tarde, na trama que levou à derrubada do governo João Goulart, em 31 de março de 1964. Para isso, descreveremos, de maneira breve, a carreira política, e as principais ações de Leonel Brizola, quando governador do Rio Grande do Sul, a partir das notícias nos periódicos O Nacional e Diário da Manhã. A pesquisa abordará a forma adotada pela imprensa passo-fundense para noticiar desde a Legalidade, ocorrida entre 25 de agosto de 1961 a 07 de setembro de 1961, e a figura de Leonel Brizola, então governador e líder do movimento no Rio Grande do Sul, até o golpe civil-militar de 1964.
216 - Título: "História da Brigada Militar, pelas páginas da Revista Pindorama”
Autor: Amanda Siqueira da Silva
Orientador: Prof. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Maria Medianeira Padoin (UFSM), Adelar Heinsfeld (UPF)
Defesa: 03/09/2013
Resumo: A revista Pindorama surgiu nos últimos anos do Borgismo no Rio Grande do Sul, num período de crise do Partido Republicano Rio-grandense e de transformações políticas no país. A revista surgiu dentro da Brigada Militar, com apoio de seu comandante, entretanto esta era uma publicação particular de dois tenentes, na qual tinham a intencionalidade de relembrar os grandes feitos militares da Instituição, demonstrando uma preocupação para que a história da BM não fosse esquecida, assim como também reforçava o compromisso da BM com a ideologia do PRR. A Brigada Militar foi criada em 1892 e desde então foi mantenedora da hegemonia política do PRR no Rio Grande do Sul, atuou em defesa destes na Revolução Federalista (1893), na Revolta Assisista (1923) e contra os levantes Tenentistas (1924 até 1926). Durante sua formação, recebeu uma missão de instrução militar pelo Exército Nacional, o que depois levou a uma proximidade grande entre as Forças, a Brigada Militar recebeu forte aparelhamento bélico, o que possibilitou que esta se tornasse um Exército regional com diversas atuações em prol do ideário republicano castilhista. Analisar a revista Pindorama possibilitou retomar a história da Brigada Militar através de diversos artigos; compreender a visão de uma parcela dos integrantes da Brigada, sobre como se viam na sociedade, suas aspirações profissionais, suas preocupações sobre as possíveis mudanças que se desenhavam devido o fim do borgismo; o desejo de a Brigada Militar ser imbatível militarmente, através da formação continuada dos seus integrantes e até a tentativa de criação de um serviço de aviação próprio; a identificação com a ideologia republicana Castilhista e o papel que determinado grupo assumiu dentro da Instituição: verdadeiros e legítimos defensores da ordem republicana no Rio Grande do Sul. Pindorama através de suas variadas páginas ressaltava o poder bélico da Brigada Militar, assim como a participação política desta durante o período da Primeira República no Brasil.
217 - Título: "Ontem, confrontos e conflitos; hoje, monumentos: o Levante dos Posseiros de 1957 e seus monumentos na fronteira sudoeste do Paraná”
Autor: Moacir Motta da Silva
Orientador: Prof. Dr. Isabel Aparecida Bilhão
Banca: Miguel Rettenmaier da Silva (UPF), Adelar Heinsfeld (UPF)
Defesa: 19/12/2013
Resumo: A presente pesquisa, que trata sobre os conflitos e confrontos na fronteira Sudoeste do Paraná, numa analise observando as diferentes versões construídas acerca da Revolta dos Posseiros de 1957 na região de fronteira tendo o embate cultural de migrantes e caboclos durante a Marcha para o Oeste instituída pelo Presidente e Vargas, neste enfoque apresentar os monumentos na fronteira. Pois com o desfecho do conflito criou-se uma memoria oficial que transformou o conflito em um símbolo histórico da região Sudoeste do Paraná, pretende-se ainda apresentar os crimes acontecimentos relacionados à Revolta dos Posseiros de 1957 especialmente sobre os conflitos ocorridos na faixa de fronteira, procurando compreender os embates entre colonos e jagunços ocorridos nesta faixa territorial. Desta forma pretende-se demonstrar que os conflitos ocorreram na grande maioria nesta região, apresenta-se também a instalação do Cartório de Registro de Imóveis não fora criado na obscuridade para o registro da escritura em favor da CITLA, e sim fora instalado em função da Comarca que havia sido instalada. Analisando as diferentes versões, ou seja, as narrativas da época, a memoria oficial e as memorias oficiais individuais construídas sobre o conflito, buscou-se identificar aspectos mal explicados e informações ignoradas sobre os acontecimentos, que marcaram a região principalmente no âmbito politico que, na apresentação dos “heróis” da Revolta dos Posseiros de 1957 dada a Walter Pecoits e Ivo Thomazoni reverteram suas participações no levante em dividendos políticos em nível local e regional. Concluí-se analisando os monumentos erigidos para comemorar o cinquentenário da Revolta dos Posseiros: o Monumento das Sete Cruzes de Pranchita e o monumento feito em homenagem aos Pioneiros em Capanema. Observa-se que o monumento não é algo exigido pelos colonos, e sim que se configura numa forma pela qual o poder público se vale de sua construção para colher benefícios próprios, utilizados em seu meio político.
218 - Título: "Cultura e práticas de violência na sociedade rural Norte-Rio-Grandense (1900-1930)”
Autor: Felipe Berté Freitas
Orientador: Prof. Dr. Ironita A. Policarpo Machado
Banca: Clóvis Mendes Gruner (UFPR), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 19/03/2014
Resumo: Do ponto de vista historiográfico os trabalhos que tratam a violência enquanto objeto de pesquisa ainda são muito recentes, especialmente se considerarmos as pesquisas sobre as sociedades rurais que tomam como base empírica os processos criminais. Este tipo de documentação passou a receber tratamento heurístico e investigativo a partir das décadas de 1970 e 80, quando as transformações teórico-metodológicas das correntes historiográficas trouxeram à tona a valorização de novas temporalidades, temas e sujeitos. No que concerne à produção historiográfica brasileira as obras de Fausto, Chalhoub e Pesavento, representaram os primeiros esforços no sentido de compreender, através das fontes judiciais, a problemática da violência no espaço urbano, trazendo consideráveis contribuições teóricas e metodológicas para esse campo de estudos. No entanto, tais obras não tomam a violência como objeto central de análise, tratando o problema como reflexo da criminalidade e do contexto socioeconômico dos primeiros trinta anos do século XX. Nesse sentido, a conjuntura de transição política, econômica e social característica do Brasil e Rio Grande do Sul nesse período, fez emergir conflitos em diferentes âmbitos, como por exemplo, nas relações político-partidárias, tornando a sociedade da época um espaço privilegiado para o estudo da violência. Os processos criminais presentes no Arquivo Histórico Regional da Universidade de Passo Fundo possibilitaram uma análise mais aprofundada desses conflitos, trazendo à tona, consequentemente, outra realidade histórica. Em uma sociedade rural, caracterizada por valores, formas de comportamento e relações socioculturais que tornavam as agressões e os assassinatos um elemento presente na vida social, a violência enquanto habitus e costume constitui-se como uma prática cultural. Assim, esta dissertação demonstra, através da análise dos processos criminais de homicídio e lesão corporal arquivados na 1ª Vara do Civil e do Crime da Comarca de Passo Fundo/Soledade durante o período entre 1900-1930, os significados socioculturais das práticas de violência representadas nas fontes, suas relações com as práticas culturais e a conjuntura histórica do período.
219 - Título: "Um projeto de desenvolvimento regional no extremo Oeste Catarinense: o caso do Frigorífico Safrita de Itapiranga”
Autor: Douglas Orestes Franzen
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Alcides Goularti Filho (Unesc), Rosane Márcia Neumann (UPF)
Defesa: 04/04/2014
Resumo: A colonização Porto Novo, localizada no extremo oeste catarinense, foi idealizada pela Volksverein e fundada no ano de 1926, no intuito de receber famílias que fossem de origem alemã e católica. Nesta colonização compraram lotes de terras de aproximadamente 25 hectares, colonos que nas três primeiras décadas de colonização praticaram a agricultura tradicional caracterizando um modelo de sociedade com características fortemente horizontais e homogêneas. Nesse cenário consideramos os colonos, os comerciantes e os padres jesuítas como as três principais esferas sociais e a forma como se relacionaram como determinante no nosso foco de estudo. No entanto, a partir da década de 1950 o cenário da economia nacional começou a sofrer intensas modificações estimuladas pelo ideal desenvolvimentista e progressista planejado para estimular o crescimento da economia brasileira. Nesse sentido, disseminou-se pelo país a noção de atraso do setor produtivo brasileiro. Assim, estimulou-se a partir de então projetos de integração nacional que afetaram os diversos setores produtivos do país, com destaque para a agricultura. Em Itapiranga, com a emancipação do município em 1954 e com a inauguração da Comissão Municipal de Desenvolvimento Econômico no início da década de 1960, passou-se a traçar algumas metas e projetos visando o desenvolvimento regional. Nesse sentido, foi elaborado um estudo denominado de Relatório de Desenvolvimento Econômico, que elencou deficiências e potencialidades da economia regional. Este estudo foi financiado com recursos da Administração Municipal de Itapiranga, da cooperativa de crédito local e da instituição católica da Alemanha Ocidental Misereor. É nesse contexto que se insere o nosso estudo, que tem como objetivo compreender o processo de implantação e desenvolvimento da Sociedade Anônima Frigorífico de Itapiranga – Safrita. Diante do grande potencial da suinocultura na região, inaugurou-se em 1962 um frigorífico para industrializar e agregar valor à produção agrícola da região. Em pouco tempo o frigorífico expandiu sua área de abrangência, englobando a produção de aves, perus e de rações balanceadas. O estudo visa contextualizar o processo de mudança ocorrida na agricultura regional nas décadas de 1960 e 1970 sob os estímulos do frigorífico Safrita, o que instaurou um novo padrão de sociedade regional sob o viés econômico. As relações sociais, que até a década de 1950 eram basicamente de caráter horizontal e homogêneo, passaram a se tornar verticalizadas e desiguais, intensificando a diferenciação entre a própria esfera dos colonos e do capital sobre as propriedades agrícolas. A presente análise se insere nas discussões acerca do desenvolvimento regional ao analisar um empreendimento agroindustrial que surgiu basicamente do capital social local.
220 - Título: "Desenvolvimento econômico do município de Guaporé: a agroindústria da banha e do couro (1892-1980)”
Autor: Giovani Balbinot
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Vânia Heredia (UCS), Rosane Márcia Neumann (UPF)
Defesa: 11/04/2014
Resumo: A presente pesquisa tem por objetivo analisar o desenvolvimento econômico do município de Guaporé, buscando delinear o complexo contexto que comportou o desenvolvimento do que convenhamos denominar de primeiro ciclo agroindustrial da banha e do couro, delineando os diversos fatores ligados aos gêneros de produção, estrutura viária de transporte, portos de escoamento, perfil do imigrante agroindustrial guaporense, assim como os fatores ligados ao acumulo de capital na esfera comercial pelas casas de comercio locais. O recorte geográfico abrange o território da antiga colônia e posterior município de Guaporé. O recorte temporal abrange entre os anos de 1892, com a fundação da colônia de Guaporé, e a década de 1980, quando ocorre a decadência destes empreendimentos frigoríficos, salientando sempre que essa temporalidade é, muitas vezes, extrapolada para uma melhor compreensão dos fatos. O estudo encontra-se organizado de forma a manter um fio condutor baseado no desenvolvimento econômico, apresentando, primeiramente, o processo de imigração e colonização executado no Rio Grande do Sul, para então, no segundo momento, adentrar na fundação e desenvolvimento da colônia e do município de Guaporé colocando em relevância os fatores que contribuíram para o desenvolvimento agroindustrial em análise. No terceiro momento, o estudo foca no estabelecimento dos empreendimentos ligados à indústria da banha, dos embutidos e do curtimento do couro, assim como sua relação com o desenvolvimento econômico e social do município de Guaporé. Por fim, procuramos analisar e compreender os diversos fatores que concorreram para o processo de decadência desses empreendimentos, tanto no âmbito externo, como dificuldades no acesso a matérias primas e alterações no mercado consumidor, quanto no âmbito interno, com dificuldades no desenvolvimento de novos gêneros de maior aceitação no mercado, sendo que nesse ponto, o recorte histórico extrapola a temporalidade fixada anteriormente, pois se entende como imprescindível analisar todos os fatores que concorreram para esse processo de decadência econômica.
221 - Título: "A Doutrina de Segurança Nacional em uma Estância Hidromineral: o município de Piratuba/SC (1964-1985)”
Autor: Aline Aparecida Faé Inocenti
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Waldir José Rampinelli (UFSC), Ana Paula Almeida Lima (UPF)
Defesa: 07/05/2014
Resumo: Piratuba, pequeno município localizado no oeste do estado de Santa Catarina, é conhecida nacionalmente pelo seu parque termal. A cidade teve sua história modificada em 1964, quando foi descoberto um lençol de águas sulfurosas que levou à transformação em Estância hidromineral, num período histórico brasileiro (1964 a 1985 - ditadura civil-militar) em que isso significava ser considerado Área de Interesse da Segurança Nacional. A partir desta ideia passa a ser analisada a relação da Doutrina de Segurança Nacional (DSN) com a política do município em questão, buscando relacionar a ação desta num espaço regionalmente circunscrito em conexão com âmbitos mais amplos. Dessa forma, busca-se conceitualizar a DSN e entender sua implantação em diversos níveis na sociedade brasileira e sua relação com a criação das Áreas de Interesse da Segurança Nacional, paralelamente com as estâncias hidrominerais. Para tanto, analisa-se a trajetória histórica do município, até chegar ao processo de mudança, que significou uma alteração na sociedade local em todos os aspectos: social, político e econômico. Nesse sentido, essa dissertação tem por objetivo discutir a conceitualização da Segurança Nacional, seguindo os aportes da Nova História Política e da História Regional, analisando a consagração do poder, tendo como base o sistema de implantação do regime cívico-militar no Brasil através da articulação política propiciada pela DSN e sua aplicação num município transformado em estância hidromineral. Essa doutrina foi sistematizada pela Escola Superior de Guerra (ESG), instituição responsável por disseminar no país as ideias da Segurança Nacional, defendendo o território de qualquer ameaça. O trabalho foi construído através de pesquisas bibliográficas e entrevistas com algumas pessoas envolvidas no processo, tendo como fontes, além de obras da época, todos os tipos de legislação nacional e estadual, bem como documentos municipais como atas da Câmara de vereadores e reportagens em periódicos estaduais e municipais. Dessa forma pode-se entender que a sociedade piratubense necessitou se adequar na política de segurança, ficando privada da escolha do Prefeito municipal por um período histórico, a fim de atender a vontade de um pequeno grupo que via na Estância hidromineral a única forma de desenvolvimento econômico para o município.
222 - Título: "Não é fácil viver no coletivo”. Experiência e consciência de classe no assentamento Conquista na Fronteira em Dionísio Cerqueira/SC (1988-2013)”
Autor: Kassiane Schwingel
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Célia Regina Vendramini (UFSC), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 08/05/2014
Resumo: O Assentamento Conquista na Fronteira é o objeto de pesquisa e análise deste trabalho. Tal Assentamento foi constituído no ano de 1988, na cidade de Dionísio Cerqueira-SC, por meio de dois coletivos de agricultores: um, oriundo do Movimento dos Sem Terra e outro, formado por famílias do próprio município. Essa experiência justifica-se pela necessidade de conhecermos propostas diferenciadas de relações de trabalho e humanas, bem como o resultado dessa organização específica que pode ser espelho para outros grupos. Este trabalho busca analisar a realidade agrária do oeste catarinense a partir da década de 1950, bem como compreender como eram as vivências nos acampamentos que surgiram na região na década de 1980. A partir disso, é possível realizar uma análise sobre o que o Assentamento Conquista na Fronteira representa hoje e quais as suas características que são fruto da história dos assentados, enquanto integrantes de um Movimento de luta pela terra. Esta discussão torna-se válida e importante, pois possibilita reconhecer como se organiza uma experiência concreta de reforma agrária, além de expor a importância de elementos simbólicos. Para a concretização do estudo, foram realizadas pesquisas de campo no Assentamento, buscas no Centro de Memória do Oeste Catarinense, além de entrevistas com os integrantes do Assentamento. Com isso, foi possível relatar a história segundo o seu ponto de vista, além de fazer observações sobre o dia-a-dia no local. Baseando-se em conceitos de Thompson e Gramsci, foi possível perceber a importância das experiências comuns como elemento aglutinador, além do valor dado à formação de uma consciência de classe. Nesse sentido, destacam-se as lideranças locais, desempenhando uma função de intelectual orgânico, além das entidades ligadas à Igreja Católica que davam sentido à luta através do constante trabalho espiritual. Tendo compreendido o que é e como se organiza esta experiência, o trabalho busca relacioná-la aos conceitos de revolução passiva e revolução popular, no intuito de aprofundar ainda mais a análise.
223 - Título: "O mal estar de uma identidade regional: representações do trabalhador negro escravizado e seus descendentes na Historiografia Rio-grandense - Assis Brasil, Alcides Lima, Salis Goulart e Dante de Laytano”
Autor: Maurício Lopes Lima
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Adelmir Fiabani (Unipampa), Gerson Luís Trombeta (UPF)
Defesa: 08/05/2014
Resumo: Esta dissertação versa sobre o processo de construção de uma identidade étnico-histórica para o Rio Grande do Sul através da sua historiografia. Avaliamos as maneiras como foram elaboradas representações sobre o papel do trabalhador negro escravizado e seus descendentes no processo de formação desta sociedade. Os recortes da historiografia pertinente foram feitos por autor/obra, de forma que representem diferentes posturas, em diferentes períodos, mas que, no conjunto, sintetizem o posicionamento majoritário da historiografia sul-rio-grandense sobre o tema. Partimos da década de 1880, com os trabalhos História Popular do Rio Grande do Sul, de Alcides de Mendonça Lima, e História da República Rio-grandense, de Joaquim Francisco de Assis Brasil, passamos pela década de 1920, quando analisamos o livro Formação do Rio Grande do Sul, de Jorge Salis Goulart, chagando aos textos sobre o “tema do negro”, de Dante de Laytano, nas décadas de 1940-1950. Recorremos ao conceito de habitus, de Pierre Bourdieu, para compreender as representações construídas pelos agentes historiadores como manifestações que estão de acordo com o processo histórico, mas que, ao mesmo tempo, foram constantemente reelaboradas a partir das representações, muitas vezes arbitrárias e distorcidas, construídas por essa historiografia. É no habitus que encontramos um processo de naturalização dessas representações. Procuramos, além disso, conduzir a análise das representações enquanto visões sociais de mundo amparadas numa perspectiva de classe, já que os discursos desses historiadores têm endereço social, estão alinhados com posturas conservadoras de manutenção e aprimoramento das relações de poder em que, historicamente, trabalhadores negros escravizados e seus descendentes foram oprimidos. Ao mesmo tempo, procuramos valorizar o âmbito político do trabalho intelectual. Optamos por enfrentar o debate a partir dos trabalhos historiográficos, considerando legítimo enfatizar a parte dominadora e impositiva desses discursos que, muitas vezes, são apresentados como se fossem a visão correta, única e natural da essência da identidade étnica sul-rio-grandense.
224 - Título: "O conselho de Estado imperial e a política externa brasileira: as relações com os países platinos (1851-1870”
Autor: Jaqueline Schmitt da Silva
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Clodoaldo Bueno (Unesp), Adriano Comissoli (UPF)
Defesa: 08/05/2014
Resumo: Este trabalho busca compreender o Conselho de Estado do Brasil Império e sua atuação na política externa brasileira para a região platina no período que vai de 1851, marcado pelo início das intervenções do Brasil na região, até 1870, data que marca o final da Guerra do Paraguai. Durante o reinado de D. Pedro II, esteve presente na senda política o terceiro Conselho de Estado, aprovado por lei em 1842 e permanecendo em vigor até o fim do Império, deveria aconselhar o Imperador nos mais variados temas, principalmente sobre a declaração guerra, ajustes de paz, negociações com as nações estrangeiras, assim como em todas as ocasiões em que o Imperador resolvesse utilizar as atribuições próprias do Poder Moderador. Formado pelos políticos mais importantes da época, eram escolhidos e nomeados pelo Imperador. Antes de chegar ao Conselho de Estado passavam por vários cargos na administração pública, como presidentes do Conselho de Ministros, Senadores, Ministros de Estado, Presidentes de Província, Deputados, compondo um quadro de homens convocados também em razão de sua trajetória e experiência na política. Consultavam sobre assuntos variados, mas a submissão de questões ao debate dos conselheiros não era obrigatória. Para a realização deste estudo são utilizadas as Atas da Seção dos Negócios Estrangeiros do Conselho de Estado, bem como as Atas do Conselho de Estado Pleno, observando aquelas que tratam especificamente das relações entre o Brasil e os vizinhos do Prata: Argentina, Uruguai e Paraguai. Nesse período, marcado por conflitos constantes e atividade intensa da diplomacia brasileira na região, o Conselho de Estado teve importante participação nas discussões sobre a política externa a ser desenvolvida com relação a esses países. Analisando as atas das sessões, observa-se que embora se tratassem de complexas relações diplomáticas e as opiniões dentro do Conselho de Estado fossem em muitas ocasiões divergentes, as conclusões a que chegavam priorizavam a ampla defesa dos interesses do Império na região, visando o fortalecimento e soberania do Brasil diante dos demais países e a sua consolidação como nação hegemônica entre os países da América do Sul.
225 - Título: "A alta costura no Brasil: a modelagem na confecção sob medida (1980-2000)”
Autor: Maria Aparecida de Oliveira Israel
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Banca: Eloisa Helena C. da Luz Ramos (Unisinos), Marlise Regina Meyrer (UPF)
Defesa: 26/05/2014
Resumo: Por meio deste trabalho, pretende-se contribuir com a historiografia brasileira referente aos estudos de história da modelagem pelo viés da alta costura, analisando suas técnicas, da criação ao produto final, incorporadas na confecção de roupas sob medida no Brasil contemporâneo. O objetivo é evidenciar como a modelagem, aprimorada da alta costura, foi apropriada por criadores nacionais tais como Walter Rodrigues, Lino Villaventura e Adhemir Preschadt, nas décadas de 1980, 1990 e 2000. O recorte temporal escolhido deve-se ao período de atuação dos criadores em evidência. A metodologia utilizada tem por base a revisão bibliográfica, a pesquisa descritiva e o estudo dos processos criativos e modeladores, além de pesquisas realizadas em reportagens fotográficas de revistas e jornais de circulação nacional e regional. Inicialmente, são expostos elementos conceituais sobre a moda, ponderando questões relacionadas a seus métodos de propagação e de aceitação, bem como sua diferenciação como elemento cultural. Logo após, descreve-se as técnicas de modelagem e das áreas intrínsecas à sua compreensão. Nesse contexto, explanam-se os métodos usados por criadores de moda que se relacionam com a alta costura, estabelecendo uma conexão entre suas práticas tradicionais e contemporâneas. Para compreender o comportamento dos consumidores da alta costura, usuários distintos e únicos de uma cultura secular, os quais se consideram em um patamar superior aos demais indivíduos, empregam-se as teorias de distinção sugeridas por Pierre Bourdieu, de distinção e imitação por Georg Simmel, além da contribuição das teorias de Frédéric Monneyron, Michèle Pagès-Delon, Edward Sapir e Marhsall Sahlins. Este trabalho proporciona uma análise entre os criadores nacionais e suas técnicas, verificando nas suas criações traços da modelagem e acabamentos provenientes da alta costura, por meio de seus próprios processos construtivos e, também, pela apropriação das técnicas francesas. A alta costura instaurada por Charles Worth (na segunda metade do séc. XIX) foi usada como referência neste estudo, sendo incorporadas a esse processo, em nível brasileiro, novas tecnologias e materiais, mas sua essência, detentora do bem-vestir e da distinção, permanece inalterada. Conclui-se esta pesquisa, observando que, no Brasil, apesar das técnicas de alta costura terem sido aprimoradas ao longo dos anos, essas ainda se mantêm semelhantes ao início de seu processo. Sobre isso é importante destacar que cada criador buscou a apropriação das técnicas sem alterá-las, preservando a matriz norteadora da modelagem sob medida.
226 - Título: "Não admitindo escusa alguma”: confiscos e recrutamentos na guerra civil rio-grandense (1835-1845)”
Autor: Ânderson Marcelo Schmitt
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin
Banca: José Iran Ribeiro (UFSM), Adriano Comissoli (UPF)
Defesa: 27/05/2014
Resumo: Esta dissertação analisa as características do Exército farroupilha na guerra civil de 1835-1845, ocorrida na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Durante quase dez anos estiveram de lados opostos os próprios habitantes da província e também as tropas enviadas de outras regiões do Império para combater os rebeldes. Suas principais causas foram as reivindicações econômicas e políticas de parte da camada latifundiária rio-grandense, que se considerava prejudicada pela organização econômica e política do Império. Identificamos as maneiras pelas quais as forças rebeladas conseguiram manter a guerra contra o Império brasileiro, uma vez que possuíam um espaço geográfico limitado de ação. Dele deveriam retirar os seus recursos e realizar as suas táticas de luta e de recrutamento de soldados para suas fileiras. Os farroupilhas, entendendo a necessidade de organizar a retirada dos recursos das fazendas da campanha e da serra, passaram a sistematizar e coordenar seu emprego, usando-as como imprescindível local de abastecimento das tropas. Criadas as condições de existência da luta pelos farroupilhas, estas foram complementares ao engajamento dos soldados nas fileiras. O Exército rebelde foi composto a partir das arregimentações que ocorreram por parte das autoridades distritais e municipais, e também por recrutamentos realizados pelos oficias do próprio Exército farroupilha. Identificamos determinadas práticas do Exército rebelado, sem as quais, este não teria conseguido se manter em armas contra o Império brasileiro, que recebia auxílios econômicos e de soldados das demais províncias brasileiras. Como fonte de pesquisa nos utilizamos de documentação contemporânea ao conflito, como os periódicos farroupilhas que tiveram circulação nos os espaços dominados temporariamente pelas tropas rebeldes, e a chamada Coleção Varela, que possui uma gama de documentos de diversos tipos de autoridades farroupilhas, que nos informam sobre as relações que poderiam perpassar a organização que os chefes políticos farroupilhas buscaram dar à sua organização.
227 - Título: Longe da Pátria. A invasão paraguaia do Rio Grande do Sul e a rendição em Uruguaiana (1865)
Autor: Wagner Cardoso Jardim
Orientador: Prof. Dr. Mário José Maestri Filho
Banca: Jorge Luiz Prata de Sousa (Universo), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Defesa: 05/06/2014
Resumo: Neste trabalho, apresentamos uma análise histórica da invasão do território sul rio-grandense pelas tropas paraguaias na segunda metade do século 19. O recorte espacial é a fronteira oeste do atual estado do Rio Grande do Sul, compreendendo as atuais cidades de São Borja, Itaqui e Uruguaiana. O trabalho é apresentado na perspectiva da história regional e procura compreender as relações existentes entre o ambiente local com o regional e internacional, caracterizando este enfoque. O eixo condutor da pesquisa foi a evolução do exército paraguaio ao longo do território invadido em 1865. Para compreender a dinâmica da guerra sob a ótica do exército paraguaio, foi necessário entender a organização sócio-política paraguaia desde sua emancipação como país independente, nas primeiras décadas do século 19, até os anos da guerra. Entendemos a guerra do Paraguai dentro de um contexto de mudanças e rupturas na América que desencadeou na formação dos Estados Nacionais. Os interesses das classes dominadoras suplantando os interesses de grupos enfraquecidos e a formação de alianças com o intuito de garantir a hegemonia do capitalismo comercial na região. Abordam-se as contradições no interior do exército paraguaio em uma perspectiva de compreender os insucessos da operação. Essa pesquisa aborda as sérias dificuldades enfrentadas pelo exército invasor ao longo da campanha, iniciada com a invasão da vila de São Borja e culminada com a rendição do mesmo na vila de Uruguaiana. O exército paraguaio tendo ficado cerca de 5 meses na região, e dado apenas dois combates de expressiva relevância e neles atestara a incapacidade para enfrentarem uma força oposta, minimamente organizada. O fracasso da expedição militar comandada pelo tenente coronel Antônio Estigarribia pode representar as contradições do Estado lopizta. Num exército onde a grande maioria dos praças pertencia a classe camponesa, pouco ou nada interessada no conflito com os países vizinhos, a baixa combatividade e as deserções foram constantes durante aquele evento. Fracasso maximizado pelas precárias condições de um exército mal armado, mal treinado e com oficiais incapazes de conduzir a tropa.
228 - Título: "Un periódico que no hable de política al presente, es lo mismo que un fusil sin cañon.”: imprensa periódica e a construção da identidade oriental (Província Cisplatina – 1821-1828)"
Autor: Murillo Dias Winter
Orientador: Prof. Dr. Adriano Comissoli
Banca: João Paulo Garrido Pimenta (USP), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Defesa: 13/06/2014
Resumo: O período histórico iniciado com a dissolução dos laços coloniais e as consequentes revoluções de independências no continente americano foi de transformação das estruturas de poder e do surgimento de novas formas de administração estatal e identificação local, processo tomado, geralmente, a partir do conceito de nação. Naqueles anos de fluidez das relações políticas e identitárias, diversos grupos disputaram a liderança do processo, divididos entre cidades, províncias e domínios antes determinados pela ocupação colonial da Espanha e de Portugal. Na Banda Oriental, ponto de interseção entre os antigos domínios portugueses e espanhóis na América, a situação transformou-se a partir da efetivação da dominação luso-americana na região com a criação da Província Cisplatina (1821-1828). Período que abarca o Congresso Cisplatino (1821) até a Convenção Preliminar de Paz (1828). Um dos elementos fundamentais das disputas era a imprensa periódica, em ebulição e vertiginoso crescimento - possibilitado pela nova conjuntura lusitana - nesse período de indefinições políticas, tanto no Brasil, nas Províncias Unidas do Rio da Prata, como na Cisplatina. Neste contexto de grandes questionamentos e instabilidade, marcado pela variedade e fluidez de relações, de projetos políticos, e também de transformação de alguns conceitos-chave, a imprensa periódica se constituía como o principal instrumento de discussão e circulação de ideias, tornando-se uma ferramenta fundamental para fazer e debater a política local e internacional. Outra característica dos periódicos da época era, no processo de construção de uma identidade local, Oriental, diferenciar estes dos invasores brasileiros e dos vizinhos portenhos. Os distintos jornais apropriavam-se e discutiam conceitos fundamentais como pátria, nação e opinião pública, forma de defesa de seus projetos políticos. Focalizando-se nos usos de alguns destes conceitos-chave, recorrentes nos debates, o trabalho analisa as peculiaridades de um discurso que criou uma imagem forte o suficiente para fornecer elementos distintivos para a criação em 1828 da República Oriental do Uruguai.
229 - Título: "No encalço do desejo: a homossexualidade em discursos – Chapecó/SC (1980-2010)"
Autor: André Luiz Lorenzoni
Orientador: Profa. Dra. Gizele Zanotto
Banca: Luciana Rosar Fornazari Klanovicz (Unicentro), Gerson Luís Trombetta (UPF)
Defesa: 18/06/2014
Resumo: Essa pesquisa problematiza o processo de construção identitária de um grupo de sujeitos homossexuais de sexo masculino em Chapecó, Oeste de Santa Catarina, no período da sua História mais recente (1980 – 2010), em sentido de compreender parte da multiplicidade histórica que se produz na dinâmica social regional. A partir de uma perspectiva subjetiva e transdisciplinar da História, acredita-se que a problematização da construção da identidade homossexual masculina em Chapecó no período supracitado, pode contribuir significativamente para a compreensão de um grupo social pertencente a essa sociedade em transformação. Lançando mão da perspectiva teórica cartográfica e da metodologia da História oral, são analisados depoimentos realizados com sujeitos de identidade homossexual que vivenciaram e vivenciam experiências homossexuais em Chapecó entre as décadas de 1980 e 2010. A pesquisa parte de algumas questões centrais: Como a identidade homossexual era construída? Quais as referências macro e micro identitárias da homossexualidade? Quais e como alguns dispositivos atuaram na construção identitária? Como foi o processo de enfrentamento e tomada de posição frente à construção da identidade homossexual? Como foram e são expressas as experiências homoeróticas por seus praticantes? Como a sociedade chapecoense tratou e trata essas respectivas práticas? Existiram e/ou existem práticas coercitivas geradoras de processos segregacionistas em relação à homossexualidade? A partir principalmente de conceitos de Michel Foucault, Gilles Deleuze e Félix Guattari, essa pesquisa percorreu a produção, análise e problematização das fontes orais, em sentido transdisciplinar, com o objetivo de compreender perspectivas em torno das dinâmicas da atuação dos dispositivos de poder influentes na subjetividade de Chapecó no período de 1980 a 2010. A relações sócio afetivas problematizadas na produção dos testemunhos são compreendidas enquanto elementos constitutivos da identidade subjetiva homossexual masculina e, consequentemente, de um grupo integrante da historicidade local. Historiam-se as relações afetivas, desejantes e sexuais entre sujeitos do mesmo sexo em Chapecó, enquanto experiências singulares e autênticas, dentro de um contexto de relações de poder e subjetividades que também compõe o quadro social local.
230 - Título: "A Ação Popular (AP) no Movimento Estudantil Universitário de Passo Fundo entre a implantação da ditadura militar e o AI-5"
Autor: Nilton de Oliveira
Orientador: Prof. Dr. Mário José Maestri Filho
Banca: Gilberto Grassi Calil (Unioeste), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Defesa: 24/06/2014
Resumo: Este trabalho dissertativo busca entender o processo de atuação do grupo chamado Ação Popular (AP) no movimento estudantil universitário na cidade de Passo Fundo durante o período da ditadura civil-militar. O recorte histórico escolhido foi o período entre os anos de 1964, ano do Golpe Civil-Militar no Brasil, e o ano de 1968, ano do Ato Institucional número 5 que inaugurou o período de maior repressão às liberdades democráticas dentro da referida ditadura. Este período é marcado pela existência efetiva de uma ditadura com as limitações de liberdades de organização e mesmo combate às entidades que se opunham ao regime implantado. Porém o formato da repressão no período anterior ao Ato Institucional número 5 possibilitava a existência de ações e organizações do seio do movimento estudantil. Após este, existe um corte, as mobilizações de massa contrárias ao regime não existem mais. O movimento estudantil universitário é um dos mais perseguidos nesse processo. O objetivo central deste trabalho é perceber as transformações deste agrupamento que sofre profundas transformações na perspectiva organizativa e ideológica. Na perspectiva organizativa passa de um grupo eclético e pequeno burguês e transforma-se em um agrupamento revolucionário inspirado no Maoísmo. No aspecto ideológico parte de uma perspectiva de ação fundamentalmente cristã, passa por transformações até adotar a teoria marxista de entendimento de mundo. Estas transformações ocorrem em um período de profundas transformações políticas no Brasil. Este passa por regimes democráticos, um acirramento ideológico alimentado pela Guerra Fria até um golpe civil-militar e um posterior golpe dentro do golpe acirrando as práticas ditatoriais após o AI-5. Percebemos os efeitos destas transformações internas e externas entre estes jovens, inseridos no nascente ensino superior de Passo Fundo, este mergulhado em disputas e tensões pelo controle desta instituição. Foram analisadas as formas de disputas do movimento estudantil, suas bandeiras, suas formas de atuação, suas atividades neste período. Por fim buscaram-se as causas do fim da Ação Popular em nossa cidade. Quais foram os efeitos do acirramento da repressão ao movimento estudantil no seio da Ação Popular de Passo Fundo. Por fim colheram-se as análises que algumas destas lideranças da época fizeram deste período e de suas ações e seus julgamentos destas ações.
231 - Título: "Políticas Públicas do Banco Nacional de Habitação em Santa Maria - RS"
Autor: Tales Henrique Albarello
Orientador: Profa. Dra. Ironita A. P. Machado
Banca: Dieter Rugard Siedenberg (Unijuí), Adelar Heinsfeld (UPF)
Defesa: 30/06/2014
Resumo: O objetivo desta dissertação é analisar as políticas públicas implantadas por intermédio do Banco Nacional de Habitação, o BNH, em Santa Maria – Rio Grande do Sul, no período entre 1967 e 1986, e os resultados dessas políticas no atendimento das demandas da comunidade local. A delimitação temporal deste trabalho levou em consideração as obras realizadas pelo BNH na cidade de Santa Maria, sendo a primeira delas o Núcleo Habitacional da Vila Kennedy, comercializado no ano de 1967, e a última, o Núcleo Habitacional Passo da Ferreira, em 1986, finalizado no mesmo ano de extinção do BNH. Para atingir esses objetivos, foi realizada uma revisão bibliográfica acerca da Ditadura Civil-Militar, das políticas sociais executadas durante o período, das políticas públicas promovidas pelo Banco Nacional de Habitação e da urbanização da cidade de Santa Maria. Por meio de relatórios da Companhia de Habitação do Estado do Rio Grande do Sul e da Prefeitura Municipal de Santa Maria, foram pesquisadas as obras realizadas em Santa Maria que resultaram na criação de núcleos habitacionais e de reformas urbanas. Para a análise das demandas e dos resultados das políticas públicas implantadas pelo BNH, foi pesquisado o acervo do Jornal A Razão entre os anos de 1967 e 1986, em cujas páginas foram informadas demandas da comunidade santa-mariense nas áreas de habitação e reformas urbanas. Os núcleos habitacionais construídos em Santa Maria não foram suficientes para atender as necessidades da população de baixa renda, visto o mercado imobiliário estar em expansão em razão do crescimento vegetativo da população e da chegada de novos habitantes à cidade. As ocupações, locais em que a população passava a residir em razão da falta de alternativas, continuaram a surgir e a existir. As reformas urbanas, que obedeciam as diretrizes do BNH, foram realizadas em áreas que já contavam com uma infraestrutura mínima, sendo que as obras serviram para qualificar esses espaços. As justificativas sociais do BNH não foram cumpridas, já que as áreas beneficiadas não eram as mais necessitadas. Bairros periféricos da cidade continuaram com infraestruturas precárias. Problemas como falta de água, de saneamento básico e de inundações foram frequentes. As políticas públicas de reformas urbanas promovidas pelo BNH, apesar de oficialmente carregadas de caráter social, foram destinadas às parcelas da população de renda média na cidade de Santa Maria. A demora do anúncio até a execução das obras ajuda a entender o problema da cidade. Apesar de ter sido criado para resolver o problema habitacional brasileiro, o BNH foi muito mais um instrumento utilizado para melhorar os índices econômicos do que propriamente atender as demandas da população de baixa renda do Brasil. Suas obras, mesmo que oficialmente não tivessem esse objetivo, ajudaram a elevar a especulação imobiliária, ao conduzir a valorização das áreas atendidas por seus investimentos. O BNH também foi usado politicamente pelos governos militares, como uma forma de fazer propaganda das obras realizadas durante a Ditadura Civil-Militar. Suas realizações destacam-se entre as formas encontradas para justificar a permanência dos militares no poder do Estado brasileiro.
232 - Título: "Visão de um jornalista norte – americano na imprensa brasileira: Drew Pearson na revista O Cruzeiro (1959-1961)"
Autor: Vagner Paulo Cazarotto Guarezi
Orientador: Profa. Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Helder Volmar Gordim da Silveira (PUCRS), Marlise Regina Meyrer (UPF)
Defesa: 05/08/2014
Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar a coluna Carrossel do Mundo, escrita pelo jornalista norte-americano Drew Pearson, na revista O Cruzeiro no período 1959-1961. Nesta análise, destacaremos os principais temas abordados por Pearson. O século XX foi marcado por constantes e grandes evoluções. Muitas delas criaram e alimentaram os maiores conflitos da história. Ideologias, conceitos e novas opções sociológicas surgiram, deram opções e viraram referências. As tecnologias desenvolvidas facilitaram a vida, derrubaram fronteiras e criaram disputas. O Brasil desse século foi desenhado por traços norte-americanos. A influência dos Estados Unidos criou conceitos e disseminou a cultura, a economia e a ideologia no país. Jornalisticamente falando, foi o jornalismo norte-americano que serviu como base para diagramar e estruturar os acontecimentos no país. Partindo desse pressuposto, a revista O Cruzeiro, criada em 1928, anexou ao seu esquadrão de ouro o jornalista norte-americano Drew Pearson, referência nas pautas de política internacional. Utilizando a revista como fonte para a pesquisa, buscamos em Drew Pearson o objeto a ser estudado no período de 1959-1961. Drew Pearson foi referência no jornalismo mundial. No Brasil, O Cruzeiro apresentava e trazia novidades aos leitores. Sua circulação alcançava os mais diversos cantos do país, fazendo com que sua abrangência e seu acesso se tornassem um marco dentro do período estudado. Pearson completava a americanização na revista. Dividia as páginas do semanário com anúncios, propagandas e notícias sobre o imaginário norte-americano. Tendo como objeto de estudo a coluna Carrossel do Mundo, nosso alvo é mostrar e analisar os temas debatidos na coluna, inserindo-nos no contexto internacional. A revista foi um veículo formador de opinião, seu conteúdo era de grande variedade e focava-se em um público de maior poder aquisitivo. O periódico trazia notícias a partir da visão de um jornalista norte-americano, vinculado em um meio de comunicação com origens capitalistas e com ideologias norte-americanas.
233 - Título: "Da produção colonial ao sistema agroindustrial: a modificação do perfil produtivo da região de Chapecó (1920-1980)"
Autor: Ivone Maria Serpa
Orientador: Profa. Dra. Rosane Marcia Neumann
Banca: Marcos Antônio Witt (Unisinos), João Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 21/08/2014
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo o estudo da passagem da produção da pequena propriedade colonial para a produção agroindustrial, com a formação das agroindústrias na região da grande Chapecó, no oeste catarinense, entre 1920 e 1980. Esse recorte temporal justifica-se pelo fato de a década de 1920 ser o início do processo de atuação das empresas colonizadoras e a estruturação de um modelo de produção colonial, e a década de 1980 marca o processo de solidificação do complexo agroindustrial da região. Em termos metodológicos, optou-se pela coleta e análise de um conjunto de dados quantitativos e revisões bibliográficas, que possibilitaram acompanhar a formação e desenvolvimento da produção agroindustrial. A região Oeste foi alvo de disputas pela posse do território, dada à diversidade de atividades possíveis de serem praticadas na região. As colonizadoras foram as responsáveis pelo processo de atração de novos moradores, principalmente colonos rio-grandenses. Entre as décadas de 1920 e 1940, além de ser a fase de colonização, tem-se o ciclo econômico da erva-mate, que depois de esgotado passa à atividade da madeira, que vem ao encontro do necessário desmatamento para a formação dos povoados e o consequente lucro advindo com o seu comércio, esse ciclo finda com a exaustão das matas, dando lugar ao ciclo agroindustrial. O processo de mudança do perfil econômico e produtivo iniciou com a modernização agrícola e derivou na constituição e expansão agroindustrial, entre as décadas de 1970 e 1980, a partir dos sistemas de produção integrada avícola e suinícola, que tornou a pequena unidade familiar dependente e subordinada ao sistema de produção capitalista. Esse processo garantiu e auxiliou o desenvolvimento da região Oeste, tornando-a um referencial nacional no que tange ao setor agroindustrial. A região passou de uma economia colonial, entre as décadas de 1920 e 1940, para uma economia agroindustrial baseada no sistema de integração inicialmente de suínos e, posteriormente, de aves, entre 1970 e 1980. Voltada dessa forma para o grande mercado nacional e internacional, passando a ser um dos maiores centros agroindustriais do país.
