Dissertações defendidas

2017

281 – Título: “As Companhias/Escolas de Aprendizes Marinheiros nas páginas dos periódicos militares: 1861-1908”

Autor: Tatiany Moretto
Orientador: Profa. Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca:     Jose Miguel Arias Neto (UEL), Adelar Heinsfeld (UPF)
Defesa: 16/03/2017
Resumo: A Marinha do Brasil é uma das instituições mais antigas do Brasil. Parte dela veio para os trópicos com a Família Real, em 1808. Todavia, esta Marinha não pode ser considerada nacional até a Independência em 1822, mas sim luso-brasileira por ser inteiramente composta por estrangeiros. Carregada de heranças portuguesas, a certidão de nascimento da Marinha nacional é datada da separação entre o Reino e a Metrópole, quando teve início a sua estruturação e recrutamento entre os brasileiros natos. Dentre as ações tomadas para a organização da instituição, as Companhias/Escolas de Aprendizes Marinheiros foram criadas com o fim de adestrar menores para o serviço nos navios da Armada. De sua nacionalização até os anos iniciais da República, a Marinha percorreu um caminho sinuoso para a sua organização e consolidação enquanto instituição brasileira. As dificuldades que enfrentou para a sua estruturação resultaram, em grande medida, do singular contexto econômico e político do Brasil em comparação às demais colônias da América. Atuante em diversos conflitos do Império, com a Guerra da Tríplice Aliança despertou a necessidade de renovação imediata das Forças Armadas do país, principalmente a Marinha e suas instituições de formação de marinheiros. O objetivo desta pesquisa consiste em identificar as reformas realizadas pela Marinha do Brasil nas Companhias/Escolas de Aprendizes Marinheiros entre 1861 e 1908 nas páginas de quatro periódicos que circularam no país. Este recorte temporal abrange o momento mais profícuo da imprensa militar brasileira e a sua investigação é essencial para compreender a trajetória das instituições ligadas a Marinha brasileira. Estes periódicos foram classificados enquanto militares e analisados como parte da imprensa periódica militar na perspectiva da nova história militar brasileira. Os periódicos selecionados para esta análise foram os Anais Marítimos (1861), o jornal O Soldado e o Marinheiro (1869), a Revista Marítima Brasileira (1881) e o jornal O Marujo (1907).

282 – Título: “Do leite em pó à agricultura familiar: a trajetória histórica do Programa Nacional de Alimentação Escolar no Brasil”

Autor: Andrea Cassia Schneider
Orientador: Profa. Dra. Ironita Adenir Policarpo Machado
Banca:     Cesar De Miranda E Lemos (UFFS), Marcos Gerhardt (UPF)
Defesa: 23/03/2017
Resumo: Esta dissertação busca compreender como os estudos sobre a fome e a alimentação escolar realizados nas décadas de 1930 e 1940 e a intervenção internacional atuaram na conformação do Programa Nacional de Alimentação Escolar consolidado em 2009, por meio da Lei nº 11.947. A proposta de criação de uma política nacional de alimentação elaborada por profissionais da saúde, em especial os médicos, parte da necessidade constatada de combater os problemas alimentares decorrentes da fome e da desnutrição. A partir desse contexto histórico-social, estudiosos das décadas de 1930 e 1940 dão embasamento científico a um amplo plano de governo, no qual estava incluso a Programa de Merenda Escolar. A política de alimentação escolar concentrou em torno do seu desenvolvimento um sistema complexo, motivo pelo qual optamos por realizar uma análise conjuntural dos fatos ocorridos no Brasil, com maior ênfase nas décadas de 1930, 1950 e 2000. A abordagem de um tema que, à primeira vista, não apresenta relação direta com a História, se mostra relevante na medida em que a fome, a produção agrícola e o próprio PNAE inter-relacionam várias temáticas importantes da historiografia brasileira. Os problemas da terra, da alimentação e das políticas de governo se transpassam ao longo de décadas e o título de política pública mais antiga do Brasil não pode ser visto com louvor. Ao longo de mais de 70 anos, o Programa tem seu desenvolvimento marcado pela estreita ligação com a história política do Brasil e o problema social decorrente da dificuldade de atender às necessidades nutricionais da população ainda está presente em muitas regiões nos dias atuais. A indagação de diferentes disciplinas frente à presença da fome no Brasil e no mundo interliga as ciências da saúde às questões agrárias, sociais, históricas, políticas e econômicas e, no caso deste estudo, empreende-se uma investigação referente à questão na perspectiva da História Social. Os estudos sobre políticas públicas no Brasil configuram-se pelas contribuições teóricas e empíricas e constituem, atualmente, um campo de análise com múltiplas dimensões e variados temas. Nesse âmbito, o presente estudo tem como objeto de análise a política de alimentação escolar brasileira. O objetivo geral do presente trabalho é analisar o processo de constituição histórico do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), através da contextualização das conjunturas político-sociais dos governos em três décadas de seu desenvolvimento (1930 – 1950 – 2000), frente às demandas sociais.

