Enriquecimento florestal: áreas de preservação da FUPF começam a ganhar 400 novas mudas de araucárias
02/12/2022
10:40
Por: Caroline Lima/Assessoria de Imprensa
Fotos: Tainá Binelo e Jaime Martinez
Ação tem a finalidade de aumentar a produção da espécie que é ameaçada de extinção e melhorar as condições de vida da fauna silvestre
Considerada um símbolo da região sul do país, a araucária é uma espécie fundamental para a conservação da fauna silvestre: a sua semente, o pinhão, é utilizada como alimento por mais de 70 espécies de animais. Apesar de ser muito conhecida, a planta enfrenta dificuldades de se regenerar naturalmente dentro das florestas. Preocupados com essa realidade, biólogos, professores e acadêmicos da Universidade de Passo Fundo (UPF) se uniram para realizar o plantio de 400 novas mudas de araucárias na Reserva Particular do Patrimônio Natural da Fundação Universidade de Passo Fundo (RPPN/FUPF).
A ação tem a finalidade de aumentar a produção da espécie que é ameaçada de extinção e melhorar as condições de vida da fauna silvestre. Todo o trabalho é desenvolvido por meio do Laboratório de Manejo da Vida Silvestre (Lamvis) da UPF, coordenado pelo professor Dr. Jaime Martinez, em parceria com o Green Office, a Floresta Nacional de Passo Fundo, administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Projeto Charão/Associação Amigos do Meio Ambiente (AMA). Também são parceiros do projeto o Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) e o Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCiamb) da UPF.
Primeiras mudas já foram plantadas
As primeiras dez mudas foram plantadas nesta quinta-feira, 1º de dezembro. “Iniciamos o processo de enriquecimento florestal da RPPN e ano que vem começaremos o manejo, pois além de criarmos área protegida para preservar a araucária, precisamos ter novos exemplares que substituirão as velhas quando elas morrerem”, explica o professor Dr. Jaime Martinez. “A araucária depende do manejo dos seres humanos porque ela não consegue competir com as demais plantas que crescem muito rapidamente e deixam ela na sombra, então necessita de manejo até que ela acesse o “teto” da floresta com pleno sol. A partir daí ela consegue se manter sozinha”, comenta o professor.
De acordo com ele, a araucária é uma das plantas mais difíceis de se auto renovar dentro da floresta. “Quando a espécie surgiu, há cerca de 230 milhões de anos, não havia plantas com crescimento rápido ao redor dela. Com o tempo, foram surgindo as plantas que chamamos de angiospermas e com isso a araucária está evolutivamente condenada a desaparecer, pois quando a semente cai ela germina devido a umidade e sombra, mas a partir de um ano ela precisa de muita luz, então se ficar à sombra começa a definhar”, destaca Martinez, ao ressaltar que, por este motivo, elas não conseguem passar de infantil para juvenil. “Aí entra a necessidade de entrar com manejo. Vamos ajudar a RPPN a aumentar a sua produção de araucárias plantando 400 mudas de excelente genética que estão sendo produzidas na Floresta Nacional de Passo Fundo, parceira desse projeto”.
A ação integra o projeto “Sequestrando carbono com árvores nativas estratégicas para a fauna silvestre”, desenvolvido pelo Laboratório de Manejo da Vida Silvestre, em parceria com o Green Office.
Presente no plantio das primeiras mudas, o chefe da unidade avançada do ICMBio, Adão Luiz da Costa Güllich, comentou a importância da ação e da RPPN para a preservação da biodiversidade. “Fomos convidados a participar desse importante projeto da UPF e selecionamos algumas matrizes de araucárias da Floresta Nacional de Passo Fundo que deram origem a essas 400 mudas. A RPPN da UPF é uma unidade de conservação federal na qual o ICMBio também tem responsabilidade de ajudar a cuidar, por isso estamos juntos nessa ação. Esperamos que essas mudas se desenvolvam e no futuro possamos vir até aqui registrar o crescimento delas”, disse.