234 - Título: "Paul Poiret e Coco Chanel: análise das mudanças na moda europeia no inicio do século XX (1900-1930)"
Autor: Maira Ilda Locatelli
Orientador: Profa. Dra.Marlise Regina Meyrer
Banca: Eloisa Helena Capovilla da Luz Ramos (Unisinos), Gerson Luís Trombetta (UPF)
Defesa: 05/09/2014
Resumo: O estudo trata das transformações ocorridas na moda no início do século XX, mais especificamente de 1900 a 1930, período imediatamente anterior e posterior à Primeira Guerra Mundial, contexto que exerceu significativas influências no comportamento e nos valores relativos ao universo feminino europeu e, consequentemente, alterou as formas de vestir-se e mostrar-se em público. O trabalho é um estudo comparado entre as criações de dois dos mais influentes estilistas do período, Paul Poiret e Gabrielle Coco Chanel. O estilista Paul Poiret foi considerado o primeiro estilista francês, no sentido moderno do termo, considerado por alguns autores o "libertador dos corpos femininos", pois promoveu o fim do uso do espartilho, inovou na utilização das cores, na diferenciação das formas de modelagem, divulgando suas produções também de forma inovadora, em catálogos ilustrados por grandes artistas, em especial, os álbuns “Les Robes de Paul Poiret” (1908) e o “Les Choses de Paul Poiret” (1911), fontes desta pesquisa. Os problemas e as dificuldades geradas pela Guerra com relação ao vestuário feminino, levou a um processo de simplificação e adequação aos novos papéis e atitudes das mulheres, durante e no pós-guerra. Simbolizando este novo contexto, Coco Chanel, emerge no cenário da moda mundial, trazendo o guarda-roupa masculino para as vestimentas femininas, utilizando tecidos com fibras têxteis químicas e com teor mais simples, considerados pobres para época. Chanel torna-se precursora de uma moda confortável e funcional. A nova moda faz uso de um também novo meio publicitário, as revistas especializadas de moda, sendo a Vogue, a principal referência e, também, fonte desta pesquisa. Para fins de comparação entre as produções dos dois estilistas foram eleitas três categorias de análise: os meios publicitários utilizados pelos estilistas Poiret e Chanel, em específico nos álbuns ilustrados e as revistas Vogue francesas; os tecidos utilizados por ambos os estilistas e a estética feminina privilegiada pelos criadores em questão.
235 - Título: "Empreendimentos de economia solidária: alternativas de organização no mundo do trabalho (Chapecó, 1990-2010)"
Autor: Sedenir Fiore
Orientador: Prof. Dr. Adriano Comissoli
Banca: Paulo Afonso Zarth (Unijuí), João Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 11/09/2014
Resumo: A presente dissertação investiga as relações sociais de trabalho que se desenvolvem dentro dos empreendimentos de economia solidária, localizados na cidade de Chapecó, SC entre os anos de 1990 e 2010. Ela visa observar se os empreendimentos de economia solidária são significativos, dentro do contexto socioeconômico de Chapecó, para a construção de novas formas de organização do trabalho no período proposto. O Problema que orientou o percurso desta investigação pode ser assim proposto: os princípios propostos para empreendimentos de economia solidária se efetivam nos empreendimentos estudados? A hipótese que trabalhamos é a de que as formas de organização do trabalho presentes nos empreendimentos solidária se distanciam daquelas identificadas nas empresas capitalistas tradicionais, não como uma nova lógica econômica, mas com elementos que aas caracterizam como alternativas. O trabalho foi organizado em três momentos. Num primeiro momento foi contextualizada historicamente a formação socioeconômica da cidade de Chapecó, tratando dos principais aspectos de seu desenvolvimento econômico e a formação do parque agroindustrial da cidade, em seguida foi apresentada, com base na leitura da bibliografia especializada, as principais características da organização do trabalho nas indústrias Sadia S.A e Aurora, atualmente BRF Alimentos, usando estas como modelos comparativos com aquelas analisadas nos empreendimentos de economia solidária. Num segundo momento, analisou-se as formas de organização do trabalho dentro dos empreendimentos de economia solidária por meio da caracterização das relações de trabalho inerentes às empresas solidárias da cidade de Chapecó, tendo como marco temporal inicial os primeiros anos da década de 1990. O terceiro momento voltou-se para a apresentação dos resultados da pesquisa empírica realizada em dois empreendimentos de economia solidária da cidade de Chapecó com o intuito de analisar as principais características de organização social do trabalho observáveis no interior desses empreendimentos e a coerência ou discrepância com a teoria proposta pelos pensadores da economia solidária. Em termos metodológicos optou-se por uma reflexão que combine elementos teóricos, provenientes da pesquisa bibliográfica, e análise empírica, recolhida do estudo dos empreendimentos propostos. Os resultados obtidos confirmam a hipótese de trabalho, sendo que as formas de organização do trabalho no interior dos empreendimentos de economia solidária se distanciam das formas de organização nas agroindústrias do município de Chapecó, pois as empresas solidárias privilegiam a solidariedade em detrimento da competição, a gestão do coletivo ao invés do individualismo e da heterogestão, do valor da vida à reprodução simples do capital.
236 - Título: "A Serrilhada: fronteira e identidades no Brasil Meridional"
Autor: Natali Braga Spohr Schmitt
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin
Banca: Ronaldo Colvero Bernardino (Unipampa), Marlise Regina Meyrer (UPF)
Defesa: 11/09/2014
Resumo: Mais da metade do território do Rio Grande do Sul tem contato internacional, condição sine qua non para o protagonismo da fronteira na sua história. Ao mesmo tempo em que delimitam, as zonas de fronteira estabelecem ligações, e delas decorrem heterogêneas possibilidades nas identidades. “A Serrilhada: fronteira e identidades no Brasil Meridional” é o título do texto dissertativo apresentado ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo, na Linha de Pesquisa Cultura e Patrimônio, sob a orientação do Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin. O tema principal da pesquisa é a construção das identidades num lugar situado exatamente sobre a linha que demarca a fronteira entre o Brasil e o Uruguai, a Serrilhada/Cerrillada, vilarejo de pouco mais de 400 habitantes, pertencente igualmente à brasileira Dom Pedrito e à uruguaia Rivera. No contexto da pesquisa, é traçado um panorama historiográfico do Rio Grande do Sul, onde são relembrados os Tratados de Limites, bem como as estratégias de manutenção das fronteiras e as políticas contemporâneas para elas. Objetiva-se contar sobre um lugar e refletir sobre os conceitos de identidade através da sua vida material, como a casa, a escola e o cemitério. Neste ínterim, aborda-se o universo do trabalho, dentro do qual são tratadas questões do passado de escravidão e contrabando, as lides no campo e a contemporaneidade com as novidades do cinema e das redes sociais. Também se versa das manifestações culturais apreendidas a partir da maneira de se vestir, das crenças e da língua. Com os aportes teóricos que se ocupam dos conceitos importantes para o estudo, demonstra-se o hibridismo da vivência nesta fronteira do Brasil Meridional, que revela um constante exercício de construção identitária por meio das interfaces entre as estratégias de sujeitos como Edu Macedo, seu principal “guardião de memórias” e cuja experiência viabilizou este registro.
237 - Título: "Independente, não neutro.” Poder e imprensa no norte do RS (1916-1930)"
Autor: Gabriela Tosta Goulart
Orientador: Profa. Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Fernando da Silva Camargo (UFPEL), João Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 16/09/2014
Resumo: Esta dissertação tem o objetivo de estudar a relação entre a liderança política e a imprensa regional, no norte do Rio Grande do Sul, no período que se estende de 1916 até 1930. Entende-se que a imprensa foi um dos sustentáculos do poder da elite política regional desde a proclamação da República em 1889, avançando por todo o período da chamada República Velha, até 1930. Nesse período, foram identificados cerca de 16 jornais, alguns de duração efêmera e outros cuja longevidade alcança os dias atuais. Essa imprensa registrou os embates políticos e muitas vezes foi criada com o objetivo de ser porta-voz dos políticos regionais. Assim sendo, constatou-se uma verdadeira identidade estabelecida entre a política e a imprensa. Os casos mais emblemáticos foram os dos jornais A Voz da Serra e O Nacional. A Voz da Serra, fundado em 1916, vinculou-se à causa do Partido Republicano Riograndense (PRR) por vínculo ideológico entre o proprietário do jornal e o líder regional Nicolau de Araujo Vergueiro. Por sua vez, O Nacional foi fundado em 1925 pelos filhos de coronel Gervasio Lucas Annes, figura política que ditou a hegemonia do PRR em âmbito regional e orientou grande parte da imprensa citada. Gervasio Lucas Annes construiu uma identidade de liderança política e deixou como sucessor Nicolau Araujo Vergueiro, portanto, a análise proposta nessa pesquisa leva em consideração a importância da imprensa na manutenção da dominação do PRR na região a partir de um contexto estadual que foi permeado por duas guerras civis. A Revolução Federalista, de 1893, que opôs maragatos e pica-paus e a Revolução de 1923, que abalou, hegemonia do PRR e demonstrou que as oposições político-partidárias só conseguiam se manifestar através da via revolucionária. Nesse sentido, a manutenção do poder do PRR em âmbito regional sofreu contestação e a imprensa foi um dos suportes para a viabilização do domínio dos seguidores do castilhismo-borgismo no período em questão.
238 - Título: "O processo de patrimonialização e a turistificação da Romaria de Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças de Santa Maria/RS (2003-2012)"
Autor: Franciele Moreira Cassol
Orientador: Profa. Dra. Gizele Zanotto
Banca: Marta Rosa Borin (UFSM), Ironita Policarpo Machado (UPF)
Defesa: 24/09/2014
Resumo: A devoção a Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças teve início na Bélgica, na década de 1920, com o cardeal Desidério José Mercier, um dos pioneiros da teoria da mediação, na qual Maria é venerada como mediadora das graças divinas. No Brasil, a crença na Mãe Medianeira expandiu-se a partir de sua devoção no interior do Estado do Rio Grande do Sul, mais precisamente a partir da cidade de Santa Maria. Hoje, a Romaria em homenagem a Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças, que é a padroeira do Estado, acontece no segundo domingo de novembro e mobiliza mais de 250 mil pessoas por ano. O presente texto tem entre suas finalidades dissertar sistematicamente sobre a história da Romaria, refletir sobre sua patrimonialização, bem como analisar, em especial, as relações de poder que transformam um evento religioso em uma “mercadoria” para o turismo local. Esta investigação se insere no campo da História Cultural e da Memória Social, sendo esta uma pesquisa na área de História e participante da Linha de Pesquisa Cultura e Patrimônio. Nesse contexto, objetiva, ainda, discorrer e refletir sobre os processos de construção da identidade social de um grupo de pessoas a partir da devoção das romarias a Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças, ora defendida como Patrimônio Imaterial. Nesse contexto, a metodologia empregada constituiu-se de pesquisa bibliográfica e, principalmente, de investigação em fontes primárias locais, destacando-se os jornais A Razão (1934) e Diário de Santa Maria (2002), em um recorte temporal que se inicia antes do surgimento da devoção, ou seja, fins do século XIX até os dias de hoje, dando um enfoque especial à última década deste século. O referencial teórico abrangeu pesquisadores locais não acadêmicos como Isaias, Belmonte, Paixão, Weinzemenn e acadêmicos como Biasoli, Boreli, Borin, Bourdieu, Chartier, Geertz, Pohl e Segalen.
239 - Título: "A mulher trabalhadora em busca de direitos na Justiça do Trabalho do Rio Grande do Sul: desafios da emancipação feminina nos anos 1941-1946"
Autor: Giselda Siqueira da Silva Schneider
Orientador: Profa. Dra. Janaína Rigo Santin
Banca: Florisbal de Souza Del´Olmo (URI), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Defesa: 11/09/2014
Resumo: A presente pesquisa trata da implementação dos direitos da mulher trabalhadora na Justiça do Trabalho do Rio Grande do Sul, no recorte temporal de 1941 a 1946. Para tanto, utiliza como referencial o campo de estudo da História das Mulheres, ao resgatar sobre a trajetória desses estudos e as contribuições para entender-se a relação entre o movimento das mulheres e a questão dos direitos tutelados pelo Estado. As fontes primárias utilizadas foram os processos findos preservados e que se encontram no Memorial da Justiça do Trabalho do Rio Grande do Sul. Logo, na análise constam Reclamatórias das Varas Trabalhistas existentes no período, na ocasião denominadas Juntas de Conciliação e Julgamento, das cidades de Porto Alegre, Rio Grande, São Jerônimo e Pelotas. A Justiça do Trabalho que surge por iniciativa do Presidente Getúlio Vargas institui-se pela Constituição de 1934, inaugura-se em 1941 e integra-se ao Poder Judiciário somente em 1946. No contexto de uma política de ordenação do mercado de trabalho, onde a legislação trabalhista, previdenciária e sindical tem destaque, a Justiça do Trabalho desenvolve-se dentro da ideologia de um Estado corporativo que tenta proscrever a luta de classes e oferecer aos litigantes uma forma pacífica de solução das controvérsias trabalhistas. Ao considerar a positivação da legislação protetiva em relação ao trabalho da mulher no Brasil entre 1930 a 1945, entre outros direitos, como o direito ao voto em 1932, quer-se verificar sobre o acesso das mulheres a essa instância judicial. Tal intento justifica-se porque embora a conquista de direitos no plano da lei, ainda existia no âmbito social uma forte resistência à ideia da mulher em trabalho fora do ambiente doméstico. A pesquisa em tais fontes pretende também, demonstrar o valor histórico dos documentos, no presente caso, dos processos judiciais sob a guarda do Memorial da Justiça do Trabalho no Rio Grande do Sul, aliado à pesquisa e à revisão bibliográfica. Visa-se compreender um pouco mais, do universo das trabalhadoras rio-grandenses no período e a possível relação da Justiça do Trabalho no tocante à promoção e efetividade dos direitos sociais.
240 - Título: "Em memória da cativa, uma memória que cativa? Análise da construção dos monumentos, da memória e da patrimonialização do Chafariz da Mãe Preta e da Praça de Mãe de Passo Fundo"
Autor: Diego José Baccin
Orientador: Profa. Dra. Ironita Policarpo Machado
Banca: Sandra de Cássia Araújo Pelegrini (UEM), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 21/11/2014
Resumo: Este trabalho analisou o processo de patrimonização de dois bens culturais coletivos enquanto patrimônios históricos culturais da cidade de Passo Fundo. O Chafariz da Mãe Preta, de 1863, portando, antes da abolição da escravatura no Brasil, que faz referência a uma pessoa escravizada - a Mãe Preta. E o surgimento do Monumento à Mãe um centenário após o primeiro, em 1964. A problemática discorre no sentido de identificar as possíveis tramas de relações entre os sujeitos que decorreram na inauguração de ambos os monumentos, de forma que seja possível considerar como no decurso da história municipal ocorreu o processo de composição dos referidos espaços de memória, constituindo-se como bens patrimoniais que carregam elementos de materialidade história - os monumentos propriamente ditos. Como também, de imaterialidade simbólica, no sentido de que os bens analisados apresentam características que se reportam a noções indenitárias, e a estes são atribuídas significações e representações diversas e contraditórias. Assim, objetiva-se compreender as relações que se estabeleceram no âmbito político municipal as quais propiciaram a criação dos monumentos; busca-se o entendimento do conjunto das relações culturais, simbólicas e sociais, ponderando as diversas significações e representações que sofreram no decurso de sua historicidade, e os usos que lhes foram aferidos na perspectiva da construção e reconstrução de sentido frente à relação entre história e memória, ou memória e história, para considerar a existência, ou não, de um vínculo causal entre o Chafariz e o Monumento. A fundamentação teórica sustenta-se em duas perspectivas: uma de Jacques Le Goff, frente às considerações de que a memória é a propriedade de conservar certas informações. Outra de Roger Chartier, na acepção de que a realidade histórica só chega ao historiador por meio de representações, pois em diferentes épocas a realidade social é construída, dotando o presente de significado. Viabilizando o acesso as informações disponíveis acerca dos bens patrimoniais, a pesquisa constituiu-se em análise de registros iconográficos, buscando perceber como os monumentos foram representados enquanto objetos e como a partir dos objetos os indivíduos representaram os monumentos. Registros escritos foram consultados com a intenção de reconstruir as informações neles constantes, a fim de perceber os pontos convergentes e os divergentes acerca dos dados históricos que envolvem o Chafariz e o Monumento. Por meio da história oral, realizou-se processo de entrevistas. E por fim, aplicou-se ficha de coleta de informações; quando de posse destes dados, fornecidos pelos depoentes, verificou-se como os monumentos na atualidade são significados, representados e o que permanece na memória da população envolvendo a história dos monumentos, através do instrumento de análise amostragem. Assim, o que permanece hoje de memória acerca dos monumentos diz respeito à história dos mesmos, parece que não. De fato, o fazer histórico reconduz a novas leituras e interpretações, e, em muitos casos, o que fica talvez evidente é um processo de apagamento da memória, assim não há representação ou significação para história coletiva, realidade que favorece o esquecimento pelo ente social ou político.
241 – Título: “Entre o erudito e o popular: a flauta transversal de Plauto Cruz na história do Choro (1940-2002)”
Autor: Alexandre Pompermaier
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Banca: Isabel Porto Nogueira (UFPel/UFRGS), Adriano Comissoli (UPF)
Defesa: 11/12/2014
Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo perfazer uma análise histórica social e sonora do gênero musical Choro, apontando para o norte que o caracteriza como uma manifestação musical de síntese erudita e popular. Trata-se de uma abordagem que parte das suas origens em fins do século XIX, culminando na fixação do gênero nas primeiras décadas do século XX. Trajetória de transformações, adaptações e incorporações que seguiu paralela com as transformações da sociedade brasileira. Caminhando pelo mesmo viés histórico procura-se debater os conceitos do erudito e do popular na cultura brasileira buscando evidenciar os reflexos que esta relação e disputa tiveram no Choro, partindo do princípio de que a música é um reflexo da sociedade e na inversa proporção a sociedade de seus gêneros musicais. Além disso, busca-se compreender o processo de assimilação e incorporação destes elementos sociais e sonoros no Choro como respostas para lacunas ainda presentes na historiografia do gênero que o aborda como manifestação cultural musical popular unicamente, sem considerar os elementos da vertente erudita. Nesta mesma perspectiva tem-se a inserção da flauta transversal no discurso analítico por se tratar de um instrumento característico do gênero, que marcou sua sonoridade nas rodas de Choro já no final do século XIX tornando-se indispensável por seu caráter solista. Uma representação sonora autêntica do elo entre as culturas do erudito e do popular no Choro que teve início por Callado e Reichert nos primeiros momentos da história do gênero. Estes, que por sua vez, fixaram as bases desta linguagem de flauta refletida nas obras de inúmeros compositores e flautistas de várias gerações posteriores como Patápio Silva, Pixinguinha, Benedito Lacerda, Altamiro Carrilho e o próprio Plauto Cruz. O "Mago da Flauta", como é conhecido o flautista e compositor rio-grandense Plauto Cruz apresenta em suas obras a herança histórica desta síntese do popular e do erudito, tanto no que diz respeito à linguagem da flauta no Choro, quanto aplicadas à sua formação e vivências em sua realidade regional do Rio Grande do Sul. Um legado que transcende as linhas geográficas do estado sulino e o coloca como um dos representantes do Choro a nível nacional, tamanha sua representatividade neste cenário composicional e interpretativo. Finalizando, a tensão reside em apresentar ao leitor como ocorre este processo de cristalização destes elementos do erudito e do popular no Choro pela da flauta transversal, analisando diretamente parte da obra do compositor e flautista Plauto Cruz. Obra esta que é constituída por partituras e áudios, reflexo de uma produção recente datando de fins da década de 1970 até o ano de 2002.
242 – Título: “O SERTÃO E O CATIVO: Escravidão e Pastoreio. Os Campos de Palmas - Paraná 1859-1888”
Autor: José Lúcio da Silva Machado
Orientador: Prof. Dr. Mario José Maestri Filho
Banca: Flávio dos Gantos Gomes (UFRJ), Ironita Policarpo Machado (UPF)
Defesa: 18/12/2014
Resumo: A presente dissertação tem por objetivo observar as relações escravistas em áreas voltadas para a economia pastoril, destacando a influência e as contribuições dos trabalhadores escravizados no desenvolvimento das mesmas. Para tanto, procuramos identificar os modelos teóricos utilizados pelos principais pesquisadores que escreveram sobre este tema e justificar nossa opção pelo modelo de analise proposto por Jacob Gorender, ao abordar a escravidão no Brasil como um modo de produção historicamente novo. O trabalho discute as diferentes formas de abordagem deste tema, e dos modos de tratamento quando nos referimos a estes trabalhadores. Através de extensa revisão bibliográfica, o texto procura demonstrar o processo inicial de colonização do Brasil, realizando um resgate histórico sobre a introdução dos primeiros gados e trabalhadores escravizados no território brasileiro. O texto destaca a introdução dos trabalhadores escravizados de origem africana e sua disseminação pelos diferentes setores da economia do Brasil, procurando apontar os fatores que favoreceram esse tráfico, observando também as transformações relativas à população nativa. Analisamos o desenvolvimento e expansão da atividade pastoril, observando as regiões onde estas atividades predominaram e as funções desempenhadas pelos trabalhadores escravizados nessas áreas. Por fim, abordamos os Campos de Palmas observando as características dos trabalhadores escravizados e as profissões desempenhadas por estes cativos, estabelecendo uma relação entre sua presença nessas áreas de criação, e seu grau de envolvimento nas atividades de campo como o pastoreio, mas também nos trabalhos agrícolas de subsistência e domésticos. Destacamos ainda para esta região dos Campos de Palmas as proporções entre cativos do sexo feminino e masculino, observando as profissões desempenhadas por estes trabalhadores e o grau de dependência dessa sociedade em relação à mão de obra escravizada. Analisamos também a movimentação de compra e venda desses trabalhadores, sua circulação local, as concessões de liberdade e as condições em que estas relações se desenvolveram.
243 – Título: “A intrusagem e desintrusagem nas terras da Companhia Territorial Sul Brasil”
Autor: Luiz Fernando Ferrari
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Paulo Afonso Zarth (UNIJUI), Rosane Márcia Neumann (UPF)
Defesa: 18/12/2014
Resumo: Este estudo tem como proposta discorrer acerca da intrusagem e desintrusagem nas terras da Companhia Territorial Sul Brasil nas décadas de 1960-1970 na região Oeste catarinense. Pretende-se discutir sobre a construção da propriedade privada, como o caboclo entendia seus territórios, como concebia o uso comum da terra, e como definia a sua organização comunitária. Discutiu-se o entendimento que o caboclo tinha sobre seu território onde ocorreu à destruição de seu espaço, e porque esse espaço passa a ter uma funcionalidade racional do capitalismo, a partir das relações de poder que se estabelece entre o Estado e as individualidades. Neste trabalho discutiu-se também a nova emigração do colono e das companhias colonizadoras na região, compreendendo assim, a atuação dessas companhias colonizadoras no Oeste catarinense, bem como entender de que maneira a região se tornou palco de disputas no processo de construção. No cenário de colonização ocorre a normatização dos territórios agrários, através das políticas de ação do Estado, que regulamenta as políticas da colonização. Portanto, o estudo visa analisar a constituição da Companhia Territorial Sul Brasil, suas ações, os métodos e estratégias, a política de atuação e as estratégias de mercantilização das terras na região Oeste catarinense. Ao longo da atuação da companhia, ocorre um maior número de caboclos e de colonos na condição de intrusos, pois não possuía um documento de legalidade da posse da terra, o que gerou uma série de conflitos nas concessões de terras da companhia. Este trabalho tem como proposta analisar as estratégias, os meios pelo qual esses intrusos utilizavam para permanecer na posse da terra e como ocorreu os embates entre os considerados intrusos e a companhia. A intensa presença de grupo em desacordo com a proposta racional do capitalismo, resultou numa das principais dificuldades da companhia na região, a intrusagem e desintrusagem de caboclos e colonos.
244 – Título: “Nem perigoso, nem doente, nem fraco. apenas gente! As políticas públicas de atenção à drogadição de adolescentes no município de Santa Rosa (1990 a 2012)”
Autor: Marli Rozek
Orientador: Profa. Dra. Janaína Rigo Santin
Banca: Josiane Rose Petry Veronese (UFSC), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 01/04/2015
Resumo: Considerando a relevância do Poder Local no Estado Democrático de Direito, dada a sua proximidade com o cidadão, vamos analisar, nessa dissertação, elaborada pelo viés da História Regional, as políticas públicas voltadas à assistência do fenômeno da drogadição na adolescência, no município de Santa Rosa. Objetivamos entender em que medida o processo de descentralização possibilita na maior participação dos cidadãos e determina a estruturação de serviços mais próximos do convívio social de seus usuários; redes assistenciais mais atentas às desigualdades existentes, ajustando de forma equânime e democrática as suas ações às necessidades da população, especialmente de adolescentes que fazem uso de drogas, atendendo ao que preceitua a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e Adolescente. A perspectiva de trabalho adotada embasa-se nas técnicas de entrevistas não estruturadas e análise de documentos do corte temporal de 2008 a 2012, observando a vigência da Constituição Brasileira, do Estatuto da Criança e do Adolescente e do Conselho Tutelar, na cidade de Santa Rosa. Já o recorte geográfico leva em conta que o município em tela localiza-se próximo à fronteira com Argentina e Uruguai, centro e referência para o conjunto de municípios vizinhos. O trabalho apresenta a evolução das relações entre drogas e seres humanos tendo presente a ideia da construção da adolescência como fase da existência humana, com implicâncias sociais e econômicas. Na tecedura que almejamos construir, partimos das representações e da imaginação social existente sobre o uso de drogas na contemporaneidade. Neste exercício vamos elencar quais as forças que contribuíram para transformar esse acontecimento em problema social e, como tal, mereceu e continua sendo alvo da atenção dos gestores públicos e legisladores que adotam, defendem e disseminam o modelo político proibicionista que vai sendo consolidado durante o século XX. Na legislação sobre drogas, que passa a ser elaborada e promulgada no País, abordamos o contexto histórico e político brasileiro, com os reflexos da política internacional e das costuras políticas de então, que segue orientação orquestrada pelos Estados Unidos e, dessa forma, temos o surgimento do ataque irrestrito às drogas entendido como mal a ser combatido. Os usuários passam a ser apontados como doentes ou marginais e, para os mesmos, são dispensados tratamento segundo o modelo médico penal: aos de maiores posses há o encaminhamento para tratamento médico. Já, pobres, negros e população de rua lotam os presídios em todo o país. Ao exame do Poder Local trazemos as instituições públicas com atribuições de desenvolver as políticas assim como a crítica à inexistência da defendida rede de atendimento às pessoas adolescentes que fazem uso problemático de drogas. Avaliamos como a legislação específica sobre drogas e o Estatuto da Criança e Adolescentes tratam o assunto da drogadição e como são aplicados em Santa Rosa observada a sintonia e a articulação entre as políticas desenvolvidas no Brasil e no Estado do Rio Grande do Sul. No estudo, consideramos, ainda, as consequências sociais do modelo médico-penal de tratamento desenvolvidas.
245 – Título: “A Caxias moderna representada pelos fotógrafos Mancuso (1907-1961)”
Autor: André Betinardi
Orientador: Profa. Dra. Rosane Márcia Neumann
Banca: Solange Ferraz de Lima (UNESP), Marlise Regina Meyrer (UPF)
Defesa: 01/04/2015
Resumo: O presente trabalho discute as representações de modernização construídas pelos fotógrafos de ascendência italiana Domingos e Reno Mancuso, tendo como suporte a fotografia. O cenário é a colônia/cidade de Caxias do Sul, na primeira metade do século XX. Trata-se de um conjunto de 190 fotografias que têm como temática central as mudanças e permanências verificadas no centro urbano de Caxias, registrando a sua passagem de sede colonial para urbe moderna. Justifica-se a escolha do tema dado o seu ineditismo e a disponibilidade desse acervo fotográfico. O recorte temporal contempla o período de funcionamento dos ateliês fotográficos mantidos pelos profissionais, quais sejam o Atelier Mancuso e A Casa do Amador, pois Domingos atuou entre 1907 e 1937, e seu filho Reno, de 1937 a 1961. Em relação aos fotógrafos, são considerados aspectos sobre a história de vida de ambos, assim como as características que envolvem os seus processos de trabalho na produção fotográfica. Em termos teórico-metodológicos, trabalha-se a temática a partir das fotografias, seu uso enquanto documento, as questões de modernidade e modernização implicadas, a tensão entre esse espaço colonial, marcado pela italianidade e o seu caráter tradicional, e as inovações, que remodelam o espaço urbano e dão o tom modernizante. Além disso, investiga-se como essa tensão é representada ou ocultada nas fotografias. Procura-se relacionar os pressupostos teóricos referentes à modernização com aqueles ligados à interpretação e à análise de imagens, considerando a relação entre fotografia, memória e História. Do conjunto das fotografias, que encontram-se sob a guarda do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, foram selecionadas e analisadas 75, distribuídas em duas séries, classificadas conforme seu produtor, e analisadas em três eixos temáticos, sendo estes: italianidade – elementos culturais e práticas cotidianas; mudanças no espaço urbano; política e economia. Portanto, a pesquisa permite concluir que os fotógrafos Mancuso constroem narrativas, em imagens fotográficas, sobre a modernização de Caxias do Sul ao longo de mais de cinquenta anos e deixam para a posteridade as suas representações desse processo.
246 – Título: “Chics, elegantes e distintas: a moda na Seção Jornal das Famílias da Revista da Semana (1915-1918)”
Autor: Sediana Rizzo
Orientador: Profa. Dra. Marlise Regina Meyrer
Banca: Daniel Luciano Gevehr (FACCAT), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 20/04/2015
Resumo: O trabalho pretende, a partir da análise da seção Jornal das Famílias, veiculada pela Revista da Semana no período de 1915 a 1918, investigar de que modo a distinção social ligada ao gênero feminino é construída e difundida no periódico. O recorte temporal delimitado para esta investigação parte de uma modificação na própria Revista da Semana, que, até o ano de 1914, se autodefinia como sendo de variedades e, em 1915, passou a se identificar como uma revista feminina. O recorte final define-se pelo término da Primeira Guerra Mundial, evento que marcou e influenciou as transformações na moda. No Brasil, o período é marcado pelo advento da Primeira República e pelas reformas urbanas, no contexto da emergência da modernidade, sob inspiração europeia. A análise proposta parte do entendimento de que a moda possui uma função comunicadora, atuando como sistema de signos que informam acerca dos papéis e/ou das identidades assumidas pelos sujeitos no seu estar no mundo. Utilizou-se como principal fonte e objeto de estudo a seção Jornal das Famílias da Revista da Semana. A revista era, na época, uma das mais importantes publicações do gênero, sendo a pioneira na utilização da fotografia para ilustrar suas reportagens e, ainda, o primeiro grande projeto de uma revista em moldes empresariais no Brasil. Para entender de que forma as imagens e os textos, relacionadas à moda no periódico, constroem e reproduzem marcadores de classe e de gênero, orientou-se por Bourdieu (1989), que entende a moda como elemento simbólico de distinção social. Partiu-se do pressuposto de que a moda não inclui apenas o vestuário, mas, igualmente, todos os objetos que se relacionam à composição da aparência, bem como as condutas, os gestos, os valores e os comportamentos, componentes que serão analisados enquanto signos de distinção social e de gênero.
247 – Título: “Usina Hidrelétrica Itá: As mudanças socioeconômicas e a ação da esfera pública e privada na região atingida em Santa Catarina – 1990 a 2012”
Autor: Maico Rodrigo Cesco
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Jairo Marchesan (UnC), Marcos Gerhardt (UPF)
Defesa: 24/04/2015
Resumo: A pesquisa demonstra o panorama da idealização, projeção, construção e pós-construção da Usina Hidrelétrica Itá para com a população ribeirinha e remanescente atingida na região sudoeste do município de Concórdia (SC), entre os anos de 2000-2012. O empreendimento considerado paradigmático quanto às lutas sociais na história de hidrelétricas no rio Uruguai, no período pós-construção, provocou diversas modificações nas áreas atingidas, e neste estudo de caso, problematizou-se as noções de perdas simbólicas e as desestruturações das comunidades rurais lindeiras ao lago formado. Identificou-se os personagens históricos que compuseram a região atingida, em sua maioria, por migrantes rio-grandenses que miscigenaram-se com as populações nativas locais, a partir da década de 80, passaram a ser reconhecidos como atingidos por barragem. Este grupo mobilizou-se e organizou-se em reação as forças centrais de poder, os primeiros defenderam os interesses comuns dos moradores atingidos pela UHE-Itá. Além da caracterização étnica regional do atingido por barragem, buscou-se evidenciar os produtos que historicamente construíram as bases econômicas das comunidades estudadas. Realizaram-se breves demonstrativos das dimensões de centro e periferias e a estrutura econômica atual dos municípios que foram atingidos pela área alagada da UHE-Itá. Com diálogos bibliográficos, fontes documentais e pesquisa oral, defrontamos as perspectivas contrárias entre o centro de poder e as periferias, assim, foram evidenciadas relações conflituosas entre os projetos antagônicos: de um lado, as dimensões do movimento dos atingidos por barragens e a formação da própria identidade do atingido por usinas hidrelétricas; de outro, investigamos o discurso ufanista defendido pelo centro de poder sobre a inevitabilidade e progresso trazido pela usina hidrelétrica Itá. Por último, analisou-se como os moradores ribeirinhos atualmente são reconhecidos, tanto por indenizados quanto por remanescentes, como “os verdadeiros atingidos” pela UHE-Itá. Aprofundaram-se os conceitos que contribuem para a formação da identidade o atingido permanente por uma usina hidrelétrica em áreas rurais, e como, o período pós-construção pode não materializar o progresso prometido pelas forças centrais no período de planejar e construir a UHE-Itá nas comunidades ribeirinhas.
248 – Título: “As representações do Irã através da Revista Veja (1979-1989)”
Autor: David Anderson Zanoni
Orientador: Prof. Dr. Adriano Comissoli
Banca: Carla Luciana Souza da Silva (UNIOESTE), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 28/04/2015
Resumo: Este trabalho tem o objetivo de analisar a construção da imagem acerca do Irã e suas representações através da imprensa brasileira. Para tanto, escolhemos como objeto de pesquisa a revista Veja do Grupo Abril. Veja noticiou o processo de mudança política iraniana ao final da década de 1970, conhecida como a Revolução Iraniana. Os embates entre diversos segmentos da população iraniana e o governo autocrático de Mohamed Reza Pahlevi (1941-1979) foram acompanhados pelo semanário de forma contínua e extensa. Após um período de intensos choques entre civis e forças armadas iranianas, a revolução decretaria a queda da monarquia autocrática e, posteriormente, a instauração de uma República Teocrática Islâmica, capitaneada, inicialmente, pelo líder religioso e um dos principais mentores da revolução, Aiatolá Ruhollah Khomeini que governou o país na primeira década após o processo de mudança regimental no Irã (1979-1989). Sendo assim, este trabalho procura analisar de que forma se deu a cobertura de tais fatos tendo em vista um conjunto de valores e interesses comerciais da revista. Levando em consideração que o Oriente Médio e a religiosidade islâmica têm sido alvos de estereótipos que associam violência e desordem social, além de ser, por vezes, identificados como ameaças ao Ocidente, observam-se as representações produzidas pela revista ao reportar os eventos ocorridos no Irã no contexto de mudança governamental ao final da década de 1970. Assim, o recorte proposto para este estudo vai do período dito pré-revolucionário iraniano, passando pela primeira década da República Islâmica do Irã (1979-1989), findada com a morte do líder religioso o aiatolá Khomeini. Como categoria de análise será utilizada a Análise de Discurso (AD) na qual observaremos os discursos tanto escritos quanto imagéticos acerca do Irã e seu contexto histórico contemporâneo através das edições da revista Veja. Desta forma, procuramos analisar a história através da imprensa e sua transposição à luz da análise do conteúdo discursivo e imagético periódico semanal, revista Veja.
249 – Título: “’Orgulho ferroviário’: a construção da dignificação da profissão ferroviária no Norte do Rio Grande do Sul (1957-1997)”
Autor: Adriana Romero Lopes
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Edgar Ávila Gandra (UFPel), João Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 30/04/2015
Resumo: A presente pesquisa procura analisar como ocorreu a construção no meio ferroviário do chamado “orgulho” pela profissão ferroviária, dos trabalhadores da Viação Férrea do Rio Grande do Sul e da Rede Ferroviária Federal S/A tomando como foco principal os trechos de Erechim- Gaurama- Viadutos e Marcelino Ramos, trechos pertencentes a linha São Paulo- Rio Grande. Os períodos abarcados procuram identificar tanto o momento em que os trabalhadores ferroviários possuíam certo destaque profissional no cenário nacional (1957-1967), como o declínio e o fim da Rede Ferroviária no Estado (1997). Por meio de análise de entrevistas e documentos, verificaremos como surgiu esse “orgulho” e se realmente ele existia entre os trabalhadores do setor férreo ou se era apenas uma maneira de maquiar o trabalho penoso aos quais muitos indivíduos dedicaram suas vidas. Procuraremos verificar que a formação desse grupo demandou de uma série de acontecimentos para se solidificar. Foram, não apenas atos do início da construção das ferrovias no Estado que formaram e deram propulsão a essa coletividade, mas também fatores políticos-ideológicos, por parte dos governos que passaram pelo poder no período e por parte das empresas (privadas e estatais) que estiveram à frente do comando da ferrovia no Rio Grande do Sul. Outro aspecto que muito veio a influenciar e causar inúmeras mudanças no setor ferroviário foi a estatização (1920), e após a federalização (1959) da malha ferroviária no Estado, que trouxe, num primeiro momento, melhorias para os trabalhadores ferroviários, e após um pleno descaso e sucateamento, que, por fim, levou a privatização da linha férrea, em 1997. Por fim, analisando as memórias dos ferroviários já aposentados, verificaremos o que significou e quais as consequências que o fim da ferrovia trouxe não apenas para os sujeitos envolvidos, mas também, o que o abandono das linhas e estações férreas causou nas cidades onde este deixou de circular.
250 – Título: “Um espaço "entre” o urbano e o rural representações visuais de São Leopoldo, Taquara e Novo Hamburgo (1889-1930)”
Autor: Alex Juarez Muller
Orientador: Profa. Dra. Marlise Regina Meyrer
Banca: Rogerio Pereira de Arruda (UFVJM), Rosane Márcia Neumann (UPF)
Defesa: 04/05/2015
Resumo: O trabalho estuda o processo de urbanização das cidades de São Leopoldo, Taquara e Novo Hamburgo, situadas no Vale dos Sinos durante a Primeira República (1889-1930). A delimitação temporal, embora apresente um recorte político, foi escolhida por representar o período em que projetos urbanos pautados pela modernidade europeia se difundem pelo país. O novo status político conquistado pelos imigrantes da região de colonização favoreceu a efetivação de tais projetos a nível local. É também, nesta época, que a produção de fotografias de paisagens urbanas intensificam, tanto ao nível local, quanto nacional. O estudo tem o objetivo de compreender, através das fotografias de paisagens urbanas, as representações construídas por meio da imagem no contexto do enquadramento da vida urbana local aos padrões de modernidade da época. A utilização da fotografia como fonte e objeto de pesquisa possibilita novas abordagens sobre o desenvolvimento urbano, constituindo-se numa narrativa histórico-visual das fotografias públicas do urbano, cujo cruzamento com outras formas narrativas ampliam o entendimento do processo histórico em estudo. Os conceitos de cidade e modernidade são fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa, bem como os aspectos metodológicos e teóricos que envolvem o uso da fotografia como documento histórico. As escolha das fotografias orientou-se em um primeiro momento pela identificação das imagens de paisagens urbanas nos acervos públicos locais e específicos da imigração alemã; em uma segunda etapa, foram selecionados os lugares mais registrados pelos fotógrafos; e, por último, observouse as fotografias repetidas em mais de um acervo indicando reprodução e circulação. O estudo é uma análise comparativa das fotografias de paisagens urbanas das três cidades identificando semelhanças e diferenças entre elas. Buscase também compreender a relação entre o processo de modernização das capitais brasileiras e do mundo com o localizado nas cidades estudadas. Assim, as fotografias urbanas revelam aspectos relacionados à modernidade, enquanto fenômeno mundial e, ao mesmo tempo, às particularidades locais.
251 – Título: “Fazendo travestis - Identidades transviadas no jornal Lampião da Esquina (1978-1981)”
Autor: Ronaldo Pires Canabarro
Orientador: Profa. Dra. Marlise Regina Meyrer
Banca: Ana Maria Colling (UFGD), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 18/05/2015
Resumo: Na presente pesquisa, busco identificar nas páginas do jornal Lampião da Esquina (1978-1981) os meandros e os (des)caminhos das construções das identidades travestis. Uso-as no plural, por entender que essas não constituem uma única forma de ser, mas muitas possibilidades de vivências. A análise dos textos-vestígios da imprensa alternativa são vistas dentro de um processo de construção política do gênero, passando pelos discursos e definições sociais do que é ser homem e do que é ser mulher e das outras possibilidades não heteronormativas. Reflito sobre essa proposta do gênero, mas também o corpo que apresenta (constrói) esse gênero, enquanto dispositivo histórico e de poder – além disso, a análise observa o uso da performance e da tecnologia. O jornal Lampião da Esquina surgiu com o intuito de afirmação (e construção) da identidade homossexual e uma proposta de fazer “sair do gueto”. No entanto, meu olhar de pesquisa fixou-se somente sobre as construções discursivas da imagem de travestis, muito embora, nesse periódico, travestis encontravam-se no grande grupo identitário de “homossexuais”. O estudo compreende os anos de 1978 a 1981 e traz aspectos que colaboram para ampliar o entendimento de como as identidades de lésbicas, gueis/gays, bissexuais, travestis e transexuais foram se afirmando e se constituindo enquanto força política no Brasil. Meu estudo propõe uma reflexão acerca do gênero sócio-gramatical a que se referem os autores do jornal sobre travestis, percebendo como o uso comum dos condicionantes gramaticais antecedentes masculinos ou femininos contribuíram para afirmação/criação das identidades travestis. Incluo ainda uma análise de como essa identidade transviada circula entre o fazer e o ser travesti, e o seu possível translugar de existência. Assim, é possível perceber alguns dos elementos com os quais, em contato com os mais variados discursos de poder, essas pessoas transviadas negociam sua (in)existência e se (des)afirmam enquanto sujeitos de fato e de direito.