283 – Título: “Uma História Ambiental da Floresta Nacional de Passo Fundo: 1946-2011”

Autor: Debora Nunes De Sa
Orientador: Prof. Dr. Marcos Gerhardt
Banca:     Eunice Sueli Nodari (UFSC), Ironita Adenir Policarpo Machado (UPF)
Defesa: 29/03/2017
Resumo: Localizada no município de Mato Castelhano, Rio Grande do Sul, a Floresta Nacional de Passo Fundo, Unidade de Conservação de Uso Sustentável, possui 1.275 hectares de superfície e, apesar de situar-se na área de ocorrência endêmica da Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária), apenas 354,80 hectares de sua área total conservam vegetação remanescente dessa tipologia florestal. Possui importante representatividade no manejo sustentável de espécies madeiráveis e na conservação da biodiversidade regional. Sua história tem início na década de 1940, quando o Instituto Nacional do Pinho, órgão paraestatal, implementou, como parte de sua política de “reflorestamento” (monocultivo de árvores), a formação de Parques Florestais no Sul do Brasil, com o objetivo de estudar técnicas de plantio, manejo e colheita da espécie nativa Araucaria angustifolia. Criada em 1946, então localizada no município de Passo Fundo, como Parque Florestal José Segadas Viana, foi mais tarde renomeada como Floresta Nacional de Passo Fundo. Esta pesquisa estuda a sua trajetória histórica, desde a criação do Parque Florestal até a implantação do Plano de Manejo em 2011, que definiu as atuais práticas de manejo florestal e administração. Utiliza a abordagem da História Regional e da História Ambiental, e faz um recorte fitogeográfico combinado com o espaço da unidade, isto é, considera a região de ocorrência endêmica da Floresta Ombrófila Mista e as relações sociais e econômicas – participantes da construção do espaço –, que se estabeleceram a partir das práticas da unidade. Tem como objetivo, ainda, estudar as transformações ocorridas na paisagem, as iniciativas para a divulgação do conhecimento técnico adquirido durante os experimentos de plantio no período analisado, e as funções assumidas pela unidade ao longo do tempo. Conclui-se, com a pesquisa, que ocorreram diversas transformações na paisagem da Floresta Nacional de Passo Fundo, decorrentes das mudanças na legislação e da concepção da função das unidades de conservação, o que tornou sua paisagem, em grande parte, construída e manejada pela ação humana.

284 – Título: “A práxis política da Igreja Católica na Diocese de Chapecó/SC (1970 e 1980)”

Autor: Tiago Arcego Da Silva
Orientador: Prof. Dr. Joao Carlos Tedesco
Banca:     Arlene Anelia Renk (Unochapecó), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 29/03/2017
Resumo: A partir do final da Segunda Guerra Mundial foi imposto para o continente Latino-Americano um novo modelo de desenvolvimento. Neste contexto, surgiram diferentes movimentos de resistência e de luta por direitos. Ao mesmo tempo, no campo eclesial, a abertura proposta pelo Concílio Vaticano II (1962-1965) e pelas Conferências Episcopais de Medellín (1968) e de Puebla (1979) favorecem o surgimento e a elaboração da Teologia da Libertação, formulada, então, como uma proposta de superação das desigualdades no continente que deveria ser protagonizada pelos empobrecidos. Sua práxis conduz a diferentes enfrentamentos, conflitos e oposições. Contudo, os impactos sentidos na nova proposta de organização da Igreja Católica em todo o continente encontram peculiaridades e semelhanças em cada localidade. Nesse sentido, este trabalho visa analisar a práxis política da Igreja Católica em Chapecó, a partir da tradução dos debates em torno da Teologia da Libertação para a realidade local, observando sua organização e os principais conflitos acontecidos nas décadas de 1970 e 1980. Todo esse avanço, prático e teórico da Teologia da Libertação, foi organizado ao mesmo tempo em que se deu a chegada, na Diocese de Chapecó, do bispo Dom José Gomes, que também teve papel decisivo nesta nova proposta teológica e pastoral. As posturas da Igreja Católica seriam influentes para a história da região, especialmente, quando se refere aos conflitos sociais de grande repercussão, como nos casos das demarcações de Terra Indígenas do Toldo Xapecó (1978) e do Toldo Chimbangue (1974-1985), o caso da Peste Suína Africana (1978), o caso da construção da Usina Hidrelétrica de Itá (1979-1985) e o caso da ocupação da Fazenda Burro Branco, em Campo Erê (1980). A análise das fontes nos permitirá dizer que esse período pode ser considerado como decisivo para a história do Oeste Catarinense Desta maneira, percebemos uma práxis política consolidada em um movimento que teve muita força no interior da Igreja Católica em toda a América Latina, nas décadas de 1970 e 1980, e que foi traduzida para uma realidade específica de tal modo que se apresentou determinante para o desenvolvimento regional.

