Guitarra e Acordeom: formações inéditas são destaque no curso de Música da UPF
03/12/2024
10:53
Por: Assessoria de Imprensa
Fotos: Carla Vailatti e Camila Guedes
Além das novidades, estudantes têm à disposição capacitações para instrumentos tradicionais como piano, percussão e bateria, violão popular e erudito e canto
Um dos mais antigos cursos de graduação em atividade na Universidade de Passo Fundo (UPF) soube se reinventar. Com mais de 70 anos, o curso de Música aposta em uma qualificação ampla e que inclui duas formações pouco comuns no Brasil: Guitarra Elétrica e Acordeom. Ofertadas há pouco tempo, as duas graduações tiveram, no último mês, seus concertos de formatura, marcando a conclusão do curso para os primeiros formandos e qualificando a música gaúcha e brasileira.
O bacharelado em Guitarra Elétrica foi o primeiro a ser incluído na formação dos futuros músicos. O curso é um dos poucos ofertados no Brasil e o único na região sul. Comparado a outros instrumentos, a guitarra elétrica é um instrumento novo, criada no século XX, e que conquistou seu espaço só depois da explosão do Rock and Roll no mundo, por volta dos anos 1950. “A guitarra é jovem ainda e traz essa ideia de rebeldia, de transgressão. É um instrumento que faz barulho, que precisa de equipamentos, de luz elétrica, algo que os outros instrumentos não precisam. Então isso, além da questão de ser um instrumento novo, é o que traz essa dificuldade de ela aparecer”, explica o coordenador do curso de Música e guitarrista, professor Alexandre Saggiorato.
Apesar dos avanços na inclusão do instrumento, o professor pontua que ainda não se estabeleceu um grande método para se estudar guitarra no mundo, algo que é comum em instrumentos como piano, por exemplo. Por isso, de acordo com ele, o curso é como uma experiência que foi construída junto com os acadêmicos e formandos Jovani Ricardo Galli e Jader Escouto dos Santos, que ajudaram a dar início a esse trabalho na Universidade.
Para Jovani, que já tinha formação como professor de Música, o bacharelado em Guitarra Elétrica vai enriquecer a formação dos músicos de passo-fundo e da região. “A guitarra já é um instrumento que não é muito acadêmico, tem um pouquinho de preconceito nessa questão, e nós conseguimos mudar isso com o curso, o que é fantástico”, comenta. Assim como ele, Jader, que buscou uma formação no instrumento em São Paulo antes da oferta na UPF, fica feliz com esse reconhecimento que a formação conquistou nos últimos anos. “Ter uma formação reconhecida pelo MEC nesse instrumento era um sonho. Quando o curso iniciou, eu e o Jovani fomos correndo nos matricular, porque sabíamos que isso mudaria a história da guitarra elétrica”, acrescentou.
Curiosidades sobre a Guitarra Elétrica
- O rock 'n' roll dos anos 1950, com artistas como Chuck Berry e Buddy Holly, ajudou a popularizar o instrumento;
- A guitarra elétrica chegou ao Brasil nos anos 1940, trazida por músicos influenciados pelo jazz norte-americano;
- No início, o instrumento era visto com certo preconceito, sendo associado à música estrangeira e ao entretenimento noturno.
Tradição e pioneirismo
Da mesma forma que Jovani e Jader, o acadêmico Gilmar Gonçalves viu no Bacharelado em Acordeom a oportunidade de qualificar seu conhecimento e ter sua paixão pela gaita como profissão. Seu contato com o instrumento iniciou ainda na infância, aos cinco anos, incentivado pelos pais e pelos irmãos, que já tocavam. A partir daí, Gilmar seguiu tocando e hoje se torna o primeiro formando do curso de Música – Bacharelado em Acordeom do Brasil. “O acordeom faz parte da minha vida. O curso veio para complementar meu conhecimento e me ajudar a seguir tocando e trabalhando com instrumentos. Penso que, especialmente no Rio Grande do Sul, é um curso que tende a se fortalecer e a crescer”, diz.
Com a formação, Gilmar conta que, além de fortalecer seu currículo, também aprendeu e ensinou muito. “Mesmo já sabendo tocar, a formação vem para abrir novas janelas, para aprender um repertório diferente, tudo o que agrega nosso conhecimento. E tudo isso serve de base também para o que eu ensino para os meus alunos. E futuramente, quero alçar voos mais altos, fazer uma pós-graduação, um mestrado, quem sabe dar aula em alguma instituição. Vamos dando um passo de cada vez”, brinca.
Assim como a Guitarra Elétrica, apesar de muito conhecido, ainda não há formações específicas para bacharéis em Acordeom no Brasil. Orientador de Gilmar, o professor Júlio Pereira destaca a importância do acordeom não apenas para a cultura musical do Rio Grande do Sul, como do país todo. “O acordeom é um instrumento muito utilizado em vários gêneros, na nossa diversidade musical brasileira. Se a gente observar nesses últimos tempos, a música sertaneja, que é a sertaneja dita universitária, utiliza muito o acordeom. Na música regional rio-grandense, na música regional gaúcha, em todos os momentos o acordeom está presente, seja na música nativista, na música do baile”, frisa.
Na visão do professor, o acordeom é um instrumento rico que permite a possibilidade de muitas performances, tanto sozinho, como acompanhando outros instrumentos. “É um instrumento que oferece uma boa possibilidade de execução de músicas dos mais varados gêneros, desde a música erudita até a música popular. Então é um instrumento muito presente na nossa cultura. E nossa Universidade é a pioneira na criação do Bacharelado em Acordeom”, finaliza.
Curiosidades sobre o Acordeom
- O instrumento chegou no Brasil a partir da colonização europeia, com os alemães e italianos;
- Os primeiros acordeões foram a gaita de botão e, em seguida, o acordeom
- Na serra gaúcha surgiram dezenas de fábricas de acordeom
- O acordeom é um instrumento consolidado no Rio Grande do Sul. Além da UPF, apenas a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul oferece uma formação na área, com foco na Licenciatura.