252 – Título: “A internacionalização da agricultura brasileira na transição entre o século XX e XXI”
Autor: Tiago Dalla Corte
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Edson Talamini (UFRGS), Jucemar Zilli (UPF)
Defesa: 29/05/2015
Resumo: O presente estudo busca aplicar os aportes teórico-conceituais da história regional para discutir o processo de internacionalização da agricultura brasileira. Aborda-se, inicialmente, a discussão sobre a natureza de região, a sua relação com a totalidade e a definição das fontes históricas necessárias para a pesquisa. Partindo dos vieses dos significados possíveis para a construção de uma definição para a região estudada, a pesquisa conduzida centra-se na problemática da História Regional, destacando a necessidade de inserção da discussão sobre a dimensão conceitual da questão da globalização. Assim, abordou-se, do ponto de vista histórico, os pressupostos relativos à questão da internacionalização da agricultura brasileira no transcurso do século XX para o XXI em uma dimensão macro. A partir de então, investigou-se os fatores determinantes para o processo de internacionalização da agricultura brasileira face ao período de transição de conjunturas ocorrida na década de 1990. É através da relevância do movimento de internacionalização da agricultura, a partir do qual o setor passou a se caracterizar como um dos mais dinâmicos da economia brasileira, que se justifica o estudo. Em sua análise, levantam-se alguns questionamentos sobre o ambiente econômico brasileiro e o impacto das suas reformas sobre o setor, bem como sobre a influência da aceleração do processo de globalização sobre o processo de internacionalização. Nessa busca, realiza-se o estudo através do diálogo com uma série de dados estatísticos, embasados por referencial adequado, visando delinear o cenário econômico vigente durante o período do processo de internacionalização e precisar a temporalidade dos rompimentos conjunturais. Ainda, a importância do presente estudo consiste na análise e na confrontação de fontes históricas conforme as convenções da História Regional. Procura-se, assim, identificar o fator determinante, ou seja, o elemento fundamental para a consolidação do referido processo, apresentando-se a elevação dos preços internacionais e, consequentemente, dos preços finais ao produtor como o fator determinante para a internacionalização da agricultura brasileira. Porém, deve-se observar que o resultado afirmativo para o cenário onde o crescimento e a sustentação da produção agrícola no Brasil foi, simplesmente, uma resposta aos preços reagentes devido às consideráveis mudanças da demanda mundial por produtos derivados da soja, não representa uma simplificação da cadeia de eventos no setor. Dessa forma, a pesquisa apresenta reflexões sobre as categorias fundamentais para a compreensão dos processos históricos no âmbito regional, permitindo isolar com clareza as oscilações e variações do processo, revestindo com maior segurança as conclusões alcançadas.
253 – Título: “O Barão do Rio Branco na revista ilustrada O Malho (1902-1912)”
Autor: Sophia Franciele Martins Binelo Santana
Orientador: Profa. Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Gerson Luis Trombetta (UPF), Helder Volmar Gordim Da Silveira (PUCRS)
Defesa: 08/06/2015
Resumo: No dia 03 de dezembro de 1902, assumia o Ministério das Relações Exteriores do Brasil José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco. Reconhecido por diplomatas e historiadores como um dos mais importantes personagens políticos brasileiros, Rio Branco ocupou-se durante a sua gestão principalmente com temas relacionados com a delimitação das fronteiras nacionais, a consolidação do processo de americanização e a busca do Brasil pela hegemonia regional na América do Sul. Pouco tempo antes da posse de Rio Branco, em 20 de setembro de 1902, surgia na cidade do Rio de Janeiro, então Capital Federal do Brasil, a Revista Ilustrada O Malho. Considerada como uma das mais importantes revistas brasileiras, O Malho sobreviveu por mais de meio século, ocupando-se, principalmente, em representar através da caricatura a vida política do país. Declaradamente patriota, O Malho encontrou em Rio Branco o personagem propício para representar as ideias de pátria no momento em que se buscava construir uma imagem de nação brasileira no imaginário coletivo. Sendo o território, naquele momento, base primordial para a construção de um sentido de unidade nacional, o trabalho de Rio Branco ao consolidar as fronteiras nacionais, ao tempo que agia através do americanismo no sentido de garantir a soberania e projetar o Brasil no cenário internacional, serviu de suporte aos propósitos civilizadores e modernizadores da revista. De todos os personagens que ocuparam os caricaturistas de O Malho, certamente Rio Branco foi um dos que mais recebeu destaque. Viabilizada pelo mesmo momento histórico, O Malho acompanhou Rio Branco durante toda a sua trajetória política no Ministério das Relações Exteriores, até sua morte em 10 de fevereiro de 1912. Diante desse contexto, o objetivo deste trabalho consiste em analisar de que forma o Barão do Rio Branco foi representado na caricatura enquanto Ministro das Relações Exteriores do Brasil pela revista ilustrada O Malho.
254 – Título: “Planejamento Urbano e Patrimônio Histórico: memória sociocultural de Passo Fundo (1950-2014)”
Autor: Mariana Mattei Santos
Orientador: Profa. Dra. Janaina Rigo Santin
Banca: Ironita Adenir Policarpo Machado (UPF), Luiz Gonzaga Silva Adolfo (Unisc)
Defesa: 12/06/2015
Resumo: Nas últimas décadas, as discussões em torno da preservação do patrimônio histórico no país vêm despertando interesse em um número maior de pessoas, abrangendo diferentes grupos sociais. Assistiu-se, por muito tempo, a destruição e a degradação paulatina de edificações e monumentos importantes para a construção da História da sociedade e, apesar de ter havido uma tímida diminuição dessas ações após os anos 1990, a demolição ainda é a escolha tomada frente à preservação. Essas discussões acabam levantando vários questionamentos, tendo em vista que, especialmente em cidades de interior, como o município de Passo Fundo, boa parte do seu patrimônio cultural é de propriedade privada. Nesse sentido, fica difícil proferir o discurso do tombamento sem que haja uma legislação clara e específica, capaz de dar garantias tanto para a preservação de bens públicos e privados quanto para os proprietários, em relação ao seu direito à propriedade. A sociedade como um todo quer sair beneficiada. Em vista disso, este trabalho visa elucidar os dispositivos legais que estão sendo formulados e utilizados para a preservação do patrimônio histórico e cultural, bem como a relação e a importância que o plano diretor do município tem para garantir a proteção desses bens. Em um primeiro momento, faz-se uma reflexão partindo da antiguidade para os dias atuais conceituando as temáticas propostas: plano diretor, urbanismo, direito urbanístico e patrimônio. Em seguida, traça-se um panorama dessas questões que incidem no município de Passo Fundo, evidenciando a forma como ocorreu a evolução da temática da urbanização e o interesse pela preservação da história por meio do patrimônio neste município. Para finalizar, foi exposta a situação do patrimônio na cidade, abordando tombamento e inventário, a relação da sociedade com essas questões e os instrumentos que possibilitam o estreitamento deste relacionamento como a educação patrimonial e o poder local. O período delimitado para este trabalho inicia-se em 1950, por ocasião das discussões acerca do primeiro Plano Diretor da cidade de Passo Fundo, aprovado em 1957, e vai até o ano de 2014, no qual se observam ações atualizadas relacionadas ao tema.
255 – Título: “O Gaúcho Ladrão: Abigeato no Rio Grande do Sul no Século XIX”
Autor: Tiago Ricardo Conci
Orientador: Prof. Dr. Mario Jose Maestri Filho
Banca: Adelmir Fiabani (UFFS), Marcos Gerhardt (UPF)
Defesa: 12/06/2015
Resumo: Este trabalho tem como objetivo principal abordar de forma crítica o abigeato, ou seja, o roubo de gado no campo, na província do Rio Grande do Sul, durante o século XIX. Para isso, revisitamos os escritos dos viajantes que estiveram na região sul do continente nesse período, os quais puderam relatar em trabalhos publicados o que presenciaram nos campos, estâncias e vilarejos onde estiveram, analisando sob diferentes pontos de vista a rotina e os modos de vida das pessoas que encontravam pelo caminho, sempre imprimindo uma visão particular sobre as coisas exóticas que presenciavam nestas terras. Tratamos aqui, de reconstruir os passos da formação historiográfica do Rio Grande do Sul, de maneira a vasculhar os elementos que permeiam o imaginário a cerca do gaúcho e dos demais grupos que iniciaram o povoamento dessa região do Brasil. Somaram-se às análises, além da bibliografia dos últimos dois séculos, os processos-crime, encontrados no Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul que tratam exclusivamente do crime de roubo de gado, às vezes com agravantes, na região de Porto Alegre. Sendo que a região pesquisada teve sua importância econômica baseada na exploração de gado bovino, primeiramente pela utilidade e comércio dos couros, depois, aprofundado pelo beneficiamento das carnes com a indústria do charque, analisaremos como ocorriam os processos pelo crime de abigeato, averiguando quem eram os réus, e quem eram os denunciantes, ou as vítimas. Veremos o que diziam as testemunhas e quais argumentos utilizados para culpar ou inocentar os ladrões de gado no Rio Grande do Sul. Essa pesquisa teve foco no período imediatamente anterior à Guerra Farroupilha (1828-1845) e, principalmente, no período da já deflagrada revolta (1835-1845), com a apreciação de casos omissos à historiografia tradicional. O presente trabalho não pretende esgotar a questão do abigeato no RS, mas tem a intenção de demonstrar como ocorriam as relações no mundo pastoril, desvendando alguns mitos que recobrem a figura do gaúcho contemporâneo.
257 – Título: “Representações do Irã através das narrativas sequenciais Persépolis e o Paraíso de Zahra (1979-2009)”
Autor: Camila Guidolin
Orientador: Profa. Dra. Gizele Zanotto
Banca: Silvana Seabra Hooper (Mackenzie), Marlise Regina Meyrer (UPF)
Defesa: 16/06/2015
Resumo: As obras Persépolis (2007), de Marjane Satrapi e O Paraíso de Zahra (2009), de Amir e Kalil valeram-se do gênero literário narrativa sequencial como suporte na construção de um discurso sobre a história do Irã contemporâneo desde fins da década de 1970 até o ano de 2009. Através da análise dessas obras, percorremos os eventos desse ínterim, a fim de evidenciar seus aspectos narrativos, discursivos e imagéticos, os quais foram promotores de uma representação sobre as transformações no cotidiano do Irã nesse período. Ambas as obras apresentam interpretações sobre esses momentos e permitem identificar a construção e desconstrução de expressões e memórias, individuais e coletivas, em meio aos processos de transformação política, social e cultural ocorridas no país. Para tanto, analisa-se os primórdios de conformação da sociedade iraniana, destacando a relevância de algumas lideranças que congregaram em torno de si elementos para uma representação política, religiosa e militar em uma sociedade cuja valorização dos sistemas de governo pautados na corporificação divina, ainda é evidente. Nesse percurso, salienta-se a figura do Aiatolá Ruhollah Khomeini como líder da revolução iraniana e mentor de um novo projeto de nação pautado em uma interpretação particular do Corão. Acompanhando o conteúdo presente nas páginas das narrativas em estudo, esmiúça-se a construção da República Islâmica do Irã sob a égide do modelo teocrático consolidado diante desta matriz referencial Khomeinista, inaugurada a partir do seu retorno do exílio e legitimada no contexto pós-revolução. Atenta-se também para os temas em destaque nas narrativas, cuja abordagem destacou as diversas formas de tortura da consciência através do corpo. Partindo dos conceitos de imagem, memória e narrativa, evidencia-se a construção de um “discurso fundador” e a sua conformação como diretriz predominante na atual postura adotada pelo governo iraniano, cujo projeto de nação construído no decorrer do processo revolucionário, consolidou-se por meio de práticas repressivas e sob forte contestação popular.
258 – Título: “Arte e história na série O Cassino da Maroca de Ruth Schneider”
Autor: Aline Do Carmo
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luis Trombetta
Banca: Lurdi Blauth (Feevale), Jacqueline Ahlert (UPF)
Defesa: 19/06/2015
Resumo: O presente estudo realiza uma pesquisa híbrida, com elementos de aspecto histórico, biográfico, artístico e social, sobre o tema representado em quatro obras da série O Cassino da Maroca, produção artística da pintora Ruth Schneider. Para isso foi estudado os personagens e os cenários representados nas telas, a partir dos arquivos particulares da artista, procurando fazer uma interlocução com as histórias desse local e seus personagens como, igualmente com seus aspectos sociais e culturais deste notório cabaré na Passo Fundo das décadas de 40 e 50. Entretanto, ao transcrever os manuscritos de Ruth Schneider para este trabalho, foi verificado, que na produção da artista, havia muito mais do que apenas a representação de suas memórias infantis, verificou-se, também, um emaranhado de informações pessoais (casamento e maternidade), históricas (cabaré e sociedade) e sociais (prostituição na sociedade da época). Aspectos que geram sentido nas histórias que irrompem desses quadros. Ruth Schneider, pintora, gravadora, desenhista, autodidata, foi uma artista que sempre optou por traçar caminhos plurais e experimentar diversas linguagens e suportes. Pela sua postura libertária, a pesquisa encontra na série de pinturas O Cassino da Maroca, o fio condutor que atravessa a multiplicidade de personagens e suas histórias. Reconhecendo a pintora como filiada à concepção romântica, de que o artista não dissocia sua arte de sua própria vida, o trabalho recorre a correntes teóricas voltadas às relações existentes entre a biografia e o fazer artístico, percebendo a influência de elementos aparentemente extrínsecos – sobretudo a história e a sociedade – como constituintes e geradores de sentido do produto artístico. Na análise das obras de Ruth Schneider, encontram-se características de uma poética de ruptura que a vinculam organicamente a suas vivências da infância em Passo Fundo. Da mesma forma a força com que expressa essas histórias deixam explícito o aspecto crítico social da sua arte.
259 – Título: “Arquitetura, etnicidade e patrimônio: as construções da imigração italiana na Rota Caminhos de Pedra no Rio Grande do Sul”
Autor: Claudine Machado Badalotti
Orientador: Prof. Dr. Joao Carlos Tedesco
Banca: Adriana Marques Rossetto (UFSC), Marlise Regina Meyrer (UPF)
Defesa: 22/06/2015
Resumo: Uma cidade, sem sua história, sem as memórias dos pioneiros na sua formação, sem lendas ou mitos não é, de fato, uma cidade, falta-lhe uma identidade, uma ligação com os antepassados. A evolução histórica de qualquer aglomerado urbano se reflete principalmente em suas construções, novas ou antigas, que permeiam o tecido urbano ao longo do tempo, guardam recordações e encantam por suas formas monumentais ou pela beleza de suas linhas, simples, mas plenas de significados. É assim que esta pesquisa procura retratar a história da cidade, do seu povo e de suas construções: não apenas através da arquitetura erudita, mas das mais puras e singelas construções, como a casa de porta e janela do cidadão comum, da arquitetura vernacular, anônima e sem prestígio. Tem-se como objetivo, aqui, analisar a experiência de preservação arquitetônica das construções da rota turística Caminhos de Pedra, em Bento Gonçalves, na serra gaúcha, não apenas quanto a seu valor como obra, mas buscando também perceber os processos construtivos tradicionais utilizados, a característica dos ambientes construídos em correlação com dinâmicas modernas de vida social e econômica, assim como seu caráter mercantil, passando também pelo cenário urbano de Antônio Prado e suas residências tombadas, pois se acredita aqui que somente com a compreensão de experiências construtivas antigas é possível fazer o novo. Destacamos, sobretudo, o processo de construção da memória dentro da rota turística, evidenciado pela criação desses lugares de memória e pela valorização da edificação como herança do passado. Nesse sentido, o espaço urbano constitui testemunho material dentro de um valor simbólico capaz de despertar sentimentos de afetividade nos habitantes da comunidade, somando-se ao imaginário popular que se encontra presente na história oficial, que pode ser comprovada através de fontes documentais, mas também na história não oficial, aquela referente à memória coletiva de um povo, passada de geração para geração nas rodas de conversa, nos encontros entre amigos, na igreja e dentro do convívio familiar. O espaço da casa passa a ser visto não apenas como um espaço físico, mas também como um conjunto de experiências de uma determinada sociedade, é parte da vida, das memórias e dos afetos, com todas as suas expectativas e frustações. A morada é a história construída, o espaço de intimidade, de convívio familiar, onde é possível conhecer a cultura e o modo de habitar de cada época.
260 – Título: “Moda e Sociedade: representações da estética e das indumentárias na Revista Kodak (1912-1915)”
Autor: Daniele Deise Antunes Silveira
Orientador: Profa. Dra. Marlise Regina Meyrer
Banca: Ivana Guilherme Simili (UEM), Jacqueline Ahlert (UPF)
Defesa: 02/09/2015
Resumo: Partindo do entendimento de que a moda é uma mídia que expressa e atribui significados a períodos, regiões e culturas, este trabalho tem por objetivo estudar a moda veiculada na revista Kodak, no período de 1912 a 1915, mediante a análise de imagens e textos, a fim de identificar de que forma as transformações sociais do final do século XIX e início do século XX articulam-se à construção de aparências específicas, reforçadas e difundidas na revista. O período é marcado, no Brasil, pelo ingresso dos valores da chamada modernidade europeia em todos os setores da sociedade, sendo que na moda é visível as influências tanto da Belle Époque parisiense quanto das transformações advindas, especialmente, das tensões anteriores à Primeira Guerra Mundial. A configuração de novos hábitos urbanos, desenvolvidos a partir das reestruturações das capitais, inspiradas, especialmente em Paris, contribuiu para que a imprensa se desenvolvesse, adotando outros formatos, e atingindo novos leitores, em conformidade com as ideias do mundo moderno. Nesse sentido, em Porto Alegre - RS, a revista ilustrada de variedades Kodak, destacou-se como uma publicação que contribuiu para o remodelamento dos padrões sociais existentes, informando acerca das novidades e, muitas vezes, construindo um discurso civilizador. O estudo tem como principal objeto de análise as fotografias impressas na revista, entretanto utiliza-se também dos artigos e publicidade que, de alguma forma, remetem a temática da moda. Para a realização da análise, as fotografias foram divididas em duas categorias principais: fotografias de estúdio e fotografias de rua, subdivididas em moda masculina e moda feminina. Essa divisão nos permite a identificação de uma realidade explicitamente construída através dos cenários e composições produzidas no estúdios e, uma outra, que embora também construída, permite uma maior aproximação com a experiência vivida, a partir de alguns atributos implícitos observados nas imagens, em geral, definidas como "flagrantes". A análise revelou, no aspecto geral, uma indumentária permeada por elementos oriundos da colonização portuguesa, outros relacionados ao desenvolvimento decorrente da revolução tecno-científica do período, assim como a adoção de valores ligados à modernidade europeia. No que se refere as diferenças entre a vestimenta feminina e masculina, observou-se a adoção de modelos franceses para as mulheres e de ingleses para os homens, ambos refletidos, especialmente, nas fotografias de estúdio, enquanto que aquelas que tiveram como cenário a rua, apresentaram maiores mudanças com relação aos referenciais europeus.
261 – Título: “Ouro branco”: o porco e a banha em Ijuí (1890-1950)”
Autor: Paulo Rogerio Friedrichs Adam
Orientador: Profa. Dra. Rosane Marcia Neumann
Banca: Marcos Antonio Witt (Unisinos), Joao Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 15/12/2015
Resumo: O estudo analisa a importância da criação de porcos e produção de banha no contexto da formação e desenvolvimento da Colônia e depois município de Ijuí, localizado na região noroeste colonial do Rio Grande do Sul, no período de 1890 a 1950. Analisa a formação da Colônia Ijuhy por meio da sua composição étnica, o crescimento demográfico e o desenvolvimento social e econômico. Procura identificar os aspectos sociais e políticos relacionados a evolução do negócio da banha, explicando o papel dos colonos, dos comerciantes, das refinarias de banha, dos frigoríficos e do Sindicato da Banha, buscando explicar as principais transformações no cenário da produção colonial no período de 1890 a 1950. Discute os principais elementos envolvidos na formatação do preço da banha, os conflitos sociais e políticos envoltos na questão e o papel da exportação da banha para outros mercados, inclusive internacionais. Faz ainda a análise do processo da crise da banha nos anos 30, suas consequências sobre a formação social da região colonial, aliado ao entendimento das suas implicações políticas em Ijuí, no episódio conhecido como a ‘eleição da banha’. Por fim, procura explicar a organização dos colonos frente aos problemas do mercado da banha, principalmente por meio da organização da União Colonial, e a formação de cooperativas de colonos como forma do segmento escapar do processo de espoliação advindo da política de preços implementada pelo Sindicato da Banha. Descrevendo a trajetória histórica da Cooperativa Agrária do Cadeado (Ijuí) e da Cooperativa Sul Riograndense da Banha de Cruz Alta, busca compreender os desafios e problemas havidos na implementação dessas organizações. A metodologia compreendeu principalmente a pesquisa em fontes documentais escritas, iconográficas e orais depositadas no Museu Antropológico Diretor Pestana – MADP, de Ijuí/RS, e no Museu e Arquivo Histórico Prof. Hermann Wegermann – MAHP, de Panambi/RS, dentre outras fontes. O estudo aponta para a clara assimetria social e econômica evidenciada na trajetória dos sujeitos sociais, no qual os colonos foram os produtores de porcos e banha e vivenciaram as agruras da crise econômica e social ocasionada pelos baixos preços do produto, enquanto que o segmentos dos comerciantes e refinadores de banha do Rio Grande do Sul articulavam-se na organização do empreendimento econômico de produção e comercialização da banha, realizando uma importante acumulação de capital no processo. Enfim, tudo isso permite categorizar o estudo como uma história social da banha.
262 – Título: “A judicialização do conflito territorial na Reserva Indígena de Serrinha/RS (1997-2007)”
Autor: Karina Roberta Arenhart
Orientador: Profa. Dra. Janaina Rigo Santin
Banca: Gisela Maria Bester (UFPR), Joao Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 02/03/2016
Resumo: O presente estudo analisa o processo histórico d a luta dos indígenas caingangues para retomar as terras de Serrinha, tendo como problemática averiguar a efetividade do processo judicial nº 97.1201417-7 que tramitou na 1ª Vara Federal de Passo Fundo-RS, nos anos de 1997 a 2007, cujo objetivo era a demarcação de terras indígenas de Serrinha. Desse modo, a pesquisa questiona se é possível solucionar pela via do Poder Judiciário um conflito histórico, que envolve direitos, cultura, identidades de indígenas e colonos. O marco temporal do estudo abrange desde o ano de 1941 em que começa de forma mais intensa a intrusão de colonos e o processo expropriatório das terras indígenas de Serrinha até o ano de 1998 após o ingresso da Ação Civil Pública pelo Ministério Público Federal como forma de efetuar a devolução das terras de Serrinha aos índios caingangues. Quanto à metodologia utilizada, a base do estudo foi construída a partir de uma pesquisa qualitativa, que consiste no aprofundamento e análise de determinado fato social, que no caso em tela é o conflito da disputa de terras na reserva de Serrinha. As fontes de pesquisa, entendidas como os diferentes materiais, instrumentos para auxiliarem no desenvolvimento do problema de estudo, foram as entrevistas, o processo judicial, o processo administrativo de demarcação da Serrinha. Além disso, utilizou-se as fontes de imprensa como as notícias de jornais e artigos de revista sobre o assunto em estudo. Em um primeiro momento, o estudo aborda os fatos históricos que explicam o processo de expropriação da terra indígena de Serrinha pelos governos do Rio Grande do Sul, a partir da década de 1940 até a completa extinção de Serrinha em meados de 1960. Posteriormente, analisa-se os principais fatores históricos, sociais e jurídicos que dão ensejo para a luta de retomada da terra indígena de Serrinha. Por último, analisa-se a legislação indigenista ao longo dos anos e o processo judicial ajuizado pelo Ministério Público Federal de Passo Fundo-RS, enquanto instrumento utilizado para assegurar a aplicação das disposições constitucionais no tocante à tutela dos direitos dos indígenas e garantir aos caingangues a efetividade do processo de retomada da área de Serrinha. Em suma, verificou-se que o processo judicial colaborou para que se iniciasse o processo de indenização das benfeitorias pela Fundação Nacional do índio na área da terra indígena de Serrinha, bem como o Estado do Rio Grande do Sul passou a reassentar os agricultores em outros locais e/ou indenizá-los. Entretanto, constatou-se que o processo de pagamento das indenizações é moroso e depende de recursos disponíveis nos cofres públicos. Assim, ainda existem agricultores que aguardam pelo pagamento de indenizações, fato este que gera conflitos e torna o ambiente tenso em face de existir interesses antagônicos na reserva de Serrinha.
263 – Título: “O triste fim de Anton Kliemann”: a campanha de nacionalização e seus desdobramentos no oeste de Santa Catarina”
Autor: Leandro Mayer
Orientador: Profa. Dra. Rosane Marcia Neumann
Banca: Rene Ernaini Gertz (PUCRS), Joao Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 21/03/2016
Resumo: O propósito deste estudo é investigar a repressão decorrente da Campanha de Nacionalização em Itapiranga - lugar banal, situado no extremo oeste de Santa Catarina - durante o Estado Novo (1937-1945), usando como fio condutor, o personagem Antônio Kliemann, um excepcional normal preso em 1942, acusado de crime contra a segurança nacional. Com a implantação do Estado Novo, Itapiranga passou a figurar como “quisto étnico” aos olhos do regime ditatorial varguista em virtude de sua formação étnica homogênea, visto que a colônia recebeu exclusivamente (i) migrantes teuto-católicos a partir de 1926. Para o governo, a zona deveria ser nacionalizada. Em paralelo, o Estado montou “um aparelho de repressão” através da Brigada do Rio Grande do Sul, com perseguições étnicas e políticas justificadas pelo discurso da “construção da brasilidade” e da “nacionalização do estrangeiro”. Neste cenário, Antônio Kliemann, um ex-chefe integralista, foi acusado de contrabando de armas e preso, sendo que sua prisão foi documentada pelo Processo Crime 3.666 do Tribunal de Segurança Nacional, que fornece elementos detalhados em torno dos atos repressivos cometidos por agentes do Estado em cumprimento à lei. Preso, Kliemann foi torturado pelos agentes policiais e em consequência dos danos sofridos, passou a apresentar problemas mentais. Foi absolvido em 1943 pelo Tribunal Pleno do Tribunal de Segurança Nacional. Diagnosticado com esquizofrenia, não conseguiu mais retomar a vida normal em sociedade e em família, e em 1952, suicidou-se. Um triste fim! Durante décadas, a memória oral mantém viva sua história, como uma lenda, e, em 1999, uma ação de reparação moral e material foi impetrada no poder judiciário pela família de Kliemann. Julgada procedente em 2010 pelo Supremo Tribunal Federal, a ação é um precedente jurisprudencial em se tratando do Estado Novo. Em 2004, Antônio Kliemann foi reconhecido como anistiado político post-mortem pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Tudo isso ocorreu em Itapiranga, lugar onde aparentemente nada aconteceu! Em termos teórico-metodológicos, trabalha-se na perspectiva da micro-história e da análise exaustiva dos dois processos-crimes, fontes centrais do estudo.
264 – Título: “Mato Grosso: As Razões de um Desastre - Defesa imperial e ocupação paraguaia na fronteira oeste do Brasil durante a Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870”
Autor: Orlando De Miranda Filho
Orientador: Prof. Dr. Mario Jose Maestri Filho
Banca: Paulo Marcos Esselin (UFMS), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Defesa: 31/03/2016
Resumo: Durante o século 19, uma longa série de disputas internacionais fomentaram tensões na bacia do Prata, deflagrando múltiplos conflitos entre os Estados Nacionais em formação. Dentre as divergências mais recorrentes, estavam tratados de navegação fluvial; reivindicações territoriais; modelos distintos de governo; pretensões hegemônicas e luta por soberania político-econômica dos governos platinos. Nossa pesquisa concentrou-se no estudo sobre as origens da Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870), mais especificamente sobre a ocupação paraguaiano oeste imperial. Localizada em uma zona de fronteira, a província do Mato Grosso abrigava áreas litigiosas desde a era colonial. Morada de diversos grupos nativos, o Pantanal recebeu forte afluxo colonizador quando a bandeira de Pascoal Moreira Cabral encontrou pepitas de ouro às margens do rio Coxipó-Mirim, em 1719. Essa descoberta motivou a coroa portuguesa criar a capitania do Mato Grosso, em 1748, dando origem a reiterados questionamentos acerca dos limites da fronteira local. Os luso-brasileiros, sob protestos dos espanhóis (no período colonial) e dos paraguaios (após a independência de 1811), buscaram controlar aquela vasta área banhada por rios, que, integrados a bacia fluvial platina, garantiriam importantes vias comerciais e de comunicação com o Cone Sul e o restante do Brasil. Em 1864, às vésperas da Guerra da Tríplice Aliança, os paraguaios julgavam-se os legítimos proprietários de uma faixa de terra entre os rios Apa e Branco, ao sul da província mato-grossense, assenhorada durante a expansão mineradora do século 18, o que gerava questionamentos aos imperiais sobre a falta de tratados que resolvessem esse litígio. Mas o cenário era muito mais amplo. Em dezembro de 1864, quando Francisco Solano López, presidente paraguaio, ordenou a invasão do sul-mato-grossense, existia uma complexa arquitetura política internacional. A disputa territorial foi parte das origens da guerra, mas não pode ser pensada como uma simples pretensa expansão do Paraguai, ou reproduziremos explicações insuficientes da historiografia nacional-patriótica brasileira. Analisamos o papel da política agressiva do Império no Uruguai; as decisões do governo argentino de Bartolomé Mitre; os conflitos internos no Uruguai e as preocupações paraguaias referentes à sua condição periférica nas relações regionais, estabelecendo conexões que elucidam as razões do devastador conflito. A província de Mato Grosso, apesar de esperar a guerra, não estava preparada para enfrenta-la. Com uma população rarefeita e um alto oficialato pouco disposto a lutar, a fuga foi a tônica no enfrentamento aos paraguaios. Os resultados das rápidas vitórias das tropas lopistas durante a ocupação, bem como das sistemáticas defecções imperiais não destoaram das insuficientes ações empreendidas pelas lideranças políticas e militares em Mato Grosso.
265 – Título: “Palmares no Cepo da História História e Historiografia da Confederação dos Quilombos dos Palmares (1644-1984)”
Autor: Adriano Viaro Da Silva
Orientador: Prof. Dr. Mario Jose Maestri Filho
Banca: Flavio Dos Santos Gomes (UFRJ), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 01/04/2016
Resumo: O objetivo deste estudo é analisar a produção historiográfica e revisar a bibliografia sobre os quilombos dos Palmares nos diversos períodos de nossa história, visando um maior entendimento sobre as formas em que os quilombos da Serra do Barriga foram representados em nossa historiografia. O trabalho utiliza como procedimento o levantamento bibliográfico e biográfico de cada autor, bem como seus envolvimentos no contexto histórico em que suas obras foram produzidas, confrontando as principais produções historiográficas, de cada período, para a obtenção de uma síntese analítica, ainda que exploratória. A divisão cronológica em capítulos utilizou-se de marcos históricos já consagrados pela historiografia oficial, como os períodos do Brasil Colonial, Imperial e Republicano, além de capítulo especial para a obra de Décio Freitas. No primeiro capítulo foram analisadas as fontes primárias de origem holandesa e os primeiros relatos de viagens e expedições aos Palmares, holandesas, lusitanas e luso-brasileiras. No segundo capítulo, analisou-se as sete obras mais influentes do período, bem como os artigos dos Institutos Históricos e Geográficos, além dos manuais didáticos do Colégio Pedro II, importante colégio formador da chamada elite brasileira da época. O terceiro capítulo, composto pelo maior número e maior densidade de estudos historiográficos, recebeu análises mais longas e detalhadas, com destaque para a produção marxista do período. O quarto capítulo constitui-se de ampla análise da obra Palmares: a guerra dos escravos, de Décio Freitas, que entendemos como a mais paradigmática até os dias atuais, nas suas contradições. Devido a esse nosso entendimento, analisou-se a obra de Décio com cruzamentos entre as suas cinco edições brasileiras, bem como a descrição das características e alterações de cada uma das edições. Como resultado deste estudo, procurou-se um maior entendimento dos diferentes objetivos e das mais distintas abordagens de cada período, destacando as alterações de representação e destaque, sofridas pela historiografia dos Palmares ao longo da história do Brasil, até o ano de 1984, onde finalizamos a análise.
266 – Título: “Família e Patrimônio no sul do Brasil do século XIX: as transmissões de propriedades através das alianças familiares nos testamentos e inventários post-mortem”
Autor: Andrea Pagno Pegoraro
Orientador: Prof. Dr. Adriano Comissoli
Banca: Luis Augusto Ebling Farinatti (UFSM), Ironita Adenir Policarpo Machado (UPF)
Defesa: 04/04/2016
Resumo: O presente trabalho tem como finalidade compreender as transmissões de grandes propriedades no sul do Brasil durante o século XIX e os conflitos decorrentes das disputas de posses nas famílias latifundiárias. Temos como objeto de estudo três famílias pertencentes aos Campos de Cima da Serra e Planalto Catarinense. Nosso objetivo principal é analisar os modos como se desenrolavam as partilhas de heranças e se as transmissões patrimoniais estariam sujeitas a conflitos envolvendo títulos de propriedades e posses de terras. Evidenciamos as estruturas e organizações familiares e buscamos entender quais as estratégias desenvolvidas no interior dos grupos parentais para preservar seus patrimônios, onde estavam concentradas as riquezas desses estancieiros e qual a importância das atividades pecuaristas para as suas fazendas. Demonstramos que a maior parte da fortuna dos fazendeiros não se referia às terras que possuíam, mas à estrutura produtiva nelas existente. Destacamos a importância do gado para as fazendas do período, aliado ao trabalho escravo e à correta administração das propriedades. Nossos estudos indicaram que a manutenção de boas relações familiares entre os membros dos grupos parentais auxiliava no processo de cuidados com os patrimônios quando eram inventariados. Assim, quando as famílias se mantinham unidas diante de relações amistosas de cooperação pelo bem comum havia maiores possibilidades de que a herança não sofresse perdas desastrosas no momento da partilha. No entanto, as rivalidades entre herdeiros, assim como seus desentendimentos e disputas por propriedades, poderiam resultar em defasagens significativas do patrimônio inventariado. Desse modo, os legatários que optavam por partilhas amigáveis enfrentavam menos riscos de terem suas heranças prejudicadas. Constatamos que, na época, as leis vigentes que determinavam a partilha de heranças eram as Ordenações Filipinas, as quais garantiam a todos os herdeiros igualdade diante da divisão de bens, não fazendo distinção alguma de idade dos filhos, nem de gênero. A partilha realizava-se considerando-se cabeça de casal o cônjuge sobrevivente, em nosso caso as viúvas. Quando elas não pudessem assumir a administração dos bens, era designado um curador. De todo modo, cabia à viúva metade de toda fortuna deixada pelo falecimento de seu marido pela meação que lhe correspondia, sendo que o restante seria dividido de maneira igual entre os filhos do casal e, no caso de algum deles já haver falecido, o quinhão do herdeiro competiria aos netos. Nosso recorte regional abrange os atuais municípios de Vacaria-RS, Lages-SC e São José dos Ausentes-RS, onde evidenciamos as formas de transmissões de patrimônio referentes às famílias de José Joaquim Ferreira, Antônio Manoel Velho e Laureano José Ramos. Nossas fontes documentais baseiam-se principalmente em testamentos e inventários post-mortem, mas também analisamos processos-crimes e autos de medições de propriedades. Este trabalho foi desenvolvido dentro da perspectiva de um estudo regional que nos possibilita entender um pouco mais sobre a elite latifundiária do sul do Brasil no século XIX e o modo como ela se organizava em suas estruturas familiares e econômicas.
267 – Título: “A função social da propriedade da terra no processo de desapropriação da Fazenda Annoni (1972-1993)”
Autor: Simone Lopes Dickel
Orientador: Profa. Dra. Ironita Adenir Policarpo Machado
Banca: Luis Augusto Ebling Farinatti (UFSM), Marcos Gerhardt (UPF)
Defesa: 04/04/2016
Resumo: A Fazenda Annoni, localizada na região Norte do Rio Grande do Sul, pertencente aos municípios de Pontão e Sarandi, ganhou espaço nos noticiários no ano de 1985. Ficou conhecida quando foi alvo da maior ocupação de terras no Brasil até então, coordenada pelo recém-criado Movimento dos Sem Terra (MST) no início do período democrático. No ano de 2015, a ocupação, que contribuiu para tornar a fazenda um dos símbolos da reforma agrária, feita por mais de 1500 famílias de sem-terra, completou 30 anos. No entanto, antes disso, um conflito importante – e pouco conhecido em torno da desapropriação da Annoni – acontecia desde o início da década de 1970, envolvendo os desapropriados (família Annoni) e a União. O objetivo desta dissertação é compreender a história da Fazenda Annoni a partir do seu processo de desapropriação, mostrando como ele evoluía na história da Fazenda, o que não pode ser feito sem que se leve em consideração o contexto histórico regional e nacional, tendo em vista que o processo transcorreu durante décadas em que ocorreram transformações significativas, quais sejam os anos de 1970, 1980 e 1990, que serão objeto deste estudo. Parte remanescente do grande latifúndio regional denominado Fazenda Sarandi, que foi palco constante de conflitos em torno da terra por diferentes sujeitos, a Annoni teve seu decreto de desapropriação baixado em 1972, no entanto, pouco se sabe sobre o processo judicial de desapropriação. O conflito na justiça, que rendeu a este processo judicial o título de um dos maiores processos cíveis vistos no Brasil até então, perpassa as décadas 1970, 1980 e 1990 e se estende até praticamente os dias atuais. Passa por contextos diferentes, mudanças na legislação e mesmo na concepção da luta pela reforma agrária, tendo a ocupação de 1985 apressado a liberação das terras para os acampados, mas não chegando, porém, a pôr fim à disputa judicial em torno da propriedade da Annoni, que continua, embora sob outros aspectos.
268 – Título: “Colonos e colonizadoras no oeste de Santa Catarina: a atuação da Companhia Territorial Sul Brasil na Seção Anta Gorda (1930 – 1960)”
Autor: Marcio Luiz Rodrigues
Orientador: Profa. Dra. Rosane Marcia Neumann
Banca: Isabel Rosa Gritti (UFFS), Joao Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 06/04/2016
Resumo: A presente dissertação tem como objetivo analisar a participação da Companhia Territorial Sul Brasil no processo de colonização na região oeste catarinense, nas décadas de 1930 a 1960. Trata-se de compreender a constituição da Companhia Territorial Sul Brasil, o seu projeto de colonização e os métodos de comercialização dos lotes coloniais e das madeiras. A companhia, formada por um grupo de investidores, tinha sua sede no Rio Grande do Sul e aproveitando as vantagens oferecidas pelo governo catarinense, formou um extenso complexo colonial com mais de 48 seções: sistema de divisão de terras adotado para facilitar a venda de lotes coloniais, viabilizado pela construção de estradas gerais e vicinais, resultando no surgimento de “centros comunitários” ou “linhas”. Como recorte espacial, estuda-se a formação da Seção Anta Gorda, situada a leste da área adquirida pela companhia, a qual possuía uma extensão aproximada de 16.236.00 Km², sendo subdividida, posteriormente, em I seção e II seção. Essa área deu origem aos municípios de Modelo, Pinhalzinho e Saudades. Metodologicamente, trabalha-se na perspectiva da micro-história, e teoricamente, busca-se articular a história ambiental e o processo de colonização. O corpo documental da pesquisa é composto pela documentação produzidas pela própria companhia colonizadora, fotografias, depoimentos e notícias de periódicos. A partir da pesquisa, conclui-se que o projeto de colonização da Companhia Territorial Sul Brasil foi proprietária de um dos maiores complexos coloniais do oeste catarinense no início do século XX, atuando entre os anos 1930 e 1960. No seu projeto, estudado na Seção Anta Gorda, é evidente a articulação entre o ramo imobiliário (venda de lotes coloniais) e a exploração/comercialização da madeira encontrada na sua área de abrangência. As fontes utilizadas na dissertação são basicamente documentos produzidos pela própria companhia colonizadora, localizados no acervo documental do Museu Municipal Padre Fernando Nagel na cidade de Maravilha-SC; fotografias e depoimentos, localizados no Museu Histórico de Pinhalzinho, no município de Pinhalzinho-SC e no Museu Municipal Elmiro Wagner, localizado em Palmitos-SC; mais periódicos do Jornal da Voz Chapecó, localizado no acervo documental no Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina CEOM/UNOCHPECÓ, em Chapecó-SC.
269 – Título: “Políticas Públicas e a questão indígena no norte do Rio Grande do Sul: intrusão, reforma agrária e extinção de reservas – 1940- 1968”
Autor: Gean Zimermann Da Silva
Orientador: Prof. Dr. Joao Carlos Tedesco
Banca: Jose Carlos Radin (UFFS), Ironita Adenir Policarpo Machado (UPF)
Defesa: 20/04/2016
Resumo: A região centro-norte do estado do Rio Grande do Sul, durante o século XX, foi um espaço de grande expressão de movimentos sociais, geralmente de luta pela terra. A questão indígena, entre as décadas de 1940 e 1960, expressou bem essa realidade. O governador Leonel Brizola, assim como seus antecessores, Cordeiro de Farias, Walter Jobim e Ildo Meneghetti, praticaram a redução de territórios indígenas, fato esse causador de vários conflitos. Destacamos o período do governo Brizola (1959-1963), pois, foi este que, de certa forma, intensificou essa prática. Para entendermos esse processo de expropriação de terras indígenas, é necessário, analisarmos um período anterior, nesse caso, início do século XX, no qual, descentes de imigrantes migram da região colonial dos atuais municípios de São Leopoldo-RS e de Caxias do Sul-RS para as colônias no centro-norte rio-grandense. Também foi um período em que o governo positivista, demarcou 11 áreas indígenas (1910-1918) no Norte do estado, dentre elas, a de Ventarra, espaço empírico de nosso estudo. A partir da década de 1940, de fato, as terras no estado estavam todas ocupadas. Entretanto, havia colonos sem-terra, e, a partir disso, começaram a ocorrer movimentos sociais pela região. A intrusão nas áreas indígenas culminou num movimento social, ou seja, de um lado colonos sem-terra e, do outro, indígenas. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi constituída para investigar o assentamento de colonos nas áreas indígenas e, especialmente a de Nonoai, em 1967. A nossa análise busca contemplar esse período efervescente que envolveu a questão da terra no Rio Grande do Sul; centra a análise nos processos de redução e extinção da área indígena de Ventarra como condensação de uma política de estado no período. Demonstramos que houve, entre os anos de 1940-60, uma política deliberada de transformar territórios indígenas em espaços para aliviar as tensões e os conflitos pela terra. A análise específica da Reserva de Ventarra demonstra o equívoco dessa política pública, pois, além de desterritorializar os indígenas e reterritorializar agricultores, produziu novos conflitos sociais, os quais, estendem-se na atualidade e revelam uma difícil resolução.
270 – Título: “Drew Pearson: as percepções de um jornalista norte-americano no contexto da Guerra Fria (1950-1957)”
Autor: Leonice Portela
Orientador: Profa. Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Tania Regina De Luca (UNESP), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 25/04/2016
Resumo: Esta pesquisa está centrada na análise dos artigos do jornalista Drew Pearson, publicados na revista O Cruzeiro, numa coluna denominada Carrossel do Mundo, durante a década de 1950. O jornalista norte-americano Drew Pearson (1897-1969) era considerado um correspondente internacional e um importante jornalista investigativo. Assinou a coluna Carrossel do Mundo entre os anos de 1947 a 1963, nas páginas da revista O Cruzeiro. A revista O Cruzeiro cobriu de forma marcante um expressivo e importante período histórico (1928-1975). Considerada um dos marcos na história do jornalismo ilustrado do Brasil, a revista foi o periódico de maior circulação do país. Trata-se de uma fonte de pesquisa relevante para pesquisadores e historiadores de diversas áreas, pois o conteúdo de suas páginas já suscitou inúmeras pesquisas. O recorte da pesquisa está calcado nos anos de 1950 a 1957, na conjuntura da Guerra Fria, e objetiva evidenciar o cruzamento da história com a imprensa e o seu discurso sobre esse contexto. Consistindo a Guerra Fria num confronto de estratégias que se resumiam a um confronto bipolar entre Estados Unidos e União Soviética na sua intensa corrida nuclear, nos movimentos militares e na conquista de aliados. A análise proposta visa perceber o discurso de Drew Pearson em relação aos países da América Latina, sobre a construção do inimigo comunista, sobre a União Soviética e sobre a corrida armamentista nas disputas de poder da Guerra Fria. A pesquisa se orientou com base nas referências metodológicas da análise de conteúdo e análise de discurso, utilizando, como referencial teórico, as reflexões sobre o discurso das mídias e a sua influência nas relações de poder. A análise enfatiza, primordialmente, o discurso de Drew Pearson, objetivando perceber as concepções ideológicas e políticas que norteavam seus artigos, considerando suas percepções sobre as relações internacionais dos Estados Unidos como eixo central e suas relações com os países estratégicos e subdesenvolvidos.