285 – Título: “O enquadramento fotográfico enquanto possibilidade de região histórica”

Autor: Fabiana Beltrami Da Silva
Orientador: Profa. Dra. Jacqueline Ahlert
Banca:     Eduardo Roberto Jordao Knack (UFPEL), Luiz Carlos Golin (UPF)
Defesa: 06/04/2017
Resumo: Este estudo aborda a fotografia urbana na história. Propõe-se a pesquisar a construção de uma região identitária de identidade e de memória para a cidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, a partir do enquadramento fotográfico realizado através de estúdios fotográficos e por fotógrafos amadores ou por profissionais, bem como suas interlocuções com o contexto cultural. O enquadramento fotográfico foi problematizado na perspectiva de seus potenciais intrínsecos de balizar uma região na História, a partir das representações fotográficas e das possibilidades de selecionar objetos simbólicos componentes de um determinado espaço. Na pesquisa, realizou-se uma paralelo acerca da prática de perpetrar registros fotográficos da urbe, de modo amplo e circunscrito, analisando dos álbuns de cidade, do uso de cartões postais, além das imagens publicadas nos jornais locais. São abordados os conceitos de região, memória, enquadramento fotográfico, fotografia urbana e aqueles relativos à constituição morfológica da urbe, nas suas interfaces com a cidade em questão. A partir do espaço de interesse, isto é, da Praça Marechal Floriano e seu entorno – Rua Independência, Rua Bento Gonçalves, Rua General Netto e Rua Moron –, seus prédios, passeios e demais usos e sentidos espaciais, como o religioso, o cultural, o político e o ferroviário. A história da cidade e da região é narrada em conjunto com 74 imagens, desde a década de 1910 até a contemporaneidade. Os principais objetos morfológicos da cidade são delimitados e observados a partir da leitura de 27 imagens fotográficas, bem como são também as técnicas da fotografia utilizadas e os espaços que contemplavam. A história da fotografia de cidade abrange os usos das imagens em Passo Fundo e os aspectos do que estas representavam, – e ainda representam a partir da continuidade da reprodução atual do espaço, permanecendo na memória coletiva da região enquadrada. Assim, ao final, afirma-se a relação entre enquadramento fotográfico e região no decorrer da longa duração histórica e iconográfica da área em questão.

286 – Título: “Do Estatuto do Servidor Público à terceirização em Erechim: o trabalhador em busca de seus direitos (2010-2011)”

Autor: Domingos Roque Pavan
Orientador: Prof. Dr. Marcos Gerhardt
Banca:     Luis Fernando Santos Correa Da Silva (UFFS), Ironita Adenir Policarpo Machado (UPF)
Defesa:27/04/2017
Resumo: A terceirização é a técnica administrativa de transferir para outros alguns serviços que até então eram feitos internamente por empresas e instituições. Seguindo essa tendência, a terceirização foi introduzida também na administração pública. É sobre este tema que a pesquisa em tela trata: a terceirização de serviços na Administração Pública e os reflexos decorrentes dessa relação concernentes aos servidores públicos, passando pela fragilização do estatuto que rege a carreira pública. Para tanto, faz-se uma contextualização com a perspectiva histórica da Administração Pública brasileira, tendo como ponto de partida a chegada da família imperial portuguesa ao Brasil, por entendermos que é a partir desse momento que o país passa a ter uma autonomia administrativa, mesmo que essa autonomia tenha sido à época, gerida por portugueses. Seguindo o ordenamento histórico, passamos por outros governos, destacando, em cada um, eventos administrativos relevantes, que, de alguma maneira, prepararam o caminho para que hoje a terceirização seja uma realidade. Nessa perspectiva, os eventos administrativos ocorridos a partir da década de 1980 têm maior relevância, pois é partir daí que é intensificado o projeto de reforma do estado que abre as portas da Administração Pública para a terceirização. Essa abertura colide frontalmente com os interesses dos servidores públicos, que vêem sua autonomia atingida, e gera uma precarização nas condições de trabalho. O estudo aborda os vários lados da terceirização, mostrando o que argumentam aqueles que defendem tal prática e também aqueles que criticam essa nova forma de contratação. Esta pesquisa se vincula à história social do trabalho. Nessa perspectiva, são usados, como fonte de pesquisa, processos judiciais encontrados na Justiça do Trabalho de Erechim que deram entrada nos anos de 2010 e 2011 e que tenham como parte as empresas de serviços terceirizados, contratadas pela Prefeitura Municipal de Erechim e seus funcionários. Por meio da análise dos processos, procurou-se traçar um perfil de quem são os trabalhadores terceirizados e saber quais os direitos cujo reconhecimento esses trabalhadores precisam buscar na Justiça.

