Mais de 130 pessoas participaram do 10º Acampamento da Criança com Diabetes

Aos 8 anos, Bruna Capitanio descobriu a Diabetes Melitus tipo 1. Junto com o susto do diagnóstico, vieram muitas dúvidas. E foi aí que o Acampamento da Criança com Diabetes surgiu na sua vida. Hoje, com 18, ela teve a chance de poder participar de mais uma edição do evento, a décima, que ocorreu na última semana, no Campus I Universidade de Passo Fundo (UPF), e reuniu mais de 40 crianças e adolescentes que, assim como a Bruna, convivem com a doença e juntas aprendem a superar os obstáculos e que é possível ter uma vida saudável e divertida apesar do diagnóstico. 

Bruna participa desde a primeira edição do Acampamento. Acompanhada da mãe Liana, ela contou que, quando descobriu o diagnóstico, não conhecia ninguém que tivesse Diabetes. Foi no Acampamento que teve seu primeiro contato com outras crianças como ela. “Tem sido muito importante para o meu autoconhecimento, para minha mãe, para os meus familiares. Eu aprendi muito aqui dentro, foi uma das minhas bases”, lembrou.

A bailarina que mora em Erechim contou que hoje se sente pronta para compartilhar com outras crianças e adolescentes os ensinamentos que aprendeu nesses 10 anos. “É um acampamento para crianças, mas nós adolescentes, a gente se diverte, a gente troca, a gente conversa. É muito importante isso na nossa vida porque a gente não convive com pessoas que têm diabetes geralmente no nosso dia a dia e aqui a gente pode conviver e aprender a conversar sobre os mesmos assuntos”, pontuou. 

A mãe de Bruna, Liana, também fala sobre a importância do Acampamento como rede de apoio. “Eu digo para as famílias que estão iniciando neste ano que nós somos, sim, a segunda família deles. Até hoje eu falo com os pais do nosso primeiro Acampamento, a gente tira dúvidas e a gente se descobre junto e constrói junto. Então isso aqui é fabuloso, é maravilhoso, é magnífico, a gente aprende todas as vezes, em todos os encontros, em todos os Acampamentos”, frisou. 

Acampamento é um espaço de desconstrução
Realizado há 10 anos, o Acampamento da Crianças com Diabetes, em 2023, reuniu mais de 130 pessoas, entre pais, crianças e adolescentes, que participaram de mais de 20 oficinas. Para isso, as ações contaram com ação de mais de 75 voluntários e 25 extensionistas, além de três bolsistas e dois professores que coordenam as atividades. 

Entre as atividades, estiveram oficinas de gastronomia, exames e brincadeiras. Na manhã de sábado, 11 de novembro, por exemplo, os participantes do Acampamento ampliaram seus conhecimentos sobre saúde na Escola de Medicina da UPF. Eles foram recebidos no Campus II da UPF por professores e estudantes de Medicina, além da equipe do acampamento. No anfiteatro, os pais aprenderam mais sobre as possibilidades e tratamentos atuais da diabetes. As informações foram apresentadas pelo o coordenador do Projeto Acampamento da criança com diabetes, o professor do curso de Medicina e endocrinologista Tiago Fritzen, e pelo ex-professor da UPF e endocrinologista Hugo Lisboa.

Enquanto as crianças mais novas participaram de atividades lúdicas, as crianças maiores e os adolescentes conheceram o Centro de Simulação Realística (CSR). No local, o professor da UPF e médico pediatra Marcos Dalla Lana apresentou equipamentos e algumas das possibilidades que o centro proporciona. Os participantes puderam inclusive acompanhar e simular nos manequins de alta fidelidade alguns procedimentos, como reanimação cardiopulmonar e intubação. Outro momento marcante da manhã foi a visualização de vários órgão e estruturas do corpo humano utilizando óculos de realidade virtual.

A professora Fernanda Ceolin, uma das coordenadoras, destacou a alegria de realizar esta décima edição. “Nós estamos muito contentes com essa edição, todo mundo saiu feliz, e as famílias muito contentes. Então, só temos a agradecer a confiança de quem veio e que se entregou para às atividades. O Acampamento da Criança com Diabetes é um projeto de cuidado permanente, e que a gente precisa fomentar para poder fazer com que essas crianças tenham uma boa qualidade de vida, e que essa doença crônica que eles têm não prejudique tão mais, e que eles tenham vida longa, mas com qualidade”, disse. 

No Dia Mundial do Diabetes, celebrado nesta terça-feira, 14 de novembro, a professora salientou que todas as crianças e famílias que buscam o Acampamento, buscam para viver entre os iguais. “Aqueles que têm algumas reflexões diárias, que precisam estar atentos a hiper e a hipoglicemia, precisam estar atentos a contagem de carboidratos, qual é o tipo de alimento que você está comendo, quanto aquele alimento vai produzir de energia e quanto tempo vai durar. Então, o acampamento é aquele momento de descontração e é algo assim muito gratificante”, acrescentou.

Encontro marcado em 2024
Para 2024, o projeto segue organizando as datas para divulgação em breve. No dia 6 de abril, será realizado o Pedágio Solidário. Desde já, as famílias novas que queiram participar dos encontros podem entrar em contato com a equipe do projeto. O contato pode ser feito pelo Instagram do projeto @acampamentodiabetes. 

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