271 – Título: “Imprensa e Poder: representações sobre o governo de Yeda Crusius na página 10 de Zero Hora (2007/2010)”
Autor: Elaine Fontana
Orientador: Profa. Dra. Marlise Regina Meyrer
Banca: Luis Carlos Dos Passos Martins (PUCRS), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Defesa: 05/05/2016
Resumo: Este trabalho analisa as representações sociais do Governo Yeda Crusius (2007 a 2010), no estado do Rio Grande do Sul, com base na coluna política “Página 10” do Jornal Zero Hora (ZH), escrita pela jornalista Rosane de Oliveira. A metodologia empregada foi a análise de conteúdo temática; as unidades de análise foram 397 Colunas Políticas de ZH. Partiu-se da concepção de que a relação entre o mundo político e o da comunicação passa pela mediação da imprensa que decide o que deve ou não ser discutido, buscando convencer a opinião pública de que o debate social restringe-se àquilo que ela apresenta. Esta pesquisa estabelece uma dada compreensão do processo de construção das informações e as formas com que são construídos os símbolos do poder político. Evidencia como se constituem as redes de significados, corroborando a importância e o papel do jornalista e dos meios de comunicação de massa, ao passo que esse dialoga com atores sujeitos, construindo significados, identidades e símbolos do poder político. Aponta, ainda, a partir das representações do governo Yeda, como as crises políticas e econômicas estiveram presentes na construção da agenda, bem como a identificação das vozes e contra vozes acionadas pela jornalista na sua argumentação. Registra com base na autobiografia da ex-governadora, seu plano de governo para o estado no intuito de enfrentar a crise econômica do Rio Grande do Sul. A pesquisa demonstrou que a representação das crises aconteceu principalmente nas relações políticas internas e externas do governo, que pautaram a discussão da sociedade gaúcha, interessando-lhe o debate, o que fez com que este agendamento na imprensa fosse potencializado durante os quatro anos do governo Yeda. Argumenta-se, também, que a construção de relatos não é um ato neutro, mas sim, versões da realidade e de lutas simbólicas. Quando se deseja interpretar o que se pensa, deve-se compreender que é um jogo constante entre o implícito e o explícito. A linguagem está no centro de tudo isso, é própria do ser humano e nos permite representar o mundo.
273 – Título: “História, memórias e identidades: religiosidade e educação como patrimônio imaterial de Ernestina/RS”
Autor: Angela Maria Da Silva De Oliveira
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Diego Orgel Dal Bosco Almeida (Unisc), Ironita Adenir Policarpo Machado (UPF)
Defesa: 20/05/2016
Resumo: A memória social é um fenômeno coletivo e cultural, construído coletivamente e submetido a transformações constantes. Ela transmite a cultura local herdada e é constituída por acontecimentos vividos socialmente. São elementos que servem de apoio à memória: os acontecimentos vividos, as pessoas e os lugares. A pesquisa ―O Patrimônio Cultural e suas Representações: História, Memórias e Identidades – a religiosidade e germanidade como patrimônio imaterial de Ernestina‖ tem como objetivo explorar e conhecer a história e a memória do Município e seu patrimônio cultural através do viés da religiosidade e germanidade como patrimônio imaterial. A pesquisa aborda o patrimônio histórico e cultural através de uma pesquisa bibliográfica, seguida de um capítulo dedicado à História do município de Ernestina e uma abordagem relativa à importância da religiosidade na fixação e identificação das comunidades, tendo como suporte relatos orais transcritos para o Museu Municipal de Ernestina. Tendo em sua origem a colonização alemã, Ernestina conta com a presença da Igreja Evangélica Luterana, embora a Igreja Católica também esteja presente. A germanidade na história das populações teuto brasileiras, em particular no Rio Grande do Sul, demonstra a importância histórico cultural da miscigenação dos povos para o crescimento de uma nação. Em Ernestina, particularmente, escola e igreja se constituíram em instituições fundamentais para a preservação e revitalização da cultura germânica no contexto da imigração alemã no Brasil, cujas marcas estão representadas na língua materna, usos e costumes. A escolha do município de Ernestina se deu tendo em vista sua localização geográfica e sua rica historicidade, ainda ignorada por muitos de seus habitantes. De antemão, sabe-se que a preservação do patrimônio cultural deve-se ao fato de a vida de uma comunidade, de um povo, estar relacionada ao seu passado, à sua vivência, às transformações ocorridas na sua história. A preservação tem por objetivo guardar a memória dos acontecimentos, suas origens, sua razão de ser. Torna-se também imprescindível relacionar os indivíduos e a comunidade com o edifício a ser preservado, visto que uma cidade, no seu viver cotidiano, tem sua identidade refletida nos lugares cuja memória os indivíduos constroem no dia-a-dia. Preservar o patrimônio histórico é relacioná-lo com as interações humanas a ele ligadas. O que torna um bem dotado de valor patrimonial é a atribuição de sentidos ou significados que tal bem possui para determinado grupo social, justificando assim sua preservação.
274 – Título: “Militarismo e Sociedade: a banda de música do 3º RPMON de Passo Fundo (1964-1986)”
Autor: Rodrigo Avila Silveira
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luis Trombetta
Banca: Luciano Aronne (PUCRS), Ana Paula Lima Tibola (UPF)
Defesa: 21/06/2016
Resumo: Esta investigação aborda a atuação da banda do 3º Regimento de Polícia Montada -3º RPMon, sendo utilizada taticamente como uma arma de intervenção e de comunicação, no qual a referida banda se apresentou em dois grandes conflitos que aconteceram na cidade de Passo Fundo, referenciando a Revolta dos Motoqueiros 1979, ainda período da ditadura militar, e na Fazenda Annoni, exatamente no ano de 1986, onde não haviam mais negociações entre MST e Brigada Militar, dois episódios de repercussão nacional, onde a banda teve a missão de intervir através de apresentações públicas. A investigação desta pesquisa está relacionada ao enfoque da banda, onde as apresentações transcendem as concepções estéticas culturais, assumindo a tarefa de cunho tático, configurando-se em uma arma estratégica dos militares. Sob o ponto de vista do efeito que banda pode causar, a presente pesquisa busca analisar os símbolos contidos na banda, investigando a simbologia transmitida através da ordem unida em elementos como, uniforme, marcha, hierarquia e repertório. No sentido de contextualização histórica, o presente trabalho fundamenta-se na pesquisa historiográfica e documental, permitindo compreender o perfil militar e sua participação em combates, considerando a formação de bandas militares, como uma ferramenta fundamental para transmitir ordem. Para isso, a pesquisa recorre à primeira formação da banda da Brigada Militar no estado o que permite transpor sua memória, e a sua atuação nos principais eventos históricos, logo após observando a utilização da música, o fardamento e organização, como símbolos que influenciam a comunidade, consequentemente intervindo pacificamente em conflitos sociais. A construção deste trabalho é inspirada pela arte da música, fator que está presente na vida profissional, conferindo o manuseio de instrumentos musicais e também a formação de repertórios, possibilitando o diálogo com a história. Para sua sistemática, consideram-se as relações com a comunidade existente no período que se apresenta nesta investigação, compreendendo o cuidado metódico e imponente, característico de uma imagem simbólica que se forma no momento em que a banda intermedia suas relações. Nessa unicidade, propaga-se uma imagem, de uma instituição disciplinar que na polifonia de sua abrangência opera com uma diversidade de sons a considerar o uniforme, o ritmo, a polifonia militar e o repertório, conferindo uma técnica manipulada e que segue uma hierarquia caracterizando a existência de uma instituição que propaga um exemplo de gestão para a formação de uma regularidade. A escolha pela pesquisa bibliográfica e documental é utilizada como metodologia científica com a finalidade de caracterizar a sustentação teórica o que permite de fato, verificar se a música foi capaz de intervir nos conflitos entre grupos militares e sociedade em um período ainda de ditadura. Assim neste trabalho observa-se a atuação de bandas não apenas como um fato isolado, mas sim como uma dinamização de ações executadas estrategicamente através do tempo.
275 – Título: “Integração Regional na América do Sul: uma análise da política externa brasileira durante o governo Lula a partir do conceito de diplomacia presidencial”
Autor: Clarissa Ferri
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Andre Luiz Reis Da Silva (UFRGS), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Defesa: 02/08/2016
Resumo: A meta central desta dissertação é analisar a formulação da política externa brasileira para a integração da América do Sul durante o período de governo de Luiz Inácio Lula da Silva sob o prisma da diplomacia presidencial, tendo por fontes primárias de pesquisa os discursos presidenciais. Através da análise de conteúdo dos pronunciamentos, bem como da utilização da literatura científica que se refere ao período, busca-se demonstrar que a atuação presidencial influenciou a política externa não somente no sentido protocolar, mas principalmente na definição das diretrizes que foram adotadas para as relações com os países do entorno geográfico. Ainda que questionados os resultados práticos dessa atuação personalista, o entendimento aqui conformado é o de que a participação ativa do presidente na formulação das diretrizes da política externa põe o líder em destaque neste cenário, contrapondo-se à tradicional delegação ao Ministério das Relações Exteriores que antes era prática usual. Parte-se da premissa de que a prioridade na formulação dos objetivos ao exterior pela diplomacia presidencial brasileira fora o fortalecimento da integração na América do Sul com vistas a estabelecer uma liderança que seria replicada a outros grupos de países em desenvolvimento, buscando melhores condições de negociação frente aos países desenvolvidos por ser representante de um grupo, para que o Brasil ganhasse destaque não somente na região, mas internacionalmente. Essa prioridade pode ser constatada pela enunciação que se fez nos pronunciamentos oficiais, tanto do presidente quanto de seu grupo decisório. Contudo, quando confrontados esses dois objetivos da política externa do período, a integração da América do Sul e a liderança nas relações Sul-Sul, percebe-se que nem sempre tais objetivos são paralelos. A existência de projetos de integração e/ou cooperação sobrepostos torna difuso o entendimento de um plano definido para a América do Sul, havendo indícios de que a atuação na região perdera paulatinamente espaço para a atuação no plano internacional.
276 – Título: “Tensão continua no oeste”: história e representações da disputa de terra em Sede Trentin/Toldo Chimbangue nas páginas de O Estado (1982-1985)”
Autor: Douglas Satirio Da Rocha
Orientador: Profa. Dra. Marlise Regina Meyrer
Banca: Tania Regina De Luca (Unesp), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 22/09/2016
Resumo: Na década de 1980, os problemas relativos à terra na região Oeste catarinense ganharam destaque nos jornais de Santa Catarina. Notas, notícias e reportagens contemplaram o surgimento e atuação de vários movimentos sociais ligados à questão da terra, marcando um período onde a região passou a ser representada como um espaço de constantes “conflitos”. Nesse cenário, destaca-se o processo de retomada das terras do Toldo Chimbangue pelos índios Kaingang, no início da década de 1980, no município de Chapecó - SC. A mobilização dos índios enfrentou forte resistência por parte das famílias de colonos que moravam nas terras requeridas, desencadeando um contexto de disputas amplamente acompanhado e noticiado na imprensa escrita. Entre os jornais que noticiaram os acontecimentos envolvendo esse processo, destaca-se, nesse período, a cobertura jornalística realizada pelo jornal O Estado – jornal de abrangência estadual, com sede em Florianópolis - SC. Mais do que fatos e informações, circularam pelas páginas do jornal, discursos e representações sobre uma região historicamente conhecida pelos problemas relacionados à terra. Esta pesquisa analisa as notícias publicadas pelo jornal O Estado entre os anos de 1982 e 1985 e tem como objetivo discutir como o jornal abordou o processo de disputa pela terra entre índios e colonos em Sede Trentin/Toldo Chimbangue. De maneira específica, busca identificar quais os lugares destinados à questão nas edições do jornal, examinar como o jornal veiculou os discursos dos grupos/instituições em “defesa” e/ou “acusação” dos envolvidos, analisar como o periódico articulou, através de suas narrativas, as diferentes vozes – índios e colonos – dentro do mesmo espaço em disputa, problematizar as representações acerca da questão e os indivíduos envolvidos e, por conseguinte, sobre a região Oeste. Permeando estes objetivos estará em evidência a compreensão de como o jornal, no seu processo de leitura, interpretação e representação da realidade, construiu determinados sentidos e imagens sobre os fatos acontecidos na localidade de Sede Trentin/Toldo Chimbangue.
277 – Título: “Defendendo a civilização e a pátria contra o injusto agressor”: as representações dos bugres e colonos nos escritos de Fidélis Dalcin Barbosa (1961-1977)”
Autor: Nathan Ferrari Pastre
Orientador: Prof. Dr. Joao Carlos Tedesco
Banca: Jose Carlos Radin (UFFS), Ironita Adenir Policarpo Machado (UPF)
Defesa: 23/09/2016
Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo compreender as representações da figura do “bugre” nos escritos literários de Fidélis Dalcin Babosa. Dados os conflitos históricos entre indígenas e imigrantes europeus, que seguem com seus descendentes até a atualidade, representações de ambos os grupos foram feitas no decorrer do processo. A imagem depreciativa do indígena foi construída nesses conflitos e se revela em diferentes lugares e ocasiões. Para este trabalho, optou-se por analisar obras literárias, publicadas no período compreendido entre 1961 e 1977, buscando-se compreender tais representações. Foi feita, uma análise do processo de ocupação dos vales florestados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, bem como dos contatos entre imigrantes e indígenas e das representações que surgiram destes contatos. As obras literárias foram analisadas e interpretadas, de modo que, compreendendo as sentenças, os jogos de palavras, os ditos e os não ditos e os subentendidos, se possa compreender as representações que são feitas dos indígenas. O autor nasceu e viveu em áreas de colonização italiana, as quais são temas de seus escritos. Os índios quase sempre são antagonistas e várias obras que o autor escreve, enquanto os protagonistas são geralmente italianos ou seus descendentes. Enquanto religioso capuchinho, as obras também são imbuídas de uma moralidade cristã e de um ideal cristão de sociedade. O indígena, culturalmente divergente do imigrante, não raro teve contato violento com este, vinha ocupar suas terras. Em resposta, os imigrantes reagiam com a mesma violência. Estes contatos são tema recorrente na obra de Barbosa. Por fim, constatou-se que, devido ao período estudado ser uma época de redução das reservas indígenas e expansão territorial dos descendentes de imigrantes, tendo em vista que o autor vivia numa região onde este contexto era muito presente, as representações constantes nas obras acabam denotando identidades, tanto de colonos como de indígenas, que avalizam a posição dos colonos no processo de ocupação. O imigrante ou descendente é visto como portador do progresso e da civilização, enquanto o indígena é visto como um ser violento e primitivo. Essas representações são reflexo da época em que as obras foram escritas.
278 – Título: “CEFET/IFSUL: a implantação e estruturação de uma Instituição de Ensino Público Federal (2006-2009)”
Autor: Cibeli Barea
Orientador: Profa. Dra. Rosane Marcia Neumann
Banca: José Edimar de Souza (UCS), Marlise Regina Meyrer (UPF)
Defesa: 14/10/2016
Resumo: A presente dissertação discute a implantação e consolidação do Instituto Federal Sulrio- grandense em Passo Fundo, no período compreendido entre 2006 e 2009. O Instituto Federal Sul-rio-grandense está vinculado ao Instituto Federal de Pelotas, e oferece cursos em nível médio, superior e de pós-graduação. Problematiza-se o papel dessa instituição de ensino para a região e comunidade local e parte-se do pressuposto que a instalação de uma instituição de ensino federal era uma demanda política regional, contemplada pelo poder público dentro do projeto de expansão da rede federal de ensino tecnológico; o que atendia, nesse aspecto, à demanda local por mão de obra qualificada. Nessa perspectiva, analisa-se as notícias publicadas na imprensa local, tendo como foco central a instalação e consolidação do CEFET/IFSUL, bem como recorre-se às memórias dos sujeitos envolvidos nesse processo. No decorrer da pesquisa, ficou evidente que a demanda por essa instituição de ensino representou um ato político e a demanda de um determinado grupo social mais do que da comunidade em geral. Tomando como base esses indicativos e visto que ainda não havia nenhum estudo específico sobre esse tema, destaca-se também que o estudo alavancou alguns esclarecimentos sobre o papel dessa instituição de ensino para a região, tratando de pesquisar e expor as necessidades de um IFET em Passo Fundo a partir de elementos como o sistema educacional e dos aspectos historiográficos da cidade. Nesse sentido, também foram analisados a história da educação profissional em relação a sua importância para a industrialização do Brasil, assim como para a formação de profissionais. Contudo, destaca-se que analisar a história da implantação do IF em Passo Fundo através das reflexões e memórias dos sujeitos que participaram desse processo e das notícias publicadas na imprensa local, possibilitou compreender o processo sob um ponto de vista mais amplo, de lembranças, representações e reflexões sobre o sentido que essa instituição possui para os sujeitos e para a região.
279 – Título: “Espaço Vital”: projeto geopolítico nazista para o território europeu da União Soviética”
Autor: Samuel Celuppi Schneider
Orientador: Profa. Dra. Adelar Heinsfeld
Banca: Claudia Musa Fay (PUCRS), Marcos Gerhardt (UPF)
Defesa: 19/12/2016
Resumo: Esta dissertação tem como principal objetivo analisar a invasão da União Soviética pela Alemanha nazista em junho de 1941, sob um enfoque geopolítico. Centrada na figura de Hitler, aborda seu projeto de transformar o território da Rússia europeia em “espaço vital” alemão, ou seja, uma imensa colônia de povoamento e exploração econômica. Considerando a participação de várias lideranças nazistas, que foram decisivas no complexo regime totalitário alemão, e considerando uma realidade intelectual e política anterior ao Partido Nazista, este trabalho insere a conquista da União Soviética no conjunto da ideologia expansionista nazista. Em seguida, aborda especificamente os planos concebidos para o território soviético durante a Segunda Guerra Mundial, sobretudo no período 1941-1943: planos de exploração econômica, de povoamento, de dominação militar, de modernização paisagística e de hegemonia continental. Por fim, aborda as inspirações históricas do expansionismo nazista, ou seja, processos históricos anteriores que foram definidos como modelo para a conquista da Europa Oriental, por exemplo: a Idade Média alemã, o imperialismo britânico na Índia e a formação dos Estados Unidos. Com essa trajetória, mostra-se que a tomada da União Soviética representava, desde os anos 1920, o objetivo central da política externa nazista formulada por Hitler, com o fator geopolítico se sobressaindo sobre fatores ideológicos e militares. Para identificar os planos de Hitler, analisa-se aqui documentos como discursos e registros de reuniões, geralmente inacessíveis ao público da época, onde o ditador costumava expor à seu círculo privado o que pretendia fazer caso a Alemanha vencesse a Segunda Guerra Mundial. O planejamento imperial nazista ainda abrangeu outras regiões da Europa conquistada habitadas por povos eslavos, sobretudo a Polônia, além da antiga Tchecoslováquia, mas foi no espaço soviético, dominado pelo comunismo bolchevique, que o racismo nazista apareceu com toda intensidade. Era a Europa Oriental, sobretudo as regiões habitadas por ucranianos e russos, que Hitler encarava como a chave para a hegemonia continental alemã e, eventualmente, para políticas de poder mundial.
280 – Título: “As representações da virgindade feminina na comarca de Clevelândia–PR (1950 a 1980)”
Autor: Lucas Aguirre De Bortoli
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Ismael Antonio Vannini (Unopar), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 19/12/2016
Resumo: Este trabalho de pesquisa busca abordar o difícil assunto da virgindade e do machismo, bem como as questões que decorrem destes dois assuntos, considerando a sociedade do sudoeste do Paraná entre 1950 a 1980, por meio da pesquisa de processos envolvendo virgindade e crimes sexuais. Muitos foram os teóricos que contribuíram para que os focos dos estudos se voltassem ao cotidiano das pessoas, sendo que os novos rumos que a história tomou, invadiram a intimidade das pessoas, e hoje buscam compreender o comportamento sexual de uma determinada época. Não o comportamento sexual, pelo simples fato do comportamento, mas abordando este tema e buscando as profundas relações de poder que o determinam ou, as influências, discursos e representação sobre a sexualidade, que determinam as atitudes de grande parcela da sociedade. A história dos crimes sexuais se constituiu num objeto histórico e jurídico, que tanto os historiadores como os juristas tematizam. A sexualidade deve ser examinada, portanto como um dispositivo: deve englobar elementos heterogêneos, discursivos e não discursivos. A história das ideias, dos costumes e das práticas sexuais nos permite compreender a normatização das atividades sexuais. Para exemplificar e aprofundar a análise sobre o assunto, este trabalho pesquisou vinte processos judiciais enquadrados no Artigo 217 do Código Penal de 1940 encontrados no Fórum da cidade de Clevelândia/PR, que abrangem as décadas de 1950, 60, 70 e 80. O art. 217 é descrito da seguinte forma no Código Penal de 1940: “Seduzir a mulher virgem, menor de dezoito anos e maior de quatorze, e ter com ela conjunção carnal, aproveitando-se de sua inexperiência ou justificável confiança: Pena – reclusão, de dois a quatro anos.” Somente nestas condições poder-se-ia enquadrar o crime no Art. 217, caso contrário, o crime teria outra configuração como estupro, assédio sexual, abuso de menores, ou outro qualquer. Sendo assim, buscamos o resgate histórico da problemática, com vistas à superação da mesma.
281 – Título: “As Companhias/Escolas de Aprendizes Marinheiros nas páginas dos periódicos militares: 1861-1908”
Autor: Tatiany Moretto
Orientador: Profa. Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Jose Miguel Arias Neto (UEL), Adelar Heinsfeld (UPF)
Defesa: 16/03/2017
Resumo: A Marinha do Brasil é uma das instituições mais antigas do Brasil. Parte dela veio para os trópicos com a Família Real, em 1808. Todavia, esta Marinha não pode ser considerada nacional até a Independência em 1822, mas sim luso-brasileira por ser inteiramente composta por estrangeiros. Carregada de heranças portuguesas, a certidão de nascimento da Marinha nacional é datada da separação entre o Reino e a Metrópole, quando teve início a sua estruturação e recrutamento entre os brasileiros natos. Dentre as ações tomadas para a organização da instituição, as Companhias/Escolas de Aprendizes Marinheiros foram criadas com o fim de adestrar menores para o serviço nos navios da Armada. De sua nacionalização até os anos iniciais da República, a Marinha percorreu um caminho sinuoso para a sua organização e consolidação enquanto instituição brasileira. As dificuldades que enfrentou para a sua estruturação resultaram, em grande medida, do singular contexto econômico e político do Brasil em comparação às demais colônias da América. Atuante em diversos conflitos do Império, com a Guerra da Tríplice Aliança despertou a necessidade de renovação imediata das Forças Armadas do país, principalmente a Marinha e suas instituições de formação de marinheiros. O objetivo desta pesquisa consiste em identificar as reformas realizadas pela Marinha do Brasil nas Companhias/Escolas de Aprendizes Marinheiros entre 1861 e 1908 nas páginas de quatro periódicos que circularam no país. Este recorte temporal abrange o momento mais profícuo da imprensa militar brasileira e a sua investigação é essencial para compreender a trajetória das instituições ligadas a Marinha brasileira. Estes periódicos foram classificados enquanto militares e analisados como parte da imprensa periódica militar na perspectiva da nova história militar brasileira. Os periódicos selecionados para esta análise foram os Anais Marítimos (1861), o jornal O Soldado e o Marinheiro (1869), a Revista Marítima Brasileira (1881) e o jornal O Marujo (1907).
282 – Título: “Do leite em pó à agricultura familiar: a trajetória histórica do Programa Nacional de Alimentação Escolar no Brasil”
Autor: Andrea Cassia Schneider
Orientador: Profa. Dra. Ironita Adenir Policarpo Machado
Banca: Cesar De Miranda E Lemos (UFFS), Marcos Gerhardt (UPF)
Defesa: 23/03/2017
Resumo: Esta dissertação busca compreender como os estudos sobre a fome e a alimentação escolar realizados nas décadas de 1930 e 1940 e a intervenção internacional atuaram na conformação do Programa Nacional de Alimentação Escolar consolidado em 2009, por meio da Lei nº 11.947. A proposta de criação de uma política nacional de alimentação elaborada por profissionais da saúde, em especial os médicos, parte da necessidade constatada de combater os problemas alimentares decorrentes da fome e da desnutrição. A partir desse contexto histórico-social, estudiosos das décadas de 1930 e 1940 dão embasamento científico a um amplo plano de governo, no qual estava incluso a Programa de Merenda Escolar. A política de alimentação escolar concentrou em torno do seu desenvolvimento um sistema complexo, motivo pelo qual optamos por realizar uma análise conjuntural dos fatos ocorridos no Brasil, com maior ênfase nas décadas de 1930, 1950 e 2000. A abordagem de um tema que, à primeira vista, não apresenta relação direta com a História, se mostra relevante na medida em que a fome, a produção agrícola e o próprio PNAE inter-relacionam várias temáticas importantes da historiografia brasileira. Os problemas da terra, da alimentação e das políticas de governo se transpassam ao longo de décadas e o título de política pública mais antiga do Brasil não pode ser visto com louvor. Ao longo de mais de 70 anos, o Programa tem seu desenvolvimento marcado pela estreita ligação com a história política do Brasil e o problema social decorrente da dificuldade de atender às necessidades nutricionais da população ainda está presente em muitas regiões nos dias atuais. A indagação de diferentes disciplinas frente à presença da fome no Brasil e no mundo interliga as ciências da saúde às questões agrárias, sociais, históricas, políticas e econômicas e, no caso deste estudo, empreende-se uma investigação referente à questão na perspectiva da História Social. Os estudos sobre políticas públicas no Brasil configuram-se pelas contribuições teóricas e empíricas e constituem, atualmente, um campo de análise com múltiplas dimensões e variados temas. Nesse âmbito, o presente estudo tem como objeto de análise a política de alimentação escolar brasileira. O objetivo geral do presente trabalho é analisar o processo de constituição histórico do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), através da contextualização das conjunturas político-sociais dos governos em três décadas de seu desenvolvimento (1930 – 1950 – 2000), frente às demandas sociais.
283 – Título: “Uma História Ambiental da Floresta Nacional de Passo Fundo: 1946-2011”
Autor: Debora Nunes De Sa
Orientador: Prof. Dr. Marcos Gerhardt
Banca: Eunice Sueli Nodari (UFSC), Ironita Adenir Policarpo Machado (UPF)
Defesa: 29/03/2017
Resumo: Localizada no município de Mato Castelhano, Rio Grande do Sul, a Floresta Nacional de Passo Fundo, Unidade de Conservação de Uso Sustentável, possui 1.275 hectares de superfície e, apesar de situar-se na área de ocorrência endêmica da Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária), apenas 354,80 hectares de sua área total conservam vegetação remanescente dessa tipologia florestal. Possui importante representatividade no manejo sustentável de espécies madeiráveis e na conservação da biodiversidade regional. Sua história tem início na década de 1940, quando o Instituto Nacional do Pinho, órgão paraestatal, implementou, como parte de sua política de “reflorestamento” (monocultivo de árvores), a formação de Parques Florestais no Sul do Brasil, com o objetivo de estudar técnicas de plantio, manejo e colheita da espécie nativa Araucaria angustifolia. Criada em 1946, então localizada no município de Passo Fundo, como Parque Florestal José Segadas Viana, foi mais tarde renomeada como Floresta Nacional de Passo Fundo. Esta pesquisa estuda a sua trajetória histórica, desde a criação do Parque Florestal até a implantação do Plano de Manejo em 2011, que definiu as atuais práticas de manejo florestal e administração. Utiliza a abordagem da História Regional e da História Ambiental, e faz um recorte fitogeográfico combinado com o espaço da unidade, isto é, considera a região de ocorrência endêmica da Floresta Ombrófila Mista e as relações sociais e econômicas – participantes da construção do espaço –, que se estabeleceram a partir das práticas da unidade. Tem como objetivo, ainda, estudar as transformações ocorridas na paisagem, as iniciativas para a divulgação do conhecimento técnico adquirido durante os experimentos de plantio no período analisado, e as funções assumidas pela unidade ao longo do tempo. Conclui-se, com a pesquisa, que ocorreram diversas transformações na paisagem da Floresta Nacional de Passo Fundo, decorrentes das mudanças na legislação e da concepção da função das unidades de conservação, o que tornou sua paisagem, em grande parte, construída e manejada pela ação humana.
284 – Título: “A práxis política da Igreja Católica na Diocese de Chapecó/SC (1970 e 1980)”
Autor: Tiago Arcego Da Silva
Orientador: Prof. Dr. Joao Carlos Tedesco
Banca: Arlene Anelia Renk (Unochapecó), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 29/03/2017
Resumo: A partir do final da Segunda Guerra Mundial foi imposto para o continente Latino-Americano um novo modelo de desenvolvimento. Neste contexto, surgiram diferentes movimentos de resistência e de luta por direitos. Ao mesmo tempo, no campo eclesial, a abertura proposta pelo Concílio Vaticano II (1962-1965) e pelas Conferências Episcopais de Medellín (1968) e de Puebla (1979) favorecem o surgimento e a elaboração da Teologia da Libertação, formulada, então, como uma proposta de superação das desigualdades no continente que deveria ser protagonizada pelos empobrecidos. Sua práxis conduz a diferentes enfrentamentos, conflitos e oposições. Contudo, os impactos sentidos na nova proposta de organização da Igreja Católica em todo o continente encontram peculiaridades e semelhanças em cada localidade. Nesse sentido, este trabalho visa analisar a práxis política da Igreja Católica em Chapecó, a partir da tradução dos debates em torno da Teologia da Libertação para a realidade local, observando sua organização e os principais conflitos acontecidos nas décadas de 1970 e 1980. Todo esse avanço, prático e teórico da Teologia da Libertação, foi organizado ao mesmo tempo em que se deu a chegada, na Diocese de Chapecó, do bispo Dom José Gomes, que também teve papel decisivo nesta nova proposta teológica e pastoral. As posturas da Igreja Católica seriam influentes para a história da região, especialmente, quando se refere aos conflitos sociais de grande repercussão, como nos casos das demarcações de Terra Indígenas do Toldo Xapecó (1978) e do Toldo Chimbangue (1974-1985), o caso da Peste Suína Africana (1978), o caso da construção da Usina Hidrelétrica de Itá (1979-1985) e o caso da ocupação da Fazenda Burro Branco, em Campo Erê (1980). A análise das fontes nos permitirá dizer que esse período pode ser considerado como decisivo para a história do Oeste Catarinense Desta maneira, percebemos uma práxis política consolidada em um movimento que teve muita força no interior da Igreja Católica em toda a América Latina, nas décadas de 1970 e 1980, e que foi traduzida para uma realidade específica de tal modo que se apresentou determinante para o desenvolvimento regional.
285 – Título: “O enquadramento fotográfico enquanto possibilidade de região histórica”
Autor: Fabiana Beltrami Da Silva
Orientador: Profa. Dra. Jacqueline Ahlert
Banca: Eduardo Roberto Jordao Knack (UFPEL), Luiz Carlos Golin (UPF)
Defesa: 06/04/2017
Resumo: Este estudo aborda a fotografia urbana na história. Propõe-se a pesquisar a construção de uma região identitária de identidade e de memória para a cidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, a partir do enquadramento fotográfico realizado através de estúdios fotográficos e por fotógrafos amadores ou por profissionais, bem como suas interlocuções com o contexto cultural. O enquadramento fotográfico foi problematizado na perspectiva de seus potenciais intrínsecos de balizar uma região na História, a partir das representações fotográficas e das possibilidades de selecionar objetos simbólicos componentes de um determinado espaço. Na pesquisa, realizou-se uma paralelo acerca da prática de perpetrar registros fotográficos da urbe, de modo amplo e circunscrito, analisando dos álbuns de cidade, do uso de cartões postais, além das imagens publicadas nos jornais locais. São abordados os conceitos de região, memória, enquadramento fotográfico, fotografia urbana e aqueles relativos à constituição morfológica da urbe, nas suas interfaces com a cidade em questão. A partir do espaço de interesse, isto é, da Praça Marechal Floriano e seu entorno – Rua Independência, Rua Bento Gonçalves, Rua General Netto e Rua Moron –, seus prédios, passeios e demais usos e sentidos espaciais, como o religioso, o cultural, o político e o ferroviário. A história da cidade e da região é narrada em conjunto com 74 imagens, desde a década de 1910 até a contemporaneidade. Os principais objetos morfológicos da cidade são delimitados e observados a partir da leitura de 27 imagens fotográficas, bem como são também as técnicas da fotografia utilizadas e os espaços que contemplavam. A história da fotografia de cidade abrange os usos das imagens em Passo Fundo e os aspectos do que estas representavam, – e ainda representam a partir da continuidade da reprodução atual do espaço, permanecendo na memória coletiva da região enquadrada. Assim, ao final, afirma-se a relação entre enquadramento fotográfico e região no decorrer da longa duração histórica e iconográfica da área em questão.
286 – Título: “Do Estatuto do Servidor Público à terceirização em Erechim: o trabalhador em busca de seus direitos (2010-2011)”
Autor: Domingos Roque Pavan
Orientador: Prof. Dr. Marcos Gerhardt
Banca: Luis Fernando Santos Correa Da Silva (UFFS), Ironita Adenir Policarpo Machado (UPF)
Defesa: 27/04/2017
Resumo: A terceirização é a técnica administrativa de transferir para outros alguns serviços que até então eram feitos internamente por empresas e instituições. Seguindo essa tendência, a terceirização foi introduzida também na administração pública. É sobre este tema que a pesquisa em tela trata: a terceirização de serviços na Administração Pública e os reflexos decorrentes dessa relação concernentes aos servidores públicos, passando pela fragilização do estatuto que rege a carreira pública. Para tanto, faz-se uma contextualização com a perspectiva histórica da Administração Pública brasileira, tendo como ponto de partida a chegada da família imperial portuguesa ao Brasil, por entendermos que é a partir desse momento que o país passa a ter uma autonomia administrativa, mesmo que essa autonomia tenha sido à época, gerida por portugueses. Seguindo o ordenamento histórico, passamos por outros governos, destacando, em cada um, eventos administrativos relevantes, que, de alguma maneira, prepararam o caminho para que hoje a terceirização seja uma realidade. Nessa perspectiva, os eventos administrativos ocorridos a partir da década de 1980 têm maior relevância, pois é partir daí que é intensificado o projeto de reforma do estado que abre as portas da Administração Pública para a terceirização. Essa abertura colide frontalmente com os interesses dos servidores públicos, que vêem sua autonomia atingida, e gera uma precarização nas condições de trabalho. O estudo aborda os vários lados da terceirização, mostrando o que argumentam aqueles que defendem tal prática e também aqueles que criticam essa nova forma de contratação. Esta pesquisa se vincula à história social do trabalho. Nessa perspectiva, são usados, como fonte de pesquisa, processos judiciais encontrados na Justiça do Trabalho de Erechim que deram entrada nos anos de 2010 e 2011 e que tenham como parte as empresas de serviços terceirizados, contratadas pela Prefeitura Municipal de Erechim e seus funcionários. Por meio da análise dos processos, procurou-se traçar um perfil de quem são os trabalhadores terceirizados e saber quais os direitos cujo reconhecimento esses trabalhadores precisam buscar na Justiça.
287 – Título: “Patrimônio e (é) poder: usos do patrimônio nas revistas do IPHAN de 1937 a 1984”
Autor: Fernando Arnold Lorenzon
Orientador: Profa. Dra Ironita Adenir Policarpo Machado
Banca: Luiza Horn Iotti (UCS), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa:16/05/2017
Resumo: Quando se ouve falar em patrimônio, normalmente imagina-se algo referente à preservação de monumentos de fácil visualização e ligados a uma cultura dominante, tais como prédios, igrejas, obras de arte, etc. Tais elementos normalmente remetem à imigração europeia que iniciou a colonização em locais específicos e relacionados a religiosidade predominante. Outra visão equivocada acerca do patrimônio é a de que tudo o que é produzido em determinado contexto faz parte da identidade nacional, sendo que com o passar dos anos e a vinda de novas gerações, criou-se, por vezes, novas bases identitárias e culturais híbridas articuladas entre diferentes contextos e períodos. As próprias movimentações políticas estatais são produtos de demandas históricas específicas, tanto a criação de políticas ou ações quanto a criação de instituições das mais diversas áreas. A exemplo, expõe-se o caso do SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que não seguia uma tendência diferente quando, além de o governo Getúlio Vargas incluir em sua constituição uma lei específica para o patrimônio histórico e cultural nacional, também criou um órgão cuja função era legitimar uma identidade nacional pautada pela memória construída através do patrimônio histórico nacional definido e divulgado através da Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Esta dissertação tem o intuito de analisar as Revistas do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, publicadas pelo SPHAN/IPHAN entre os anos de 1937 e 1984 buscando evidenciar os sentidos dados ao patrimônio, as ideias de identidade nacional estruturadas de acordo com o rol de artigos publicados na revista e, também, averiguar de que maneira a revista e o órgão através dela relacionavam-se às políticas e ideias de nação desenvolvidas no contexto histórico em que estavam inseridas. Para isso, buscamos evidenciar, através do conteúdo das publicações e da análise do discurso produzido sobre o patrimônio e os sujeitos a ele ligados, qual identidade nacional foi construída pelos ideais de patrimônio que influenciaram o desenvolvimento do periódico e foram divulgados pelo mesmo.
288 – Título: “O cenário internacional sob o olhar da imprensa regional: o jornal A Federação e a Primeira Guerra Mundial”
Autor: Maria Dioneia Paula Da Rosa
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Delmir José Valentini (UFFS), Alessandro Batistella (UPF)
Defesa:01/06/2017
Resumo: Este trabalho objetiva contemplar o posicionamento do Brasil durante a Primeira Guerra Mundial, por meio de uma análise das reportagens relacionadas ao evento e publicadas no jornal A Federação, o qual era produzido em Porto Alegre de 1884 a 1937 e circulava por todo o estado. O objetivo específico foi compreender como a abordagem jornalística nas matérias publicadas pela A Federação, seja elas de autoria de seus jornalistas ou reproduções de jornais do Rio de Janeiro e São Paulo, foi sendo alterado no decorrer do conflito, procurando sempre manter uma consonância acerca das ideias que norteavam a política adotada pelo Brasil para a Grande Guerra, perpassando por momentos de aproximação e de distanciamento seja com os países da Tríplice Entente ou da Tríplice Aliança. Para dar conta do objetivo foi realizada uma pesquisa bibliográfica e documental. A pesquisa bibliográfica contou principalmente com a coleta de dados secundários dos mais diversos estudiosos do assunto. A pesquisa documental foi realizada no arquivo digitalizado da Hemeroteca Nacional. Como parte do esforço de contextualização da Grande Guerra, foram utilizadas imagens de momentos que mudaram os rumos da participação do Brasil no Conflito, além da integra dos decretos que regulamentaram a neutralidade e o estado de guerra. Em um primeiro momento realizamos uma contextualização acerca da estrutura econômica, social e política do Brasil no início do século XX, perpassando pelas relações diplomáticas, e pelos conflitos internos. Em um segundo momento a pesquisa destacou a importância da imprensa e a evolução da mesma durante os anos da Grande Guerra, além da gradativa mudança de rumo que das políticas brasileiras para com a guerra, fomos da neutralidade ao rompimento de relações com a Alemanha. O terceiro capítulo denota o posicionamento adotado pelo Brasil nos últimos anos da Primeira Guerra Mundial e a contribuição do país para o conflito ao lado da Tríplice Entente, e a participação da delegação brasileira nos acordos de paz. Conclui-se que o fato de o jornal A Federação pertencer ao Partido Republicano Rio-Grandense contribuiu para o posicionamento do mesmo estar sempre em consonância com o do Governo Central.
289 – Título: “Casar bem”: estratégias matrimoniais e econômicas na Região de Colonização Italiana do Rio Grande do Sul (1906-1970)”
Autor: Marinilse Candida Marina Busato
Orientador: Profa. Dra. Rosane Marcia Neumann
Banca: Maira Ines Vendrame (Unisinos), Marlise Regina Meyrer (UPF)
Defesa: 13/06/2017
Resumo: O presente trabalho analisa a trajetória das famílias de imigrantes italianos Pandolfo, Bernardi, Lunardi e suas ramificações, tendo como fio condutor e elo de interligação a família Busato. Esses imigrantes italianos, originários de áreas urbanas do Vêneto, fixaram-se na sede da colônia de Guaporé, no início do século XX, onde estabeleceram uma complexa rede de comércio, que abrangeu o distrito de Vila Maria até a sede Guaporé, ativa até a década de 1970, recorte temporal da pesquisa. Justifica-se a pesquisa pelo importante papel desempenhado pelos comerciantes, interligando as áreas urbanas e rurais, e escoando mercadorias através do porto de Muçum, distante 44 Km da sede Guaporé. Ainda, as pesquisas referentes à colônia de Guaporé, criada em 1892 em função da ampla ocupação territorial da “colônia mãe” Caxias do Sul, são escassas, além de existirem poucos trabalhos sobre a imigração italiana nos centros urbanos, com ênfase nas condições da emigração da Itália para o Brasil, incluindo a divisão familiar em ambos os lados do oceano. A análise teórica e metodológica segue a linha da micro-história italiana e o uso de fontes orais. A redução de escala de análise, o método indiciário e a exploração exaustiva das fontes permitiram traçar as trajetórias familiares desse grupo de comerciantes, revelando indícios das alianças e estratégias empregadas em prol da ascensão social, econômica e política. Partindo da família Busato, reconstruiu-se sua rede comercial ramificada pelo interior de Guaporé, articulada e consolidada por meio dos casamentos entre as famílias de imigrantes e comerciantes, mantidos até a terceira geração no Brasil. O estudo contribui para a historiografia da imigração italiana, ao tratar de trajetórias de imigrantes no espaço urbano, inseridos na atividade comercial, em uma região de colonização mais tardia – colônia de Guaporé –, e ao dar visibilidade à construção de uma rede familiar costurada via casamentos, e à ascensão de uma elite econômica, social e política, que dominou toda a região por quase um século. Logo, filhos de comerciantes casavam com filhos de comerciantes por uma estratégia econômica, visando à manutenção e ampliação dos negócios da família, evoluindo de comerciantes para industrialistas e expandindo-se para outras regiões não propriamente fundadas pela colonização italiana, de modo a interagir economicamente com os demais grupos de imigrantes e exportar produtos para outros continentes. Portanto, nosso trabalho tem como objetivo demonstrar que até mesmo as exceções matrimoniais do grande grupo eram vistas e pensadas como estratégias, um trampolim para a ascensão econômica e social, demonstrando que ao contrário do grande número de obras referentes à imigração italiana no Rio Grande do Sul, nem todos os italianos aportaram miseráveis e sem perspectiva financeira nas colônias sulistas, e o prestígio social era tão importante quanto a constituição dessa nova elite social.