287 – Título: “Patrimônio e (é) poder: usos do patrimônio nas revistas do IPHAN de 1937 a 1984”

Autor: Fernando Arnold Lorenzon
Orientador: Profa. Dra Ironita Adenir Policarpo Machado
Banca:     Luiza Horn Iotti (UCS),  Gizele Zanotto (UPF)
Defesa:16/05/2017
Resumo: Quando se ouve falar em patrimônio, normalmente imagina-se algo referente à preservação de monumentos de fácil visualização e ligados a uma cultura dominante, tais como prédios, igrejas, obras de arte, etc. Tais elementos normalmente remetem à imigração europeia que iniciou a colonização em locais específicos e relacionados a religiosidade predominante. Outra visão equivocada acerca do patrimônio é a de que tudo o que é produzido em determinado contexto faz parte da identidade nacional, sendo que com o passar dos anos e a vinda de novas gerações, criou-se, por vezes, novas bases identitárias e culturais híbridas articuladas entre diferentes contextos e períodos. As próprias movimentações políticas estatais são produtos de demandas históricas específicas, tanto a criação de políticas ou ações quanto a criação de instituições das mais diversas áreas. A exemplo, expõe-se o caso do SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que não seguia uma tendência diferente quando, além de o governo Getúlio Vargas incluir em sua constituição uma lei específica para o patrimônio histórico e cultural nacional, também criou um órgão cuja função era legitimar uma identidade nacional pautada pela memória construída através do patrimônio histórico nacional definido e divulgado através da Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Esta dissertação tem o intuito de analisar as Revistas do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, publicadas pelo SPHAN/IPHAN entre os anos de 1937 e 1984 buscando evidenciar os sentidos dados ao patrimônio, as ideias de identidade nacional estruturadas de acordo com o rol de artigos publicados na revista e, também, averiguar de que maneira a revista e o órgão através dela relacionavam-se às políticas e ideias de nação desenvolvidas no contexto histórico em que estavam inseridas. Para isso, buscamos evidenciar, através do conteúdo das publicações e da análise do discurso produzido sobre o patrimônio e os sujeitos a ele ligados, qual identidade nacional foi construída pelos ideais de patrimônio que influenciaram o desenvolvimento do periódico e foram divulgados pelo mesmo.

288 – Título: “O cenário internacional sob o olhar da imprensa regional: o jornal A Federação e a Primeira Guerra Mundial”

Autor: Maria Dioneia Paula Da Rosa
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca:     Delmir José Valentini (UFFS),  Alessandro Batistella (UPF)
Defesa:01/06/2017
Resumo: Este trabalho objetiva contemplar o posicionamento do Brasil durante a Primeira Guerra Mundial, por meio de uma análise das reportagens relacionadas ao evento e publicadas no jornal A Federação, o qual era produzido em Porto Alegre de 1884 a 1937 e circulava por todo o estado. O objetivo específico foi compreender como a abordagem jornalística nas matérias publicadas pela A Federação, seja elas de autoria de seus jornalistas ou reproduções de jornais do Rio de Janeiro e São Paulo, foi sendo alterado no decorrer do conflito, procurando sempre manter uma consonância acerca das ideias que norteavam a política adotada pelo Brasil para a Grande Guerra, perpassando por momentos de aproximação e de distanciamento seja com os países da Tríplice Entente ou da Tríplice Aliança. Para dar conta do objetivo foi realizada uma pesquisa bibliográfica e documental. A pesquisa bibliográfica contou principalmente com a coleta de dados secundários dos mais diversos estudiosos do assunto. A pesquisa documental foi realizada no arquivo digitalizado da Hemeroteca Nacional. Como parte do esforço de contextualização da Grande Guerra, foram utilizadas imagens de momentos que mudaram os rumos da participação do Brasil no Conflito, além da integra dos decretos que regulamentaram a neutralidade e o estado de guerra. Em um primeiro momento realizamos uma contextualização acerca da estrutura econômica, social e política do Brasil no início do século XX, perpassando pelas relações diplomáticas, e pelos conflitos internos. Em um segundo momento a pesquisa destacou a importância da imprensa e a evolução da mesma durante os anos da Grande Guerra, além da gradativa mudança de rumo que das políticas brasileiras para com a guerra, fomos da neutralidade ao rompimento de relações com a Alemanha. O terceiro capítulo denota o posicionamento adotado pelo Brasil nos últimos anos da Primeira Guerra Mundial e a contribuição do país para o conflito ao lado da Tríplice Entente, e a participação da delegação brasileira nos acordos de paz. Conclui-se que o fato de o jornal A Federação pertencer ao Partido Republicano Rio-Grandense contribuiu para o posicionamento do mesmo estar sempre em consonância com o do Governo Central.

