Por: Assessoria de Imprensa
Fotos: Arquivo Pessoal e Divulgação
Data promove a reflexão sobre as lutas da comunidade surda por dignidade e melhores condições de vida
Monique Giusti Reveilleau tem 44 anos ficou surda com dois anos e três meses. Ela conta que para família foi muito triste e desesperador a descoberta. Já para Carine Debiase de 30 anos, a história é um pouco diferente. Sua surdez foi descoberta em uma consulta médica. Um susto para sua família que procurou ajuda de um fonoaudiólogo passando a estudar na APAE em Espumoso. Monique e Carine têm vidas distintas, com diferentes oportunidades e vivências, contudo, o caminho das duas se cruza pela surdez.
A Comunidade Surda Brasileira comemora, em 26 de setembro, o Dia Nacional do Surdo, data que promove a reflexão sobre as lutas por inclusão, condições de vida, trabalho, educação, saúde e cidadania. “Percebo que a sociedade pensa que a surdez é uma doença e não é. Tem ponto de vista diferente: clínico, educação e cultura. O surdo não é considerado doente e/ou deficiente. Eu sinto ser surda normal e igual a pessoas ouvintes, só não uso a língua portuguesa, mas sim a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a primeira língua dos surdos, uma língua oficial do país”, disse Monique.
Lutando por reconhecimento
Conforme Carine, uma das maiores dificuldades de viver em uma sociedade em sua maioria de ouvintes é o preconceito das pessoas. “As pessoas falam surdo-mudo, perguntam se ouvimos”, disse.
Para Monique a dificuldade de comunicação é um entrave. “A maior dificuldade é se comunicar com as pessoas ouvintes, por não saberem Libras. Também tem muito preconceito, discriminação, porque oprimem muito os surdos”, afirmou.
Rompendo barreiras
Muitas vezes o mercado de trabalho não oferece oportunidade para pessoas surdas. Por meio da formação acadêmica, Monique e Carine romperam barreiras. Monique trabalha como professora de crianças surdas dos 2º e 3º anos do ensino fundamental e também é professora de Libras na Universidade de Passo Fundo (UPF). “Sou formada em Pedagogia – Séries Iniciais, especializada em Educação Especial e atualmente sou mestranda em Letras na UPF”, conta.
Carine é formada em Ciências Biológicas e trabalha nos Laboratórios do Colégio Marista Conceição. Sobre o Dia Nacional do Surdo, Carine destaca que a data é muito importante para a comunidade surda pela luta, o orgulho e movimento.
É com orgulho que Monique também destaca a data. “O Dia Nacional do Surdo me representa muito orgulho, muitas lutas históricas. Desde que surgiu a língua de sinais na França, ela significou muito movimento, empoderamento das pessoas surdas, respeito, luta pelos direitos deles, foi um marco da história muito importante para as nossas vidas. Enfim, me orgulho de ser surda. É muito importante mostrar que este dia 26 de setembro é um dia muito especial para a nossa comunidade surda e também para a sociedade que é difícil acreditar na competência e na capacidade da pessoa surda”, explicou.
Mensagem
“Eu gostaria que as pessoas aprendessem Libras para poder comunicar com os surdos, isso pode facilitar a comunicação entre surdos e ouvintes e para garantir melhor acessibilidade para todos”, destacou Monique.
Carine também salientou que há necessidade de intérpretes em hospitais, médicos, prefeituras, câmara de vereadores, na televisão e também no cinema.
SAES UPF
O Setor de Atenção ao Estudante (SAES) oferece um espaço de acolhimento, escuta e mediação aos estudantes, com o propósito de tornar acessíveis os recursos e espaços da UPF. Segundo a psicóloga do Saes, Regina Ampese, o setor está organizado em duas frentes: Aprendizagem e Permanência. O setor oferece acolhimento multiprofissional envolvendo os serviços de Psicologia, Psicopedagogia, Psiquiatria, Serviço Social e Tecnologia Assistiva. “No caso dos estudantes surdos, estes são acompanhados em suas atividades na Universidade por tradutoras intérpretes de Libras (TILs), responsáveis por tornar acessível a comunicação destes acadêmicos com seu entorno, contemplando eventos institucionais, as disciplinas de Libras ofertadas na Universidade e nas atividades das docentes surdas que estão na UPF. O SAES procura pensar e contribuir na luta pela inclusão e o direito de ser diferente na diferença”, destacou.
Clínica de Fonoaudiologia realiza avaliações gratuitas
A UPF, por meio do curso de Fonoaudiologia e da Clínica de Fonoaudiologia, realiza toda a bateria de testes e avaliações auditivas tanto de recém-nascidos como de adultos e idosos de forma gratuita. De acordo com a coordenadora do curso de Fonoaudiologia, Dra. Luciana Grolli Ardenghi, as pessoas que são encaminhadas para clínica não precisam pagar pelos atendimentos. “Não têm nenhum custo as avaliações audiológicas, além disso fazemos encaminhamentos para exames mais sofisticados se os pacientes precisarem”, disse.
De acordo com Luciana, o diagnóstico precoce é fundamental para minimizar problemas. “Todo recém-nascido deve fazer o teste da orelhinha para identificar qualquer problema auditivo e qualquer alteração. Qualquer pessoa que sinta algum problema auditivo também é indicado que procure atendimento para diagnóstico e avaliação para que possamos identificar. Tem muitos problemas que quando são resolvidos precocemente podem ser tratados sem a perda auditiva ou as consequências da perda auditiva são minimizadas não só na audição, mas também no desenvolvimento da linguagem”, explicou.
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