290 – Título: “A ferrovia no norte do Rio Grande do Sul: uma história do trecho Passo Fundo-Marcelino Ramos/RS (1957-1997)”
Autor: Aline Asturian Kerber
Orientador: Prof. Dr. Marcos Gerhardt
Banca: Delmir Jose Valentini (UFFS), Adelar Heinsfeld (UPF)
Defesa: 12/09/2017
Resumo: Esta dissertação analisa a história da ferrovia no norte do estado do Rio Grande do Sul por meio do estudo do trecho entre Passo Fundo e Marcelino Ramos. Para isso, retoma a história da implantação da ferrovia no norte do estado no início do século XX e seu papel naquele momento histórico. Sua ênfase, no entanto, é o papel econômico e social da ferrovia no período em que a Rede Ferroviária Federal S.A. foi responsável pela administração das ferrovias no país, ou seja, de 1957 a 1997. Além disso, busca compreender os contextos históricos locais e nacionais que culminaram na desativação do trecho ferroviário de Passo Fundo a Marcelino Ramos no ano de 1997. Analisa porque o transporte ferroviário não se efetivou como elemento de desenvolvimento regional ao longo das décadas no norte do Rio Grande do Sul e também como elemento de integração nacional, função desempenhada há muito pelas rodovias. As fontes utilizadas na pesquisa englobam a imprensa, entrevistas orais e documentos oficiais emitidos pelo governo do Rio Grande do Sul e governo federal e seus órgãos. Essa pesquisa se dá na perspectiva da história regional com ênfase nos espaços que tiveram suas economias e suas histórias vinculadas à ferrovia. Por meio do estudo da história de um trecho ferroviário específico, busca-se reflexões de maior abrangência e a compreensão de processos históricos mais amplos. Assim, entende-se que o estudo da história do trecho proposto é significativo não apenas para a compreensão da história local, mas possibilita o entendimento de conjunturas que envolvem a história do transporte ferroviário em âmbito nacional, pois traz inúmeros elementos que são representativos de processos históricos e contextos mais abrangentes. Dentre esses contextos, podemos citar a introdução da lógica capitalista em regiões distantes dos centros econômicos do país, sendo a construção de ferrovias com capitais estrangeiros um dos elementos utilizados nesse propósito; o crescimento da importância do transporte rodoviário em relação às ferrovias ao longo do século XX; as privatizações e concessões de serviços públicos na década de 1990, dentre eles o transporte ferroviário; e as desativações de inúmeros trechos férreos em todo o país após suas concessões à iniciativa privada.
291 – Título: “De igreja matriz à catedral: sentidos de uma demolição que marcou Erechim”
Autor: Cleiane Maria Moretto
Orientador: Profa. Dra. Jacqueline Ahlert
Banca: Ligia Maria Avila Chiarelli (UFPEL), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 18/09/2017
Resumo: A igreja neobarroca matriz São José de Erechim, construída entre 1927 e 1934 e demolida em 1969 para ser substituída pela Catedral São José, em estilo modernista, é o objeto de estudo deste trabalho. Buscando primeiramente compreender as motivações da sua demolição, a qual se deu de forma polêmica e paradoxal, o objetivo principal desta pesquisa é investigar sob uma perspectiva histórica o processo da demolição da matriz até a sua substituição pela catedral. Através da análise detalhada do principal periódico existente na época em Erechim, cruzando fontes diversas encontradas, e visando estabelecer uma relação com aspectos culturais, levando em conta a temática patrimonial, área expressiva no âmbito social e considerando a sua representação para a comunidade erechinense, pondera-se que tal substituição teve reflexos na dinâmica de ocupação e leitura de sentido conferida ao espaço pelos moradores da cidade. Este trabalho versa sobre aspectos da história da conformação do espaço arquitetônico compreendido pela Praça da Bandeira, tendo como foco principal a substituição da igreja e sua representatividade em termos sociais e na projeção de um ideário modernista. No que se refere a interação e às reações da comunidade alusivas ao acontecimento, identifica-se a relação de conceitos do uso do espaço e representação. Relacionado ao campo do patrimônio e memória, busca-se também a reflexão entre a modernização e a preservação. O estudo sobre a demolição da igreja matriz São José, que culminou em 1969 em Erechim, não se restringe apenas à edificação neobarroca, sua demolição e substituição, mas também ao imaginário criado por uma parte dos habitantes, hipoteticamente relacionado ao “lugar” que a igreja estava inserida. Considerando que as práticas agregam significados que produzem interfaces com as memórias, a edificação de caráter estético modernista que substituiu a matriz São José, elevada a catedral, pode ter alterado a relação de sentido de parte da comunidade erechinense - sobretudo os frequentadores - para com o “lugar” e com a edificação.
292 – Título: “História, estética e ressignificação patrimonial da imaginária missioneira remanescente em Santa Bárbara do Sul/RS”
Autor: Linara Cristina Dos Santos
Orientador: Profa. Dra. Jacqueline Ahlert
Banca: Artur Henrique Franco Barcelos (FURG), Luiz Carlos Golin (UPF)
Defesa: 03/10/2017
Resumo: O presente trabalho realiza uma análise da imaginária missioneira, remanescente no município de Santa Bárbara do Sul-RS, Brasil, nos âmbitos da história, da estética e do patrimônio. Tais representações escultóricas e suas trajetórias são alusivas a processos históricos que compõem a dinâmica da dispersão dos remanescentes da cultura material proveniente das Missões Orientais do Uruguai -conhecidas como Sete Povos - do povoamento da região que abrange o município de Santa Bárbara do Sul e da apropriação destes pelos novos povoadores lusobrasileiros, num processo de longa duração histórica. A Nova História Cultural, herdeira da História das Mentalidades, tem como uma de suas características a análise dos fenômenos culturais na perspectiva da longa duração. Como o objetivo da pesquisa é analisar a apropriação e a ressignificação da imaginária missioneira, utilizou-se da longa duração para investigar como as imagens de Santa Bárbara e São João Batista são testemunhas do processo de povoamento. A região de Santa Bárbara do Sul foi, durante o período jesuítico-guarani, um posto da grande estância do Povo de São Lourenço. Nestes postos era comum existir pequenos povoados com capelas dedicadas aos santos protetores dos lugares. Objetiva-se explorar a hipótese de que as imagens de Santa Bárbara e São João Batista, remanescentes no município, são representativas da cultura material da antiga estância missioneira e que podem ter sido confeccionadas no local por artesões indígenas, fora dos ateliers missioneiros. Esteticamente, essas imagens são representativas da intervenção indígena na imaginária, introduzida pelos jesuítas, e da amálgama cultural que foi a experiência missioneira, a qual resultou em obras originais de feitio autóctone, características de um novo estilo artístico: o missioneiro. Constatou-se, através da análise dos elementos estéticos e atributos que acompanham as imagens, a sua procedência missioneira. Por fim, verificou-se uma mudança significativa nos sentidos atribuídos às imagens. Nos dias atuais, elas passam por um processo de patrimonialização em detrimento do seu valor religioso.
293 – Título: “Deu no Globo: Leonel Brizola e a criação do Partido Democrático Trabalhista (1979-1982)”
Autor: Marcelo Marcon
Orientador: Profa. Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Americo Oscar Guichard Freire (FGV), Alessandro Batistella (UPF)
Defesa: 05/10/2017
Resumo: Essa pesquisa objetiva compreender o discurso do jornal O Globo sobre o processo que culminou na criação do Partido Democrático Trabalhista (PDT), por meio da ação de Leonel Brizola. O ex-governador do Rio Grande do Sul retornou do exílio em 1979 e buscou recriar o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), porém o Tribunal Eleitoral decidiu por entregar a sigla para Ivete Vargas. Brizola, então, criou o PDT, sob influência da social-democracia europeia, com quem teve contato no exílio, especialmente no Encontro de Lisboa, em 1979. Portanto, a pesquisa aborda a trajetória de Brizola desde o exílio em Portugal, seu retorno em 1979, a disputa judicial pela sigla PTB, a criação do PDT, e a campanha e eleição de Brizola para governador do Rio de Janeiro, em 1982. Todo esse processo teve como fonte o jornal O Globo, que se torna também objeto de estudo dessa dissertação. Essa pesquisa buscou responder a seguinte pergunta: Como o jornal O Globo elaborou seu discurso sobre a ação de Leonel Brizola no processo de criação do Partido Democrático Trabalhista, nos anos de 1979 a 1982? Para respondermos, buscamos compreender a forma como o jornal criou seu discurso, analisado de acordo com a metodologia proposta por Patrick Charaudeau, que entende o discurso político como um jogo de máscaras, que possui meios discursivos de que dispõe o sujeito político para tentar persuadir e seduzir seus interlocutores. Justifica-se a relevância da pesquisa pela importância da interdisciplinaridade entre história e imprensa, principalmente no contexto de renovação da história política, que elege os jornais como fonte relevante para a pesquisa histórica, e pelo papel exercido por Leonel Brizola e o jornal O Globo no processo de abertura política do regime militar brasileiro e de reorganização partidária, em que o trabalhismo, que estava fora do cenário político brasileiro desde 1964, ressurge e encontra resistência de O Globo.
294 – Título: “Fronteiras fluidas: escravidão e liberdade na comarca de Palmas/PR (1860/1900)”
Autor: Maria Claudia De Oliveira Martins
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Golin
Banca: Paulo Roberto Staudt Moreira (Unisinos), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 14/12/2017
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo compreender os caracteres de que se revestiu a escravidão e a liberdade em Palmas/PR, entre os anos de 1860-1900, período que abrange as décadas finais da escravidão e possibilita acompanhar as rupturas e permanências advindas da abolição, até o final do século. Ademais, propõe-se a reforçar a pertinência em deixar para trás limites rigidamente fixados entre a escravidão e a liberdade, evidenciando a assertividade de tal proposição por meio das experiências de escravos, ingênuos e libertos ao longo do período assinalado. Entre os conceitos fundamentais à referida análise, estão a autonomia relativa possível aos escravizados e a liberdade precária fruída por aqueles que deixaram essa condição ou que, nascidos declaradamente livres, foram alvo de diferentes tentativas de vinculação e exploração, as quais cerceavam a autonomia declarada/conquistada. Intenta-se desenvolver os referidos conceitos na perspectiva de uma região assinalada por uma delicada situação de disputas territoriais; enquanto lugar de marcação de fronteiras, em seus diferentes âmbitos; e a partir da atividade econômica que ali, prioritariamente, se desenvolvia, a pecuária, sendo utilizados como fontes de pesquisa documentos cartoriais e judiciais, registros eclesiásticos, atas da Câmara, fontes jornalísticas e censitárias. Metodologicamente, fez-se a opção de privilegiar o trato qualitativo das referidas fontes. Os estudos realizados permitem reconhecer caracteres comuns à escravidão e a liberdade em outras regiões brasileiras, como o sudeste, que concentra a maior parte dos estudos sobre escravidão. Contudo, assinala particularidades no cotidiano, nas ações e relações dos atores sociais que são próprias da região pesquisada. A pesquisa distinguiu na escravidão e até no pós-emancipação, uma tentativa de controle amplo por parte da camada senhorial, que também se constituía na elite política e econômica palmense, sobre os escravizados/novos livres “de cor” e seus descendentes imediatos, mas que esbarrou na necessidade de firmar acordos e atender demandas negras a fim de alcançar uma condição de relativa coesão social, imprescindível àquela sociedade fronteiriça. Por outro lado verificou-se que essas populações “de cor” souberam também orientar suas ações e relações, de modo a perseguir seus projetos (de vida, de liberdade, etc). E que, mesmo quando se encontraram diante das restrições colocadas a essa consecução, não se apassivaram ou desistiram de contorná-las, utilizando os espaços possíveis para sua reação.
295 – Título: “A cultura do canto coral no oeste catarinense (1920-1970)”
Autor: Marcia Luzia Freitag Wolfarth
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luis Trombetta
Banca: Roswithia Weber (Feevale), Rosane Marcia Neumann (UPF)
Defesa: 14/12/2017
Resumo: Na presente pesquisa buscou-se analisar a cultura alemã no oeste catarinense, e compreender de que maneira a música serviu como forma de legitimação na nova pátria, sem esquecer as raízes culturais germânicas. Analisar formação das Sociedades de Canto criadas com a finalidade de vangloriar sua cultura. O foco dessa pesquisa voltou se para o Canto Coral no oeste de Santa Catarina e sua utilização como forma de saudosismo e identidade étnica germânica. Para tanto, elaborou-se considerações reflexivas a respeito do Canto Coral que se constitui em uma ferramenta para estabelecer uma densa rede de configurações socioculturais, com os elos da valorização da própria individualidade, da individualidade do outro e do respeito das relações interpessoais, num comprometimento de solidariedade e cooperação. O canto Coral configura-se como uma prática musical exercida e difundida nas mais diferentes etnias e culturas. Considera-se o projeto Conto Coral à luz do conceito de criação de uma simbologia que permite a invenção da identidade regional, como algo que se renova e se transforma constantemente. Este estilo de canto foi utilizado em outros países com conotações cívicas e patrióticas, e impulsionado no Brasil graças à atuação de Villa-Lobos durante a vigência do governo Vargas. O Estado Novo com seu caráter ditatorial e suas medidas rigorosas, propiciaram a implantação obrigatória do Canto Coral nas escolas brasileiras, consideradas o local mais adequado para as ações nacionalistas, registrando se intensa prática pedagógica destinada a direcionar sentimentos de brasilidade. A participação dos discentes cantando e marchando em desfiles e cerimônias cívicas, também, foi exigida sob a força da lei. Em Santa Catarina, um número elevado de imigrantes que se concentravam em colônias espalhadas por várias regiões, justificou o programa governamental no sentido de fomentar os sentimentos de brasilidade, através da imposição de cantos cívico-patrióticos. Na região sul do Brasil, após a colonização, surgiram grupos com intuito de fortalecer os laços sociais, principalmente com pessoas da mesma etnia e religião. Com a finalidade de fortalecer os laços de amizade e solidariedade, esses grupos criaram associações que foram extintas pela política do Estado Novo, no governo Vargas. Posteriormente ressurgiram como sociedades de canto e compreender a formação da Liga Artística e Cultural do Oeste Catarinense e seu papel como cultural na região.
296 – Título: “Uma Leitura do Contexto Global Contemporâneo através dos Romances de Neil Gaiman”
Autor: Carolina Correa de Souza Siliprandi
Orientador: Profa. Dra. Gizele Zanotto
Banca: Marlise Regina Meyrer (PUCRS), Gerson Luís Trombetta (UPF)
Defesa: 12/04/2018
Resumo: A presente dissertação tem como objetivo analisar o contexto global contemporâneo e as implicações dos processos da globalização através dos romances Deuses Americanos, Lugar Nenhum, Coraline, Oceano no Fim do Caminho e Os Filhos de Anansi de Neil Gaiman, perpassando as questões de fronteiras, identidades culturais, simbologias e memória, por meio de um olhar crítico das obras e do autor em questão. O conceito de fronteira torna-se fundamental no presente trabalho, visto que o mundo globalizado é entendido como um sistema interativo. Desta maneira entende-se que a fronteira, além de marcos físicos, são marcos simbólicos, como afirmado pela autora Sandra Jatahy Pesavento. As fronteiras podem ser territoriais, mas também sociais, o que nos leva a questão das identidades. A partir das orientações teóricas de Stuart Hall, esta dissertação se pauta no entendimento de que no mundo moderno o sujeito está em permanente construção e desconstrução, e que a constituição de sua identidade se dá em diferentes momentos, possibilitando a esse sujeito diferentes identidades em diferentes circunstancias. Essa constituição identitária faz parte de uma cadeia de conceitos, que abrange a memória, sendo entendida no presente trabalho, através da conceituação de Jacques Le Goff, como um abrangente de cargos psíquicos capazes de conservar informações passadas com a habilidade de serem atualizadas. Já a simbologia é entendida no trabalho através da ótica dos autores Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, que a definem como o estudo da relação e interpretação relacionadas a um símbolo, símbolos estes que estão o centro da vida imaginativa. As analises feitas ao longo da dissertação apresentam um paralelo entre trechos das obras de Neil Gaiman com definições teóricas e apresentações de hipóteses, bem como relações entre contextos de produção das obras e possíveis questões vividas pelo autor que são apresentadas ao leitor através da narrativa em possíveis momentos de catarse. Observa-se que antes de tudo, o autor é também sujeito social que pode colocar em suas narrativas sonhos, esperanças, angústias e medos através de personagens e histórias como meio de exploração e auto análise. O presente trabalho tem em vista apresentar ao leitor questões atuais que servem para discussões de temas sociais por meios de uma análise bibliográfica de romances e estudos teóricos.
297 – Título: “Igreja católica, ASSESOAR e regime militar no Brasil: resistência e luta pela terra no sudoeste do Paraná (1962-1978)”
Autor: Alexandro Abatti
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Isabel Rosa Gritti (UFFS), Marcos Gerhardt (UPF)
Defesa: 12/04/2018
Resumo: A construção histórica da região Sudoeste do Estado do Paraná é permeada pela resistência, luta pela terra, mobilizações e pelas diversas organizações populares surgidas ao longo de sua história. Trata-se de uma região que tem o meio rural como sua base econômica, sobretudo, com expressivo número de pequenas propriedades familiares rurais. A proposta deste estudo busca compreender uma organização fundada nos anos 1960 e que tem enorme influência na organização e desenvolvimento de movimentos sociais surgidos nesta região, a ASSESOAR de Francisco Beltrão. Esta organização, fundada pelos Missionários do Sagrado Coração – MSC, jovens Agricultores e profissionais liberais, promoveu debates e consolidou o processo de renovação pastoral proposto pelo Concílio Vaticano II (1962-1965). Além destes, é uma organização que se consolida pela forte atuação na sua área de abrangência e que desperta nas décadas de 1970 e 1980 os olhares do Estado que estava sob o comando do regime militar. Isto é, nossa proposta se manifesta sob a perspectiva de interpretar como foi possível uma organização popular, nos rincões da nação, resistir às intensas manifestações de repressão por parte dos órgãos de repressão do Estado de exceção. Mesmo sob este clima de tensão, é possível analisar como a organização teve a habilidade de se reinventar a todo momento para conseguir realizar seu trabalho até o momento em que a instituição e a Igreja Católica resolvem dar uma nova roupagem a ASSESOAR. Foi necessário para isso, buscar mecanismos que evidenciassem a participação dos Missionários Belgas, a Igreja Católica e a Assesoar. Mecanismos estes que, hora detalhados no trabalho, possibilitam uma abordagem de ações coletivas, entendendo as condições regionais, o imaginário, a identidade do agricultor familiar e, sobretudo, da instituição. A pesquisa é voltada para uma história regional pouco conhecida, mas que incorpora a tentativa de evidenciar o quanto a história do Sudoeste do Paraná é importante pelas suas peculiaridades no processo de reocupação e colonização.
298 – Título: “Cartas à Borges: Bagé, Jaguarão e Santana do Livramento (1898-1908)”
Autor: Jéssica Adriana Pacheco Groders
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Ronaldo Bernardino Colvero (Unipampa), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Defesa: 26/04/2018
Resumo: Os quase quarenta anos de governo do Partido Republicano Riograndense (PRR) no Rio Grande do Sul são marcados pela forte presença dos líderes Júlio Prates de Castilhos e Antonio Augusto Borges de Medeiros. Para compreender o republicanismo imposto por esse partido, que no Rio Grande do Sul foi baseado na releitura da doutrina positivista de August Comte, feita por Castilhos, é necessário ter clareza das bases que foram utilizadas para que o PRR se consolidasse na chefatura da presidência do estado. Também não há como falar em consolidação republicana do PRR sem abordar o fato que representou a maior contestação para esse domínio: a Revolução Federalista (1893-1895). Mesmo com a derrota do Partido Federalista tal revolução representou clara oposição ao governo de Castilhos, principalmente na região da Campanha (entendida como reduto federalista). Após o fim dessa guerra e a prematura morte de Júlio de Castilhos, o mesmo passou a ser visto como o articulador do republicanismo no estado e Borges de Medeiros seu consolidador. E é sobre a consolidação partidária com Borges de Medeiros que versa esta dissertação de Mestrado, desenvolvida na Linha de Pesquisa de História Política, do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo. Pois a forma encontrada por ele para fortalecer o republicanismo perpassa a aliança estabelecida com coronéis locais, e é exatamente nesse contexto que esta dissertação busca entender como se dava a relação política do então presidente do Estado, Antonio Augusto Borges de Medeiros, com os coronéis sediados na fronteira (reduto federalista), os coronéis da Campanha. Para tentar descobrir a resposta para tal questão, são investigadas, como fontes principais, as cartas enviadas dos municípios fronteiriços de Bagé, Jaguarão e Santana do Livramento ao presidente do estado durante seus dois primeiros mandatos (1898-1908). Correspondência que além de questões políticas expressa as relações de reciprocidade e dependência estabelecidas pelos moradores da Campanha com o governo estadual no período de fim do século XIX e início do século XX.
299 – Título: “Cañones y acorazados: la Campaña de Humaitá, en la Guerra de la Triple Alianza (1866-1868)”
Autor: Eduardo Hirohito Nakayama Rojas
Orientador: Prof. Dr. Mário José Maestri Filho
Banca: Paulo Marcos Esselin (UFMS), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Defesa: 27/04/2018
Resumo: A maioria das obras escritas sobre a Guerra da Tríplice Aliança buscam abarcá-la em sua totalidade, incluindo suas causas, desenvolvimento e fim, incluindo o pós-guerra e, dessa forma, se perdem detalhes importantes para entender o conflito e sua longa duração. Na cronologia deste enfrentamento armado (1864-1870), a Campanha de Humaitá (1866-1868), constitui o miolo central e cru da guerra, razão pela qual é preciso vê-lo sob outras perspectivas, como as operações fluviais em torno da fortaleza, a resistência paraguaia, os diversos planos aliados para forçar sua passagem e continuar avançando até Assunção, o papel da frota imperial, a artilharia e os avanços científicos em matéria de armamento, o potencial bélico, o alto comando dos contendores, etc. Por sua vez, a Campanha de Humaitá pode dividir-se em três partes: uma primeira corresponde à invasão Aliada, com as grandes batalhas terrestres que compreende principalmente o ano de 1866 até a vitória paraguaia em Curupayty; uma segunda etapa caracterizada por um relativo estancamento das operações, troca de mando e reorganização das forças Aliadas (até meados de 1867); e finalmente o reinício do cerco à Fortaleza de Humaitá, forçando a passagem da esquadra imperial (fevereiro de 1868) até o abandono da praça por parte das forças paraguaias (julho de 1868). Quando o Quadrilátero é deixado de lado como núcleo de base de operações das forças paraguaias, a guerra toma um formato determinante e irreversível, selando a sorte do conflito que, a partir dali também significará a abertura de um segundo enfrentamento para o mariscal Lopez, que, além de combater contra o exército da Aliança, o faz também no interior de seu governo e até em sua própria família, o que implicará que, paralelamente as muitas baixas ocorridas com os combates em Pikysyry e as Cordilheiras, outra grande quantidade de mortes corresponde a culpados ou inocentes, condenados e executados desde São Fernando até Cerro Corá.
300 – Título: “Militares legalistas na revolução de 1930: política e poder”
Autor: Ariella da Silva de Albuquerque
Orientador: Profa. Dra. Janaína Rigo Santin
Banca: Luiz Gonzaga Adolfo (UNISC), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Defesa: 03/05/2018
Resumo: O objetivo deste trabalho é tratar da relação entre formação militar e atuação política nos discursos de dois oficiais militares que escreveram sobre a Revolução de 1930: o General Gil de Almeida, comandante da 3ª Região Militar, em Porto Alegre; e o coronel Leitão de Carvalho do 8º Regimento de Infantaria, localizado em Passo Fundo. Compreende-se que os discursos têm como finalidade justificar o posicionamento militar frente às guarnições em que eles se colocam no Rio Grande do Sul. Partindo desse pressuposto, é possível inferir por meio dos discursos que a formação do pensamento militar foi influenciada pela formação recebida nas Escolas Militares. Desde meados do século XIX o exército brasileiro buscava a profissionalização dos corpos militares. A preocupação com a consolidação e potencializarão das forças armadas esteve no centro dos discursos militares e ao lado dela há uma intensa preocupação com o papel da formação dos oficiais do exército. Com a Primeira Grande Guerra o cenário internacional intensificou a preocupação dos estados com questões sobre a de defesa nacional, e neste intento as questões militares foram avidamente retomadas. A busca até então empreendida por um exército mais preparado tem um claro retorno com as intervenções armadas que ocorriam pelo mundo. Para os militares, Gil e Leitão, o envolvimento político partidário deveria ser afastado da esfera militar, ou seja, eles mantêm um caráter legalista. Esses militares definem características próprias, muitas vezes marcadas por suas trajetórias, princípios e ideias de sua época e pelo contexto ao qual pertencem. Assim, podemos compreender que existe uma linguagem política comum, que foi utilizada para dar definição e justificar a própria função do Exército no momento de conflito. Para construir esse quadro explicativo, são utilizados os discursos, as fontes da imprensa e análise dos currículos das Escolas Militares. A intensa influência científica no currículo militar mostra que o pensamento militar é em grande parte definido pelos espaços de formação que os militares cursavam.
301 – Título: “Os escolhidos: o recrutamento no Rio Grande do Sul para a segunda guerra (1939-1945)”
Autor: Julia de Oliveira Bender
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Diego Orgel de Almeida (UNISC), Alessandro Batistella (UPF)
Defesa: 08/06/2018
O trabalho não possui divulgação autorizada
302 – Título: “Treze De Maio: entre regras e padrões a busca por visibilidade, reconhecimento e parcerias (1949-1982)”
Autor: Fernanda Pomorski dos Santos
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Golin
Banca: Ronaldo Bernardino Colvero (Unipampa), João Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 05/07/2018
Resumo: A sociedade erechinense, desde muito cedo, organizou-se em associações de acordo com suas etnias formando, desta maneira, clubes italianos, alemães, poloneses entre outros. Assim como os demais grupos, a população negra e “não imigrante” constituiu um espaço para confraternizar com "os seus", um espaço para lazer e cultura, esportes e festas. Esta dissertação tem como objetivo a análise de parte da população negra da cidade de Erechim através das ações desenvolvidas pelos sócios do Esporte Clube Treze de Maio, fundado em 16 de dezembro de 1949. O recorte temporal, estabelecido entre 1949 e 1982, se inicia no ano da constituição da associação, atravessa o período considerado de "glória" e chega aos últimos dias do clube. O foco desta reflexão centrou-se na forma de organização desta associação, nas estratégias utilizadas na busca por visibilidade e no desenvolvimento de novas redes de relacionamento. Para tanto, vale-se da análise dos poucos documentos remanescentes da associação, entre eles: algumas páginas de atas, fotografias, estatuto completo do Clube, parcos registros das atas da ala feminina e matérias publicadas no jornal local A Voz da Serra. Através das fontes analisadas, apresentamos a rede associativa formada na cidade a partir de cada etnia e os motivos que levaram à constituição de um Clube dos negros. Ao traçar os primeiros passos do Esporte Clube Treze de Maio e entendermos sua formação dentro da sociedade, investigamos o processo de invisibilidade social sofrido por esta parcela da população e os mecanismos utilizados para contornar esta situação. Procuramos compreender o papel desempenhado pelas mulheres negras, assim como, a importância do futebol, do carnaval e dos bailes de gala. Desta forma, verificamos como a associação se constituiu em um importante espaço de sociabilidade para os negros e “pessoas de cor” colaborando na quebra de estereótipos e na criação de uma imagem positivada do Clube e seus associados.
303 – Título: “Talvez nunca mais eu veja minha terra natal”: a trajetória de imigrantes alemães na colonização de Porto Novo/SC (1932-1942)”
Autor: Maikel Gustavo Schneider
Orientador: Prof. Dra. Rosane Marcia Neumann
Banca: Dr. Frederik Schulze (Westfälische Wilhelms Universität Münster/ Alemanha), João Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 31/08/2018
Resumo: O propósito deste estudo é investigar, na perspectiva da micro-história, a trajetória de um grupo de imigrantes alemães que emigraram da Alemanha para o Brasil, entre 1932 e 1940, instalando-se na colônia Porto Novo – atualmente municípios de Itapiranga, São João do Oeste e Tunápolis – situada no Extremo Oeste de Santa Catarina. O projeto de colonização Porto Novo foi planejado, organizado e promovido pela Volksverein für die Deutschen Katholiken in Rio Grande do Sul - Sociedade União Popular para Alemães Católicos no Rio Grande do Sul, entidade fundada pelos padres Jesuítas, e implantado em 1926 às margens do Rio Uruguai. Tratava-se de uma colônia direcionada para alemães católicos que recebeu, nos primeiros anos, significativo número de migrantes originários das colônias do Rio Grande do Sul. A partir de 1932, motivado pela propaganda realizada na Alemanha, especialmente uma brochura escrita sobre Porto Novo que circulava em diferentes regiões, e diante do contexto pós-I Guerra Mundial, um grupo de alemães, com perfil predominantemente urbano, emigrou e estabeleceu-se na colônia, sendo alocados na Linha Presidente Becker. Assim, é nosso objetivo investigar e compreender essas trajetórias migratórias, os desafios enfrentados pelos e/imigrantes, bem como os motivos de seu deslocamento, além de eventuais processos de retorno à terra natal, analisando o contexto de partida e chegada. Logo, o estudo busca traçar a trajetória dessas famílias, no jogo de escalas, no contexto da mobilidade humana transoceânica e sua inserção no local de chegada, com a adaptação de seu modo de vida à colônia – a partida, a chegada e a permanência. A pertinência do estudo encontra-se no fato da historiografia sobre o estado de Santa Catarina abordar de forma marginal a imigração alemã do início do século XX, fazendo pouca distinção entre colonos frutos da migração interna e de imigrantes. Portanto, o estudo permite afirmar que esses imigrantes, a maioria trabalhadores urbanos, possuíam boas condições financeiras, sendo a emigração espontânea uma opção, o capital trazido lhes garantiu a aquisição de um lote colonial e a instalação inicial naquele novo espaço. Sinaliza, assim para um fluxo migratório espontâneo, heterogêneo e por motivações as mais diversas, possíveis de verificar a partir do estudo de trajetórias.
304 – Título: “Uma história ambiental do Rio Passo Fundo: 1934 - 2007”
Autor: Caroline Lisboa dos Santos De Lima
Orientador: Prof. Dr. Marcos Gerhardt
Banca: Gilmar Arruda (UEL) Ironita A. Policarpo Machado (UPF)
Defesa: 29/10/2018
Resumo: As políticas públicas ambientais são relativamente recentes no Brasil. Foi a partir dos anos de 1970 que o meio ambiente passou a ganhar maior importância na agenda política nacional. Contudo, isso não significa que o poder público não tenha tido iniciativas que impactaram o meio ambiente, mesmo em períodos em que a sua conservação não estava em pauta. As ações de saneamento, a destinação de diversos tipos de resíduos, a limpeza e a distribuição da ocupação urbana foram, por exemplo, funções que as gestões municipais tiveram de cumprir, e que acabaram impactando não somente o meio ambiente local mas também a relação da sociedade com ele. O rio Passo Fundo foi usado como referência desde que as primeiras populações fixaram-se nesse local, o rio deu nome ao lugar e mais do que isso, acabou marcando o dia a dia da população que viveu e vive em suas proximidades. Por isso, a relação humana com o rio Passo Fundo entre os anos de 1934 e 2007 é tema dessa dissertação. O trabalho inclui apontamentos sobre os usos humanos, as iniciativas e as políticas públicas em relação ao rio Passo Fundo, procurando analisar, entre outras questões, qual o papel dos movimentos ecológicos e da imprensa na consolidação de uma política ambiental no município. As compreensões presentes neste trabalho amparam-se teoricamente na História Ambiental, que procura compreender os mais diversos aspectos, interesses e resultados da interação humana com o ambiente natural. Dentre os autores utilizados como referência estão Donald Worster, José Augusto Pádua e Gilmar Arruda. Como aparato documental foram utilizadas legislações federais, estaduais e municipais, publicações jornalísticas e inquéritos civis sobre o tema. Por fim, a problemática dessa investigação está em demonstrar como as iniciativas, políticas públicas e ações sociais interferiram na existência histórica do rio Passo Fundo, identificando quem foram os sujeitos e quais os interesses implicados nesse processo.
305 – Título: “Caboclos, indígenas e colonos: a mediação da Comissão de Terras e Colonização de Passo Fundo e Palmeira no processo de formação da pequena propriedade no norte rio-grandense (1889-1928)”
Autor: Kalinka de Oliveira Schmitz
Orientador: Profa. Dra. Rosane Márcia Neumann
Banca: Cristiano Luís Christillino (UEPB/ PPGH-UFPE), João Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 27/03/2019
Resumo: Esta dissertação tem por objetivo analisar o processo de (re)organização da propriedade da terra no norte do Rio Grande do Sul durante a Primeira República e os sujeitos envolvidos. Partindo do fato de que essa região já era habitada secularmente por índios e a partir do século XIX por caboclos, a chegada da população colonial, a partir de 1890, desencadeou um rearranjo do cenário da propriedade; junto a isso, as ações governamentais para o avanço da regularização da propriedade da terra impactou de diferentes maneiras os grupos envolvidos. Assim, buscouse sistematicamente a instalação dos grupos indígenas em toldos, restringindo a sua área de ocupação, alterando também seus costumes ao forçar uma sedentarização; os caboclos, que inicialmente foram muito marginalizados, passaram, com Torres Gonçalves – diretor da DTC de 1908 a 1928 –, a serem incluídos em projetos de colonização, para acabar com a expulsão dos mesmos de áreas ocupadas desde muito tempo; e os colonos, que migraram para a região norte rio-grandense em busca de novas terras férteis, acabaram entrando em contato nem sempre amistoso para com os dois primeiros grupos. Portanto, são essas alterações que serão aqui analisadas, buscando compreender as primeiras ações no movimento de privatização da propriedade da terra, e como isso afetou cada grupo. Nesse contexto, nosso estudo visa analisar o processo de acesso e de posse da propriedade da terra no Norte do Rio Grande do Sul na Primeira República (1889-1930), com o objetivo de verificar a pauta de discussão e a ação do governo estadual e os órgãos públicos responsáveis pelas terras e pela colonização. O recorte analítico comparativo delimita-se à atuação da Comissão de Terras e Colonização de Passo Fundo e da Comissão de Terras e Colonização de Palmeira, bem como suas áreas de abrangência, no que se refere a regularização da posse da terra, e da implantação de políticas visando o estabelecimento de indígenas, caboclos e colonos.
306 – Título: “Desapropriar para assentar: Um direito e reforma agrária no Rio Grande do Sul (1960-2009)”
Autor: Caroline da Silva
Orientador: Profa. Dra. Ironita A. Policarpo Machado
Banca: Darlan de Oliveira Reis Júnior (URCA), João Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 28/03/2019
O trabalho não possui divulgação autorizada
307 – Título: “Da alcova ao palácio seu sussurro era lei”: representações femininas das pombagiras na Fraternidade Estrela da Manhã”
Autor: Chaline de Souza
Orientador: Profa. Dra. Jacqueline Ahlert
Banca: Vanda Fortuna Serafim (UEM), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 04/04/2019
O trabalho não possui divulgação autorizada
308 – Título: “Arte pública, paisagem urbana e memória: monumentos passo-fundenses de Paulo Batista de Siqueira”
Autor: Adriana Carmen Brambilla
Orientador: Profa. Dra. Jacqueline Ahlert
Banca: Lurdi Blauth (Feevale), João Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 05/04/2019
Resumo: Este estudo versa sobre os monumentos passo-fundenses de Paulo Batista de Siqueira, artista plástico, que utilizava para compor suas esculturas materiais de refugo, sobretudo ferro e aço, unidos pela solda e transformados em personalidades, deuses mitológicos, (i) migrantes, desbravadores, colonos. Apresentam-se elementos que delineiam de forma panorâmica a história do referido artista, bem como as relações de sentido presentes entre suas produções. A capacidade de Siqueira de criar, através de suas esculturas, representações identitárias, cuja memória é registrada nos monumentos, fez com que tanto grupos sociais quanto o poder público contratassem seus serviços. Os monumentos passo-fundenses em análise são arte pública que tem por característica a acessibilidade do público, possibilitando fruição estética e diálogo com os transeuntes e/ou visitantes. Dentre as obras de arte estão o monumento Teixeirinha, Trigo, Ferroviários, Metalúrgicos e Cavalariano que se inserem na paisagem urbana passo-fundense, alguns se tornaram símbolos da urbanidade de Passo Fundo. A problemática concentra-se em identificar as possíveis motivações que levaram determinados grupos políticos, sociais e culturais a propor e financiar tais monumentos. Concomitantemente, busca-se verificar como ocorreram os processos de composição das referidas esculturas, os sentidos simbólicos projetados no metal e a potencial valoração como bens patrimoniais, que intrinsecamente carrega elementos históricos e estéticos. A fundamentação teórica tem por base autores como Prats (1997), Canclini (1999) e Pesavento (2004) frente a compreensão de patrimônio como construção social. Considerando que os patrimônios se resignificam na interação com os seus leitores, evidenciam relações de poder, econômicas, políticas, culturais e as representações sociais arraigadas nos diversos grupos que compõem as sociedades. Neste sentido, o conceito de representações culturais torna-se central para o estudo, sendo a arte concebida como uma mediadora que possibilita ao interpretante evocar presenças ausentes. Somam-se a isso as noções de monumento e memória, com base em Le Goff (2003). Além das próprias esculturas, configuram-se como fontes de pesquisa periódicos que trataram do tema (proposição e inauguração dos monumentos), projetos de lei e decretos municipais, norteando as análises tanto em termos estéticos quanto históricos. Assim, embora os monumentos analisados sejam obras de arte, percebe-se que a valoração que ocorre não é pelo seu valor estético enquanto arte, mas sim por representarem algumas memórias específicas de elites, o que possibilita certo esquecimento e/ou apagamento em termos de coletividade.
309 – Título: ““Julgar a cada um o que é seu”: justiça e criminosos nos domínios portugueses da Fronteira Platina (1777 Ca. – 1810 Ca.)”
Autor: Andréia Aparecida Piccoli
Orientador: Prof. Dr. Alessandro Batistella
Banca: Fábio Kuhn (UFRGS), Felipe Cittolin Abal (UPF)
Defesa: 05/04/2019
Resumo: Esta pesquisa versa sobre a administração da Justiça e os criminosos dos domínios portugueses da Fronteira Platina (1777ca. – 1810ca.), principalmente as repartições militares de Rio Grande e Rio Pardo. Durante o século XVIII, a Capitania do Rio Grande de São Pedro do Sul constituiu uma espécie de estremadura entre os domínios das monarquias portuguesa e espanhola na América meridional. Em processo de anexação ao Império português, a capitania foi composta por uma administração judicial singular, devido à incipiência de malhas administrativas magistradas da Coroa neste território, sendo então constituída pela Justiça local, pelo capitão-general e governador, pelos comandantes militares das supramencionadas repartições e comandantes de distritos, em um sentido de hierarquia militar. Parcela pouco estudada dessa sociedade, os criminosos foram sobretudo indivíduos de extratos sociais subalternos – em uma sociedade na qual o próprio sentido de Justiça validava a desigualdade social perante a lei –; e mormente sujeitos que se utilizaram de práticas ilegais para o melhoramento de suas vidas, em uma conjuntura histórica na qual o crime não era considerado uma ocupação regular. Como punições às suas transgressões, os criminosos tiveram seus corpos supliciados e seus trabalhos forçadamente empregados à serviço de Sua Majestade Fidelíssima. Para a realização dessas práticas, foram utilizadas bases materiais de poder, como os calabouços de fortes e as prisões de guardas, os ferros para flagelar e aferrar os indivíduos, as rotas de transporte e de informações. Ademais, tal conjuntura só foi possível devido à validação desta Justiça pela sociedade, em especial através da notoriedade política e social dos comandantes militares, resultante de seus papéis como mantenedores da ordem púbica e defensores territoriais do Império português, esse último motivo servindo de reconhecimento frente à Coroa. Em detrimento dos criminosos, o corolário desta Justiça foi a subalternização de indivíduos, assim como a validação e a manutenção da ordenação social vigente.
310 – Título: “Eternizando a primeira idade: a representação das crianças através das lentes dos fotógrafos Czamanski (1937-1980)”
Autor: Isabella Czamanski Rota
Orientador: Profa. Dra. Jacqueline Ahlert
Banca: Ivo dos Santos Canabarro (UNIJUÍ), Gerson Luís Trombetta (UPF)
Defesa: 05/04/2019
Resumo: Durante o século XX houve uma contínua popularização da fotografia no Brasil, a partir das cidades portuárias até o interior, uma vez que a tecnologia era trazida para o país pelos imigrantes europeus e viajantes. Conforme a presença de fotógrafos se expandia em território nacional, o estado do Rio Grande do Sul não foi exceção. Em Santo Ângelo, o primeiro membro da família Czamanski a iniciar trabalhos no ramo fotográfico foi Armando Czamanski, em meados de 1920. A partir de seu exemplo, seus dois irmãos, Daniel e Deoclides, tornaram-se também fotógrafos, atuando em diversas cidades, principalmente no norte do estado, legando um expressivo acervo. O objetivo do presente estudo é analisar as fotografias feitas pelos irmãos Czamanski entre os anos de 1937 e 1980 que contêm crianças, visando identificar a forma como a criança e a infância foram representadas pelos fotógrafos nas imagens. Dentre as cerca de 600 fotografias encontradas em diferentes acervos, foram selecionadas 221 que se encaixam nos pré-requisitos supracitados. A partir da coleção formada, foi possível aplicar a metodologia de análise composta e adaptada a partir dos estudos de Mauad (1990) e Canabarro (2011). As imagens foram organizadas e divididas de acordo com três características comuns: as feitas em estúdio, as de cunho familiar e as que contêm crianças em eventos sociais. Algumas delas se encaixaram em mais de uma categoria, sendo decidido que pertenceriam àquela que possuía maior relevância para a análise. Dentro das divisões, as fotografias de cada grupo foram analisadas em conjuntos levando em consideração sua temática (como, por exemplo, imagens com a presença de itens relacionados ao mundo dos adultos, ou então em sala de aula), visando notar semelhanças e diferenças, presenças e ausências, que contribuam para a identificação do modo como a criança era, seja de forma deliberada ou não, representada nas fotografias feitas dentro do período em que os três irmãos Czamanski atuaram no ramo no estado do Rio Grande do Sul.