289 – Título: “Casar bem”: estratégias matrimoniais e econômicas na Região de Colonização Italiana do Rio Grande do Sul (1906-1970)”

Autor: Marinilse Candida Marina Busato
Orientador: Profa. Dra. Rosane Marcia Neumann
Banca:     Maira Ines Vendrame (Unisinos), Marlise Regina Meyrer (UPF)
Defesa: 13/06/2017
Resumo: O presente trabalho analisa a trajetória das famílias de imigrantes italianos Pandolfo, Bernardi, Lunardi e suas ramificações, tendo como fio condutor e elo de interligação a família Busato. Esses imigrantes italianos, originários de áreas urbanas do Vêneto, fixaram-se na sede da colônia de Guaporé, no início do século XX, onde estabeleceram uma complexa rede de comércio, que abrangeu o distrito de Vila Maria até a sede Guaporé, ativa até a década de 1970, recorte temporal da pesquisa. Justifica-se a pesquisa pelo importante papel desempenhado pelos comerciantes, interligando as áreas urbanas e rurais, e escoando mercadorias através do porto de Muçum, distante 44 Km da sede Guaporé. Ainda, as pesquisas referentes à colônia de Guaporé, criada em 1892 em função da ampla ocupação territorial da “colônia mãe” Caxias do Sul, são escassas, além de existirem poucos trabalhos sobre a imigração italiana nos centros urbanos, com ênfase nas condições da emigração da Itália para o Brasil, incluindo a divisão familiar em ambos os lados do oceano. A análise teórica e metodológica segue a linha da micro-história italiana e o uso de fontes orais. A redução de escala de análise, o método indiciário e a exploração exaustiva das fontes permitiram traçar as trajetórias familiares desse grupo de comerciantes, revelando indícios das alianças e estratégias empregadas em prol da ascensão social, econômica e política. Partindo da família Busato, reconstruiu-se sua rede comercial ramificada pelo interior de Guaporé, articulada e consolidada por meio dos casamentos entre as famílias de imigrantes e comerciantes, mantidos até a terceira geração no Brasil. O estudo contribui para a historiografia da imigração italiana, ao tratar de trajetórias de imigrantes no espaço urbano, inseridos na atividade comercial, em uma região de colonização mais tardia – colônia de Guaporé –, e ao dar visibilidade à construção de uma rede familiar costurada via casamentos, e à ascensão de uma elite econômica, social e política, que dominou toda a região por quase um século. Logo, filhos de comerciantes casavam com filhos de comerciantes por uma estratégia econômica, visando à manutenção e ampliação dos negócios da família, evoluindo de comerciantes para industrialistas e expandindo-se para outras regiões não propriamente fundadas pela colonização italiana, de modo a interagir economicamente com os demais grupos de imigrantes e exportar produtos para outros continentes. Portanto, nosso trabalho tem como objetivo demonstrar que até mesmo as exceções matrimoniais do grande grupo eram vistas e pensadas como estratégias, um trampolim para a ascensão econômica e social, demonstrando que ao contrário do grande número de obras referentes à imigração italiana no Rio Grande do Sul, nem todos os italianos aportaram miseráveis e sem perspectiva financeira nas colônias sulistas, e o prestígio social era tão importante quanto a constituição dessa nova elite social.

