Universidade

Letras UPF recebe o linguista francês Dominique Maingueneau

11/04/2024

17:33

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Carla Vailatti

Pesquisador é considerado uma das mais relevantes mentalidades dos estudos linguísticos e literários da atualidade

Foi com o auditório da Biblioteca Central lotado que estudantes, professores e egressos da Universidade de Passo Fundo (UPF) — especialmente do curso de Letras — receberam o linguista francês Dominique Maingueneau. Na noite de quarta-feira, 10 de abril, o professor da Universidade de Paris IV Paris-Sorbonne ministrou uma aula especial sobre "O discurso, entre falantes e não-humanos". Maingueneau veio da França especialmente para atividades na UPF: de 08 a 11 de abril, ele ministra o Seminário Especial I e II no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade (PPGL).

Tradicionais no programa, os Seminários Especiais se destacam por trazerem professores pesquisadores das áreas de linguística e de literatura de diferentes universidades do mundo, com produção acadêmica de destaque internacional, uma oportunidade para que docentes e discentes dos cursos de mestrado e doutorado possam vivenciar experiências acadêmicas significativas.

O pesquisador francês iniciou seus estudos nos anos 1970, concentrando-se na Linguística e na Análise de Discurso. Maingueneau trata, em seus trabalhos, da inseparabilidade do texto e do quadro social de sua produção e circulação. Durante a aula realizada na noite de quarta-feira, o professor convidado explicou sua linha de pensamento, e trouxe a inteligência artificial como tema para reflexão. “Como podemos analisar textos produzidos por uma máquina que não é sujeito, mas que diz ‘eu’?”, comentou.

Para o autor, o futuro, assim como a realidade de hoje, é a interpenetração progressiva entre falantes físicos e falantes não físicos. “A situação do linguista é bem difícil, porque é um dilema. Você pode ignorar esses fenômenos e dizer; ‘bom, isso é periférico, a língua é a língua, o falante é o falante, etc’. Mas o risco é estudar dados bem limitados, porque eliminar todos os dados que passam por máquinas é realmente difícil. Outra possibilidade é modificar um pouco os nossos conceitos, enriquecer os conceitos, por exemplo, pensar que a noção de falante tem que ser repensada, a noção de interação, etc. Significa que não basta ler os fundadores da disciplina para resolver os problemas, é preciso trabalhar”, explicou Maingueneau.

A coordenadora do PPGL, Drª. Claudia Stumpf Toldo Oudeste, agradeceu a presença do pesquisador, bem como sua generosidade por dividir seus conhecimentos com os participantes. “Foi uma reflexão brilhante, com considerações acerca do texto, do gênero, do discurso e do papel do analista”, disse.

Para o coordenador da graduação em Letras, Dr. Miguel Rettenmaier, “Maingueneau supera, na base de seus princípios, o que se poderia imputar como uma separação entre áreas nos estudos das linguagens, quando se apartam estudos linguísticos e literários, fato histórico, em particular no Brasil”.

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