311 – Título: “Que cada um ouça o apêlo que lhe dirige Cristo através da nossa voz”: Os Protestantismos nas páginas da Revista Eclesiástica Brasileira (1953-1971)”
Autor: Augusto Diehl Guedes
Orientador: Profa. Dra. Gizele Zanotto
Banca: Renata Siuda-Ambroziak (U. de Varsóvia), Solange Ramos de Andrade (UEM)
Defesa: 05/04/2019
Resumo: Nas últimas décadas, os protestantismos têm ganhado visibilidade no Brasil. Sejam por suas crenças, comportamentos, inserção em múltiplos espaços da sociedade, formas de expansão e de manifestação religiosa, as igrejas protestantes têm se constituído como uma matriz em evidência no campo religioso brasileiro. Apesar de uma inserção efetiva ter se dado ainda no início do XIX, o crescimento dessas igrejas ocorreu de forma mais acentuada a partir de meados do século XX no Brasil. Detentora do maior número de fiéis no país, a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) sempre esteve atenta à presença desses grupos. Dentre as posturas que a hierarquia católica pensou e propôs no Brasil é que buscamos compreender quais foram os discursos produzidos e veiculados acerca dos múltiplos protestantismos por um periódico católico de abrangência e relevância nacional, a Revista Eclesiástica Brasileira (REB), sob a condução dos franciscanos de Petrópolis/RJ e impressa pela Editora Vozes. O recorte situado entre os anos de 1953 e 1971, período no qual o Frei Boaventura Kloppenburg fora seu redator, justifica-se tanto pela recorrência do tema nesse período redatorial em contraposição aos demais, pelos contextos vivenciados pela ICAR e pelas igrejas protestantes no Brasil e fora dele, quanto pela figura de Kloppenburg no trabalho apologético a serviço do catolicismo no país. Para isso, partindo das concepções de Pierre Bourdieu acerca das dinâmicas do campo religioso, utilizamos de proposições da Análise do Discurso de matriz francesa a partir das obras de Eni Orlandi, adaptadas ao olhar do historiador na compreensão de suas fontes. Uma das marcas desses textos publicados é a sua recorrência, pluralidade de olhares e diversidades de objetivos. Passados os 500 anos dos protestantismos, a REB, enquanto uma revista que se queria para sacerdotes católicos constituiu-se em espaço significativo para a (in)formação, discussão e apresentação dessas temáticas, fomentadas pela dinâmica do sub-campo religioso cristão brasileiro, a clérigos católicos em um período de constantes e profundas transformações na ICAR, nos protestantismos e no mundo.
312 – Título: “A política sob o Báculo: Dom Agostinho no comando da Diocese de Palmas - Francisco Beltrão (1970-2005)”
Autor: Pâmela Pongan
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Marta Rosa Borin (UFSM), Alessandro Batistella (UPF)
Defesa: 16/04/2019
Resumo: Esta dissertação tem por objetivo analisar o itinerário vivido por Dom Agostinho José Sartori, na região Sudoeste do Paraná, no âmbito de ações concretas com ênfase na dimensão política no contexto de seu governo da Igreja Diocesana, considerando o fato de que o seu episcopado foi um dos mais longos da história da Igreja Católica no Brasil, firmado em ações de cunho político, voltados a atender as necessidades não só espirituais, mas também sociais, culturais e econômicas de seus fiéis. Iniciando com uma análise do processo de ocupação e colonização da região Sudoeste do Paraná, ressaltando os conflitos agrários, divergências quanto às fronteiras e limites, política migratória e a religiosidade popular que marcaram a concepção desta região, discorrendo sobre as transformações ao longo da história e a construção social que resultaram no atual Sudoeste. Em seguida, abordou-se a chegada e a institucionalização da Igreja Católica na região, destacando suas ações de combate à religiosidade popular já existente, além de enfatizar as ações políticas assumidas pela Igreja ao longo da concepção da Diocese de Palmas e suas modificações até a chegada do segundo bispo Dom Agostinho José Sartori, personagem principal desta pesquisa. Apresentando a história de vida deste e, a partir de uma compreensão de quem era, partiu-se para a análise das suas ações estando a frente da Diocese. Esta abordagem se dará a partir da análise de documentos como cartas pastorais, livros tombo, artigos de jornais e manuscritos pessoais do referido bispo. Durante seus 35 anos de episcopado, foi muito além do espiritual, estabelecendo relações com líderes regionais e estaduais, buscando melhorias na região em diversas áreas. Assim, se buscará identificar e compreender a influência destas ações na sociedade sudoestina, tanto nos aspectos políticos quanto nos sociais, destacando as abordagens educacionais, comunicações sociais, questão da terra e questões sociais, que atingiram de forma direta o povo desta região, tendo seus resultados sentidos ainda hoje.
313 – Título: “O Rio Grande do Sul rural no século XIX: uma leitura de dissertações de mestrado”
Autor: Maria Cláudia Machado Barros
Orientador: Prof. Dr. Marcos Gerhardt
Banca: Paulo Afonso Zarth (pesq. independente), Ironita A. Policarpo Machado (UPF)
Defesa: 17/04/2019
O trabalho não possui divulgação autorizada
314 – Título: “O ensino de história e cultura afro-brasileira nos livros didáticos utilizados na região da AMESC (1980-2018)”
Autor: Edilene dos Santos Copetti
Orientador: Prof. Dr. Alessandro Batistella
Banca: Humberto José da Rocha (UFFS), Marcos Gerhardt (UPF)
Defesa: 24/04/2019
O trabalho não possui divulgação autorizada
315 – Título: “Brigada Militar e o Policiamento ostensivo: uma trajetória de ressignificação institucional (1967-1988)”
Autor: Moacir Almeida Simões
Orientador: Profa. Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Ronaldo Bernardino Colvero (Unipampa), João Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 26/04/2019
Resumo: A Brigada Militar na condição de força da preservação da ordem e da segurança pública foi instituída no ano de 1837. Devido essa longevidade, passou por todas as fases políticasinstitucionais nacional e da rio-grandense. Entre o ano de 1967 e o ano de 1988, objeto deste estudo, sinaliza mais uma dessas etapas marcantes. Nesta temporalidade demarca-se um período de transformações impulsionadas pela Constituição de 1967, e a legislação específica de polícia militar subsequente, com seus reflexos na órbita estadual. Das mudanças provocadas por esse sistema legal, estas são destacadas por meio de três eixos condutores: política de pessoal, sistemas de ensino e operacional. Na parte de pessoal destaca-se as funções PM relacionadas com a atividade de policiamento, que passa a se desenvolver com maior intensidade em um ambiente comunitário, exigindo uma nova postura profissional identificada nesse contexto. Associadamente a essa mudança, ocorre o processo de desaquartelamento, como efeito da transposição dos efetivos para esse local de atuação. O ensino, seguindo-se uma tradição institucional, investe-se na profissionalização PM, baseada na ideologia estabelecida para a atividade de policiamento a partir de 1967, fundamentada por regras e princípios norteadores identificados com a base legal desse período. Para isso, são transformados os currículos dos cursos de formação institucional em conformidade com as novas orientações estabelecidas. No terceiro aspecto, verifica-se o campo operacional que se trata da transformação da corporação com vista a execução da atividade de policiamento. Nessa projeção, altera-se a organização básica PM; desenvolve-se a política da ocupação territorial, com a articulação da tropa no terreno e a responsabilidade territorial, em correspondência com o escalão de comando PM. Como decorrência das medidas administrativas preparatórias e do planejamento operacional, verifica-se a execução propriamente dita da atividade de policiamento ostensivo, que se tornava mais efetiva ao longo da década de 1970. Para esse intento, inicialmente, utiliza-se com maior frequência o tipo de policiamento ostensivo “geral urbano e rural”. Em seguida, passa-se a operar com outros tipos de policiamento especializados, como o radiopatrulhamento motorizado. Nesse processo de transformações, visivelmente a Brigada Militar mudava aspectos identitários importantes representados pela profissionalização PM e da execução com exclusividade da atividade de policiamento ostensivo por intermédio de suas variáveis operacionais em todo o Estado.
316 – Título: “Em tempos de Gay Power: representações da homossexualidade masculina na revista Veja (1968-1983)”
Autor: Leonardo Da Silva Martinelli
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Joana Maria Pedro (UFSC), James Green (Brown), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 30/04/2019
Resumo: O presente trabalho busca analisar as representações da homossexualidade masculina na revista Veja (1968-1983). Para tanto é preciso considerar a historicidade das vivências homossexuais e sua construção como abjeção. O autoritarismo do período civil-militar brasileiro direcionou esforços no intento de preservar a chamada “moral e os bons costumes” reprimindo os sujeitos dissidentes desse padrão e censurando a imprensa para que não publicasse temas tidos como subversivos. Nesse cenário, várias representações a respeito dos homossexuais entravam em contato em razão das transformações internacionais, nacionais, e o surgimento dos movimentos identitários politizados. A revista Veja introduzida no mercado como uma proposta inovadora de segmentação, em seu intento de informar, contribuiu com a construção e/ou divulgação de distintas representações. Estas são analisadas nos diferentes espaços em que tais sujeitos foram mencionados nessa revista, desde a sua criação, em 1968, até a primeira reportagem sobre a aids na Veja, em 1983. Valendo-nos da categoria gênero e de suas possibilidades de articulação aos estudos queer foram analisados alguns elementos que envolveram as homossexualidades e as relações de poder estabelecidas nos grupos sociais mediadas e potencializadas pela ação da imprensa. Trata-se de uma pesquisa por amostragem metodologicamente amparada em pressupostos da análise de conteúdo numa abordagem quantitativa e qualitativa. O teor das publicações permitiu agrupar as reportagens em categorias temáticas que revelam o imbricativo e, muitas vezes, a sobreposição de entendimentos que unidos integraram as representações coletivas sobre os homossexuais, na época. A pesquisa visa demonstrar as distintas situações que envolveram os gays, em especial, e as representações na revista Veja decorrentes dessas publicações que estiveram inseridas num contexto conturbado, mas de notórias transformações que marcam a história dos(as) homossexuais no Brasil; período que assinala o apreço proselitista do discurso da moralidade por grande parte dos sujeitos e representantes institucionais, reforçando as representações dominantes e estigmatizantes para com esses sujeitos, mas que também evidenciou olhares múltiplos que ganhariam força e contribuiriam com novas representações.
317 – Título: “Imigração e colonização: a colônia Getúlio Vargas/RS em fotografias (1908-1954)”
Autor: Patricia Lilian Mokfa
Orientador: Profa. Dra. Rosane Márcia Neumann
Banca: Cláudio de Sá Machado Júnior (UFPR), Gerson Luís Trombetta (UPF)
Defesa: 22/08/2019
Resumo: Abordar o processo de imigração e colonização a partir das imagens fotográficas tem revelado particularidades sobre a representação dos/e sobre os núcleos coloniais. No presente estudo, analisam-se as imagens fotográficas da colônia Getúlio Vargas, parte da colônia Erechim, hoje município de Getúlio Vargas, localizada no norte do Rio Grande do Sul, no período de 1908 a 1954. O recorte temporal estabelecido pela pesquisa corresponde ao período em que os imigrantes e migrantes começaram a se estabelecer na colônia; em seguida, ocorre o processo de colonização e desenvolvimento. Trata-se da análise de um conjunto de trinta e nove fotografias que se encontram sob a guarda do Arquivo Histórico e Geográfico de Getúlio Vargas, cuja temática são as mudanças e permanências do espaço rural e urbano da colônia Getúlio Vargas e seus sujeitos, colonos e imigrantes que povoaram esse local. Justifica-se o recorte temático pela relevância e carência de estudos nessa linha e a disponibilidade desse acervo fotográfico. Partindo do conceito de representação de Chartier (1991), objetiva-se perceber como os fotógrafos representaram a formação da colônia de Getúlio Vargas no que diz respeito aos espaços fotografados, a instalação dos colonos em seus lotes, a correlação entre colonização e ferrovia, a organização do espaço urbano da colônia no início do século XX. A pesquisa permite compreender que os registros feitos pelos fotógrafos constroem narrativas, em imagens fotográficas, sobre a colonização de Getúlio Vargas ao longo de mais de cinquenta anos e deixam para a posteridade as representações desse processo. As fotografias ganham status de documento e fonte de pesquisa para recuperar o passado, multiplicar os olhares e descobrir como era a vida naquela época. Apresentou as várias etnias e como elas operaram no universo cotidiano por meio de suas práticas culturais e sociais em meio às suas resistências, conflitos. Procurou-se refletir sobre as representações do processo de colonização na fotografia, sob inspiração das vivências e necessidades de adaptação dos imigrantes que ali se instalaram, como um recurso para a representação visual, para a criação de memórias e para a significação histórica e social.
318 – Título: “A representação do imigrante judeu na literatura do Rio Grande do Sul: Cágada e O exército de um homem só”
Autor: Gláucia Elisa Zinani Rodrigues
Orientador: Profa. Dra. Rosane Márcia Neumann
Banca: Ivânia Campigotto Aquino (UPF), Isabel Rosa Gritti (UFFS)
Defesa: 26/08/2019
Resumo: Este estudo trata da representação do imigrante judeu na Literatura contemporânea do Rio Grande do Sul, com o recorte na obra de Gladstone Osório Mársico (1927-1976) e Moacyr Scliar (1937- 2011). A presença dos imigrantes judeus no Estado data no início do século XX, com a fundação da colônia Quatro Irmãos que também correspondia às áreas das vilas Baronesa Clara e Barão Hirsch, no espaço rural em 1909, na região norte do Rio Grande do Sul e o estabelecimento de um amplo contingente de imigrantes na capital, localizados no Bairro Bom Fim, por volta de 1914 vinculados ao comércio e profissões de ofício. Distinguiam-se dos demais imigrantes principalmente em razão da religião. Objetiva-se analisar a representação do imigrante judeu na literatura, optando pelas obras Cágada (ou a história de um município a passo de), de Mársico, publicada em 1974, tendo como cenário a Fazenda Quatro Irmãos, em Erechim; e a obra O exército de um homem só, de Scliar, publicada em 1973, ambientada no bairro Bom Fim, em Porto Alegre. Assim, a proposta justifica-se por analisar a presença do judeu na literatura, justamente por sua representação de forma marginal, ora por meio da sátira, ora pela ironia. O estudo, em termos teóricos metodológicos, dialoga com a História Cultural e situa-se na fronteira entre a Literatura e a História. O cruzamento de fontes inclui revisão bibliográfica, documentos sobre a imigração por fontes orais e literárias. Pautado nos dados coletados, ambos os autores, Scliar de origem judaica, e Mársico, advogado da Jewish Colonization Association (ICA), eram testemunhas oculares da presença judaica no Estado, mesclando em suas obras literárias saberes históricos, vivências sociais e culturais. Logo, seus personagens transitam no espaço urbano e rural, carregam consigo sua cultura, sua religiosidade, seus saberes e fazeres, vivendo o seu cotidiano. O imigrante judeu, em espaços de imigração, apresenta uma identidade étnica externa homogênea, sobreposta à heterogeneidade interna, ocupando principalmente espaços urbanos, dedicando-se a atividades de ofício e comércio, representação esta reproduzida também na literatura, e de forma crítica, em relação a colonização da colônia de Quatro Irmãos, como um projeto que não foi bem sucedido mas, atingiu os objetivos de auxiliar os imigrantes judeus vítimas de discriminações nos países de leste europeu.
319 – Título: “A ESCOLA PILCHADA - O uso da educação e das políticas públicas pelo MTG”
Autor: Ricardo da Conceição
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin
Banca: Jacqueline Ahlert (UPF), João Vicente Ribas (UPF)
Defesa: 11/09/2019
Resumo: Este trabalho é dedicado à análise do uso das políticas públicas por parte do Movimento Tradicionalista Gaúcho, nas mais diversas áreas públicas do Rio Grande do Sul, em especial na área da educação. Para tanto, são analisadas proposições e teses apresentadas nos Congressos Tradicionalistas, organizados pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho, que tenham como finalidade demandas para políticas no estado do Rio Grande do Sul. É analisado, ainda, como as demandas do Movimento Tradicionalista Gaúcho são de fato implementadas nas políticas de estado do Rio Grande do Sul. Também, se faz a análise de como surgiu e se difundiu o gauchismo ao longo história, e como hoje se transformou numa das principais forças políticas e econômicas do Estado. São ainda analisadas como as ações propositivas do Movimento Tradicionalista Gaúcho encontram nas escolas amplo espaço para sua implementação, com inúmeras atividades desenvolvidas por entidades e sujeitos ligados ao Movimento. A documentação analisada faz parte de publicações bibliográficas do Movimento Tradicionalista Gaúcho, bem como publicações digitais de portais, sites e blogs ligados ao MTG. É a partir das análises dos documentos basilares do Movimento Tradicionalista Gaúcho e de proposições apresentadas em Congressos Tradicionalistas, pode-se concluir que o Movimento se entende como órgão de utilidade pública, sendo apto a auxiliar o Estado em seus problemas. Sendo que o MTG se entende, por vezes, como parte integrante da estrutura de estado, propondo ações, leis, manuais utilizando-se de ações diretas em determinadas áreas. Também, que o movimento entende ser necessária sua atuação para a Educação de crianças e jovens com a introdução dos princípios tradicionalistas na escola, apoiando-se numa estância imaginária e impondo uma cultura única a todos, desconsiderando a multiculturalidade que forma o Estado do Rio Grande do Sul. Dessa forma, o movimento encontra na educação e nas escolas terreno fértil para a implementação de suas demandas.
320 – Título: “A trajetória histórica da APAE: os casos de Getúlio Vargas e Passo Fundo RS, 1967-2008”
Autor: Ingrid Pelissari Kravos
Orientador: Prof. Dr. Marcos Gerhardt
Banca: Rosimar Serena Siqueira Esquinsani (UPF), Samira Peruchi Moretto (UFFS)
Defesa: 16/09/2019
Resumo: No processo do estudo das instituições privadas que fornecem serviços a pessoas com deficiência, se deu a origem essa pesquisa, que aborda a história de duas entidades da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Getúlio Vargas – RS e de Passo Fundo – RS. Para isso, pesquisou-se a história das associações e com um recorte temporal que inicia no ano de fundação da APAE Passo Fundo, em 1967 e finaliza em 2008, em virtude da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Busca compreender as mudanças legais que ocorreram entre os anos de 1967 e 2008 e como tais modificações influenciaram no cotidiano das pessoas com deficiência. As fontes utilizadas na pesquisa englobam as publicações legais, documentação das entidades (livros de atas e acervo fotográfico) e pesquisa oral realizada com pessoas relacionadas ás de APAEs de Getúlio Vargas – RS e de Passo Fundo – RS, como familiares de alunos, membros da diretoria, funcionários e ex-funcionários. Essa pesquisa intercorreu na perspectiva da história regional com ênfase nas cidades sedes das associações. Por meio do estudo da história regional, busca-se reflexões de maior abrangência e a compreensão de processos históricos mais amplos. Assim, entende-se que o estudo da história do período proposto é significativo não apenas para a compreensão da história local, mas possibilita o entendimento de conjunturas que envolvem a história da educação do deficiente em âmbito nacional, pois traz inúmeros elementos que são representativos de processos históricos e contextos mais abrangentes. Neste contexto, percebemos que a assistência pública aos deficientes iniciou na década de 1990, abrangendo os investimentos das esferas federais, estaduais e municipais, resultando na consolidação da institucionalização da educação especial, fazendo que tais associações privadas, se constituíssem socialmente como o locus da deficiência e que as questões educacionais sobre a inclusão escolar ainda estão sendo pensadas, discutidas e organizadas pelos órgãos legais responsáveis.
321 – Título: “A trajetória política de Siegfried Emanuel Heuser (1950-1986)”
Autor: Gustavo Henrique Kunsler Guimarães
Orientador: Prof. Dr. Alessandro Batistella
Banca: Carla Brandalise (UFRGS), Adelar Heinsfeld (UPF)
Defesa: 27/09/2019
Resumo: A presente pesquisa tem por objetivo analisar a trajetória política de Siegfried Emanuel Heuser, considerando o espaço em que o mesmo esteve ativo politicamente. Nesse sentido, a dissertação insere-se dentro dos estudos que versam sobre História Política, com ênfase no estado do Rio Grande do Sul. Dentro da proposta, se estabelece como recorte cronológico o período de 1950 até 1969, quando teve seus direitos políticos cassados e 1979 até 1986, ano em que o político faleceu. Para viabilizar o estudo, foram utilizados os periódicos Diário de Notícias e Correio do Povo, de Porto Alegre, e Gazeta do Sul de Santa Cruz do Sul. Juntamente com fontes de imprensa, foram analisados anais da Assembleia Legislativa do estado do Rio Grande do Sul, referentes aos pronunciamentos do político, feitos em sessões plenárias das legislaturas em que esteve presente no legislativo (1951-1967). Além destas fontes, também se analisa os pronunciamentos, projetos de lei e proposições de Siegfried Heuser como deputado federal (1983-1986). Para a análise destas fontes e otimização do tempo de pesquisa, utiliza-se como método a análise de conteúdo, dentro de uma perspectiva quantitativa, a fim de organizar as informações, e qualitativa, no sentido de análise. Sob essa perspectiva, busca-se problematizar a passagem do político inicialmente pelo Partido Trabalhista Brasileiro e posteriormente pelo Movimento Democrático Brasileiro, onde atuou como Presidente da executiva estadual do partido até sua cassação, em 1969. É analisado também o retorno para mesmo MDB e migração para os quadros do Partido do Movimento Democrático Brasileiro. Para isso, analisa-se questões intrapartidárias, a construção do capital político de Siegfried Heuser e a relação deste com o eleitorado. Então, procura-se compreender as ações do mesmo problematizando seus pronunciamentos, projetos de lei apresentados e grupos beneficiados pelos mesmos, escolhas feitas no decorrer da trajetória política, contextualizando os posicionamentos dele dentro do campo político.
322 – Título: “CARTAS EM TEMPOS DE GUERRA: A REVOLUÇÃO FEDERALISTA NA CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA POR FLORIANO PEIXOTO (RS, SC, PR, 1893-1894)”
Autor: Waleska Sheila Gaspar
Orientador: Profa. Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Maria Medianeira Padoin (UFSM), Adelar Heinsfeld (UPF)
Defesa: 18/11/2019
Resumo: A Revolução Federalista, como ficou conhecida a guerra civil ocorrida entre os anos de 1893 a 1895 no Rio Grande do Sul, opôs federalistas e castilhistas na luta pelo poder do Estado e integra um dos episódios mais graves que a recém-proclamada República do Brasil teve de enfrentar. O conflito não ficou circunscrito ao estado sul-rio-grandense, alcançando seus estados vizinhos: Santa Catarina e Paraná. Isto posto, o presente estudo tem como objetivo analisar a Revolução a partir de um conjunto documental constituído pela correspondência passiva durante a revolta do então presidente da República Floriano Peixoto. Para tanto, optouse pela seleção das missivas correspondentes aos estados envolvidos diretamente com o conflito: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, a fim de compreender quais foram os influxos políticos decorrentes do conflito em sua perspectiva regional, bem como as relações estabelecidas com o governo federal nesse sentido. A análise e interpretação das cartas remete aos referenciais teórico-metodológicos que levam em consideração as peculiaridades da escrita epistolar, articulando a isso estudos que perpassam a identificação do documento enquanto portador de um discurso. Dessa forma, interessa entender a Revolução Federalista em seu contexto levando em consideração os desdobramentos desta nos estados sulinos em consonância com a atuação do governo federal na guerra, buscando caracterizar as ações, articulações políticas, interesses e ideias manifestadas na correspondência investigada. A análise das fontes aponta para a existência de uma trama estabelecida entre os indivíduos por meio das práticas e discursos presentes em suas correspondências e estas, além de revelarem as percepções, estratégias e dificuldades encontradas no decorrer da guerra, evidenciam os valores e ideais comuns compartilhados pelos sujeitos nesse contexto histórico em específico. Desse modo, este estudo contribui para a originalidade da pesquisa, visto que a investigação sistemática das fontes elencadas é algo ainda não apresentado em outros exames sobre a Revolução Federalista. Assim, considera-se que esse trabalho contribui significativamente para a historiografia acerca do conflito sulino e do cenário político que marcaram os primeiros anos da República brasileira.
323 – Título: ““TERRAS DE NEGRO”: CAMINHO ENTRE O DIREITO CONSUETUDINÁRIO E O DIREITO CONSTITUCIONAL SOBRE A PROPRIEDADE”
Autor: Áxsel Batistella de Oliveira
Orientador: Profa. Dra. Ironita Policarpo Machado
Banca: Ancelmo Schörner (Unicentro - Campus Irati), João Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 28/11/2019
Resumo: A história do povo negro no Brasil não é recente e, durante o processo histórico de sua constituição, ocorreram lutas, resistências e vivências que vieram a dar visibilidade e garantir direitos a esses sujeitos, que durante anos foram escravizados e estigmatizados pela sociedade da época, causando efeitos que vemos ainda nos dias de hoje. Assim, faz-se necessário discutir e analisar a questão referente ao direito ao acesso à terra para as comunidades quilombolas. Este trabalho busca discutir as dicotomias entre o direito consuetudinário e o direito jurídico acerca da propriedade da terra das comunidades remanescentes de quilombo no Rio Grande do Sul. Nesse sentido, procura-se contextualizar e analisar os litígios acerca da propriedade da terra referente aos remanescentes quilombolas, avaliando os processos administrativos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária e os processos Judiciais, além de entrecruzar com os dados fornecidos pela Fundação Cultural Palmares e pelo Incra. Dessa forma, contextualizase a formação das comunidades quilombolas com o território reconhecido no Rio Grande do Sul com base no processo de ocupação da terra pós-abolição. Ainda, compreende-se como o conceito de propriedade da terra é concebido e aplicado nos processos judiciais e administrativos do Incra e quais os conflitos em torno da terra, buscando ver quais são os sujeitos envolvidos e suas inter-relações. Busca-se, além do mais, estabelecer uma discussão entre o conceitual e o empírico sobre a territorialidade, a reterritorialização, a desterritorialização e a propriedade da terra dos povos remanescentes de quilombo no Rio Grande do Sul, utilizando os relatórios técnicos de Identificação e Delimitação para demonstrar a situação atual das comunidades e analisar as extensões dos territórios. Por fim, discute-se o que se configura por título coletivo e qual seria a função social da propriedade quilombola, além de analisar e problematizar as decorrências da titulação de terras pela determinação constitucional de preservação de patrimônio cultural.
324 – Título: “O extremo oeste de Santa Catarina e o sistema de integração na suinocultura: décadas de 1980 a 2010”
Autor: Clademir Trentini
Orientador: Prof. Dr. Marcos Gerhardt
Banca: Marlon Brandt (UFFS), João Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 06/12/2019
Resumo: A presente dissertação pesquisou os caminhos históricos percorridos pela suinocultura, da criação colonial de porcos ao processo de integração agroindustrial, iniciados antes dos anos 1980 e solidificada nas décadas posteriores, identificando como os agricultores/criadores que não faziam parte do sistema de integração aderiram ao processo de criar controlado por agroindústrias. Esse processo, que vinculou a agricultura familiar à agroindústria, foi estudado tendo como recorte temporal da década de 1980 à década de 2010, pois foi o período mais intenso de transformações. O recorte espacial, o Extremo Oeste de Santa Catarina, teve como referência os municípios de Mondaí, Itapiranga e arredores, espaço onde as mudanças envolveram pequenos agricultores. Ela utiliza como fontes de pesquisa os testemunhos orais de diversos produtores, documentos das empresas públicas de extensão rural e materiais disponíveis em museus comunitários. O processo acolheu, mas também excluiu muitos criadores. O sistema agroindustrial de criar serviu como um divisor da atividade suinícola no extremo oeste de Santa Catarina. As diferentes formas de atração dos criadores para a nova modalidade de criar interferiu na conjuntura socioeconômica constituída regionalmente. As agroindústrias trouxeram com elas novos animais, técnicas de criar, planejamento, reorganização produtiva e, consequentemente, a exclusão. O comerciante tradicional foi envolvido pelas agroindústrias ou, em outros casos, foi excluído do processo porque teve seu papel de intermediário da produção foi ocupado pela agroindústria. A produção foi direcionada para atender ao mercado consumidor e não as necessidades dos produtores. A dinâmica produtiva saiu do controle do agricultor e passou a ser controlada pela agroindústria e dificultou a vida do criador independente, que insistiu em permanecer trabalhando individualmente. Conclui que os argumentos e as estratégias utilizados para aproximar as agroindústrias dos criadores surtiram efeitos no decorrer de algumas décadas. Conclui, ainda, que esse processo envolveu e integrou produtor/ criador, sem que houvesse uma imposição.
325 – Título: “Arte do espaço, espaço da arte: fronteiras da land art (1967-1977)”
Autor: Ana Lúcia Guimarães
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombeta
Banca: Daniela Pinheiro Machado Kern (UFRGS), Jacqueline Ahlert (UPF)
Defesa: 16/12/2019
Resumo: Esse trabalho disserta sobre características da relação que se desenvolve durante as décadas de 1960 e 1970 entre a arte, especificamente das propostas da land art, o espaço e a natureza. Tomamos como ponto de partida a percepção das categorias arte e natureza enquanto construções culturais de um tempo e espaço determinados. O contexto dos anos 1960, marcado pelos abalos econômicos, políticos e geográficos do pós Segunda Guerra Mundial, das novas ameaças nucleares da Guerra Fria, da invasão tecnológica do cotidiano, da explosão de movimentos pelos direitos das mulheres, dos negros, dos estudantes, do meio ambiente, da crítica crescente às instituições, é propício para que a arte tome novos rumos formais e conceituais. Nesse contexto, nosso objetivo concentra-se em conceituar e contextualizar o desenvolvimento e as características da land art de 1967 a 1977 e a postura adotada pela arte contemporânea com relação ao seu entorno. Para tanto, construímos uma revisão bibliográfica a partir da posição de historiadores, filósofos, sociólogos, críticos de arte e artistas, apresentando propostas artísticas que reiterem de forma exemplar nossas discussões. A partir dessa revisão, percebe-se que os artistas da land art exploram a interconexão da arte com outros campos e/ou conceitos. Tendo o ímpeto de repensar a relação da arte com o meio, especialmente com o espaço (em seu caráter histórico, cultural e físico), por meio da reinvenção do ato escultural nele inserido, os artistas fazem uso de terrenos de grandes dimensões, muitas vezes afastados da intervenção humana. A arte procura na natureza não mais um molde a ser representado e aperfeiçoado pela técnica, mas um cenário interativo para suas provocações, que passam a ser muito mais intelectuais, deixando de lado a centralidade do objeto, da visão e da materialidade na arte. Em sua negação ao objeto e sua materialidade, apresentam ao público e ao mundo a arte, registros da existência de um ato/processo artístico, ocorridos em um tempo ou espaço que não aqueles de sua exposição. A fotografia assume de forma cada vez mais recorrente o lugar físico expositivo da obra de arte, colocando em questão o que é ou não considerado arte, expandindo as fronteiras desse conceito. Além desse questionamento técnico, por meio de nossas investigações, percebemos que a earth art é um convite à apreciação da natureza e a percepção do espaço enquanto parte das relações humanas. Nossa pesquisa, por sua vez, é um convite à compreensão dessas práticas artísticas enquanto parte do mundo cultural construído socialmente.
326 – Título: “Migrações, trajetórias, retornos: imigrantes brasileiros no Paraguai (1970-2018)”
Autor: Vanucia Gnoatto
Orientador: Profa. Dra. Rosane Marcia Neumann
Banca: Marcos Leandro Mondardo (UFGD), João Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 02/03/2020
Resumo: A dissertação analisa as trajetórias migratórias de famílias brasileiras ao Paraguai e o retorno ao Brasil, no período de 1970 a 2018, nos distritos de Santa Rita, Raul Peña, Naranjal e San Alberto, do departamento de Alto Paraná e nas cidades de Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu e Missal, no estado do Paraná, buscando perceber as redes criadas por esses sujeitos ao longo de suas migrações e as variantes ligadas a esses processos migratórios. A partir do estudo das trajetórias migratórias desses sujeitos, é possível afirmar que se trata de um contingente migratório fruto de múltiplas migrações internas no Brasil, acompanhando o avanço da fronteira agrícola, partindo das colônias velhas para as colônias novas no Rio Grande do Sul, avançando posteriormente ao oeste de Santa Catarina e Paraná para, enfim, ultrapassar a fronteira, instalando-se no leste do Paraguai. Outro contingente que se agregou a esse grupo é proveniente do nordeste e do sudeste do país, que partiram do norte do Paraná, instalando-se no mesmo local no Paraguai. O que une os dois grupos é a busca pelo acesso e propriedade da terra. O estudo busca localizar e identificar, em um primeiro momento, a presença de redes migratórias, sejam familiares ou sociais. Em um segundo momento, analisa a inserção e readaptação dos imigrantes brasileiros no local de chegada, via redes associativas e de sociabilidade, e a definição de um elemento de distinção pautado no uso da língua portuguesa. Ainda, a relação dos imigrantes brasileiros com a propriedade da terra e os conflitos agrários, somado ao avanço do agronegócio e uma expansão da fronteira agrícola. Como último ponto, discute-se a permanência do movimento migratório, por meio do retorno de brasileiros do Paraguai, reinstalando-se no oeste do estado do Paraná, as redes criadas por estes sujeitos que possibilitam a migração de retorno. O estudo permite afirmar que o avanço do agronegócio foi o fator central que impulsionou a emigração do Brasil ao Paraguai e, no momento, o mesmo processo está provocando em grande parte do retorno ao Brasil. Ainda, o retorno se dá pela busca de educação, saúde, previdência social, entre outros fatores. Em termos teórico-metodológicos, trata-se de um estudo dos movimentos migratórios contemporâneos a partir do uso da história oral. A tessitura do corpus documental da pesquisa constituiu-se de histórias de vidas, recolhidas entre os imigrantes brasileiros no Paraguai, e os retornados, situados na fronteira entre os dois países.
327 – Título: “IMIGRAÇÃO ALEMÃ E CONSTRUÇÃO DOS TEMPLOS RELIGIOSOS: As Igrejas Evangélicas de Confissão Luterana no Brasil, da Paróquia de Tapera/RS”
Autor: Tábara Varissa Petry
Orientador: Profa. Dra. Jacqueline Ahlert
Banca: Dra. Eloisa Helena Capovilla da Luz Ramos (Unisinos), Dra. Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 02/04/2020
Resumo: Entender o processo de substituição das igrejas construídas pelos primeiros colonizadores alemães pelas construções em alvenaria durante o século XX é o principal objetivo da presente pesquisa. Para tanto, usa-se como fonte de estudo a Paróquia da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), localizada na cidade de Tapera – no estado do Rio Grande do Sul. Compõe o escopo do estudo aferir se os princípios do período moderno influenciaram nesta substituição. Ao estabelecerem-se interfaces entre os estilos e técnicas construtivas e as narrativas obtidas através da história oral, expor-se-ão as transformações representadas no sistema construtivo desde sua chegada na região; far-se-á, então, a partir de um olhar histórico e arquitetônico, uma análise comparada das edificações, vistas tanto através dos métodos construtivos, estéticos e de pertencimento a estilos religiosos e suas características culturais, quanto através da adaptação dos grupos em um novo espaço e do processo de mutações decorrentes do contexto histórico que compreende o recorte temporal proposto. São levados em consideração nesta pesquisa os fatores e ações que influenciaram os (i)migrantes alemães luteranos a fazerem escolhas e assimilações de práticas e linguagens diversas daquelas que trouxeram em sua memória. Para analisar a arquitetura vigente dos templos protestantes destas comunidades é necessário seguir um percurso, conhecer os preceitos e diretrizes da religião e a formação da identidade cultural no âmbito de terras pouco conhecidas. Para isso, inicialmente, apresentar-se-ão aspectos da história do luteranismo, das questões de emigração/imigração/migração, seu processo de desenvolvimento e o perfil cultural e identitário dos sujeitos em tela. Nos demais capítulos, a intenção será a de trabalhar a análise arquitetônica técnica e estilística dos estudos de caso, que totalizam oito comunidades. O levantamento de dados sobre a formação das comunidades e construção das igrejas é adquirido por meio de fontes orais, atas e documentos, sendo as fotografias um recurso importante para a análise comparativa. Autores como Yi-Fu Tuan auxiliam para o entendimento da transição da linguagem arquitetônica e os usos do espaço, principalmente o religioso, que cria e consolida uma unidade social através de seu entorno. Os modos e as formas de construção são fontes latentes de representação identitária, como as construções em madeira, que são características do processo (i)migratório. Mais especificamente, perceber-se-á o percurso de transformação vista na arquitetura atual que nos mostra de que maneira a memória histórica, cultural e vernacular se sustenta, permanece ou é esquecida entre construções de mata-junta. Concluir-seá que, na região de estudo, a contribuição do sistema de construção em mata-junta é um símbolo (i)migratório, e, não obstante, constata-se característica não somente a uma etnia, mas, sim, uma forma construtiva própria das (i)migrações alemã, italiana e polonesa, que adaptaram um método simples a um material abundante de sua nova terra e o padronizaram em construções de diferentes usos, criando uma similaridade arquitetônica entre, por exemplo, igrejas e construções residenciais. Pelo seu baixo custo, tanto em material como em mão de obra, e pelas formas simples, este sistema construtivo torna-se popular em áreas interioranas, tendo expandindo aproximadamente até os anos 1980, período em que a madeira se torna material de custo elevado.
328 – Título: “A ATUAÇÃO DE DOM DANIEL HOSTIN NO PROCESSO DE RECATOLIZAÇÃO NO VALE DO RIO DO PEIXE (1930-1960)”
Autor: Roberto Carlos Rodrigues
Orientador: Profa. Dra. Gizele Zanotto
Banca: Dr. José Carlos Radin (UFFS), Dr. Adelar Heinsfeld (UPF
Defesa: 08/04/2020
Resumo: A presente dissertação tem como objetivo analisar como se deu o processo denominado “recatolização”, termo dado ao processo de restauração da Igreja Católica no Brasil, na primeira metade do século XX, que promove a sua reestruturação. Recatolização é o termo usado, nesta pesquisa, para conceituar o fenômeno em que os católicos praticantes do chamado “catolicismo popular” são chamados a praticar o “catolicismo romanizado”, que buscava o retorno ao conservadorismo tradicional tridentino e, com isso, promover o fortalecimento dos dogmas católicos contra as práticas do “catolicismo popular” e investidas doutrinárias das demais denominações religiosas. O enfoque do trabalho se deu na atuação do primeiro Bispo de Lages - Dom Daniel Hostin no processo de recatolização, entre os anos 1930-1960, na região da Diocese de Lages – SC. Por meio de várias estratégias, em comum com um programa de pleno alinhamento com a Igreja Universal Católica, Dom Daniel, através de estreitos laços com vários campos da sociedade do oeste catarinense e planalto serrano, buscou implantar e reformar o espírito católico. Para tanto, implementou leis e práticas religiosas, aumentando e incentivando, sobretudo, as devoções à eucaristia, o nacionalismo, a hierarquia católica e o amor e obediência ao Papa. A metodologia utilizada apoia-se em uma revisão bibliográfica em relação ao tema, na realização de pesquisa documental nas atas de visitas e cartas pastorais, comunicados e avisos diocesanos nos arquivos da Diocese de Lages, e, sobretudo, no Livro Tombo da Paróquia de Joaçaba –SC e em outros documentos oficiais da Igreja Católica que contemplaram a atuação de Dom Daniel no período proposto. Foram, ainda, consultados jornais e periódicos que abordam essa temática. O recorte temporal de 1930-1960 se fez necessário pela forte atuação do Bispo Dom Daniel no governo diocesano nesse período, que pôde ser considerado de suma importância para o avanço institucional da Igreja Católica na mesorregião Oeste Catarinense. Focaliza-se neste trabalho a relação Igreja e Estado, principalmente no período imperial; as relações de poder entre o clero e as elites locais da mesorregião Oeste Catarinense e Planalto Serrano, no período proposto pela pesquisa; a relação da hierarquia eclesiástica com os fiéis leigos; o poder simbólico, proposto por Bourdieu; a analogia do pêndulo, proposta por Ivan Manoel. A pretensão dessa pesquisa é contribuir na discussão sobre o processo de recatolização na região estudada, sem esgotar o assunto, servindo como instrumento para futuras pesquisas sobre essa temática.
329 - Título: QUEM É QUEM? A ELITE POLÍTICA PASSO-FUNDENSE (1945-1988)
Autor: Luiz Alfredo Fernando Lottermann
Orientador: Prof. Dr. Alessandro Batistella
Banca: Profa. Dra. Marluza Marques Harres (Unisinos) e Profa. Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 30/04/2020
Resumo: O presente trabalho analisa, através do método prosopográfico, a elite política do município de Passo Fundo entre os anos de 1945 e 1988. Para traçar o perfil coletivo da elite política municipal, são aferidas as idades, o gênero, as profissões, a etnia, a naturalidade e a formação superior dos prefeitos e vice-prefeitos, e dos vereadores eleitos e suplentes que assumiram o mandato na Câmara de Vereadores do município em algum momento das legislaturas. Como fontes, são utilizados os jornais Diário da Manhã e O Nacional, e a publicação Galeria de exvereadores de 1947 a 1988, além de documentos disponíveis no Arquivo Histórico Regional, na Câmara de Vereadores de Passo Fundo, na Prefeitura Municipal e dados disponibilizados pelo TRE-RS sobre as eleições no Rio Grande do Sul. Discute-se o processo de abertura política durante a crise que leva à queda do regime ditatorial do Estado Novo, comandado por Getúlio Vargas, e o surgimento do sistema pluripartidário, dos partidos políticos nacionais, e sua organização no Rio Grande do Sul e em Passo Fundo, entre os anos de 1945 e 1964. Bem como, após o golpe civil-militar de 1964, busca-se analisar o reordenamento da estrutura política do país durante a ditadura, os efeitos do Ato Institucional nº II no município e o surgimento do sistema bipartidário, que leva ao realinhamento das lideranças políticas locais em torno da ARENA, partido de sustentação do regime ditatorial, e do MDB, de oposição vigiada. Do mesmo modo, é abordado o processo de transição, a partir de 1979 e o restabelecimento da democracia ao final da ditadura militar iniciada em 1964. Trata-se também dos resultados eleitorais a nível nacional e estadual, nas cinco eleições ocorridas durante o período democrático e nos cinco pleitos que aconteceram durante ditadura militar, além disso o desempenho dos candidatos e forças políticas na disputa pelo poder e dos representantes locais nas esferas nacional e estadual.
330 - Título: CARTAS, FAVORES, FAMÍLIA E PODER: A TRAJETÓRIA E O EPISTOLÁRIO DE UM COMERCIANTE PORTUGUÊS NO RIO GRANDE DO SUL (1851-1916)
Autor: Djiovan Vinícius Carvalho
Orientadora: Profa. Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Prof. Dr. Paulo Roberto Staudt Moreira (Unisinos) e Profa. Dra. Gizele Zanotto (UPF)
Data Defesa: 30/07/2020
Resumo: A renovação historiográfica ocorrida no Brasil, a partir da década de 1980, alicerçada na inserção de novas possibilidades teóricas, metodológicas e a utilização de diversificadas fontes históricas, juntamente com a “reinserção” dos indivíduos na história, permitiu a ampliação dos estudos biográficos, muitas vezes, a partir de seus documentos pessoais. Portanto, esta pesquisa propõe-se a acompanhar o “fazer-se” de um indivíduo específico, seguindo o conjunto de ações desempenhadas por ele, visando compreender sua inserção social, práticas relacionais e aspirações, a partir de correspondências preservadas em seu epistolário. Trata-se do comerciante português Antonio da Silva Vasconcellos, que imigrou em 1850, fixando residência, inicialmente, no Rio de Janeiro. Dez anos depois, Vasconcellos migrou para a Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, residindo e construindo vínculos sociais, sobretudo, nas cidades de São Gabriel e São Vicente. Assim, objetivou-se compreender certas práticas sociais, de ordem econômica, política e social, no interior do Rio Grande do Sul, a partir da construção de redes e vínculos e da ascensão ou manutenção de posições sociais, por meio do levantamento, leitura e análise de seu epistolário pessoal, examinando as missivas qualitativa e quantitativamente, juntamente ao cotejo de outras fontes documentais. O estudo buscou reconstituir a história de vida de Vasconcellos e, consequentemente, parte do tecido social no qual ele estava inserido. Dessa maneira, constatou-se que as cartas pessoais se configuram como fontes privilegiadas por reunirem informações que permitem a compreensão de determinados contextos históricos, por meio da leitura da troca de favores, pactos e relacionamentos, profissionais e afetivos, entre diversos indivíduos, sendo a escrita epistolar uma prática eminentemente relacional. Ademais, concluiu-se que o comerciante português Antonio da Silva Vasconcellos, manejou, ao longo da vida, estratégias para ascender social, econômica e politicamente, utilizando-se de recursos e contatos para seu favorecimento e diferenciando-se de seus contemporâneos por ter tido parte de seu cotidiano preservado em suas correspondências.