290 – Título: “A ferrovia no norte do Rio Grande do Sul: uma história do trecho Passo Fundo-Marcelino Ramos/RS (1957-1997)”

Autor: Aline Asturian Kerber
Orientador: Prof. Dr. Marcos Gerhardt
Banca:     Delmir Jose Valentini (UFFS), Adelar Heinsfeld (UPF)
Defesa: 12/09/2017
Resumo: Esta dissertação analisa a história da ferrovia no norte do estado do Rio Grande do Sul por meio do estudo do trecho entre Passo Fundo e Marcelino Ramos. Para isso, retoma a história da implantação da ferrovia no norte do estado no início do século XX e seu papel naquele momento histórico. Sua ênfase, no entanto, é o papel econômico e social da ferrovia no período em que a Rede Ferroviária Federal S.A. foi responsável pela administração das ferrovias no país, ou seja, de 1957 a 1997. Além disso, busca compreender os contextos históricos locais e nacionais que culminaram na desativação do trecho ferroviário de Passo Fundo a Marcelino Ramos no ano de 1997. Analisa porque o transporte ferroviário não se efetivou como elemento de desenvolvimento regional ao longo das décadas no norte do Rio Grande do Sul e também como elemento de integração nacional, função desempenhada há muito pelas rodovias. As fontes utilizadas na pesquisa englobam a imprensa, entrevistas orais e documentos oficiais emitidos pelo governo do Rio Grande do Sul e governo federal e seus órgãos. Essa pesquisa se dá na perspectiva da história regional com ênfase nos espaços que tiveram suas economias e suas histórias vinculadas à ferrovia. Por meio do estudo da história de um trecho ferroviário específico, busca-se reflexões de maior abrangência e a compreensão de processos históricos mais amplos. Assim, entende-se que o estudo da história do trecho proposto é significativo não apenas para a compreensão da história local, mas possibilita o entendimento de conjunturas que envolvem a história do transporte ferroviário em âmbito nacional, pois traz inúmeros elementos que são representativos de processos históricos e contextos mais abrangentes. Dentre esses contextos, podemos citar a introdução da lógica capitalista em regiões distantes dos centros econômicos do país, sendo a construção de ferrovias com capitais estrangeiros um dos elementos utilizados nesse propósito; o crescimento da importância do transporte rodoviário em relação às ferrovias ao longo do século XX; as privatizações e concessões de serviços públicos na década de 1990, dentre eles o transporte ferroviário; e as desativações de inúmeros trechos férreos em todo o país após suas concessões à iniciativa privada.

291 – Título: “De igreja matriz à catedral: sentidos de uma demolição que marcou Erechim”

Autor: Cleiane Maria Moretto
Orientador: Profa. Dra. Jacqueline Ahlert
Banca:     Ligia Maria Avila Chiarelli (UFPEL), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 18/09/2017
Resumo: A igreja neobarroca matriz São José de Erechim, construída entre 1927 e 1934 e demolida em 1969 para ser substituída pela Catedral São José, em estilo modernista, é o objeto de estudo deste trabalho. Buscando primeiramente compreender as motivações da sua demolição, a qual se deu de forma polêmica e paradoxal, o objetivo principal desta pesquisa é investigar sob uma perspectiva histórica o processo da demolição da matriz até a sua substituição pela catedral. Através da análise detalhada do principal periódico existente na época em Erechim, cruzando fontes diversas encontradas, e visando estabelecer uma relação com aspectos culturais, levando em conta a temática patrimonial, área expressiva no âmbito social e considerando a sua representação para a comunidade erechinense, pondera-se que tal substituição teve reflexos na dinâmica de ocupação e leitura de sentido conferida ao espaço pelos moradores da cidade. Este trabalho versa sobre aspectos da história da conformação do espaço arquitetônico compreendido pela Praça da Bandeira, tendo como foco principal a substituição da igreja e sua representatividade em termos sociais e na projeção de um ideário modernista. No que se refere a interação e às reações da comunidade alusivas ao acontecimento, identifica-se a relação de conceitos do uso do espaço e representação. Relacionado ao campo do patrimônio e memória, busca-se também a reflexão entre a modernização e a preservação. O estudo sobre a demolição da igreja matriz São José, que culminou em 1969 em Erechim, não se restringe apenas à edificação neobarroca, sua demolição e substituição, mas também ao imaginário criado por uma parte dos habitantes, hipoteticamente relacionado ao “lugar” que a igreja estava inserida. Considerando que as práticas agregam significados que produzem interfaces com as memórias, a edificação de caráter estético modernista que substituiu a matriz São José, elevada a catedral, pode ter alterado a relação de sentido de parte da comunidade erechinense - sobretudo os frequentadores - para com o “lugar” e com a edificação.

