Por: Assessoria de Imprensa
Fotos: Camila Guedes
Coletivo étnico-racial Maria Firmina surge a partir de demandas dos estudantes e debate questões relacionadas a pessoas não-brancas dentro do espaço universitário
Em 1859, Maria Firmina dos Reis escreveu Úrsula, considerado o primeiro romance abolicionista do Brasil. A obra conta a história de um triângulo amoroso no qual os personagens são pessoas negras que contestam o sistema escravocrata. Graças ao romance – mas não só isso -, hoje, Maria Firmina é considerada a primeira escritora brasileira e sua obra reconhecida por todo o país. Por essa contribuição, foi que seu nome foi escolhido por estudantes da UPF para intitular um novo e importante espaço: o coletivo étnico-racial Maria Firmina. Na noite dessa quarta-feira, 24 de maio, o grupo realizou seu primeiro encontro.
Interligado a outras ações e programas do Setor de Atenção aos Estudantes (Saes) o coletivo nasce a partir de dois principais programas: a Cartografia Social, que tem como objetivo fazer um mapeamento do perfil dos estudantes e também com outras ações, e da própria Política dos Estudantes, aprovada em 2021. “Com base nas ações já desenvolvidas e com base num diálogo com os estudantes da Universidade., onde se identificou algumas demandas que partiram dos próprios estudantes, o coletivo surge”, explica o auxiliar administrativo do Saes Taynã Oliveira.
O coletivo é formado essencialmente por estudantes da Universidade, mas todos são bem-vindos. O objetivo é reunir e agregar pessoas de diferentes cursos, de diferentes cores, raças e etnias. “O Maria Firmina tem como uma das suas concepções que ele possa ser um coletivo para o fortalecimento, desenvolvimento de potências, além de um momento de acolhimento também, de troca, de vivências, de como é ser uma pessoa não branca dentro do espaço universitário”, comenta.
Neste primeiro encontro, estiveram em pautas temas como a importância da auto declaração, a dificuldade de acesso da população não branca a universidades, entre outras questões. As atividades foram conduzidas pelas acadêmicas Laura da Silva Nunes, Maria Eduarda Medeiros e Natália Oliveira. A proposta, de acordo com Taynã, é que esse primeiro encontro funcionasse com um primeiro momento de acolhimento e apresentação da proposta para, então, que a metodologia seja construída de forma coletiva. “Não é uma proposta que vamos trazer pronta e estática, vamos também convidar as pessoas a trazerem demandas de como elas se sentem, que possam compartilhar suas experiências na universidade, quais demandas existem para a partir disso construir uma metodologia e outros encontros”, conta. A ideia é que sejam realizados dois encontros mensais: um aberto e outro fechado, para tratar de demandas mais específicas.
Estudante do primeiro semestre do curso de Medicina, Laura conta que entrou no coletivo, por meio do Projeto Pertenser. Segundo a acadêmica, a escolha do coletivo étnico-racial foi porque, para ela, ele representa uma forma concreta e protagonizante de lutar, como estudante dentro da universidade, por um ambiente no qual as pessoas não-brancas se sintam acolhidas e representadas em um local que frequentam todos os dias. “Ter somente um colega ou um professor negro durante todo o curso em uma universidade particular é algo que deveria gerar, no mínimo, um estranhamento nas pessoas. Se para os negros e pardos é esse o cenário, imaginem para pessoas indígenas, amarelas e para outras minorias que muitas vezes nem são citadas”, frisa.
Na opinião de Laura, devíamos nos questionar sobre o porquê as coisas serem assim e o que devemos fazer para mudar esse cenário. “E é por isso que eu escolhi participar do Maria Firmina, para que possamos pensar maneiras de mudar essa realidade e colocá-las em prática e, principalmente, para abrir um espaço de escuta, debate, conversa, aprendizado e conscientização sobre as pautas étnico-raciais dentro da UPF”, finaliza.
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