331 - Título: Muito além de Leonel Brizola: a encampação e a desapropriação da AMFORP em Porto Alegre (1959)
Autora: Lauren dos Reis Bastos
Orientadora: Profa. Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Prof. Dr. Cláudia Musa Fay (PUCRS) e Prof. Dr. Felipe Cittolin Abal (UPF)
Data Defesa: 06/08/2020
Resumo: Essa dissertação tem como objetivo estudar as circunstâncias que envolveram a encampação e a desapropriação da American & Foreign Power Company (AMFORP), ocorrida em 1959, através da perspectiva entregue pela fonte judicial do processo 7606, que tramitou no Foro Central de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A AMFORP era uma companhia concessionária de energia elétrica radicada nos Estados Unidos, que veio a se instalar no Brasil em 1927 e no estado sul-rio-grandense em 1928, gerando e distribuindo energia para a capital. Durante o período que desenvolveu sua atividade empresarial, a companhia foi acumulando atritos com políticos, industriários e demais consumidores, tendo sua atuação questionada a partir de 1939, quando o prefeito Loureiro da Silva manifestou insatisfação com as cláusulas contratuais firmadas para a concessão. Contudo, a questão somente ganhou desenlace no governo estadual de Leonel Brizola, a quem ficou associada a iniciativa de encampação quando, em realidade, a mobilização para retomada do serviço foi anterior. Objetiva-se agregar diversa perspectiva aos estudos existentes sobre o tema, a qual consiste em trazer para o cenário dos acontecimentos o que se desenrolou no âmbito do Direito, a partir da análise da fonte judicial. Nesse sentido, o estudo aborda a precedência da companhia estadunidense, suas características de origem e estratégias elaboradas para expansão e investimento internacional, que em conjunto com as idiossincrasias nacionais, permitiram-na transformar o incipiente mercado brasileiro em um dos seus negócios mais rentáveis. Igualmente, apresenta as características contratuais e estatutárias que a firmaram em Porto Alegre, bem como os efeitos que a lei brasileira teve na atividade da companhia. O contexto histórico no qual se desenrola a encampação remete ao antagonismo entre duas propostas de poder, a saber o nacionalismo e o imperialismo. As fontes utilizadas na pesquisa conduzem ao processo n° 7606 para a desapropriação dos bens da companhia, depositado no Memorial do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, muito embora seu local de guarda seja o Arquivo Central desse mesmo órgão. Essa é a fonte principal que dá o substrato para a análise da encampação, contrapondo a reprodução da narrativa de Leonel Brizola e revelando questões fundamentais para a compreensão da desapropriação da companhia estadunidense. A fim de articular os elementos de História e Direito presentes na dissertação, elegeu-se com método uma abordagem hermenêutica e qualitativa, que desvelará os aspectos relacionados à indenização, aos argumentos da defesa, recursos, provas e os contrastes entre as decisões produzidas nos gabinetes. A partir de uma interpretação sistêmica, onde foram incluídas as legislações, o cenário político e o crescente discurso anti-imperialista, foi possível atingir o resultado que revelou as especificidades existentes na encampação e desapropriação da AMFORP, bem como sua trajetória nos trinta anos de atividade em Porto Alegre.
332 - Título: OS KAINGANG DE CACIQUE DOBLE E A POLÍTICA INDIGENISTA DO SERVIÇO DE PROTEÇÃO AOS ÍNDIOS: TRABALHO, EDUCAÇÃO E INTEGRAÇÃO (1941-1967)
Autor: Alex Antonio Vanin
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Humberto José da Rocha (UFFS) e Profa. Dra. Rosane Márcia Neumann (UPF)
Data Defesa: 03/09/2020
Resumo: O presente estudo visa contemplar, como tema principal, a política indigenista do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) aplicada durante o período de 1941 a 1967, em uma experiência específica de sua implementação entre os Kaingang do Posto Indígena de Cacique Doble, este localizado numa porção territorial que compreende, atualmente, parte das regiões Norte e Nordeste do estado do Rio Grande do Sul. O problema de pesquisa está centrado em compreender os desdobramentos dessa política em torno das alterações decorrentes de sua implementação entre os Kaingang de Cacique Doble, especificamente nos âmbitos das relações sociais, de trabalho, de produção e de relacionamento com a terra e os conflitos que compuseram essa realidade. A fontes utilizadas são compostas principalmente pela documentação do SPI referente ao Posto Indígena de Cacique Doble, fontes bibliográficas acerca da região onde esteve inserido, bem como documentos institucionais do órgão federal e dos ministérios ao qual esteve subordinado. Intenta-se compreender os aspectos da estruturação do projeto de integração indígena, nesse período em que os objetivos da ação indigenista são reorientados e adquirem feições correspondentes às mudanças que ocorrem no desenvolvimento da produção econômica nacional, com a adoção do desenvolvimentismo como modelo de crescimento econômico. O SPI torna-se o condutor dessa nova orientação econômica, que se materializou na ação indigenista através do objetivo de formação de trabalhadores rurais produtivos. Em torno disso, a ação do SPI buscou fixar o Kaingang à terra e delimitar sua territorialidade ao espaço definido pelo órgão federal, com vistas de elevá-lo à condição pretendida de trabalhador rural, passível de alcançar sua emancipação da tutela estatal. Em simultâneo, intentou-se integrar os indígenas a partir da introdução de um sistema educacional que visou a nacionalização dos Kaingang por meio da sobreposição de sua língua vernácula, de costumes e pela inserção de ritualizações voltadas ao culto à nação. Portanto, o SPI, no que concerne às práticas aplicadas no Posto Indígena de Cacique Doble, buscou redefinir a organização social e espacial indígena através do trabalho e da educação, instituindo para ambas as frentes uma disciplinarização rígida pautada em um regime de punições, que, contudo, antes que ser aceito passivamente pelos Kaingang, enfrentou a resistência indígena a esses processos integrativos.
333 - Título: A GUERRA E A CONSTRUÇÃO DOS INIMIGOS DO OCIDENTE NAS FRANQUIAS DE JOGOS DIGITAIS: BATTLEFIELD, CALL OF DUTY E MEDAL OF HONOR (2007-2012)
Autor: Ruggiero Moreira
Orientador: Prof. Dr. Felipe Cittolin Abal
Banca: Prof. Dr. Luís Carlos dos Passos Martins (PUCRS) e Profa. Dra. Jacqueline Ahlert (UPF)
Data Defesa: 04/09/2020
Resumo: No final do século XX foi possível observar o nascimento dos jogos digitais, uma mídia caracterizada pela interatividade entre o aparelho e o operador, relação traduzida pelo conceito de jogabilidade. Com sua vasta diversidade de gêneros e mecânicas, os jogos digitais conquistaram cada vez mais espaço na sociedade ocidental, fator que se torna perceptível a partir do início do século XXI com o grande crescimento da indústria dos jogos digitais, que se consolidaram como um produto que carrega valor econômico e simbólico. Para analisar os jogos digitais, é necessário compreendê-los como produtos que carregam uma duplicidade inerente a eles, são “jogos” inseridos na mídia de comunicação de massa. Logo, temos de analisa-los em um primeiro momento como jogos, observando sua construção cultural e os conceitos relacionados a este fenômeno, em um segundo momento, temos de compreender como eles estão inseridos no mercado mundial de comunicação de massa como uma mídia que utiliza os seus recursos (áudio, visual e interatividade) para a construção de suas narrativas. Entre as diversas categorias de jogos, uma das que irá se destacar no mercado será a dos First Person Shooters (FPS). Voltados para a temática de guerra, os FPS, desde seus primórdios, utilizaram eventos e conceitos históricos como pano de fundo de seus jogos, sendo recorrente a utilização da Segunda Guerra Mundial como um dos principais temas das suas narrativas. Um fator que é de suma importância para o sucesso dos jogos que utilizam a Segunda Guerra Mundial como temática, é o fato da construção de “mocinhos” e “bandidos” nas representações. A partir do início de 2002 até 2015, o mercado de videogames, vislumbrou um crescente lançamento de jogos com temáticas que tinham como pano de fundo a guerra no século XXI, também chamada de “guerra moderna”. Tal mudança de paradigma se deu após os atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 e a declaração da “Guerra ao Terror” pelos Estados Unidos da América. Como um produto cultural, os jogos digitais, constroem suas representações pela e para a sociedade a qual estão inseridos, assim, a visão da “guerra moderna” e dos “novos inimigos do Ocidente” se dá através de uma visão ocidental e de um produto criado por ela. Pretendemos, portanto, compreender de que forma os jogos das franquias Call of Duty, Battlefield e Medal of Honor constroem a imagem sobre a guerra no século XXI e seus agentes tanto as “forças do ocidente” quanto seus inimigos.
334 - Título: A atuação dos bombeiros na Guerra dos Farrapos (1835-1845): agentes de informação e redes de espionagem
Autora: Santa Giovana Mendes Giordani
Orientador: Prof. Dr. Alessandro Batistella
Banca: Prof. Dr. José Iran Ribeiro (UFSM) e Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin (UPF)
Data Defesa: 25/09/2020
Resumo: A presente pesquisa se destina a tratar das atividades desenvolvidas pelos agentes de informação durante a Guerra dos Farrapos no período de 1835-1845. Sendo assim, o espaço de estudo será a Província de Rio Grande de São Pedro, criada em 28 de fevereiro de 1821. Estes agentes de informação são denominados de espias, bombeiros e vaqueanos. Que durante toda a guerra, operacionalizaram-se numa rede de espionagem que ocupou todo o conflito. Ao longo de quase dez anos de guerra, as duas forças divergentes, deslocaram uma rede de agentes sobre os principais pontos da província. Os rebeldes foram os primeiros a montar uma rede de espionagem no sentido de mover-se em campo aberto. Com o tempo, os imperiais passaram a trabalhar com essa estratégia de guerra. Os informantes atuavam em localidades satélites e estrategicamente localizadas. Eram incumbidos de informar os oficiais e demais comandantes acerca dos preparativos militares desenvolvidos na província. Esses agentes informavam as posições exatas das forças inimigas, os preparativos militares, além de, quando possível, as futuras movimentações. Infiltravam-se algumas vezes, no corpo do exército inimigo e suas informações facilitavam as previsões ofensivas e defensivas, lançando patrulhas de reconhecimento e observação. Desta forma, tais agentes de informação tiveram papel importante para as estratégia militares, tanto dos farrapos quanto dos imperiais. Devemos considerar que e em tempos de guerra a rede de espionagem aumentava, e com isso a confidencialidade das atividades desenvolvidas pelos agentes de informação. Assim sendo, lidamos com a natureza discreta dessa atividade, sendo ela essencial, para estabelecer as relações de reciprocidade e confiança entre comandante e comandado. Tais relações instituídas na província expressam as hierarquias sociais e as relações de poder da sociedade sulina. Contudo e de forma geral a função dos espiões, era a de coleta e repasse de informações, informações estas que deveriam chegar de forma modesta e confiável às autoridades superiores e das quais pretendemos mapear.
335 - Título: HISTÓRIA, IMPACTOS E RUPTURAS: O USO COMERCIAL NAS EDIFICAÇÕES DA REGIÃO CENTRAL DE CRUZ ALTA (1970-2020)
Autora: Monique Villani
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Banca: Profa. Dra. Eloisa Helena Capovilla da Luz Ramos (Unisinos) e Profa. Dra. Jacqueline Ahlert (UPF)
Data Defesa: 09/11/2020
Resumo: O trabalho discorre sobre um conjunto de quatro vias da Rua Pinheiro Machado, na cidade de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul. Situado entre as Praças General Firmino de Paula e Érico Veríssimo, é um espaço de importância histórica e social para a cidade por ser uma das primeiras ruas a compor sua malha urbana. Ao longo dos anos, passou por transformações em seus aspectos espaciais, devido às intervenções realizadas nas edificações para o desenvolvimento de práticas comerciais. O trabalho tem o intuito de fortalecer o diálogo e avaliar os conflitos dessa relação entre espaço, arquitetura, intervenções, identidade e memória. Apresentam-se caracteres históricos, políticos e urbanísticos que, de modo geral, esclarecem a composição desse espaço e de sua paisagem urbana, adotando-se uma postura plástica visual. A problemática se encontra na forma como as intervenções arquitetônicas externas, as mídias e as propagandas são aplicadas às edificações como consequência da comercialização intensiva no local. Isso faz com que se sobressaiam às construções e acabem por dar uma identidade desconhecida a esse espaço, o que se reflete na memória urbana. A pesquisa também transcorre brevemente sobre a história de Cruz Alta, o desenvolvimento de sua morfologia, lugares e elementos identitários, assim como alguns dos principais estilos arquitetônicos presentes nas edificações do centro da cidade e entorno. Também avalia como tais espaços são dominados pela especulação imobiliária e pela alta comercialização. A fundamentação teórica tem base em autores como Rossi (1998) e Jacobs (2000), abordando a utilização das áreas urbanas e as transformações ocorridas nas cidades no que diz respeito ao espaço e à memória. Carlos (2007) retrata a cidade como espaço a explorar, visando ao capital financeiro, ao comércio e à economia, quando esses passam a ser fatores dominantes. Cavalari (2011) retrata a história de Cruz Alta e alguns de seus elementos identitários como base de sua formação histórica. Complementando as fontes de pesquisa, alguns periódicos, artigos e trabalhos acadêmicos foram abordados. No que se refere à área em estudo, foram realizados levantamentos técnicos, descrições e observações. O espaço apresenta um misto de elementos em sua composição - fatores históricos, sociais, culturais, econômicos, arquitetônicos -, que fazem com que tenha uma identidade única. Destaca-se sua transformação ao longo dos anos e sua resiliência às ações impostas ao espaço. Mesmo que algumas de suas características essenciais tenham sido alteradas, permanece sua grande representação identitária para a cidade de Cruz Alta, motivo do reconhecimento de seu papel social.
336 - Título: As transformações socioambientais provocadas pela modernização da agricultura no norte do Rio Grande do Sul: 1960-1990
Autor: Marcos Paulo de Oliveira Junior
Orientador: Prof. Dr. Marcos Gerhardt
Banca: Prof. Dr. Miguel Mundstock Xavier de Carvalho (UFFS) e Prof. Dr. Jaime Martinez (UPF)
Data Defesa: 03/12/2020
Resumo: O processo de modernização da agricultura na região recortada para estudo intensificou-se a partir da década de 1960 com a forte intervenção do Estado e a adoção de um pacote tecnológico disseminado em algumas partes do mundo. Com os créditos rurais subsidiados, incentivos econômicos e investimentos em estrutura e transportes, a região passou a ganhar notoriedade em razão do desenvolvimento agrícola. Ao longo desse processo, perceberam-se diversos impactos ambientais relacionados à desmatamento, à degradação e à contaminação do solo, dos recursos hídricos e do ar. Também se observaram impactos socioeconômicos, tais como o êxodo rural, a diminuição da oferta de emprego no campo, o aprofundamento das desigualdades sociais, o crescimento descontrolado das cidades, o desenvolvimento da economia e dos municípios, dentre outros. Nesse contexto, o presente trabalho procura entender quais são os impactos ambientais e socioeconômicos mais significativamente relacionados com a expansão da modernização da agricultura. A pesquisa busca compreender as transformações socioambientais, introduzidas pela modernização da agricultura no Norte do Rio Grande do Sul, onde atualmente se encontram os municípios de Carazinho e Não-MeToque. Esse recorte regional está articulado com o processo global de transformações da agricultura e precisa ser compreendido nesse contexto. O recorte temporal começa um pouco antes do auge da modernização da agricultura na região, que ocorreu por volta de 1960 e se estendeu até os anos de 1990. A pesquisa emprega os referenciais conceituais e metodológicos da História Ambiental e utiliza como fontes: mapas de agrimensores, material iconográfico, jornais e também fontes orais, tais como: testemunhos de engenheiros agrônomos, madeireiros e agricultores que vivenciaram tal processo de modernização da agricultura. Conclui-se, preliminarmente, que as principais mudanças socioambientais foram o desmatamento para abertura de novas áreas agrícolas e a contaminação do meio ambiente pelo uso de agroquímicos, êxodo rural entre outros. Nessa perspectiva, percebe-se que, por um lado, a modernização agrícola que gerou crescimento econômico, renda, melhorias estruturais e desenvolvimento não impediu, por outro, a geração de impactos ambientais significativos para a região em estudo.
337 - Título: ESTÂNCIA DE SÃO BORJA: A pecuária de um povo de índios missioneiros
Autor: Tiara Cristiana Pimentel dos Santos
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin
Coorientador: Dr. Diego Bracco (Coorientador - Udelar)
Banca: Dr. Ronaldo Bernardino Colvero (Unipampa - São Borja), Dra. Jacqueline Ahlert (UPF)
Data Defesa: 05/02/2021
Resumo: A presente pesquisa aborda a história da formação da estância missioneira de São Borja da banda oriental do rio Uruguai e, respectivamente, os povos que se faziam presentes tanto na redução quanto na estância. Também aborda o contexto histórico e social em que a estância se encontrava perante o núcleo de povoamento, mostrando a convivência famíliar nesse espaço, que, além da redução de São Borja, conta com a extensão familiar da redução de Jesus Maria dos Guenoas, mostrando a relação social entre dois povos distintos. Sendo assim, tornou-se necessária uma compreensão anterior ao período de fundação reducional, que entendemos como segunda fase das reduções da banda oriental do rio Uruguai, buscando contextualizar elementos particulares para expressar um complexo global, em que tanto a redução quanto a estância de São Borja estavam inseridas, dentro do território das missões jesuíticas. Assim, desdobra-se a conjuntura de um meio que se equilibrava entre a subsistência e os lucros, nos séculos XVII e XVIII, em que as estâncias missioneiras estavam inseridas. Dessa forma, procura-se entender os agentes participantes da criação dos gados (vacum, cavalar, caprino, equino) e do afloramento da Vacaria do Mar, bem como sua importância para o desenvolvimento socioeconômico das reduções jesuíticas e dos povos não reduzidos (charruas, minuanosguenoas e yarós) no território missioneiro. Isso inclui as diversas etnias, demonstrando a participação efetiva dos povos originários que se faziam presentes no trabalho com o gado bovino na estância de São Borja. Além dos já citados charruas, minuanos-guenos e yarós, havia os guaranis reduzidos, que asseguravam a subsistência das reduções com a captura do gado alçado nas vacarias. Dessa maneira, esta pesquisa busca interpretar como se dava a distribuição dos espaços das estâncias para a redução e qual é a importância social, política e econômica desses territórios para a redução de São Borja, pois, com isto, poderemos entender o motivo da cobiça, tanto de colonos portugueses quanto de espanhóis, diante da possibilidade de lucros com o mercado europeu.
338 - Título: Projeto desenvolvimentista, propriedade da terra e produção agrícola no norte do RS (1930-1945)
Autor: Vitória Comiran
Orientador: Profa. Dra. Ironita Policarpo Machado
Banca: Dr. Humberto José da Rocha (UFFS/Chapecó), Dr. João Carlos Tedesco (UPF)
Data Defesa: 22/02/2021
Resumo: O mundo agrícola sempre foi importante para a constituição da história do Brasil. Em diferentes períodos representou como a situação política e econômica do país estava estruturada. Assim, conhecer e interpretar a organização do mundo agrícola em um espaço e temporalidade específico diz muito da história regional e nacional, das políticas de estado, das conjunturas socioeconômicas e políticas de seus protagonistas. Nesse sentido, este trabalho busca discutir as repercussões da política socioeconômica do governo Vargas (1930-1945), denominada desenvolvimentista, no mundo agrícola do norte do Rio Grande do Sul. A pesquisa desenvolveu-se através da leitura de documentos da Comissão de Terras e Colonização de Passo Fundo, como: correspondências expedidas e recebidas; ofícios expedidos e recebidos; guias de recolhimento da dívida colonial; fichas de requerimento; registros de títulos; registros de concessões de lotes; protocolos de requerimento, documentos de despesas e da Diretoria de Agricultura. Analisa-se a ação da referida Comissão e Diretoria, principalmente, ao que se alude à propriedade da terra e à produção agrícola. Essas questões importantes ao mundo agrícola dizem respeito à experiência concreta do projeto socioeconômico desenvolvimentista do governo varguista. O estudo discute a estruturação da propriedade da terra no norte do Rio Grande do Sul nas décadas de 1930-1945, identificando as práticas relacionadas ao mundo agrícola e seus atores, as possibilidades e os limites do projeto desenvolvimentista ao que se refere à produção agrícola e suas variáveis. Para realizar a pesquisa, primeiramente procura-se contextualizar o período da Era Vargas, o projeto socioeconômico e suas bases: nacionalismo; industrialização; intervencionismo pró-crescimento. Além disso, discute-se o mundo agrícola no norte no estado e as ações modernizadoras inseridas a partir de 1930 pelo governo varguista e que foram colocadas em prática pela Comissão de Terras e Colonização de Passo Fundo, órgão do Estado. Sua atuação reflete, assim, o processo de ocupação, apropriação de novas terras e a capitalização da propriedade da terra no norte do RS.
339 - Título: “Eu Sei Tudo”: Representações das mulheres no contexto inicial do movimento feminista no Brasil (1918-1939)
Autor: Marília Guaragni de Almeida
Orientador: Profa. Dra. Jacqueline Ahlert
Banca: Dra. Marlise Regina Meyrer (PUCRS), Dr. Gerson Luís Trombetta (UPF)
Data Defesa: 25/03/2021
Resumo: A proposta deste trabalho é analisar as menções aos princípios feministas – no âmbito das reinvindicações da Primeira Onda Feminista –, e a ambivalência do discurso, expresso na manutenção do status quo dos papéis femininos, dentro da revista “Eu Sei Tudo”, entre os anos de 1918 e 1939, compreendendo o período Entreguerras. Apesar do descompasso temporal entre a publicação do magazine e o surgimento da Primeira Onda Feminista, ainda em meados do século XIX, consideram-se as publicações em termos dos assuntos pautados pelo movimento, tais a igualdade jurídica, o direito ao voto e o acesso à educação e às profissões liberais. Para tanto, foram analisadas 252 edições da revista, sendo doze edições por ano, ao final de 21 anos. O magazine em estudo foi lançado em junho de 1917, impresso pela Companhia Editora Americana S. A. sediada na então capital do Brasil, Rio de Janeiro. A linha editorial da revista buscava enfatizar assuntos nacionais e internacionais, tecnologias, inovações, literatura, entre outros; cada edição contava com cerca de 100 páginas. Para além da análise de conteúdo, o estudo problematiza os avanços e retrocessos dos ideais feministas na imprensa, ampliando as discussões dentro da área de gênero e feminismo, de um contexto no qual se introduzia algumas noções novas e bastante questionadas pela sociedade patriarcal e seus estigmas. Nesta perspectiva, a dissertação insere-se dentro dos estudos que versam sobre História das Mulheres, com ênfase no feminismo, através da compreensão da representação da mulher em um periódico de grande circulação. Juntamente com as informações de imprensa, foram analisadas as revistas que antecederam a criação do magazine, “Eu Sei Tudo”, além o contexto social, econômico e familiar da época. Para a análise destas fontes e otimização do tempo de pesquisa, utiliza-se como método a análise de conteúdo, dentro de uma perspectiva quantitativa e qualitativa, a fim de organizar as informações no sentido de arguição para o problema da veiculação de informações a respeito do movimento feminista dentro da revista, como meio de propagação das ideias de igualdade de gênero, e coexistência dos ideais patriarcais, de subalternidade feminina. Dentre os resultados se constatou que o feminino e o feminismo se confrontavam em algumas publicações, até mesmo em uma mesma página, gerando insegurança nas conquistas do movimento feminista. Desta forma, observou-se a continuação da reprodução do status quo presente nos anos anteriores, como também nas revistas antecessoras a “Eu Sei Tudo”. O trabalho aqui apresentado serve como meio de indagação dos avanços feministas dentro de um almanaque informativo, como instrumento de análise da sociedade do período do Entreguerras, perpassado pela História das Mulheres e consequências para estudos de gênero.
340 - Título: A FORMAÇÃO DE “BONS CRISTÃOS E VIRTUOSOS CIDADÃOS”: ATUAÇÃO DOS IRMÃOS MARISTAS EM PASSO FUNDO (1929-1950)
Autor: Natália Carla Vanelli
Orientador: Profa. Dra. Gizele Zanotto
Banca: Dra. Claricia Otto (UFSC), Dr. Gerson Luís Trombetta (UPF)
Data Defesa: 25/03/2021
Resumo: A dissertação analisa a atuação da Congregação dos Irmãos Maristas na Cidade de Passo Fundo, através do Colégio Marista Nossa Senhora da Conceição durante os anos de 1929 a 1950. A Congregação dos Irmãos Maristas surge na França em 1816 com o objetivo difundir a fé católica em ambientes formativos. Seus membros encontram na educação um modo realizar essa tarefa, através da evangelização. Com sua consolidação na Europa, a evangelização foi expandida, também também a outros continentes. No Brasil, durante período de transição do Império brasileiro para a República (1899), o país possuía um número muito baixo de dioceses, cada uma delas com escassos sacerdotes. Frente ao contexto de laicização estatal, as autoridades eclesiásticas brasileiras empenham-se na fortificação de um catolicismo mais sólido e profundo no país, sendo o campo educacional um espaço estratégico para os novos objetivos estabelecidos pela Igreja Católica. Nesse sentido ocorre o convite para a Congregação dos Irmãos Maristas assumirem o papel educacional em municípios brasileiros. O método de ensino adotado pelos irmãos era de modelo confessional (colégios que educavam em modelo de internato e externato masculinos (até 1960), cada um deles possuindo diferenças em suas metodologias, mas propostas e objetivos semelhantes) onde, além de tentar realizar a normatização e adequação social de seus estudantes, catequizavam e induziam a fé católica. A análise abordará como categoria norteadora o Instituto de ensino como uma Instituição Total (pelo aporte teórico de Goffman, Benelli e Foucault) trazendo como foco o modelo de internato oferecido aos estudantes no Colégio Marista Nossa Senhora da Conceição de Passo Fundo. Apontam-se a presença dessa instituição e sua importância para a construção da personalidade e do caráter dos estudantes, bem como seus métodos rígidos de implementar a disciplina, conceituando Silvio José Benelli e Michel Foucault, a fim de normatizar e preparar seu público interno para a sociedade do período. Com base em análise de documentação institucional da Congregação Marista, imagens, fontes de periódicos e outras fontes, o trabalho evidencia o investimento marista na formação de “bons cidadãos” e “bons católicos” e os esforços pela disciplinarização, catequização, gestão do tempo e atividades dos internos em um ambiente controlado.
341 - Título: Da Constituinte ao Plebiscito: discussões e representações sobre formas e sistemas de governo nas revistas Manchete e Veja (1987-1993)
Autor: Roberto Biluczyk
Orientador: Prof. Dr. Alessandro Batistella
Banca: Dr. Reinaldo Lindolfo Lohn (Udesc), Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 09/04/2021
Resumo: O presente trabalho busca analisar os desdobramentos do debate sobre formas e sistemas de governo, mobilizado a partir de 1987, com a instalação da Assembleia Nacional Constituinte, e concluído em 1993, quando foi realizado um plebiscito voltado à deliberação dos temas. A apreciação do panorama político se efetuará, considerando a cobertura dos assuntos pelas revistas Manchete (1952-2000) e Veja (1968-presente), dois importantes veículos da imprensa brasileira, com grande circulação e popularidade no contexto. Manchete, da Bloch Editores, foi concebida como um semanário ilustrado, direcionado ao entretenimento. Com o tempo, a revista adquiriu outras características, passando a abranger acontecimentos políticos nacionais e internacionais. Por outro lado, Veja, da Editora Abril, desde seus primórdios, atentou-se aos tópicos políticos, ampliando suas pautas à medida que se consolidava no mercado comunicacional. Os sistemas de governo, ou seja, o parlamentarismo e o presidencialismo, foram alvos de disputas entre deputados federais e senadores componentes da Constituinte, os quais apresentavam diferentes entendimentos sobre os conceitos administrativos. Assim sendo, as discussões entre aqueles que sugeriam a divisão de poderes de mando entre um presidente e um primeiro-ministro e outros que preferiam manter as principais decisões nas mãos de um único líder, recrudesceram. Paralelamente, o deputado Antônio Henrique Bittencourt Cunha Bueno (PDS-SP), em conjunto com movimentos fundamentados na sociedade, visava restabelecer a monarquia como forma de governo do Brasil, ofertando críticas contundentes à república, instalada em 1889 em substituição ao antigo estatuto político monárquico, desenvolvido após a emancipação nacional. Uma eleição da natureza do Plebiscito sobre a Forma e o Sistema de Governo não era algo muito convencional no país. Os debates emergentes desse cenário envolveram o interesse de grupos diretamente preocupados com a mudança ou a manutenção do modelo vigente, configurando-se como um conflito atípico e distante do conhecimento do eleitor, convocado a decidir nas urnas sobre a contenda em 21 de abril de 1993.
342 - Título: POLÍTICAS, AÇÕES E OLHARES SOBRE OS PATRIMÔNIOS DE GUAPORÉ, RS (1970-2020)
Autor: Renan Pezzi
Orientador: Prof. Dr. Marcos Gerhardt
Banca: Dra. Mirian Carbonera (Unochapecó/UFFS), Dra. Gizele Zanotto (UPF)
Data Defesa: 27/04/2021
Resumo: A dissertação se enquadra na categoria de estudos sobre patrimônio e cultura e está voltada para a história e a preservação de locais que possuem um determinado valor material e/ou emocional para os indivíduos que convivem com eles. A dissertação discute a preservação do patrimônio, analisa as políticas públicas preservacionistas adotadas no município e faz um levantamento do patrimônio cultural e ambiental no município de Guaporé, no Rio Grande do Sul. O recorte temporal inicia em 1979, quando foram lançados os primeiros decretos municipais de salvaguarda do patrimônio cultural e avança até os dias atuais, ou seja, o ano de 2020, período delimitado a partir das fontes de pesquisa utilizadas. Têm como objetivos avaliar as políticas e ações públicas referentes a preservação patrimonial de Guaporé e a percepção dos guaporenses em relação ao município, o que pode ser um dos pontos para compreender quais patrimônios são significativos para a população de Guaporé. A dissertação parte do seguinte problema de pesquisa: quais são os patrimônios culturais e ambientais reconhecidos pela população e autoridades em Guaporé? Utiliza como fontes de pesquisa os jornais, O Nacional e Diário da Manhã, de Passo Fundo; O Correio do Povo e Zero Hora, de Porto Alegre; Tribuna da Serra e O Informativo Regional, de Guaporé e fotografias. disponíveis em acervos particulares de famílias e no Arquivo e Museu Histórico Municipal de Guaporé. Utiliza, ainda, como fontes de pesquisa, a legislação, documentos oficiais dos poderes legislativo e executivo municipais e testemunhos orais coletados por meio de entrevistas. A dissertação conclui que Guaporé é uma um município que detém importante patrimônio cultural e ambiental, que desenvolveu políticas públicas e práticas de proteção desse patrimônio e de educação patrimonial e foram insuficientes para assegurar a sua conservação, pois parte dele perdeu-se nas últimas décadas, a conservação existe apenas em alguns representantes dos grupos dominantes e elitizados do município.
343 - Título: ENTRE HERÓIS E MARGINAIS NOS BRASIS DE MACUNAÍMA (1969) E ORGIA OU O HOMEM QUE DEU CRIA (1970)
Autor: Janaína Júlia Langaro
Orientador: Profa. Dra. Jacqueline Ahlert
Banca: Dr. Alexandre Busko Valim (UFSC), Dr. Gerson Luís Trombetta (UPF)
Data Defesa: 28/04/2021
Resumo: Esse trabalho disserta as representações do Brasil e dos brasileiros presentes nos filmes Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade (1969), e Orgia ou o homem que deu cria, de João Silvério Trevisan (1970), estabelecendo alguns contrapontos com o livro Macunaíma, de Mário de Andrade (1928). Como diria Marcos Napolitano, usar filmes como fontes históricas faz com que as percebemos como representantes da realidade na qual estão inseridas (2005, p. 236). Nesse sentido, objetiva-se analisar as percepções políticas e sociais dos diretores, expressas nas produções supracitadas. Inseridos no contexto histórico da Ditadura Militar, os filmes dialogam com o ambiente repressivo e violento de suas criações, além das mudanças políticas, sociais e culturais que o país estava vivenciando. Assim, num primeiro momento, nos atemos a esse período da história brasileira, apresentando conjuntamente os movimentos culturais que foram o mote estético das produções: O Cinema Novo, o Tropicalismo e o Cinema Marginal. Num segundo momento, nosso foco se dá na construção das representações dos brasileiros presentes nas obras cinematográficas, com suas semelhanças e disparidades, que se deram por metáforas como a caminhada, a morte e a marginalidade das personagens. Nos dois últimos capítulos, nos debruçamos sobre nossas fontes a fim de compreendê-las a partir de suas narrativas, que se aproximam pela antropofagia, caminhar pelo mundo, agressividade (imagética e sonora), nascimento e morte, interpretadas pelo viés histórico e psicológico, com base nos escritos de Sigmund Freud. Os filmes são representantes dos movimentos cinematográficos que seus diretores participaram: Cinema Tropicalista e Cinema Marginal, respectivamente, e nossa proposta de trabalho é a interpretação e compreensão dos filmes, a fim de pontuar encontros e desencontros narrativos que se desdobram a partir do nascer, caminhar, comer e morrer que se apresentam maiores em significado do que o seu uso comum, servindo hoje para que possamos entender aspectos de como foi o período da Ditadura Militar, sobretudo no âmbito sociopolítico.
344 - Título: O SOTAQUE “ALEMÃO” NO REGIONALISMO RIO-GRANDENSE: HISTÓRIA E PRÁTICAS
Autor: Cristiele Aline Kuhn Terhorst
Orientador: Prof. Dr. Marcos Gerhardt
Banca: Dr. João Klug (UFSC), Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 28/04/2021
Resumo: A pesquisa aborda a história do Centro de Tradições Gaúchas Estância do Imigrante no município de Selbach, localizado no planalto médio do Rio Grande do Sul. A fundação ocorreu na década de 1980, tardiamente se comparada à organização do regionalismo no Movimento Tradicionalista Gaúcho, o que é investigado por meio de bibliografia e de fontes: atas, entrevistas, sites, revistas, fotografias e calendário de eventos. Por meio do estudo da história do MTG busca-se compreender como a ideologia do gauchismo se constituiu no passar dos anos e como se constitui atualmente. Utiliza a abordagem da história oral através da coleta e análise das entrevistas com fundadores da entidade tradicionalista, usando a memória pessoal como instrumento para o registro dos fatos ocorridos com relação à entidade e que colaboraram para a construção de uma identidade coletiva. Analisa a contradição existente na denominação do CTG e a colonização de Selbach, que ocorreu com a vinda de descendentes de alemães para ocuparem pequenos lotes de terra com a agricultura familiar, sem vinculação com o latifúndio pecuarista conhecido no estado como estância. Objetiva compreender como ocorreu a implantação da agremiação, quais as práticas que seus sócios realizaram e que continuam sendo realizadas até 2021, para o mesmo estar alinhado com o MTG. Tem como objetivo, ainda, discutir a aculturação ocorrida pela implementação de hábitos que antes eram estranhos aos fundadores: o uso da bombacha e do vestido de prenda, utilização do cavalo como montaria de passeio, a reprodução de músicas consideradas de cunho gauchesco, o envolvimento com as danças tradicionais na instituição dos grupos adulto e o das crianças, e a posterior organização do rodeio crioulo. Conclui que foi por incentivo de pessoas não nascidas na localidade e a influência que elas exerciam sobre o grupo convidado para a primeira reunião, que o CTG foi criado e uma aculturação se desenvolveu nos anos seguintes.
345 - Título: Um certo escrivão Caminha: As desigualdades sociais na obra de Lima Barreto (1870-1909)
Autor: Mônica Abramchuk
Orientador: Prof. Dr. Marcos Gerhardt
Banca: Dr. José Martinho Rodrigues Remedi (UFSM), Dra. Jacqueline Ahlert (UPF)
Data Defesa: 06/07/2021
Resumo: A dissertação aborda a relação entre História e Literatura e interpreta uma obra da literatura brasileira escrita no início do século XX, que trata das desigualdades sociais e está ambientada no Rio de Janeiro, a então capital do país. A delimitação temporal da pesquisa compreende o período de 1870 a 1909, iniciando pelo movimento dos intelectuais da chamada Geração de 1870 que se propôs a pensar a múltipla identidade nacional brasileira, traduzindo as mudanças ocorridas na política e na sociedade. O recorte temporal encerra com a publicação da obra interpretada, o romance: Recordações do escrivão Isaías Caminha, do autor Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922). Essa obra tem como personagem central um mulato, nascido no interior fluminense, que sofria com o preconceito presente na sociedade brasileira do período analisado e acreditava que, ao se mudar do interior para a capital e com a conquista do título de Doutor, teria uma vida mais fácil. Lima Barreto, escritor negro e marginalizado, nasceu no Rio de Janeiro, foi funcionário público e jornalista e morreu aos 41 anos de idade. Ele se propôs a questionar e a repensar a formação da nacionalidade brasileira naquele período, que tratava dos indígenas, negros e sertanejos como seres exóticos, vistos como culpados pelos males nacionais. A dissertação tem como problema de pesquisa: como o romance Recordações do escrivão Isaías Caminha representa as desigualdades raciais existentes na sociedade brasileira, na virada do século XIX para o século XX? Esse é o problema de pesquisa da dissertação, isto é, a pergunta que orienta a pesquisa. Metodologicamente, ela se apoia na operação historiográfica de Michel de Certeau, que analisa a produção do texto historiográfico considerando o lugar social de produção, a prática e a escrita. A pesquisa conclui que as narrativas histórica e literária se relacionam, porém, não são iguais e que a literatura é uma fonte de pesquisa plausível para os historiadores.
346 - Título: ATUAÇÃO E CONQUISTAS DAS MULHERES NA ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE DE 1988
Autor: Marina Broch
Orientador: Prof. Dr. Felipe Cittolin Abal
Banca: Dra. Tatiana Vargas Maia (La Salle), Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 25/08/2021
Resumo: A dissertação aborda a relação entre História e Literatura e interpreta uma obra da literatura brasileira escrita no início do século XX, que trata das desigualdades sociais e está ambientada no Rio de Janeiro, a então capital do país. A delimitação temporal da pesquisa compreende o período de 1870 a 1909, iniciando pelo movimento dos intelectuais da chamada Geração de 1870 que se propôs a pensar a múltipla identidade nacional brasileira, traduzindo as mudanças ocorridas na política e na sociedade. O recorte temporal encerra com a publicação da obra interpretada, o romance: Recordações do escrivão Isaías Caminha, do autor Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922). Essa obra tem como personagem central um mulato, nascido no interior fluminense, que sofria com o preconceito presente na sociedade brasileira do período analisado e acreditava que, ao se mudar do interior para a capital e com a conquista do título de Doutor, teria uma vida mais fácil. Lima Barreto, escritor negro e marginalizado, nasceu no Rio de Janeiro, foi funcionário público e jornalista e morreu aos 41 anos de idade. Ele se propôs a questionar e a repensar a formação da nacionalidade brasileira naquele período, que tratava dos indígenas, negros e sertanejos como seres exóticos, vistos como culpados pelos males nacionais. A dissertação tem como problema de pesquisa: como o romance Recordações do escrivão Isaías Caminha representa as desigualdades raciais existentes na sociedade brasileira, na virada do século XIX para o século XX? Esse é o problema de pesquisa da dissertação, isto é, a pergunta que orienta a pesquisa. Metodologicamente, ela se apoia na operação historiográfica de Michel de Certeau, que analisa a produção do texto historiográfico considerando o lugar social de produção, a prática e a escrita. A pesquisa conclui que as narrativas histórica e literária se relacionam, porém, não são iguais e que a literatura é uma fonte de pesquisa plausível para os historiadores.
347 - Título: A CONSTRUÇÃO DOS SABERES INSTITUCIONAIS NA ODONTOLOGIA – RS (1931-1989)
Autor: Orlando Vanin Trage
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Dra. Beatriz Teixeira Weber (UFSM), Dra. Cristine Maria Warmling (UFRGS), Dr. Marcos Gerhardt (UPF)
Data Defesa: 03/09/2021
Resumo: O trabalho se propôs a estudar como se deu a constituição do atual sujeito que pratica a odontologia no Brasil. Para tanto, foi realizado um estudo das principais leis a que a profissão esteve submetida no país, ao longo de sua trajetória histórica, até a regulamentação atual; foi avaliado o papel das instituições formadoras que juntamente com os diplomados atuaram para que fosse estabelecida a hegemonia do saber institucional sobre o prático; e foi estudada, através da metodologia de história oral, a atuação dos diversos grupos que praticaram a odontologia, no período de 1931 a 1989, em alguns municípios sul-rio-grandenses para conhecer os saberes, as práticas e as disputas de poder travadas em torno do mercado de serviços odontológicos. A odontologia, que inicialmente era praticada de forma livre, sem qualquer regulamentação por parte do estado, a partir de determinado estágio da profissionalização, passou, aos poucos, a ser regrada por sucessivas leis. No Brasil, no período inicial do governo de Getúlio Vargas, foi editado o Decreto nº 19.852, de 11 abril de 1931, que, apesar de ter regulamentado duas categorias, acabou resultando, na prática, em três categorias de praticantes da profissão, tendo sido legitimados ao exercício: os cirurgiões-dentistas diplomados por escolas oficiais; os dentistas práticos licenciados, que poderiam habilitar-se mediante certas condições; e uma terceira categoria formada a partir dos demais praticantes que não se enquadraram na lei e continuaram a atuar na ilegalidade. Os três grupos estiveram presentes no mercado de trabalho da odontologia no período de 1931 a 1989. Quando existem diferentes grupos agindo no mesmo espaço social com interesses divergentes, há uma tendência de ocorrer conflitos. O problema de pesquisa foi investigar como se deram as relações entre esses três grupos de praticantes envolvidos em uma disputa de saberes e poderes. A metodologia de história oral, mediante entrevistas semiestruturadas com descendentes desses personagens históricos, foi utilizada para responder ao problema da pesquisa, tendo sido utilizada também para um melhor conhecimento dos perfis e de algumas trajetórias profissionais dos praticantes da odontologia no período estudado. O espaço geográfico dos interlocutores correspondeu a nove municípios da região Noroeste do Rio Grande do Sul. Os dados coletados indicam que ocorreu uma convivência relativamente harmoniosa entre os três grupos de praticantes, em nível de exercício local da odontologia, talvez pela existência, na época, de um grande espaço de trabalho que comportava todos os segmentos de trabalhadores da área; tendo os grandes embates ocorrido em nível de Congresso Nacional, através da atuação de grupos e instituições, usando de jogos de poderes econômicos, políticos e sociais para destravar, ou barrar leis, dependendo dos interesses que estavam em pauta. A partir da década de 1930, começou a prevalecer, no Brasil, a hegemonia do saber institucional sobre o prático, habilmente construída por diplomados e suas instituições formadoras. Por meio da legislação, foi-se aos poucos moldando o perfil dos diplomados e restringindo o trabalho dos dentistas práticos licenciados e as outras práticas irregulares, resultando no moderno profissional da odontologia que conhecemos hoje no Brasil.