292 – Título: “História, estética e ressignificação patrimonial da imaginária missioneira remanescente em Santa Bárbara do Sul/RS”

Autor: Linara Cristina Dos Santos
Orientador: Profa. Dra. Jacqueline Ahlert
Banca:     Artur Henrique Franco Barcelos (FURG), Luiz Carlos Golin (UPF)
Defesa: 03/10/2017
Resumo: O presente trabalho realiza uma análise da imaginária missioneira, remanescente no município de Santa Bárbara do Sul-RS, Brasil, nos âmbitos da história, da estética e do patrimônio. Tais representações escultóricas e suas trajetórias são alusivas a processos históricos que compõem a dinâmica da dispersão dos remanescentes da cultura material proveniente das Missões Orientais do Uruguai -conhecidas como Sete Povos - do povoamento da região que abrange o município de Santa Bárbara do Sul e da apropriação destes pelos novos povoadores lusobrasileiros, num processo de longa duração histórica. A Nova História Cultural, herdeira da História das Mentalidades, tem como uma de suas características a análise dos fenômenos culturais na perspectiva da longa duração. Como o objetivo da pesquisa é analisar a apropriação e a ressignificação da imaginária missioneira, utilizou-se da longa duração para investigar como as imagens de Santa Bárbara e São João Batista são testemunhas do processo de povoamento. A região de Santa Bárbara do Sul foi, durante o período jesuítico-guarani, um posto da grande estância do Povo de São Lourenço. Nestes postos era comum existir pequenos povoados com capelas dedicadas aos santos protetores dos lugares. Objetiva-se explorar a hipótese de que as imagens de Santa Bárbara e São João Batista, remanescentes no município, são representativas da cultura material da antiga estância missioneira e que podem ter sido confeccionadas no local por artesões indígenas, fora dos ateliers missioneiros. Esteticamente, essas imagens são representativas da intervenção indígena na imaginária, introduzida pelos jesuítas, e da amálgama cultural que foi a experiência missioneira, a qual resultou em obras originais de feitio autóctone, características de um novo estilo artístico: o missioneiro. Constatou-se, através da análise dos elementos estéticos e atributos que acompanham as imagens, a sua procedência missioneira. Por fim, verificou-se uma mudança significativa nos sentidos atribuídos às imagens. Nos dias atuais, elas passam por um processo de patrimonialização em detrimento do seu valor religioso.

293 – Título: “Deu no Globo: Leonel Brizola e a criação do Partido Democrático Trabalhista (1979-1982)”

Autor: Marcelo Marcon
Orientador: Profa. Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca:     Americo Oscar Guichard Freire (FGV), Alessandro Batistella (UPF)
Defesa: 05/10/2017
Resumo: Essa pesquisa objetiva compreender o discurso do jornal O Globo sobre o processo que culminou na criação do Partido Democrático Trabalhista (PDT), por meio da ação de Leonel Brizola. O ex-governador do Rio Grande do Sul retornou do exílio em 1979 e buscou recriar o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), porém o Tribunal Eleitoral decidiu por entregar a sigla para Ivete Vargas. Brizola, então, criou o PDT, sob influência da social-democracia europeia, com quem teve contato no exílio, especialmente no Encontro de Lisboa, em 1979. Portanto, a pesquisa aborda a trajetória de Brizola desde o exílio em Portugal, seu retorno em 1979, a disputa judicial pela sigla PTB, a criação do PDT, e a campanha e eleição de Brizola para governador do Rio de Janeiro, em 1982. Todo esse processo teve como fonte o jornal O Globo, que se torna também objeto de estudo dessa dissertação. Essa pesquisa buscou responder a seguinte pergunta: Como o jornal O Globo elaborou seu discurso sobre a ação de Leonel Brizola no processo de criação do Partido Democrático Trabalhista, nos anos de 1979 a 1982? Para respondermos, buscamos compreender a forma como o jornal criou seu discurso, analisado de acordo com a metodologia proposta por Patrick Charaudeau, que entende o discurso político como um jogo de máscaras, que possui meios discursivos de que dispõe o sujeito político para tentar persuadir e seduzir seus interlocutores. Justifica-se a relevância da pesquisa pela importância da interdisciplinaridade entre história e imprensa, principalmente no contexto de renovação da história política, que elege os jornais como fonte relevante para a pesquisa histórica, e pelo papel exercido por Leonel Brizola e o jornal O Globo no processo de abertura política do regime militar brasileiro e de reorganização partidária, em que o trabalhismo, que estava fora do cenário político brasileiro desde 1964, ressurge e encontra resistência de O Globo.

294 – Título: “Fronteiras fluidas: escravidão e liberdade na comarca de Palmas/PR (1860/1900)”

Autor: Maria Claudia De Oliveira Martins
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Golin
Banca:     Paulo Roberto Staudt Moreira (Unisinos), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 14/12/2017
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo compreender os caracteres de que se revestiu a escravidão e a liberdade em Palmas/PR, entre os anos de 1860-1900, período que abrange as décadas finais da escravidão e possibilita acompanhar as rupturas e permanências advindas da abolição, até o final do século. Ademais, propõe-se a reforçar a pertinência em deixar para trás limites rigidamente fixados entre a escravidão e a liberdade, evidenciando a assertividade de tal proposição por meio das experiências de escravos, ingênuos e libertos ao longo do período assinalado. Entre os conceitos fundamentais à referida análise, estão a autonomia relativa possível aos escravizados e a liberdade precária fruída por aqueles que deixaram essa condição ou que, nascidos declaradamente livres, foram alvo de diferentes tentativas de vinculação e exploração, as quais cerceavam a autonomia declarada/conquistada. Intenta-se desenvolver os referidos conceitos na perspectiva de uma região assinalada por uma delicada situação de disputas territoriais; enquanto lugar de marcação de fronteiras, em seus diferentes âmbitos; e a partir da atividade econômica que ali, prioritariamente, se desenvolvia, a pecuária, sendo utilizados como fontes de pesquisa documentos cartoriais e judiciais, registros eclesiásticos, atas da Câmara, fontes jornalísticas e censitárias. Metodologicamente, fez-se a opção de privilegiar o trato qualitativo das referidas fontes. Os estudos realizados permitem reconhecer caracteres comuns à escravidão e a liberdade em outras regiões brasileiras, como o sudeste, que concentra a maior parte dos estudos sobre escravidão. Contudo, assinala particularidades no cotidiano, nas ações e relações dos atores sociais que são próprias da região pesquisada. A pesquisa distinguiu na escravidão e até no pós-emancipação, uma tentativa de controle amplo por parte da camada senhorial, que também se constituía na elite política e econômica palmense, sobre os escravizados/novos livres “de cor” e seus descendentes imediatos, mas que esbarrou na necessidade de firmar acordos e atender demandas negras a fim de alcançar uma condição de relativa coesão social, imprescindível àquela sociedade fronteiriça. Por outro lado verificou-se que essas populações “de cor” souberam também orientar suas ações e relações, de modo a perseguir seus projetos (de vida, de liberdade, etc). E que, mesmo quando se encontraram diante das restrições colocadas a essa consecução, não se apassivaram ou desistiram de contorná-las, utilizando os espaços possíveis para sua reação.

295 – Título: “A cultura do canto coral no oeste catarinense (1920-1970)”

Autor: Marcia Luzia Freitag Wolfarth
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luis Trombetta
Banca:     Roswithia Weber (Feevale), Rosane Marcia Neumann (UPF)
Defesa: 14/12/2017
Resumo: Na presente pesquisa buscou-se analisar a cultura alemã no oeste catarinense, e compreender de que maneira a música serviu como forma de legitimação na nova pátria, sem esquecer as raízes culturais germânicas. Analisar formação das Sociedades de Canto criadas com a finalidade de vangloriar sua cultura. O foco dessa pesquisa voltou se para o Canto Coral no oeste de Santa Catarina e sua utilização como forma de saudosismo e identidade étnica germânica. Para tanto, elaborou-se considerações reflexivas a respeito do Canto Coral que se constitui em uma ferramenta para estabelecer uma densa rede de configurações socioculturais, com os elos da valorização da própria individualidade, da individualidade do outro e do respeito das relações interpessoais, num comprometimento de solidariedade e cooperação. O canto Coral configura-se como uma prática musical exercida e difundida nas mais diferentes etnias e culturas. Considera-se o projeto Conto Coral à luz do conceito de criação de uma simbologia que permite a invenção da identidade regional, como algo que se renova e se transforma constantemente. Este estilo de canto foi utilizado em outros países com conotações cívicas e patrióticas, e impulsionado no Brasil graças à atuação de Villa-Lobos durante a vigência do governo Vargas. O Estado Novo com seu caráter ditatorial e suas medidas rigorosas, propiciaram a implantação obrigatória do Canto Coral nas escolas brasileiras, consideradas o local mais adequado para as ações nacionalistas, registrando se intensa prática pedagógica destinada a direcionar sentimentos de brasilidade. A participação dos discentes cantando e marchando em desfiles e cerimônias cívicas, também, foi exigida sob a força da lei. Em Santa Catarina, um número elevado de imigrantes que se concentravam em colônias espalhadas por várias regiões, justificou o programa governamental no sentido de fomentar os sentimentos de brasilidade, através da imposição de cantos cívico-patrióticos. Na região sul do Brasil, após a colonização, surgiram grupos com intuito de fortalecer os laços sociais, principalmente com pessoas da mesma etnia e religião. Com a finalidade de fortalecer os laços de amizade e solidariedade, esses grupos criaram associações que foram extintas pela política do Estado Novo, no governo Vargas. Posteriormente ressurgiram como sociedades de canto e compreender a formação da Liga Artística e Cultural do Oeste Catarinense e seu papel como cultural na região.