348 - Título: RELAÇÕES DE PODER EM ITAQUI: A RIVALIDADE POLÍTICO-PARTIDÁRIA NO FINAL DO SÉCULO XIX (1889-1893)
Autor: Taciane Neres Moro
Orientador: Profa. Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Dr. Ronaldo Bernardino Colvero (Unipampa), Dra. Janaína Rigo Santin (UPF)
Data Defesa: 08/09/2021
Resumo: A presente pesquisa tem por objetivo analisar as relações de poder que permearam a política do Partido Republicano Rio-Grandense, do Partido Liberal e do Partido Federalista na cidade de Itaqui, região da fronteira oeste do Rio Grande do Sul com a Argentina, entre anos de 1889 a 1893. A escolha do tema e do recorte temporal se justifica por ser o período em que o estado do Rio Grande do Sul passava por momentos de mudanças e instabilidades no âmbito político. Após a Proclamação da República, o PRR assumiu o poder e o os membros do extinto PL, perderam seus espaços de mano. Essa guinada decorreu em meio a conflitos e disputas acirrando as rivalidades já existentes entre os dois grupos. Este estudo é centrado em compreender como se defrontava a elite política partidária local e como esta se relacionava com seus pares durante esse período de conturbação política. Para o desenvolvimento da pesquisa, foi utilizado o método da prática histórico-jurídica, aliado ao método histórico, pautado pelos procedimentos da heurística, da crítica e da interpretação do corpus documental. Sendo as principais fontes de análise de caráter judicial, administrativo e de imprensa (livros atas; processos-crime; jornais partidários). Assim, esta dissertação assumiu os seguintes procedimentos metodológicos: identificação dos integrantes da elite política, a forma como essa elite performava nos espaços de poder e prestígio político; os embates e divergências políticopartidárias que ocorreram a partir do assassinato do jornalista Lucidoro Camarú, vinculado ao PRR, que fazia do jornal A Gazeta do Sul um espaço de posicionamento partidário, por meio do qual foi possível inferir como as lideranças políticas regionais rivais se portaram perante os momentos de instabilidade crescente que culminaram na eclosão da Revolução Federalista (1893-95). A elite política regional fronteiriça demonstrou ter um importante papel para a resistência tanto dos castilhistas quanto dos gasparistas, sendo parte formadora dos incursos do processo histórico que foi o pósRepública do estado.
349 - Título: ENTRE A GUERRA, O PÓS-GUERRA E UM OUTSIDER: As narrativas mnemônicas de mangás pós-segunda Guerra Mundial
Autor: Antonio Augusto Zanoni
Orientador: Profa. Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Dr. Aristeu Elisandro Machado Lopes (UFPel), Dra. Jacqueline Ahlert (UPF)
Data Defesa: 13/09/2021
Resumo: Não é de hoje que o mercado dos mangás se faz presente em grande parte dos países do mundo. No entanto, sua explosão mercadológica mundial é muito recente (cerca de 40 anos), e muito mais recente são os estudos que envolvem o mangá como objeto histórico. Para fins desse trabalho, não voltaremos aos mangás e suas estruturas antes da Segunda Guerra Mundial, mas ater-nos-emos na sua forma contemporânea. Assim sendo, pretende-se num primeiro momento, abordar aspectos da história do Japão que contribuam para a pesquisa. Posteriormente, observamos as aporias da memória em contato com nosso objeto de estudo. Em um terceiro momento, reapresentar análises e temas que ligam história, memória e mangá a partir de outras pesquisas, em grande medida ainda deslocadas dos estudos brasileiros sobre mangá. Por fim, busca-se analisar as narrativas produzidas por três autores de mangás, os quais experienciaram a guerra de formas distintas, sendo eles: Shigeru Mizuki, com os quatro volumes de Showa e o mangá Marcha para a morte; Yoshihiro Tatsumi, no mangá Good-bye; e George Takei, no mangá They called us enemy. Para tal, a pesquisa é realizada de modo a entender que as imagens são, assim como a linguagem escrita, narrativas que precisam ser entendidas no seu contexto. No nosso caso, quando falamos de narrativa, pensamos ao mesmo tempo a imagem em conjunto ao texto escrito. Em nosso contexto, tornou-se possível observar que os mangás são fontes históricas essenciais para pensar a história do Japão, já que são produzidos pelos mesmos agentes que experienciaram as diferentes faces da guerra. Ademais, entendeu-se a memória, a história e o trauma como conceitos-chaves para observar o Japão após a Segunda Guerra Mundial a partir da análise dos mangás estudados, já que os mesmos foram elaborados sob memórias traumáticas, as quais permanecem em forma de feridas mnemônicas. Como foi verificado, as narrativas mnemônicas encontradas nos mangás dos nossos autores não são na totalidade negativas e traumáticas. Observamos que, mesmo em momentos de dificuldades, o espírito humano foi capaz de encontrar alegria e conforto nas pequenas coisas, como no caso de Shigeru Mizuki, quando ele foi salvo e alimentado pelos nativos, ou ainda na narrativa de George Takei, que escutava histórias de seu pai com o intuito de preservar um ambiente agradável para seus filhos, mesmo que em circunstâncias complexas. Todavia, também pôdese observar que os eventos causados pela Segunda Guerra Mundial e seus desdobramentos, nunca cessaram de atormentar as famílias que, de alguma forma, se encontraram envolvidas. Por fim, mesmo que de forma encoberta no mangá de Tatsumi, quanto explicita nos mangás de Takei e Mizuki, o fato da guerra ser um acúmulo de sofrimento que nunca cessa de se fazer presente no cotidiano daqueles que se envolveram, resultou na produção de narrativas que apelam ao leitor evitar a violência e o preconceito a qualquer custo.
350 - Título: A RECONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA E DE PERTENCIMENTO NOS PROCESSOS MIGRATÓRIOS: HAITIANOS EM ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE MARAU/RS
Autor: Natália Fioravanso Vieira Brizola
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Dra. Isabel Rosa Gritti (UFFS), Dra. Jacqueline Ahlert (UPF)
Data Defesa: 30/09/2021
Resumo: Os processos migratórios, embora sempre presentes na história da humanidade, evidenciaramse significativamente nas sociedades modernas no final do século XX e início do século XXI como uma das consequências da globalização. Entre os imigrantes estão os filhos, a segunda geração deles, inseridos nos espaços educativos, exigindo dos educadores e instituições, bem como de toda a comunidade escolar, uma revisão e readaptação das práticas educacionais e inclusivas. A escola representa, para muitos, o primeiro lugar fora do ambiente familiar onde se terá contato com as diferenças, e por esse motivo, faz-se essencial o exercício da alteridade, de processos integrativos e de intercâmbios culturais. Não raras vezes, para a escola convergem as tensões da sociedade, as questões pertinentes às relações interpessoais, seus conflitos de identidade e de cultura. Tendo presente essa realidade, a presente pesquisa objetiva analisar processos que envolveram a imigração haitiana para o Brasil a partir de 2010, em particular para a região Nordeste do Rio Grande do Sul, tendo o município de Marau como epicentro em razão da presença de espaços de trabalho em horizontes agroindustriais; busca tematizar suas motivações, inserção no mercado de trabalho e, fundamentalmente, as crianças, filhas/os de imigrantes haitianos nos espaços educativos institucionais; entender como ocorre o pertencimento à sociedade de destino, consequente reconstrução da identidade e adaptação de ambas as partes envolvidas no processo. O questionamento deste estudo se dá na tentativa de entender como são produzidas relações, momentos, situações de copresença de imigrantes nas escolas e os processos culturais e sociais daí decorrentes. Para dar conta disso, dispôs-se de revisão de literatura sobre o Haiti; a emigração haitiana para várias partes do mundo, em especial, para o Brasil; aspectos do fenômeno migratório internacional, em geral das últimas décadas e, acima de tudo, entrevistas com pais e alunos de imigrantes haitianos no município de Marau, professores de escola onde há alunos imigrantes inseridos, registros fotográficos, relatos e observação do comportamento desses alunos no espaço escolar, sua chegada e sua adaptação no novo país. As ideias conclusivas giram em torno da busca desses imigrantes pela inserção e pertencimento à sociedade – a segunda geração, através da educação e convivência nos espaços educativos e os imigrantes adultos, buscando conquistar o seu espaço por meio do trabalho e sua estruturação social, bem como de suas famílias. A partir da pesquisa realizada, foi possível a compreensão de como se dá o processo de adaptação desses imigrantes na sociedade de destino e a referida inserção e pertencimento no âmbito escolar, através de práticas e ações pedagógicas integralizadoras que objetivem o desenvolvimento de valores como alteridade, autonomia e protagonismo. Pôde-se, também, perceber a sociedade receptora sob a perspectiva do imigrante e como esta pode modificar os seus valores e cultura préestabelecidos em prol de uma nova formação multicultural e interétnica.
351 - Título: ILLUM OPORTET CRESCERE: O PROCESSO DE RECRISTIANIZAÇÃO NO NORTE DO RIO GRANDE DO SUL (SÉCULO XX)
Autor: Jonas Balzan
Orientador: Profa. Dra. Gizele Zanotto
Banca: Dra. Rosângela Wosiack Zulian (UEPG), Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 29/11/2021
O presente trabalho busca discorrer sobre o processo de recristianização no norte do Estado do Rio Grande do Sul durante o século XX. Para tal, retrocedemos ao século XIX para entendermos dois conceitos que julgamos chave para a compreensão da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), até pelo menos o Concílio Vaticano II (1962-1965). Partindo, então, dos conceitos de Padroado Régio e Ultramontanismo, delineamos a historicidade da ICAR, que no pós-Proclamação da República (1889) construiu novas estratégias, não apenas para sua conservação, mas também para sua expansão. Entre essas estratégias, demos especial ênfase à criação de novas dioceses, pois foi por conta destas que se tornaram efetivos os planos de recristianizar a sociedade brasileira. No norte do Estado do Rio Grande do Sul, após um processo que já vinha se desenhando, a recristianização tornou-se visível apenas com a criação da Diocese de Passo Fundo, em 1951, e tomou força com a atuação de Dom João Cláudio Colling, seu primeiro bispo (1951-1981). Dom Cláudio, como assinava e ficou conhecido, foi o grande articulador do processo de fortalecimento do catolicismo romano em toda sua jurisdição eclesiástica. Sendo um exímio bispo estrategista, fez frente em várias áreas, notadamente nos campos da saúde e da educação. De todo modo, em vista de nosso objeto central ser o processo em si, e não seu articulador, trabalhamos essencialmente com sua atuação pastoral e a tônica Restaurar tudo em Cristo. Dom Cláudio não apenas recristianizou como também se preocupou com a manutenção de tal catolicismo revigorado. Para isso, idealizou algumas ferramentas que pudessem auxiliar na conservação de tal sistema. Assim, partindo da análise documental, sobretudo a imprensa local-regional, evidenciaremos o desempenho de Dom Colling no campo pastoral, que teve por objetivo não somente a consolidação do processo de recristianização, mas também sua preservação da região norte do Rio Grande do Sul.
352 - Título: CABOCLOS DA SERRA DO BOTUCARAÍ: CULTURA, ECONOMIA E SOCIABILIDADES
Autor: Jane Cunha Pinto
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Dr. Emerson Neves da Silva (UFFS), Dra. Ironita Policarpo Machado (UPF)
Data Defesa: 11/01/2022
O trabalho não possui divulgação autorizada
353 - Título: O PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA E SUAS RELAÇÕES SOCIAIS NO MUNICÍPIO DE MARAU (RS) - 1930-2020
Autor: Marno Mello
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Dr. Humberto José da Rocha (UFFS), Dr. Alessandro Batistella (UPF)
Data Defesa: 21/01/2022
Resumo: A agropecuária brasileira passou por intensas transformações, desde meados do século XX, dentre as quais se destaca a fase mais intensa de seu processo de modernização (1960-70), a qual colocou o Brasil entre os principais players mundiais do agronegócio, mas também ampliou a heterogeneidade produtiva e econômica no meio rural brasileiro. Nesse sentido, o estudo busca retratar a história das tecnologias e seus impactos nas relações sociais no meio rural do município de Marau-RS, em particular, nas comunidades de Laranjeira e Cachoeirão. O problema de pesquisa gira em torno da compreensão sobre as dinâmicas da agricultura e suas relações no município em estudo, bem como a análise da trajetória das famílias no espaço rural e os fatores que levaram a modernização da propriedade. A relevância da temática baseia-se por Marau ser um município fortemente agrícola, assim a análise atravessa o processo histórico, desde quando a modernização começou a ser introduzida nas propriedades rurais, logo buscando retratar a evolução ao longo dos anos. Além disso, analisamos o perfil de cada família, a maneira como produzem e diversificam em sua propriedade, a história deste processo de modernização, as transformações que ocorreram nas relações sociais e na produção com a introdução das tecnologias, o crédito fomentado pelo Estado, as implicações sociais, econômicas e ambientais desse modelo de modernização. Também, buscamos analisar o processo de sucessão familiar e a influência da escola na formação dos jovens e, por último, compreender como as mudanças tecnológicas estão interferindo na educação dos filhos, o papel do professor diante deste cenário e as relações de aprendizado. As conclusões do estudo indicam que o agricultor está em constante processo de modernização, bem como busca se qualificar para atender as demandas no mercado e diversificar sua propriedade. A modernização trouxe redução de mão de obra no campo e otimização do tempo. Além disso, houve uma mudança na qualidade de vida dos agricultores, pois o acesso à informação, através da internet, está cada vez mais rápido, logo boa parte dos produtores consegue manter-se em constante contato com fornecedores, clientes e familiares. A tecnologia possibilita maior previsibilidade sobre condições climáticas, preços de produtos, informações técnicas para manejo e cultivo de lavouras, assistência técnica, assim como acesso aos melhores produtos do mercado em tempo real, favorecendo para que o negócio se torne mais rentável.
354 - Título: MEMENTO MORI”: A CULTURA MATERIAL FUNERÁRIA DE NOVA BASSANO
Autor: Ana Carolina Lorenzet Galvan
Orientadora: Dra. Jacqueline Ahlert
Banca: Dra. Jenny González Muñoz (UFMG), Dra. Gizele Zanotto (UPF)
Data Defesa: 06/04/2022
Os cemitérios são lugares de memória por excelência. Construídos para superar a barreira da mortalidade humana, as cruzes e lápides são aportes para que memórias e identidades possam ser acessadas. Esses aportes podem ser compreendidos pelo viés do patrimônio e da cultura material, percebendo que não são simples objetos, mas têm papel ativo e representam adimensão concreta das relações sociais. Essa prática de rememoração perpassou diferentes grupos étnicos imigrantes, sendo relevantes para a história de uma comunidade. Percebemos uma lacuna na historiografia referente aos estudos cemiteriais no interior do Rio Grande do Sul, de modo que nos propomos a estudar os lugares de sepultamento do município de Nova Bassano/RS. O município da região serrana do Rio Grande do Sul recebeu imigrantes europeus no final de século XIX, quando ainda pertencia à colônia de Alfredo Chaves, e nessas áreas de colonização mista, o encontro entre diferentes grupos possibilitou o surgimento de novas identificações, as quais foram transpostas aos cemitérios. O primeiro capítulo trata do movimento imigratório europeu com destino ao Rio Grande do Sul, contextualizando Nova Bassano enquanto município e a formação identitária no entre-lugar da colonização mista. O segundo capítulo aborda a concretização do projeto cemiterial, por meio do qual os sepultamentos passaram a ocorrer em campo próprio, os cemitérios. Também é nele que apresentamos a relação entre patrimônio, cemitérios e turismo. Por meio de entrevistas, visitas de campo e análise de elementos selecionados, o terceiro capítulo relaciona história e cultura material, além de discorrer sobre as fontes de pesquisa e apresentar a metodologia utilizada. Nossa metodologia de trabalho levou em consideração a aproximação entre a cultura material, por excelência estudada pela Arqueologia, e a História, trabalhando a partir de fontes materiais catalogadas em visitas de campo, elaboração de critérios de seleção e de quadro de catalogação, buscando compreender a materialidade das fontes com a imaterialidade da construção identitária. Questionamos ainda as escolhas de “o que preservar” e o abandono de determinados lugares de sepultamento, percebendo que as escolhas referentes à preservação ou descarte influenciam na percepção de historicidade de uma localidade. A fim de preencher a lacuna percebida, este trabalho apresenta contribuições para o estudo dos cemitérios do interior por meio de uma proposta metodológica de catalogação das sepulturas e análise no âmbito da cultura material.
354 - Título: O QUE SE FALA, SE SENTE”: A ORALIDADE NA COMUNIDADE QUILOMBOLA PEIXOTO DOS BOTINHAS, VIAMÃO, RS
Autor: Matheus Pinto Furtado
Orientadora: Jacqueline Ahlert
Banca: Dra. Regina Weber (UFRGS), Dra. Gizele Zanotto (UPF)
Data Defesa: 14/04/2022
A presente pesquisa busca compreender de que forma a oralidade pode se caracterizar como patrimônio cultural na Comunidade Quilombola Peixoto dos Botinhas - CQPB, situada na localidade de Capão da Porteira, Viamão, Rio Grande do Sul. Além disso, objetivamos entender a relação entre memória e oralidade no quilombo, bem como compreender sobre a relevância do espaço do quilombo para as mesmas pessoas que o constroem e, simultaneamente, vão se construindo numa relação com ele. O trabalho se torna importante, socialmente, pela busca de valorização tanto da história, das práticas, dos saberes de uma comunidade quilombola, quanto da própria voz da coletividade, daquilo que seus membros têm a dizer, a contar. Academicamente, o trabalho torna-se significativo pela tentativa de contribuição com os estudos étnicos e de história cultural no que tange aos quilombos. Metodologicamente, foi utilizado o método bibliográfico, na reunião e seleção de materiais relacionados ao tema na literatura especializada. Mas, principalmente, foi empregada a história oral para a constituição das fontes, a partir de entrevistas semiestruturadas, juntamente à análise do discurso como forma de análise das fontes orais transcritas. Dentre os resultados da pesquisa, foi possível compreender a oralidade no Peixoto dos Botinhas de forma presente, responsável pela transmissão, enquanto enunciação memorial, próxima a uma noção de metamemória, de um cabedal de memórias tido como importante dentro do quilombo. Aquilo que foi e vem sendo transmitido vai desde a narrativa de fundação a estórias diversas sobre o cotidiano, ensinamentos, tipos de conduta e valores. A oralidade acaba sendo entendida como um bem cultural na sua função de enunciação, transmissão memorial e mesmo afirmação identitária através de uma dinâmica entre contação e memória. Isto faz com que reflitamos sobre a importância do meio de transmissão, da forma de enunciação da memória tanto quanto sobre as memórias em si, pois ambos, forma e conteúdo, se mostram relacionados. Além disso, foi possível observar a presença do medo do perder por parte dos entrevistados, em relação a um problema geracional de receptores, atualmente, desinteressados em ouvir sobre o passado e sem participação ativa na continuidade das memórias do quilombo e deste próprio, no sentido de comunidade e no que tange à própria manutenção da sede atual. A oralidade se caracteriza como um bem cultural na tentativa de continuidade do quilombo, na sua relação com a memória e um legado deixado pelos mais antigos, representado, inclusive, na importância atribuída à própria sede como espaço adquirido na luta e na intenção da existência de um porvir.
356 - Título: JUSTIÇA DE PILCHA: REPRESENTAÇÕES DO MEIO AMBIENTE CULTURAL DO PODER JUDICIÁRIO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL E AS AUDIÊNCIAS CRIOULAS (2006-2012)
Autor: Andrei Tonini
Orientadora: Dra. Janaína Rigo Santin
Banca: Dr. Wilson Antônio Steinmetz (UCS), Dra. Jacqueline Ahlert (UPF)
Data Defesa: 26/04/2022
Essa pesquisa visa abordar o tradicionalismo gaúcho como fenômeno histórico-cultural dentro do Poder Judiciário do Rio Grande do Sul. O estudo do tradicionalismo no Judiciário permite entender a forma como o meio ambiente cultural e a ideologia do tradicionalismo atuam na busca de expansão e manutenção de sua hegemonia, seja através da apropriação e substituição de símbolos do Judiciário ou em sua ressignificação – inclusive do próprio conceito de justiça no imaginário popular. Para a pesquisa, se utilizarão das Audiências Crioulas, que foram realizadas no Poder Judiciário sul-rio-grandense entre os anos de 2006 a 2012. Foram utilizados como fontes de pesquisa processos judiciais de comarcas do Rio Grande do Sul que contaram com audiências crioulas dentro do período do estudo, bem como os noticiários do setor de imprensa do Poder Judiciário estadual acerca do fenômeno. As audiências foram realizadas especialmente nas Comarcas de Frederico Westphalen, Carazinho, Ijuí, Encruzilhada do Sul e Pedro Osório. O problema de pesquisa está em investigar se a realização das audiências crioulas pode se configurar uma interferência cultural do tradicionalismo gaúcho nos ritos, símbolos e decisões do Poder Judiciário do Rio Grande do Sul, durante o recorte temporal estudado. Como hipóteses se têm, primeiramente, que a realização das audiências crioulas possuiu caráter meramente folclórico, sem quaisquer interferências nos ritos, procedimentos ou decisões do Poder Judiciário do Rio Grande do Sul. A segunda hipótese é que as audiências crioulas foram uma tentativa de ressignificação das solenidades do Poder Judiciário do Rio Grande do Sul pelo tradicionalismo, adaptando-as ao imaginário social e as incluindo em seu ideário e universo simbólico. Por objetivos, a pesquisa visou estudar a influência do regionalismo e do meio ambiente cultural no Poder Judiciário; entender o uso dos objetos de representação pelo Poder Judiciário; estudar o tradicionalismo gaúcho a partir das audiências crioulas; verificar a apropriação e ressignificação de símbolos do Poder Judiciário e do conceito de justiça pelo tradicionalismo; encontrar a existência, ou não, de interferência ideológica do Movimento Tradicionalista Gaúcho nas sentenças judiciais das fontes verificadas. Por metodologia, utilizaram-se da Análise de Conteúdo (Bardin) e a Análise de Discurso (Orlandi e Maingueneau), com vistas a atentar, através de representações culturais e ritualidade, como o tradicionalismo apresenta e representa o gaúcho como defensor e garantidor da justiça.
357 - Título: Música e crítica social nas ditaduras da Argentina: a complexidade envolvendo a cena musical (1955-1983)
Autor: Mariana Aparecida de Oliveira Santana
Orientador: Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Dr. Hernán Ramiro Ramírez (Unisinos), Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 01/06/2022
O presente trabalho teve por objetivo fazer uma análise sobre a utilização da música como crítica social no contexto de três ditaduras muito marcantes na História da Argentina: a ditadura de 1955-57, conhecida como “Revolução Libertadora”, a ditadura de 1966-73, conhecida como “Revolução Argentina” e a ditadura de 1976-83, autodenominada Processo de Reorganização Nacional. Para tal, foi apresentado um breve panorama histórico, político, econômico e social sobre a História Contemporânea da Argentina. A partir daí, foi feito uma análise das produções musicais cujas letras foram consideradas “não aptas” para serem difundidas, de acordo com o decreto de lei 4.161/56, no qual consistia em cinco artigos que objetivavam desperonizar a Argentina através de restrições severas, tais como a proibição de imagens, de símbolos e de expressões que faziam associação ao peronismo e ainda uma lista de palavras: peronismo, peronista, justicialismo, justicialista, terceira posição, a sigla PP (fazendo referência ao Partido Peronista) e as composições musicais denominadas “Los muchachos peronistas” e “Evita Capitana”, que tornaram-se canções símbolo da resistência peronista; de igual modo foi realizado uma analise das produções musicais que tiveram suas letras consideradas impróprias de acordo com a lei de radiodifusão, no 22.285/80, lei aplicada pelo COMFER (Comitê Federal de Radiodifusão) – organismo estatal de censura manejado por militares e eclesiásticos. Buscou-se, analisar também, a partir de levantamentos bibliográficos, quais foram as tendências, os estilos musicais de maior difusão nos três períodos (tango, folk e rock), objetivando contribuir para o conjunto de estudos sobre a temática, empreender um estudo dos diversos grupos musicais que surgiram nesse período, e os grupos musicais já existentes que se utilizaram da música para denunciar e lutar contra o sistema imposto pelos governos ditatoriais daqueles momentos. Neste sentido, por se tratar de uma pesquisa que utilizou a música como fonte histórica, o trabalho apoiou-se nos estudos de dois autores que trabalham essa relação entre História e Música: Marcos Napolitano e José D' Assunção Barros.
358 - Título: A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA EM SOLEDADE – RS ENTRE 1960 E 1990
Autor: Márcio Comin
Orientador: Dr. Marcos Gerhardt
Banca: Dr. Marcio Antonio Both da Silva (UNIOESTE), Dr. João Carlos Tedesco (UPF)
Data Defesa: 15/08/2022
O processo de modernização da agricultura no município de Soledade-RS fez parte de um amplo contexto de mudanças decorrentes dos avanços técnicos e científicos ocorridos após a Segunda Guerra Mundial. Implementada no Brasil a partir da segunda metade do século XX, a modernização imprimiu uma nova forma de produzir para o setor agrícola, atingindo as esferas locais. Esse modelo se alicerçou na introdução de novas tecnologias para a agricultura como a mecanização, o uso de fertilizantes químicos, agrotóxicos e sementes híbridas e objetivou o aumento da produção e da produtividade. O Estado brasileiro exerceu o papel de dinamizador, subsidiando a agricultura e direcionando as políticas públicas para o setor. O recorte espacial é o município de Soledade, no Rio Grande do Sul, em que a trajetória da modernização da agricultura produziu impactos econômicos e socioambientais importantes como o aumento gradual do uso de máquinas e insumos, o avanço das áreas de lavoura sobre os campos nativos e florestas e a progressiva desagregação das pequenas propriedades rurais, que contribuiu para o aumento do êxodo rural. O recorte temporal da dissertação se centra no período de 1960 a 1990, tendo como problema de pesquisa: Quais foram as transformações econômicas e socioambientais que a modernização da agricultura gerou em Soledade/RS, entre os anos de 1960 e 1990? Nesse contexto, o objetivo da pesquisa foi o de analisar as transformações decorrentes do processo de modernização da agricultura em Soledade-RS. A pesquisa emprega os referenciais conceituais da História Ambiental, tendo como fontes de pesquisa os Censos Agropecuários do IBGE, os jornais, a documentação proveniente da Emater, da Prefeitura de Soledade, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Soledade e entrevistas com agricultores, técnicos agrícolas e engenheiros agrônomos. Quanto a metodologia, busca reconstruir a história da agricultura local utilizando a análise do discurso e a História Oral. Conclui, preliminarmente, que o processo de modernização da agricultura promoveu mudanças nos índices de produtividade das culturas de exportação, ajudou alterar a configuração das lavouras de subsistência e estimulou o aumento da utilização de insumos e máquinas agrícolas. Identificou problemas socioambientais variados, associados a disseminação de agrotóxicos e ao uso intensivo do solo. Infere ainda, que houve ganhos econômicos com o aumento da produtividade, mas isso não significou que o desenvolvimento e o progresso estiveram ao alcance de todos os habitantes.
359 - Título: Matrizes Históricas e Jurídicas de Constituição da Concentração Fundiária e Direito à Moradia: ocupações urbanas em Passo Fundo
Autor: Cássio Bonotto Lampert
Orientadora: Dra. Ironita A. P. Machado
Banca: Dra. Elenise Felzke Shonardie (UNIJUÍ), Dr. Marcos Gerhardt (UPF)
Data Defesa: 19/09/2022
Esta dissertação teve por objetivo abordar aspectos históricos referentes à formação fundiária da região Norte do Rio Grande do Sul. Analisamos as variadas formas de ocupação do território em estudo, como a conquista, a colonização, as políticas estatais de fomento à ocupação e a legislação, como a Lei de Terras. Além disso, destacaram-se as relações de poder entre particulares e Estado e a introdução da capitalização da propriedade rural e a formação da cidade de Passo Fundo, o seu desenvolvimento seguindo os seus planos diretores. O estudo tem por objeto as ocupações urbanas iniciadas no final do século XX e início do século XXI. Foram analisados os direitos como a propriedade em sua relativização, segundo o entendimento de Maria Rosa Congost Colomer; o direito à propriedade foi exposto sob novas percepções jurídicas e relacionados a novos paradigmas como o direito à cidade, o Poder Local configurado na Gestão Democrática como instrumento fiador dos interesses de diversos grupos sociais locais que propiciam o exercício da cidadania. Para maior aproximação da realidade, tendo como base a cidade de Passo Fundo-RS, realizou-se um estudo das ocupações da cidade com o intuito de identificar seus protagonistas, para o qual se utilizaram jornais e entrevistas como fontes. Os jornais foram analisados segundo o método de Patrick Charaudeau para estabelecer as posições da imprensa local frente às ocupações de Passo Fundo. As entrevistas deram voz aos protagonistas das ocupações e aos representantes do Judiciário e dos Direitos Humanos, trazendo à cena os sujeitos atuantes nesse contexto chamado ocupação. Foram entrevistados vinte moradores de quatro ocupações na cidade de Passo Fundo, sendo um representante de comunidade, um representante do Município, um representante dos Direitos Humanos e um juiz que já atuou em causas relativas a ocupações. As entrevistas abordaram as origens, as motivações, as aspirações, as necessidades e o entendimento dos direitos, tudo isso, considerando as individualidades de cada entrevistado.
360 - Título: A APROVAÇÃO DA LEI DO DIVÓRCIO NO BRASIL: OS DEBATES E OS EMBATES POR MEIO DAS REVISTAS MANCHETE E VEJA (1975-1977).
Autor: Lauren Cavichioli Quissini
Orientador: Dr. Alessandro Batistella
Banca: Dr. Marlise Regina Meyrer (PUCRS), Dr. Gizele Zanotto (UPF)
Data Defesa: 02/09/2022
Embora as discussões sobre a temática divorcista no Brasil estejam presentes desde, no mínimo, o século XIX e tenham se acirrado principalmente entre as décadas de 1950, 1960 e 1970, foi com as manifestações do político Nelson de Souza Carneiro que elas ganharam concretude. Esta pesquisa objetiva analisar os discursos acerca da aprovação da Lei nº 6.515/1977, conhecida como Lei do Divórcio ou Lei Carneiro, sancionada em 26 de dezembro de 1977, pelo general-presidente Ernesto Geisel. Para tanto, a investigação destaca os anos de 1975 a 1977, contextualizando todo o processo que culminou na aprovação da lei, uma vez que, primeiramente, o Senado apreciou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) n° 5, de 1975, também de autoria do senador Nelson Carneiro. Mesmo tendo atingido a maioria no Congresso, a proposta que abria a possibilidade de um casal se divorciar não conquistou dois terços dos votos necessários para a sua implementação, naquela ocasião. As fontes de informação para tal estudo derivam das revistas Manchete (que esteve em circulação entre os anos de 1952 e 2000) e Veja (em circulação desde 1968). Com intensa circulação e popularidade entre a classe média brasileira, no período, ambas deram vultosa visibilidade à temática divorcista, amplificando, em suas reportagens, debates e embates que permitiram identificar as tendências discursivas envolvidas no assunto. Apesar de a questão do divórcio não ser nova, observou-se a existência de poucos trabalhos na área da História pertinentes à temática, principalmente no que concerne ao recorte temporal traçado. Para o desenvolvimento da pesquisa, utilizou-se a metodologia da Análise de Discurso, investigando-se os posicionamentos das duas revistas e o modo como foram narrados os debates sobre a causa do divórcio, entre 1975 e 1977. Desse modo, percebe-se que a aprovação da Lei do Divórcio no Brasil estava inserida no contexto de transformações culturais, sociais e políticas do século XX, que repercutiam na revisão das liberdades individuais, sobretudo nas decisões pertinentes aos problemas das famílias e casais. Em meio a uma repressiva ditadura militar, a Lei do Divórcio legalizou a reorganização da família, pondo fim a questões difíceis de serem resolvidas. Ao mesmo tempo, descontentou a Igreja Católica Apostólica Romana e adeptos de seus dogmas, dentre eles, fiéis religiosos e políticos. Para além desses, a questão divorcista também desagradou o movimento católico civil Tradição Família e Propriedade (TFP) e alguns religiosos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (os mórmons), contemplados pelas revistas Manchete e Veja no percurso da pesquisa.
361 - Título: CONSTITUIÇÃO SOCIAL, INTERFERÊNCIAS E CONTORNOS: O ARQUIVO PESSOAL DO MONSENHOR JOÃO MARIA BALEM E O ARQUIVO HISTÓRICO MONSENHOR RUBEN NEIS (1887-1978)
Autor: VANESSA GOMES DE CAMPOS
Orientador: Dra. Gizele Zanotto
Banca: Dra. Irinéia Maria Franco dos Santos (UFAL), Dra. Jacqueline Ahlert (UPF)
Data Defesa: 09/09/2022
A presente dissertação tem como objetivo analisar a imbricada relação entre o arquivo pessoal do Mons. João Maria Balem e o local que o custodia, o Arquivo Histórico Monsenhor Ruben Neis (AHMRuN) – anteriormente denominado Arquivo Histórico da Cúria Metropolitana de Porto Alegre. Partindo do delineamento de contornos e da constituição social do arquivo pessoal do Monsenhor João Maria Balem (1887-1978), sacerdote da Arquidiocese de Porto Alegre, que foi legado ao Mons. Ruben Neis quando este era responsável pelo então Arquivo Histórico da Cúria Metropolitana, encontramos importantes elementos sobre a constituição do próprio Arquivo institucional. Trata-se de uma proposta multidisciplinar, na qual utilizamos categorias provenientes da Arquivística ao lado da historicidade necessária ao tema, reforçando a interação entre ambas as disciplinas. A partir da reflexão sobre arquivos eclesiásticos, abordamos o AHMRuN, a fim de compreender como se deu sua constituição, enquanto órgão da estrutura arquidiocesana. Após conhecer o local de custódia do arquivo pessoal do Mons. João Maria Balem, passamos a identificá-lo como categoria arquivística, além de sua configuração, tendo como eixo norteador o indivíduo acumulador, o titular. Ao nos inteirarmos do arquivo pessoal notamos a importante relação com o Arquivo que o custodia, devido às “subjetividades intermediárias” (HEYMANN), ou seja, às interferências na acumulação e no tratamento dispensado por Mons. Ruben Neis, que nos permite destacar as “camadas de intervenções” (SCHWARTZ; COOK) no processo. Nesse sentido, entendemos que o AHMRuN é mais que um reflexo de projeto da Igreja Católica (SCHEFFER), pois a sua composição é essencialmente subsidiária à atuação de agentes, como Balem e Neis. Por conseguinte, assim como o arquivo pessoal de João Maria Balem, também o AHMRuN se constituiu por interesses particulares, associadas às visões de mundo e de história dos indivíduos atuantes, sobretudo de Neis. Pensar na constituição social dos arquivos é refletir sobre o papel desses agentes, e, na atualidade, com a profissionalização do local, na transparência metodológica, desenvolvendo conscientemente um trabalho que vai atribuir sentido aos materiais que serão utilizados como fonte histórica.
362- Título: Representações das mulheres Cristãs-novas na Historiografia de Anita Novinsky (1978 -2007)
Autor: Isadora Regina Celso Barbosa
Orientador: Dra. Ironita Adenir Policarpo Machado
Banca: Dr. Isabel Rosa Gritti (UFFS), Dr. Gizele Zanotto (UPF)
Data Defesa: 23/08/2022
O século XVI vivenciou o surgimento do Antigo Sistema Colonial, o surgimento dos Estados Modernos, a ascensão artística e as reformas religiosas e, também, a mergência Inquisições Ibéricas e o horror das perseguições. Por meio de denúncias e forjando heresias, a Santa Inquisição teve como principal alvo os cristãos-novos e, com isso, o Tribunal do Santo Ofício restringiu liberdades individuais. A fé católica transformou a Inquisição numa das principais instituições que mantinha o Antigo Regime, dando poder absoluto ao clero e a nobreza sobrea sociedade. Esse processo também atingiu o Novo Mundo e teve reflexos sobre os aspectos políticos, culturais, religiosos, econômicos e sociais do Brasil Colônia. Tendo os judeus convertidos ao cristianismo na Península Ibérica como inimigos durante os séculos XIV e XV, uma parcela desses indivíduos fugiram das perseguições religiosas para a América e se estabeleceram no Brasil. Dentro desse contexto histórico, a presente temática de estudo é a produção historiográfica das obras de Anita Novinsky, tendo como recorte, entre as diversas questões representadas na obra da autora, as cristãs-novas, que foram presas e perseguidas pela Inquisição no Brasil entre os séculos XVI ao XIX, presente na narrativa das quatro obrasde Anita Novinsky Inquisição-Inventários de Bens Confiscados a Cristãos Novos no Brasil –séc. XVIII (1978), Inquisição – Rol dos Culpados (1992), Inquisição – Prisioneiros do Brasil (XVI-XIX) (2002), e Gabinete de Investigação: uma “caça aos judeus” sem precedentes (2007), os quais são fonte de estudo do presente trabalho. O que colocamos como problema de investigação é a construção narrativa historiográfica de Novinsky, e nela a representação do lugar sociocultural das mulheres europeias cristãs novas, que configuram uma identidade social, histórica e cultural, isso, dará possiblidade de identificarmos o desenho identitário contextualizando a autora e obras no campo historiográfico brasileiro, bem como sua contribuição à pesquisa e ao conhecimento histórico. Utilizaremos como método, para viabilizar a reflexão sobre os princípios da ciênciahistórica, a matriz disciplinar da história, proposta por Rüsen, que corresponde à inter-relaçãosistemática de cinco fatores, necessários, cada um por si, e suficientes, no seu conjunto, para organizar o conhecimento histórico como processo cognitivo e, no caso desta pesquisa, paraa análise historiográfica. De acordo com esse pressuposto, a dissertação está estruturada em três capítulos. No primeiro capítulo contextualizamos a autora e sua obra historiográfica no campo historiográfico brasileiro, bem como sua contribuição à pesquisa e ao conhecimento,ou seja, detivemo-nos no levantamento dos dados biográficos da autora, de suas motivações historiográficas e suas questões colocadas ao passado. O segundocapítulo objetiva analisar e apresentar as obras; as narrativas, protagonistas e contextos abordados. E, por último, no terceiro capítulo centramo-nos na justaposição e comparação relacional dos dados, apresentados e analisados no segundo capítulo, entre as quatro obras dos elementos constitutivos narrados e identificados individualmente, sobre os quais analisamos as representações e formas narrativas elaboradas sobre as mulheres judias, orientada por variáveis que se constituíram das perguntas formuladas para a investigação.
363 - Título: RELAÇÕES DE GÊNERO EM ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE GETÚLIO VARGAS,
RS, 1990-2020
Autor: Eliane Salete Bruneto
Orientador: Dr. Marcos Gerhardt
Banca: Dra. Isabel Rosa Gritti (UFFS), Dra. Jacqueline Ahlert (UPF)
Data Defesa: 23/09/2022
A dissertação aborda a história das relações de gênero no ambiente escolar no munícipio de Getúlio Vargas (RS), no período de 1990 a 2020. Formula o problema de pesquisa com uma pergunta, isto é: como se desenvolveram, historicamente, as relações de gênero nas escolas de Getúlio Vargas nesse período? Tem o objetivo principal de pesquisar como ocorreram essas relações em escolas do munícipio. A primeira das escolas pesquisadas é pública, integrante da rede municipal; a segunda também é pública, masda rede estadual e a terceira é uma escola de educação especial. A dissertação também investiga como essas relações contribuíram para a manutenção da ordem e do poder masculino estabelecidos socialmente. A pesquisa está fundamentada nos referenciais teóricose conceituais da História Social e dialoga com a história da educação e com as publicações acadêmicas sobre a história das mulheres e sobre o movimento feminista no Brasil. Pauta temas como as políticas educacionais, os direitos das mulheres, a legislação educacional, as relações de gênero, o ensino de História, as relações de poder e o papel da escola na sociedade. As fontes de pesquisa são de dois tipos: documentos escolares, especialmente os livros de atas e os livros de registro de ocorrências, que permitem conhecer as relações estabelecidas entre as pessoas de diversos gêneros no ambiente escolar e os testemunhos orais de professores, diretores, coordenadores pedagógicos e pais que viveram o período recortado para a pesquisa. A interpretação dos documentos escritos segue a metodologia de análise do discurso, enquanto os testemunhos orais foram coletados e interpretados de acordo com a metodologia da História Oral. Conclui-se que as relações de gênero nas três escolas estudadas reproduziram o contexto geral, pois foram marcadas por comportamentos, discursos, valores e práticas ligados ao poder masculino e pela manutenção das hierarquias de poder e das desigualdades de gênero.
364 - Título: De estação experimental de Passo Fundo à Embrapa Trigo: políticas públicas, história e memórias (1937-1974)
Autor: Elias José Camargo
Orientador: Dr. Alessandro Batistella
Banca: Dr. Humberto José da Rocha (UFFS), Dra. Ironita A. P. Machado (UPF)
Data Defesa: 22/11/2022
A Estação Experimental de Passo Fundo criada em 1937 na Era Vargas, e a Embrapa Trigo criada em 1974 durante o regime militar, foram duas instituições públicas criadas pelo Estado brasileiro com o objetivo de desenvolver, especialmente, pesquisas genéticas de trigo para possibilitar o aumento da produção de alimentos no Brasil. A atuação das referidas instituições tem grande importância na constituição da história da agricultura do Centro-Norte do estado do Rio Grande do Sul, região em que foram instaladas. Nesse sentido, este trabalho procura analisar, a partir de uma perspectiva histórica, o papel do Estado brasileiro nesse processo modernizador, tendo como objeto de estudo a Estação Experimental de Passo Fundo e, posteriormente, a Embrapa Trigo, que sucedeu a Estação Experimental, em um processo de aprofundamento e adaptação conjuntural da pesquisa agropecuária no Brasil com o advento da modernização tecnológica da agricultura. A Embrapa Trigo efetivou-se como Centro Nacional de Pesquisa de Trigo – CNPT no ano de 1974. A presente pesquisa desenvolveu-se através de análises bibliográficas, da legislação e de documentos constituidores das referidas instituições em articulação com o contexto político-econômico regional e brasileiro dentro do recorte temporal 1937-1974. No trabalho discute-se a atuação dessas instituições de pesquisa como centros promotores de extensão, difusão e produção tecnológica voltadas à produção agrícola. Em termos de recursos, o estudo também faz uso da oralidade de atores que participaram desses processos modernizantes no setor produtivo. Em linhas gerais, pode-se afirmar que esse processo de modernização aplicada a agricultura no norte riograndense e no Brasil em geral, deu-se, em grande parte, pelas ações do Estado brasileiro através do crédito subsidiado, da extensão rural e da pesquisa agropecuária desenvolvida nos núcleos experimentais. A Estação Experimental de Passo Fundo bem como a Embrapa Trigo, desempenharam um papel de difusão de tecnologia agrícola configurando-se em instrumentos indispensáveis no processo de modernização da agricultura capitalista. Ao mesmo tempo, é patente que grande parte dos agricultores brasileiros ficaram à margem de tais políticas.